
TEXTO BÍBLICO BASE
Mateus 10.5-15
5 – Jesus enviou estes doze e lhes ordenou,
dizendo: Não ireis pelo caminho das gentes,
nem entrareis em cidade de samaritanos;
6 – mas ide, antes, às ovelhas perdidas da
casa de Israel;
7 – e, indo, pregai, dizendo: É chegado o
Reino dos céus.
8 -Curai os enfermos, limpai os leprosos, res
suscitai os mortos, expulsai os demônios;
de graça recebestes, de graça dai.
9 -N ã o possuais ouro, nem prata, nem cobre,
em vossos cintos;
10 – nem alforjes para o caminho, nem duas
túnicas, nem sandálias, nem bordão, por
que digno é o operário do seu alimento.
11 – E, em qualquer cidade ou aldeia em que
entrardes, procurai saber quem nela seja
digno e hospedai-vos aí até que vos retireis.
12 – E, quando entrardes nalguma casa, sau-
dai-a;
13 – e, se a casa for digna, desça sobre ela a
vossa paz; mas, se não for digna, tome para
vós a vossa paz.
14 – E, se ninguém vos receber, nem escutar
as vossas palavras, saindo daquela casa ou
cidade, sacudi o pó dos vossos pés.
15 – Em verdade vos digo que, no Dia do Juízo,
haverá menos rigor para o país de Sodoma
e Gomorra do que para aquela cidade.
MEDITAÇÃO
“E, interrogado pelos fariseus sobre quan
do havia de vir
o
Reino de Deus, respondeu-
lhes e disse: O Reino de Deus não vem com
aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou:
Ei-lo ali! Porque eis que o Reino de Deus está
entre vós’’
(Lc 17.20,21).
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA
► SEGUNDA – Lucas 11.20
► TERÇA-Lucas 17.20,21
► QUARTA-Lucas 1.32,33
► QUINTA-Lucas 8.10
► SEXTA-Lucas 22.16,18
► SÁBADO – Lucas 22.29
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| Discipulando Professor 1 |
O R IE N TA Ç Ã O A O
PROFESSOR
INTERAGINDO COM O ALUNO
A oportunidade de hoje é uma das mais
especiais, pois proporciona ao professor a
condição de desfazer equívocos e distorções
acerca do projeto divino de estabelecimento
definitivo do Reino. Esperado de forma muito
diferente da apresentada por Jesus Cristo,
o Reino de Deus, surpreendentemente, já
teve início. Devido a um tipo de pregação
desvirtuada que encontramos atualmente,
confunde-se o Reino com denominações e
com o “ ministério” da moda. Entretanto, o
reinado divino não se confunde com nenhuma
dessas coisas, pois se assim fosse ele estaria
fragmentado e dividido. Felizmente sabemos
que isso não se aplica ao Reino de Deus, pois o
Criador não aprova divisões e discriminações,
coisas comuns aos ambientes dominados pela
soberba humana que sempre separa pessoas
e espalha confusão. .
OBJETIVOS
Sua aula deverá alcançar os
seguintes objetivos:
► Esclarecer
a com plexa natureza do
Reino de Deus;
► Identificar
o Reino de Deus na atualidade;
► Reafirmar
a verdade de que o Reino de
Deus se “completará” no futuro.
PROPOSTA PEDAGÓGICA
Não poucas vezes na vida frustramo-nos.
Os motivos para isso são os mais diversos
possíveis. Uma das maiores “fontes”, ou cau
sas, das frustrações que experimentamos são
as nossas próprias expectativas a respeito de
alguém ou de algo. Foi assim com os judeus
em relação à vinda do Reino através de Jesus
Cristo. O Reino não veio com aparência exterior
(Lc 17.20), antes, apresentou-se de forma dis
creta e simples, proporcionando somente aos
humildes o privilégio de percebê-lo e acolhê-lo.
