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LIÇÃO 11- Não julgue o próximo, para que não sejas julgado


MEDITAÇÃO 

Olhai por vós mesmos. E se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; e se ele se arrepender, perdoa-lhe. (Lc 17.3
 
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA 
 SEGUNDA – Romanos 14.4,13 
 TERÇA – João 7.24 
 QUARTA – Lucas 17.1 -4 
 QUINTA – Romanos 2.1 
 SEXTA –1 Coríntios 4.3-5 
 SÁBADO –1 Coríntios 11.28-32

TEXTO BÍBLICO BASE 
Mateus 7.1-6 
1 – Não julgueis, para que não sejais julgados, 
2 – porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. 
3 – E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu olho? 
4 – Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu?
 5 – Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão. 

6 – Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas; para que não ás pisem e, voltando-se, vos despedacem.

INTERAGINDO COM O ALUNO 

Através da lição de hoje, você deve deixar claro aos seus alunos que nem todo tipo de julgamento é bom, Há julgamentos que são necessários serem feitos e há outros que são mero criticismo, julgamentos maldosos, intriga, juízos meramente condenatórios que não acrescentam nada positivo na vida das pessoas, mas, ao contrário, destroem vidas. Fale também sobre a necessidade de o cristão ser mais rigoroso na avaliação que ele faz de si mesmo do que nas eventuais avaliações que porventura venha fazer sobre as outras pessoas. Aliás, estimule seus alunos a realizarem periodicamente um autoexame diante de Deus. Explique que esse autoexame deve ser feito com oração, pedindo ajuda ao Espírito Santo para nos orientar. Lembre o exemplo do salmista Davi, no Salmo 139, versículos 23 e 24, onde ele pede a Deus para sondá-lo e ajudá-lo a encontrar os “caminhos maus” em seu interior que precisam ser extirpados para que ele possa prosseguir pelo “caminho eterno”. Dessa forma, essa aula terá uma importância muito grande para o crescimento espiritual dos seus alunos, que é uma das principais razões de ser das aulas do Discipulado Cristão. 
 
0BJETIV0S 
Sua aula deverá alcançar os seguintes objetivos: 
1 Explicar aos seus alunos que eles devem repugnar os julgamentos maldosos e os juízos meramente condenatórios;
2 Enfatizar a necessidade de o cristão ser mais rigoroso na avaliação de si mesmo do que na avaliação dos outros; 
3 Conscientizar seus alunos sobre a necessidade de realizarmos um autoexame com a ajuda de Deus, buscando o aperfeiçoamento cristão. 
 
PROPOSTA PEDAGÓGICA 
Para que a lição de hoje seja bem compreendida pelos seus alunos, é preciso que você diferencie bem o “julgar” positivo de que fala a Bíblia (Jo 7.24; 1 Jo 4.1; 1 Co 5.12,13) do “julgar” negativo, de que falam passagens como a de Mateus 7.1 -5. Para isso, você pode criar exemplos práticos desses dois tipos de julgamento, situações hipotéticas que ilustram muito bem essa diferença. Você pode fazer isso até interagindo com seus alunos na sala de aula, fazendo alguns deles participarem de cada uma das “encenações” das situações que você idealizou. Sem dúvida alguma, depois dessa apresentação prática do tema, seus alunos terão maior probabilidade de guardar em suas mentes o real significado do “julgar” condenado por Jesus em seu Sermão da Montanha.

INTRODUÇÃO
 Na lição de hoje, veremos o ensino de Jesus a respeito da forma como devemos nos conduzir diante das falhas das outras pessoas. Sua crítica recai sobre a questão do juízo, e o alvo original desse trecho do seu Sermão da Montanha parece ser mais uma vez os escribas e fariseus, que eram conhecidos pela forma arrogante como tratavam as outras pessoas que eles entendiam não serem “dignas”. Logo, Jesus não está aqui condenando todo tipo de julgamento, como pode parecer à primeira vista, para os mais desatentos, mas apenas o julgamento falso e o julgamento arrogante. Vejamos, a seguir, as principais lições que aprendemos sobre os outros e também sobre nós mesmos a partir dessa importante parte do ensino do Mestre. 
 
