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Lição 11: O cristão e o Estado


2º Trimestre de 1998

 

Data: 14 de junho de 1998

TEXTO ÁUREO

“Dai, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus” (Mt 22.21).

VERDADE PRÁTICA

Deus delegou poder às autoridades para administrar o Estado, manter a ordem pública para o bem-estar social e garantir o direito de seus cidadãos.

LEITURA DIÁRIA

Segunda — Dt 17.14-20

Os deveres de um rei

Terça — Tt 3.1,2

O cristão não deve difamar o governo

Quarta — Is 10.1,2

Aviso de Deus aos parlamentares

Quinta — Fp 3.20

O crente é cidadão do céu

Sexta — At 22.25-28

A cidadania do céu não anula a cidadania terrestre

Sábado — 1Pe 2.13,14

A obediência às autoridades

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Romanos 13.1-7.

1 — Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus.

2 — Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação.

3 — Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela.

4 — Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal.

5 — Portanto, é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência.

6 — Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo.

7 — Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra.

PONTO DE CONTATO

Você sabe o que é ser patriota? É a pessoa que ama a pátria e procura servi-la. O patriotismo é, normalmente, fruto de uma boa educação. Contudo, um crente submisso a Deus, mesmo que não tenha tido uma boa formação, intercede pelo seu povo, obedece às autoridades e é fiel aos compromissos para com a sua pátria. Você, professor, pode ajudar seus alunos a assumirem atitudes corretas para com a sua nação.

OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

Identificar o compromisso do cristão com as duas pátrias — a terrestre e a celestial.
Justificar porque o cristão deve ser submisso às autoridades.
Diferenciar a conduta do cristão diante do Estado quando suas leis ferirem a consciência cristã fundamentada na Bíblia.

SÍNTESE TEXTUAL

Esta lição define com clareza os papéis estabelecidos por Deus para Seus Filhos no exercício da cidadania. Estudaremos as atitudes de Jesus e Seus discípulos diante dos deveres para com o Estado e às autoridades constituídas. Estas autoridades foram estabelecidas por Deus para o bem, para a ordem e o cumprimento da lei. Portanto, seguindo o exemplo do Mestre, o cristão deve submeter-se às autoridades conscientemente.

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

Cada lição deste trimestre oferece uma oportunidade preciosa para corrigirmos atitudes e valores errados que nossos alunos trazem na bagagem de sua educação ao longo de suas vidas. Sugerimos que aproveite esta ocasião para ajudá-los a se posicionarem no exercício da cidadania.

Para esta aula você pode dividir a classe em três grupos, pedindo-lhes que estudem os versículos 8, 9 e 10 de Romanos 13. Dê-lhes alguns minutos para estudo do texto. Peça que cada grupo apresente relato da pesquisa feita a um desses versículos.

Complete a reflexão dos grupos, explorando ao máximo os versículos estudados. E, usando a técnica de perguntas e respostas, incentive a participação de todos procurando averiguar as ideias preconcebidas.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

Ser cristão não nos exime de nossos deveres cívicos. A Igreja na condição de segmento da sociedade deve ser submissa ao Estado. A Epístola aos Romanos discorre sobre os cristãos quanto ao seu relacionamento com Estado. É sobre isso que vamos estudar hoje, na apropriada seção da Epístola.

I. CONCEITO DE ESTADO

1. Estado. O apóstolo nessa breve seção de sete versículos, descarta a possibilidade de a Igreja desconsiderar as autoridades constituídas. O Estado é a nação politicamente organizada ou uma coletividade organizada para fins de governo, e a política é a arte de bem governar e administrar. Onde houver uma comunidade, há necessidade de uma hierarquia política e de uma organização para protegê-la, beneficiá-la e regê-la por leis que regulamentem com justiça e equidade a vida em sociedade.

2. Pátria. Disse Rui Barbosa: “A pátria não é ninguém: são todos… não é um sistema e nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo, é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade”. O cristão, portanto, deve ser patriota, pois é um filho de Deus, tendo na sua vida o amor de Deus e a direção do Espírito Santo para praticar a justiça baseada no amor cristão.

3. As duas pátrias. O apóstolo Paulo também era cidadão de duas pátrias — cidadão do céu (Fp 3.20) e ao mesmo tempo cidadão romano (At 22.25-28). Era cidadão romano, mesmo sendo judeu e, portanto, pertencente a uma raça subjugada por Roma. Ele reconhecia essa dupla cidadania, pois não renunciou a sua cidadania da terra por se tornar cristão, antes se valeu de suas prerrogativas (At 25.11). Por isso também temos compromisso com as duas pátrias — a terrestre e a celestial.

4. As leis romanas. Roma era um império tirano e pagão. Uma pirâmide de corrupção e poder, quase que indestrutível. Mesmo assim, suas leis protegeram até mesmo o apóstolo Paulo quando sua vida corria risco entre os judeus (At 23.20-24). Paulo recorreu às leis romanas, quando sentiu-se violado nos seus direitos como cidadão de Roma (At 25.9-11).

II. AS AUTORIDADES CONSTITUÍDAS

1. A submissão (v.1a). “Toda a alma” é o mesmo que todo o homem. O apóstolo escreveu esta mensagem para os cristãos em Roma, a capital do Império. Com certeza devia haver naquela igreja alguma relutância por parte de alguns, com relação ao Estado, de outra forma o apóstolo não iria abordar esse assunto.