Isso, sobretudo, pelo fato de que ele ainda não
está situado em algum lugar em que se possa
acessá-lo, ou seja, o Reino manifesta-se de
forma íntima e particular no coração dos que
creem. Porém, os cidadãos do Reino não vivem
a realidade dele apenas no coração, pois suas
vidas são um testemunho vivo do que significa
ser dirigido pelo Criador e de pertencer ao seu
Reino.
Aproveite essa reflexão e converse com
os alunos nos seguintes termos: Como ser hu
mano, Jesus viveu em condições semelhantes
às nossas. Enfrentou dificuldades de todas as
ordens (tristezas, traições, perseguições, etc.)
e ainda assim não perdeu a esperança e nem
esmoreceu diante do que precisava e tinha de
fazer. O que justifica tal resiliência? Apesar de
viver em um mundo em que as prioridades são
egoísticas e individualistas, Jesus vivia sob o
Discipulando Professor 1
reinado do Pai, isto é, sua vida era orientada
e dirigida por Deus. Daí o porquê de Ele ter
cumprido a missão que o Pai lhe designara.
Apesar de o Reino — literal e geograficamente
falando — ainda não ser uma realidade visível,
viver sob o reinado do Pai é prova inequívoca de
que, de fato, acolhemos a Palavra do Evangelho
e nascemos de novo. Tal estilo de vida deve se
manifestar em todos os momentos de nossa
existência, sobretudo, no convívio com os que
ainda não conhecem o Senhor Jesus. Qual
tem sido o nosso exemplo, inclusive, para nós
mesmos? Somos, ou não, cidadãos do Reino?
COMENTÁRIO | INTRODUÇÃO
Invariavelmente as nossas expectativas
atrapalham-nos, pois nos levam a alimentar
irrealidades. Em relação às coisas de Deus, esse
tipo de disposição humana é fatal, provocando
em nós uma enorme falta de sintonia (Mt 11.16-
19; Lc 7.31-34). O mais grave é que podemos
não perceber o quanto estamos equivocados a
respeito do momento histórico que atravessamos
(Mt 16.1-3). Rejeitado, inclusive, pela família, no
período em que desenvolveu o seu ministério
terreno, Jesus foi incompreendido e ostensi
vamente rejeitado (Jo 7.1-5). O resultado foi o
prejuízo de milhares de pessoas que deixaram de
ser abençoadas pelo seu trabalho (Mt 11.20-24;
13.53-58; Mc 6.1-6; Lc 4.24-30). Preconceito foi
tudo que experimentara, sobretudo, por parte
daqueles para os quais Ele viera (Jo 1.11,45-50).
A despeito disso, o Espírito de Deus estava sobre
o Mestre e o ungira para evangelizar os pobres,
isto é, anunciar uma boa notícia aos que não
têm esperança, anunciar a libertação aos presos
e oprimidos e declarar a abertura e o início de
um novo tempo de a humanidade se relacionar
com Deus (Lc 4.14-21; Mt 4.12-17). Em outras
palavras, Jesus dera início ao reinado de Deus
(Mc 1.1,14,15). Esse é o tema da presente lição.
1. A NATUREZA DO REINO
DE DEUS
►
1.1 – Temporal e eterno.
Apesar de sa
bermos que o Reino de Deus é mencionado
sem nos ser definido, é possível falar de sua
“essência” e/ou “propriedade caracteristica”, ou
seja, de sua “ natureza”, a partir do que Jesus
ensinou acerca do início desse novo tempo.
Primeiramente é preciso entender que, como o
próprio Jesus respondeu a Pilatos, o Reino de
Deus “não é deste mundo” ou “daqui” (Jo 18.36).