1. NÃO DEVEMOS SER JULGADORES DOS OUTROS 
    1.1. Juízo de condenação. Quando Jesus condena julgarmos os outros (Mt 7.1), Ele não está condenando, por exemplo, os magistrados civis que julgam as causas dos homens – isto é, Ele não estava condenando a instituição judiciária, que é um braço importante e necessário para o Estado cumprir a sua função de proteção social (Rm 13.1-7). Jesus também não estava dizendo que nunca devemos ter posições definidas em relação às atitudes e pensamentos expressos das pessoas. Se fosse assim, o próprio Jesus não orientaria seus discípulos depois a fazerem esse tipo de avaliação, alertando, porém, que não deveriam fazê-la segundo padrões próprios, mas, sim, “segundo a reta justiça”, isto é, segundo o padrão divino (Jo 7.24). Em seu Sermão da Montanha, Jesus está condenando uma disposição doentia à crítica, e uma crítica condenatória. O teólogo A. T. Robertson, já falecido e considerado um dos maiores especialistas em grego do Novo Testamento em todos os tempos, frisa que o vocábulo traduzido em Mateus 7.1 como “julgar” refere-se “ao hábito da disposição de condenar e criticar”, à “crítica acentuada e injusta” (Comentário Mateus & Marcos à Luz do Novo Testamento Grego, CPAD, p.91). Jesus está condenando a crítica injusta, o falar mal dos outros, a crítica arrogante, maldosa e destrutiva. O julgar aqui não tem nada a ver com “avaliar”, mas, sim, com “condenar”. E é um juízo feito pelas pessoas em particular. 
    1.2. “Para que não sejais julgados”. Jesus apresenta a razão dessa proibição do juízo maldoso e condenatório: “[…] para que não sejais julgados” (Mt 7.1b). O que Cristo está dizendo aqui é que aqueles que se mostram mais rigorosos e juízes dos outros serão naturalmente os que mais estarão sujeitos à censura de terceiros. Quem muito exige será muito exigido pelos outros. Se os misericordiosos alcançarão misericórdia (Mt 5.7), os não misericordiosos também não receberão misericórdia quando cometerem alguma falha. O próprio Deus estabelece que devemos aprender a perdoar os outros se queremos receber o perdão de Deus. Jesus nos ensinou a orar nessa perspectiva (Mt 6.12). 
      1.3. “Com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós”. Esse é o princípio da proporcionalidade. A mesma medida que usarmos para medir os nossos irmãos será usada para nos medir. O propósito de Jesus ao alertar os seus discípulos para isso é conscientizá-los de que eles devem evitar serem rigorosos no relacionamento com os seus irmãos. Precisamos reconhecer que todos nós somos falhos e dependentes da graça e da misericórdia divina. Ninguém é superior ao outro, mas todos somos pecadores agraciados pela misericórdia divina. Isso não significa dizer que devemos relevar o pecado, como se ele não fosse nada demais, nem que um cristão que cometeu um pecado que escandalizou seus irmãos não é passível de disciplina da igreja, mas que mesmo na disciplina devemos agir com amor, e não com arrogância; com misericórdia, e não com o intuito de “esmagar” aquele ou aquela que já está sofrendo as consequências de seus próprios pecados. 
 
 AUXÍLIO TEOLÓGICO 1
 “Jesus condena o hábito de criticar os outros sendo nós mesmos faltosos. O crente deve primeiramente submeter-se ao justo padrão de Deus, antes de pensar em examinar e influenciar a conduta de outros cristãos (Mt 7.3-5). Cristo não está aqui abolindo a necessidade do exercido do discernimento e de fazermos avaliação dos pecados dos outros. O crente é ordenado a identificar falsos ministros dentro da igreja (Mt 7.15) e a avaliar o caráter de certas pessoas (Mt 7.6; Jo 7.24; 1 Co 5.12; Gl 1.9; 1 Tm 4.1; 1 Jo 4.1). Mateus 7.1 não deve servir de desculpa para a omissão do exercício da disciplina eclesiástica (Mt 18.15)’’ (STAMPS, Donald (Ed.). Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.1398). 
 