Antes, porém, de entender o que significa dizer
que o Reino “não é deste mundo” ou “daqui”,
é preciso verificar o contexto em que Jesus
fez tal declaração. Como Cristo nada fizera
contra o Estado, era preciso uma acusação
que justificasse sua prisão. Uma vez que foram
os sacerdotes quem o entregara, ou seja, os
líderes religiosos judeus, pois a pregação do
Evangelho os incomodava e tirava-lhes o poder
sobre o povo (Jo 11.46-48; 18.19), eles então
inventaram uma das piores acusações do mundo
antigo: dizer que alguém, fora o soberano do
reino, queria ser rei (Jo 19.12). Sob essa falsa
acusação, Pilatos interrogou Jesus acerca da
denúncia, inquirindo-o da seguinte forma: “Tu
és o rei dos judeus?” (Jo 18.33). Diante dessa
situação foi que o Senhor respondeu-lhe: “O
meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino
fosse deste mundo, lutariam os meus servos,
para que eu não fosse entregue aos judeus; mas,
agora, o meu Reino não é daqui” (Jo 18.36b).
É preciso observar que o Senhor pontuou
muito bem o fato de que “agora” o Reino não
é daqui, mas isso não quer dizer que o Reino
nunca será aqui. De acordo com o próprio Je
sus, essa hora chegará (Mt 25.31-34). Por isso,
pode-se dizer que o Reino de Deus não é apenas
etemo, mas também temporal, ou seja, possui
um início, apesar de nunca ter fim (Lc 1.31-33).
►
1.2 – Material e espiritual.
O fato de o
Reino não haver ainda se materializado de
forma evidente, não pode ofuscar a verdade
de que ele é material e não apenas espiritual.
Jesus falou que não tomaria mais do fruto da
vide, ou seja, o vinho, até aquele dia em que,
juntamente com todos nós os que cremos, o
fizer novamente no Reino de Deus (Mt 26.29;
Mc 14.25; Lc 22.18). Além disso, ao designar
seus discípulos a pregar, o Mestre os orientara
a que deveriam dizer “É chegado o Reino dos
céus” (Mt 10.7). E qual era o sinal de que isso,
de fato, acontecera? Jesus então diz: “Curai
os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai
os mortos, expulsai os demônios” (Mt 10.8). Os
mesmos sinais que Ele apresentara aos discí
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| Discipulando Professor 1 |
(Lc 2.36ss.); e por José (Lc 23.50,51)”
(Bíblia de
Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego.
4.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, p.2110).
pulos de João Batista deveriam ser realizados,
em seu nome, e utilizados como evidência da
chegada do Reino (Mt 11.1-5). Tais prodígios
não são “espirituais” ou metafóricos, mas
concretos e muito reais, servindo ao benefício
dos necessitados e empobrecidos.
►
1.3-
Presente e futuro.
Outra característica
da natureza do Reino é o fato de ele ser, presente
e, ao mesmo tempo, futuro. Questionado pelos
fariseus a respeito de quando o Reino de Deus
chegaria Jesus respondera que o Reino de Deus
já estava entre a humanidade (Lc 17.20,21).
Mesmo assim, havia uma promessa de que o
Reino ainda não estava “completo”, pois o Senhor
também ensinara acerca do “mundo vindouro”
(Lc 20.27-40; Mt 22.23-33; 8.12; Mc 12.18-27).
^ AUXÍLIO DIDÁTICO 1
Existe na Bíblia uma grande quantidade
de significados da palavra grega
basileia,
que
é traduzida como Reino. Tais significados vão
desde “ realeza” (sentido abstrato) passando
por “governo” (sentido concreto) até “reino”
(nos sentidos literal e figurado). “As expressões
hê basileia tou theou
[…], ‘o reino de Deus’ (Mt
6.33; Mc 1.15; Lc 4.43; 6.20; Jo 3.5); ‘seu reino’,
referindo-se a Cristo (Mt 13.41 [cf. 20.21]); ‘o
reino do nosso pai Davi’ (Mc 11.10); ‘o reino de
Cristo e de Deus’ (Ef 5.5); ‘o reino… de Jesus
Cristo’ (Ap 1.9); ‘reino celestial’ (2 Tm 4.18); e
hê basileia,
‘o reino’ (Mt 8.12; 9.35) são todos
sinônimos nas páginas neotestamentárias
e significam o divino reino espiritual, o reino
glorioso do Messias. A ideia do reino tem suas
bases nas profecias do Antigo Testamento
onde a vinda do Messias e os seus triunfos
são preditos (por exemplo, SI 2; 110; Is 2.1-4;
11.1 ss.; Jr 23.5ss.; 31.31ss.; 32.37ss.; 33.14ss.;
Ez 34.23ss.; 37.24ss.; Mc 4.1ss.; e especial
mente Dn 2.44; 7.14,27; 9.25ss.). O seu reinado
é descrito como uma era de ouro, na qual a
verdadeira justiça será estabelecida, e com
ela a Teocracia será estabelecida, gerando
paz e bem-aventurança. Antes da manifesta
ção visível do reino, e da sua expansão até os
reinos material e natural da terra, ele existirá
espiritualmente no coração dos homens e era
dessa forma que ele era compreendido por
Zacarias (Lc 1.67ss.); Simeão (Lc 2.25ss.); Ana
2. O REINO DE DEUS NA
“ATUALIDADE”
► 2.1 – A expectativa israelita frustrada.
No
caminho de Jerusalém a Emaús, dois discípulos
de Jesus deixaram claro que havia uma expec
tativa em torno do Mestre que fora frustrada
(Lc 24.21 cf. Mc 15.43). Quando eles dizem ao
“forasteiro” que esperavam que fosse Jesus
quem “remisse” a Israel, na verdade, expres
savam o anseio de libertação política que ainda
dominava o imaginário judeu (At 1.6). O “ Reino
de Deus”, para Israel, significava o Messias,
descendente de Davi, reinando perpetuamente
sobre todas as nações e os judeus dominando
o mundo. Contudo, esse não fora o projeto
original de Deus para essa nação (Gn 12.1-3 cf.
Êx 19.6). Daí o porquê de suas expectativas irreais
terem sido frustradas. Isso também explica o
fato de eles não aceitar Jesus como Messias,
pois esperavam uma figura mais apresentável
do que a de um simples carpinteiro de Nazaré
(Is 53.1-12 cf. Mt 13.53-58; Mc 6.1-6). O Reino
de Deus já havia chegado, mas eles não per
ceberam e não puderam recepcioná-lo, pois
esperavam algo diferente (Lc 10.8-24).
► 2.2 – Inobservável e não localizável, mas
real.
Apesar de o Reino de Deus não ser ainda
observável e nem localizável, já é uma realidade.
Como já foi mencionado, ao ser inquirido pelos
fariseus acerca do fato de o Reino de
| Discipulando Professor 1 |
ter chegado, Jesus respondeu-lhes: “O Reino
de Deus não vem com aparência exterior. Nem
dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque eis que o
Reino de Deus está entre vós” (Lc 17.20,21). A
despeito de os judeus não perceber, o Reino de
Deus já estava entre eles na pessoa de Jesus
Cristo e, posteriormente, através dos que aco
lheram a Palavra do Evangelho (Mt 10.7; 13.38).
Mas que se entenda, nessa perspectiva, não é
a etnia que define quem faz parte do Reino, e
sim a aceitação, pela fé, do reinado de Deus
sobre a sua vida (Gl 3.6-14).
►
2.3 – Reino ou reinado de Deus?
Assim
que, por esse aspecto, parece ser mais apro
priado se falar em “ reinado de Deus” em lugar
de “ Reino de Deus”, pois não se trata de uma
realidade geográfica e localizada, mas atuante
a partir do coração, ou seja, da inferioridade
daqueles que acolheram a mensagem do
Evangelho (Lc 17.20,21). O estilo de vida dos
que são orientados pela ética do Reino de
Deus tem como fundamento a obediência e a
voluntariedade de Cristo (Jo 3.16 cf. 1 Jo 3.16).