2. DEVEMOS PRIMEIRO OLHAR PARA NÓS MESMOS 
    2.1. O argueiro e a trave. O termo “argueiro”, que aparece nos versículos 4 e 5, não é uma referência a um grão de pó, mas a uma lasquinha de madeira, um pedacinho muito pequeno, que cai no olho da pessoa, prejudicando e irritando o olho. Já o termo “trave”, que aparece nesses mesmos versículos, é uma alusão a uma viga ou travessa enorme, que segura muitas tábuas. Ou seja, Jesus está usando aqui de uma hipérbole mais uma vez: “Por que reparas na minúscula lasquinha de madeira irritando o olho do teu irmão e não vês antes a imensa viga no teu olho?”. Há, inclusive, um antigo ditado árabe, provavelmente inspirado nas palavras de Jesus, que afirma: “Como tu vês a lasca no olho do teu irmão, e não vês a viga-mestra no teu próprio olho?”.
       2.2. Um princípio ético. Em primeiro lugar, Jesus está estabelecendo aqui um princípio ético claro: por questão de ética, uma pessoa não pode chamar a atenção de outra por ter cometido o mesmo erro que ela cometeu, a não ser que chame a sua atenção particularmente, e em amor, e reconhecendo, antes de qualquer palavra, o seu próprio erro. E se seu próprio erro ainda não foi resolvido, que ela resolva antes o seu próprio erro, antes de querer cuidar dos erros das outras pessoas. Se a pessoa não agir assim, agirá como um perfeito hipócrita, como afirma Jesus (Mt 7.5). Antes do argueiro do outro, a nossa própria trave: “[…] tira primeiro a trave do teu olho e, então, cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão”. 
       2.3. Devemos ser mais tolerantes com o próximo do que com os nossos próprios erros. Em segundo lugar, o ensino de Jesus sobre o “argueiro” e a “trave” significa que devemos ser mais tolerantes com os erros do próximo do que com os nossos próprios erros. Aquilo que é “argueiro” no meu irmão, quando o vejo em mim, devo vê-lo como uma “trave”. Aliás, já imaginou se todos agissem assim? Como o mundo seria totalmente diferente! 
     2.4. Visão distorcida. Em terceiro lugar, os olhos são usados nesta metáfora de Jesus não por acaso. Olhos falam de visão. Logo, Jesus está afirmando aqui que não assumir e resolver os nossos próprios erros distorce a nossa visão das coisas, das situações e das pessoas. Somente depois de nos livrarmos daquilo que turva a nossa visão, poderemos ajudar de forma correta aqueles que estão passando por situação semelhante à nossa. Somente depois de nos livrarmos de nossa “trave” poderemos ajudar nossos irmãos com seus “argueiros”. 
 
 AUXÍLIO TEOLÓGICO 2
 “‘Não julgueis para que não sejais julgados’ (Mt 7.1). Aqui, ‘julgar’ não é ‘avaliar’, mas ‘condenar’ ou ‘criticar’. Como o relacionamento de cada cristão com Deus é ‘secreto’, não temos nenhuma base para julgar os motivos ou as convicções [íntimas] dos outros, nem mesmo seus fracassos e suas fraquezas. Se desejarmos ser críticos, devemos ser críticos de nós mesmos. Existe uma diferença entre essa advertência e o chamado de Paulo para que a igreja discipline os pecadores (1 Co 5.1-12). Quando um crente professante insiste em um comportamento que a Bíblia claramente identifica como sendo pecado, devemos concordar com as Escrituras e punir. Neste caso, nós não julgamos, mas concordamos com o julgamento da Palavra de Deus. Jesus estava falando, nesse texto de Mateus, sobre um espírito de crítica ou uma arrogância que nos leva a supor que temos o direito de julgar o coração dos outros. Não é isso. Assim como a verdadeira natureza do nosso relacionamento com Deus é uma coisa ‘secreta’, também o é a verdadeira natureza do relacionamento dos outros [com Deus]. Aqueles que desejam ser bem-sucedidos vivendo no Reino atual de Cristo devem se proteger contra esse espírito de crítica e de orgulho” (RICHARDS, Lawrence, Comentário Devocional da Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 560). 
 