Assim, a desobediência do primeiro casal,
acaba encontrando, naqueles que abraçaram
a possibilidade de se viver instruído por Deus,
um contraste perfeito sendo, igualmente, uma
forma de “acertar as contas” com as nossas
origens. Apesar das dificuldades que enfren
tamos nesse mundo caído para viver à luz da
ética do Reino ensinada pelo Senhor Jesus
Cristo, cumprindo assim o novo mandamento
do Mestre (Jo 13.34), os cidadãos do Reino
prosseguem vencendo as dificuldades, pois
o Mestre deu-nos o Consolador para estar ao
nosso lado, ajudando-nos a viver a realidade
do governo divino (Jo 14.16,26; 15.26; 16.7).
y
AUXÍLIO DIDÁTICO 2
A respeito das passagens citadas no final
do auxílio didático 1, o Dicionário do Novo
Testamento da Bíblia de Estudo Palavras-Cha
ve, diz que os “judeus […] geralmente davam
a estas profecias um significado temporal e
esperavam um Messias que viria nas nuvens
dos céus. Como rei do povo judeu, esperava-se
que ele restaurasse a antiga religião e o antigo
culto judaico, reformasse a moral corrompida
do povo, fazer expiação pelos pecados, trazer
a liberdade do jugo do domínio estrangeiro e,
finalmente, reinar sobre toda a terra em paz
e glória”
(Bíblia de Estudo Palavras-Cha
ve Hebraico
e Grego. 4.ed. Rio de Janeiro:
CPAD, 2011, p.2110). No mesmo material, é
informado que o “conceito do reino no Antigo
Testamento é, em parte, cumprido nas pági
nas neotestamentárias”. Tal informação tem
como base o fato de que todos aqueles que
acolheram a mensagem do Evangelho já estão
sob o “reinado de Deus”, e acrescenta que tal
“ reino espiritual apresenta tanto um formato
interior, quanto um exterior”. Na seqüência, é
explicado que em sua “ forma interior, ele já
existe e governa o coração de todos os cristãos
e, portanto, já está presente. Na sua forma
exterior, ele, simultaneamente, reveste a igreja
visível e a invisível e, dessa forma, está presente
e é progressivo; ou deve ser aperfeiçoado na
vinda do Filho do Homem, o qual virá julgar
e reinar em glória e bem-aventurança. Este é
o cumprimento definitivo do reino de Deus a
ocorrer no futuro” (Ibid.).
3. O REINO DE DEUS SE
COMPLETARÁ NO FUTURO
► 3.1 – Israel.
A despeito de Israel ter rejeitado
o seu Messias, a Bíblia é clara ao instruir-nos
acerca do fato de que tudo o que foi prometido
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Discipulando Professor 1 |
pelo Criador a esse povo, no momento certo,
se cumprirá (Mt 23.34-39; 1 Pe 2.4,7,8). Haverá
um cumprimento, em termos de Reino de Deus,
para o povo escolhido, entretanto, não será na
perspectiva política que eles ansiavam, mas
na que Deus prometeu a Abraão (Is 11.1-16;
Rm 9.1-11.32).
► 3.2 – A Igreja.
As pessoas que não são
descendentes dos judeus são consideradas
“gentias”, isto é, “as gentes”, pois não têm a lei.
A estas, os judeus deveriam ter sido exemplo e,
seu estilo de vida, um incentivo para que eles
quisessem se tornar igualmente servos do Deus
Altíssimo (Dt 4.5-8). Lamentavelmente, conforme
denuncia o apóstolo Paulo, a decadência do
povo escolhido chegou ao limite, pois, conforme
disse dos judeus em Romanos 2.24, “o nome de
Deus é blasfemado entre os gentios por causa
de vós” (cf. Is 52.5). É nesse contexto que o
apóstolo João informa que apesar de Jesus
ter vindo para os judeus, eles o rejeitaram,
todavia, aos que acolheram a mensagem do
Evangelho, independentemente de serem, ou
não, judeus, Ele “deu-lhes o poder de serem
feitos filhos de Deus: aos que creem no seu
nome, os quais não nasceram do sangue, nem
da vontade da carne, nem da vontade do varão,
mas de Deus” (Jo 1.12,13). Contudo, é preciso
ter muito claro o fato de que há um propósito
em Deus chamar-nos. Fomos chamados para
realizar o trabalho que Israel não realizou,
qual seja, sinalizar, com nosso estilo de vida,
0 que significa viver, num mundo caído, sob o
reinado de Deus e o governo divino (Mt 21.43;
1 Pe 2.9,10).
► 3.3 – O mundo.
Uma vez que a própria
natureza foi afetada pelo pecado (Gn 3.17,18),
Paulo diz que até mesmo ela aguarda a redenção,
ou seja, a libertação (Rm 8.18-22). A Palavra de
Deus informa-nos acerca de um tempo em que
o Reino de Deus será uma realidade completa e
então haverá a mesma harmonia que existira no
Éden entre Criador e criaturas e destas entre si
(Is 11.1-16). Esse tempo marcará a plenitude do
Reino de Deus, pois a Terra será perfeita e cheia
do conhecimento do Criador, sem necessidade
alguma de que alguém ensine a outrem sobre
Ele (Jr 31.34; Dn 2.34,35).
Este último tópico pode ser dedicado
para esclarecer que, biblicamente falando, tais
aspectos do Reino de Deus (interior e exterior)
nem sempre são distinguidos. “A expressão
normalmente engloba tanto o reino interior,
quanto o exterior e se refere tanto ao seu co
meço neste mundo, quanto à sua consumação
no mundo por vir. Por isso, nas páginas neotes-
tamentárias encontramo-la referindo-se ao seu
sentido temporal a ela atribuído pelos judeus e
pelos apóstolos no período que antecedeu ao
Pentecoste (Mt 18.1; 20.21; Lc 17.20; 19.11; At
1.6); no sentido cristão, conforme anunciado por
João, no qual, talvez, ainda persistisse algo da
percepção judaica (Mt 3.2 [cf. Lc 23.51]); como
anunciado por Jesus e por outros (Mt 4.17,23;
9.23; 10.7; Mc 1.14,15; Lc 10.9,11; At 28.31); no
sentido espiritual interior (Mt 6.33; Mc 10.15; Lc
17.21; 18.17; Jo 3.3,5; Rm 14.17; 1 Co 4.20); no
sentido externo i.e., conforme a incorporação
na igreja visível e na expansão universal do
Evangelho (Mt 6.10; 12.28; 13.24,31,33,44,47;
16.28; Mc 4.30; 11.10; Lc 13.18,20; At 19.8); como
aperfeiçoado no mundo futuro (Mt 13.43; 16.19;
26.29; Mc 14.25; Lv 22.29,30; 2 Pe 1.11; Ap 12.10).
Nesta última visão ele denota, especialmente,
a bem-aventurança dos céus que deve ser
gozada no reino do Redentor, i.e., a vida eterna
(Mt 8.11; 26.34; Mc 9.47; Lc 13.28,29; At 14.22;
1 Co 6.9,10; 15.50; Gl 5.21; Ef 5.5; 2 Ts 1.5; 2 Tm
4.18; Hb 12.28; Tg 2.5). O reino, quando descrito
em termos gerais (Mt 5.19). Em Mateus 8.12, a
expressão ‘os filhos do reino’ (tradução do autor)
significa os judeus que ensinavam que o reino
do Messias destinava-se somente a eles, e que
isto se daria somente por ancestralidade, pois
eles eram o povo que alegava a fé no Deus de
Abraão e tinham o direito de serem chamados
de filhos do reino (Jo 8.33,37,39). Entretanto, a
expressão ‘os filhos do reino’ encontrada em
Mateus 13.38 refere-se aos verdadeiros cida
dãos do reino de Deus. Veja também Mt 11.11,12;
13.11,19,44,45,52; 18.4,23; 19.12,24; 20.1. Refe-
rindo-se também, geralmente, aos privilégios e
recompensas do reino divino, tanto aqui como
na vida futura (Mt 5.3,10,20; 7.21; 18.3; Cl 1.13;
1 Ts 2.12)”
(Bíblia de Estudo Palavras-Chave
Hebraico e Grego.