3. E SE FÔSSEMOS JULGADOS PELA SEVERIDADE DE DEUS? 
     3.1. Uma reflexão muito importante. Sempre quando precisarmos lidar com o problema de um irmão, um bom exercício para nós será fazer a seguinte reflexão: “E se fôssemos julgados pela severidade de Deus?”. Comentando esse texto de Mateus, que ora estudamos hoje, o teólogo britânico Matthew Henry, do século 17, faz a seguinte e precisa reflexão: “O que faremos quando Deus se levantar (Jó 31.14)? O que seria de nós, se Deus fosse tão rigoroso e severo ao nos julgar como somos ao julgar os nossos irmãos? Se Ele fosse nos pesar na mesma balança? Podemos justamente esperar que isso [julgar-nos com a mesma medida que julgamos os outros] venha a acontecer, se formos exagerados ao registrar o que nossos irmãos fazem de errado. Nisso, como em outras coisas, o violento comportamento dos homens irá recair sobre suas próprias cabeças” (Comentário Bíblico do Novo Testamento – Mateus a João, CPAD, pp.77-78). 
     3.2. Sobre dar “coisas santas” aos “cães” e “pérolas” aos “porcos”. O versículo 6 de Mateus 7 parece, à primeira vista, destoar completamente do assunto dos versículos 1 a 5 e dos temas da bondade de Deus e dos falsos profetas, que são tratados a seguir, nos versículos de 7 a 20. Porém, isso é apenas uma impressão. O que Jesus afirma ali está intimamente ligado com o tema do juízo condenatório. Ao orientar seus discípulos a não lançarem “coisas santas” aos “cães” e “pérolas” aos “porcos”, para que estes não as “pisem” e depois voltem-se contra os discípulos para os “despedaçarem”, Jesus está querendo dizer que devemos ser prudentes em nosso zelo contra o pecado. Em alguns casos – e isso significa que é importante ter discernimento para identificá-los -, convém não sair por aí aconselhando e exortando aqueles que realmente merecem censura (os religiosos hipócritas e pecadores de forma geral declaradamente arrogantes e zombadores), porque isso poderá ser perda de tempo, uma vez que eles poderão não dar ouvidos aos seus importantes conselhos e depois ainda se voltarão contra você, que só queria ajudá-los. Lançar uma pérola para um porco ou para um cão é como lançar uma pedra contra ele – isso só irá irritá-lo. Ou seja, em determinados casos, é melhor não perder tempo voltando-se para essa gente. 
 
 AUXÍLIO TEOLÓGICO 3 
“O fato de nos abstermos de julgar os outros, pois isso seria um grande pecado, não quer dizer que não devemos reprova-los, porque isso representa um grande dever. E também pode ser uma forma de salvar uma alma da morte e de evitar que nossas almas participem da sua culpa. Agora, observe que nem todos estão aptos a censurar. Aqueles que são culpados das mesmas faltas que acusam-nos outros, ou pior, que trazem vergonha sobre si mesmos, não são aqueles que têm a melhor condição de fazer o bem àqueles que reprovam (Mt 7.3-5)” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico do Novo Testamento: Mateus a João. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.80). 
 
CONCLUSÃO 
Que esse importante ensino de Jesus sobre o juízo condenatório possa ser aplicado em nossa vida, sábia e obedientemente, para que possamos nos conduzir com sabedoria no relacionamento com o nosso próximo. Esses conselhos do Mestre são “pérolas” que seriamos absolutamente tolos em desprezar. Se assim o fizéssemos, seriamos como os “porcos” e “cães” de sua fala. Deus, porém, pela sua graça, nos deu discernimento para entender e apreciar o valor das “pérolas” do Evangelho!.

VERIFIQUE O SEU APRENDIZADO 
1 . Que tipo de julgamento Jesus está condenando? 
 Jesus está condenando uma disposição doentia à crítica, e uma crítica condenatória. Ele está condenando a crítica injusta, o falar mal dos outros, bem como a crítica arrogante, maldosa, destrutiva. 
 
2. Que princípio ético Jesus está estabelecendo ao usar as figuras do argueiro e da trave nos olhos?
O de que uma pessoa não pode chamar a atenção de outra por ter cometido o mesmo erro que ela cometeu, a não ser que chame a sua atenção particularmente, e em amor, e reconhecendo, antes de qualquer palavra, o seu próprio erro. E se seu próprio erro ainda não foi resolvido, que ela resolva antes o seu próprio erro antes de querer cuidar dos erros das outras pessoas. 
 
3 . Qual o propósito do autoexame que o cristão deve praticar com frequência em sua vida? 
 O cristão deve sempre avaliar a sua própria vida, pedindo a Deus que o ajude nessa avaliação, para que possa acertar os seus passos, aperfeiçoando sua vida espiritual. 
 
4. O que são as “pérolas” e “coisas santas” de que fala Jesus? 
 Os conselhos do Evangelho.
 
5. Quem são os “porcos” e “cães”? 
 ímpios zombadores, arrogantes, escarnecedores, que rejeitam deliberadamente os conselhos do Evangelho e se voltam contra os servos de Deus que querem lhes ajudar.

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