4.ed. Rio de Janeiro: CPAD,
2011, pp.2110-111).
^ AUXÍLIO DIDÁTICO 3
| Discipulando Professor 1 |
^0
CONCLUSÃO
Os reinos desse mundo são temporais,
passageiros e dependem das circunstâncias
para subsistir (Lc 14.31,32). O reinado de Deus,
já é uma realidade na vida de todos aqueles
que acolheram a mensagem do Evangelho.
Já a plenitude do Reino de Deus, será uma
realidade definitiva quando o Senhor Jesus
voltar a essa Terra. Enquanto isso não acon
tece, vivamos de forma digna de cidadãos do
Reino do céu (S115).
APROFUNDANDO-SE
Dá-se o nome de “teologia da substituição”
à ideia de que a Igreja é o novo Israel. A fim de
advertir-nos acerca do perigo que se verifica
na falta de entendimento desse conceito que,
inclusive acometeu Israel, foi que o apóstolo
Paulo disse: “ Porque, se Deus não poupou
os ramos naturais, teme que te não poupe a ti
também” (Rm 11.21).
VERIFIQUE SEU
A P R E N D IZA D O
I
. Como é possível falar da “ natureza” do
Reino de Deus se ele não foi definido?
R. Apesar de sabermos que o Reino de Deus
é mencionado sem nos ser definido, é possí
vel falar de sua “essência” e/ou “ propriedade
característica” , ou seja, de sua “ natureza” , a
partir do que Jesus ensinou acerca do início
desse novo tempo.
2 . Explique como é possível o Reino de Deus
ser temporal e eterno, material e espiritual,
presente e futuro.
R. Uma vez que o Reino iniciou-se, mas
ainda não completamente, ele então possui
essas dimensões ou manifestações, pois sabe
mos pela Palavra de Deus que ele já teve início,
porém, pela mesma Palavra, somos informados
que ele ainda será consumado.
3 . Apesar de inobservável, como o Reino de
Deus pode ser real?
R. A despeito de os judeus não perce
berem, o Reino de Deus já estava entre eles
na pessoa de Jesus Cristo e, posteriormente,
através dos que acolheram a Palavra do Evan
gelho (Mt 10.7; 13.38). Daí o porquê do fato de
ele já ser real.
4 . É mais apropriado falar de “ Reino de
Deus” ou “reinado de Deus” ? Explique.
R. Por esse aspecto, parece ser mais
apropriado se falar em “ reinado de Deus” em
lugar de “ Reino de Deus” , pois não se trata de
uma realidade geográfica e localizada, mas
atuante a partir do coração, ou seja, da inferio
ridade daqueles que acolheram a mensagem
do Evangelho (Lc 17.20,21).
5 . Como o Reino de Deus será uma realidade
completa para o mundo?
R. Uma vez que a própria natureza foi
afetada pelo pecado (Gn 3.17,18), Paulo diz que
até mesmo ela aguarda a redenção, ou seja,
a libertação (Rm 8.18-22). A Palavra de Deus
informa-nos acerca de um tempo em que o
Reino de Deus será uma realidade completa
e então haverá a mesma harmonia que existira
no Éden entre Criador e criaturas e destas
entre si (Is 11.1-16).
► Que Israel não conta a passagem do tempo
como nós, isto é, não há “a.C.” (antes de
Cristo) e “d.C.” (depois de Cristo). Uma
vez que eles não aceitaram Jesus como
Messias, ainda não chegou o novo tempo
para o povo escolhido. Por isso, em Israel,
vive-se o ano 5775.
58