2. “Ordenadas por Deus” (v.1b). A submissão às autoridades é pelo fato destas serem constituídas por Deus para o bem-estar social do povo, incluindo os cristãos. O próprio apóstolo viveu essa experiência, quando as próprias leis romanas protegeram o apóstolo da fúria dos judeus (At 25.9-11). Deus delegou aos homens a sua autoridade.

3. É pecado resistir às autoridades (v.2). Quem desconsidera as leis e os líderes de sua nação, estado ou município, está simultaneamente desconsiderando o bem-estar da população e a ordem pública. Se o cristão se recusa servir a sua nação, ele não está amando o seu próximo, nem colaborando para o bem-estar da sociedade.

4. Oração pelos governantes. Agora, a vida espiritual de cada um é outro assunto; por isso devemos orar por eles (1Tm 2.1-4). Devemos orar pelos nossos governantes, tanto pela sua administração como também para a salvação deles, e para que possamos ter uma vida pacífica na sociedade.

III. O SERVIÇO MILITAR

1. A espada (v.4). As forças armadas e as polícias civil e militar ou qualquer corporação afim, não são uma figura decorativa. Essas instituições existem para manter a ordem pública. Por isso é necessário punir os infratores da lei. Essa punição é representada nesse texto (v.4), pela palavra “espada”.

2. Pena capital. Muitos entendem que o v.4 é uma referência à pena capital. Pode ser. Deus instituiu a pena capital (Gn 9.6; Lv 20.10). Essas penas no Antigo Testamento foram substituídas na Nova Aliança pelas exclusões do rol de membros da Igreja (cf. Lv 20.10; 1Co 5.1-5). O apóstolo não ordena, não encoraja e nem aconselha a pena capital; simplesmente reconhece que ela existe.

3. A Bíblia não condena um cristão ser militar. Não há na Bíblia nenhuma proibição ao serviço militar ou a quaisquer cargos públicos. João Batista recomenda aos soldados que fossem bons servidores do Estado (Lc 3.12-14). Não está escrito que Pedro obrigou Cornélio a abandonar a sua centúria (At 10.30-46), nem tampouco obrigou Paulo ao carcereiro de Filipos a deixar a sua função pública, pois o mesmo carcereiro transmitiu a Paulo e a Silas a ordem de soltura deles (At 16.31-36).

4. O centurião de Cafarnaum. Jesus em nenhum momento condenou ou desprezou o serviço militar ou a quem a ele servia. Tanto é verídico isto que Ele curou o criado deste militar (Mt 8.13). É importante notar que o mesmo que ensinou o amor ao próximo não condenou o centurião por ser um servidor do exército que dominava o próprio povo judeu.

5. Cafarnaum. Provavelmente Cafarnaum era um posto militar importante do governo romano. Jesus não mandou que o centurião de Cafarnaum abandonasse o cargo (Mt 8.5-13). Centurião é o comandante militar de uma centúria (companhia de cem homens), mas poderia ser uma unidade militar maior.

6. Atitude do centurião. Pela atitude que o centurião tomou (Mt 8.8) podemos observar que ele era um homem humilde, talvez até religioso, pois tinha bom testemunho dos judeus (Lc 7.5). A demonstração de fé do centurião, que muito impressionou o Senhor Jesus Cristo, foi exatamente sobre o serviço militar: “Pois também eu sou homem sob autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai, e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu criado: Faz isto, e ele o faz” (Mt 8.9). Jesus se admirou da fé dele (Mt 8.10).

IV. RECONHECENDO OS DIREITOS DO ESTADO

O cristão tem o dever de cuidar do bem-estar de todos, e isso inclui o princípio bíblico de amar ao próximo. Não reconhecer as normas baixadas pelo Estado com o propósito de preservar a ordem e o bem-estar da sociedade é uma rebeldia contra os governantes diametralmente contrária a Deus, pois a autoridade “é ministro de Deus para o teu bem” (Rm 13.4).

2. Os limites de César. O apóstolo Paulo escreveu esse ensino num período histórico de relativa calma no Império Romano, com o objetivo de estabelecer regras gerais sobre a conduta do cristão em relação aos governantes terrenos. Essa obediência aplica-se a circunstâncias normais, porque, se de alguma forma essas leis vierem a ferir a consciência cristã fundamentada na Bíblia, não devemos considerá-las, pois os direitos de César terminam onde começam os de Deus. César não pode ir além dos limites delegados por Deus. Numa situação como essa ficamos com a Palavra de Deus (At 4.18,19).

3. Em caso de anomalia estatal. Num sistema monstruoso, brutal, como o nazismo, a atitude do cristão torna-se bem diferente da que seria numa situação normal. Numa situação de anomalia, a atitude do cristão deve ser semelhante à de Pedro e João: “Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus?” (At 4.19; 5.29).

4. O tributo (v.6). A tributação existe como recursos para gerir o Estado e desta forma proporcionar a segurança do povo, o bem-estar social e manter a ordem pública. Os impostos são revertidos para benefícios da própria sociedade: “Por esta razão pagais tributos”. É, portanto, nosso dever obedecer às autoridades, pagando-lhes impostos (v.7).

5. A responsabilidade cristã. O cristão como cidadão tem o dever de obedecer às autoridades, pagando-lhes os impostos porque é mandamento bíblico (Rm 13.7). É pecado sonegar impostos. Somos a luz do mundo (Mt 5.14). A Igreja deve sempre ser o espelho da sociedade. O próprio Jesus pagou impostos, sendo Ele dono de tudo; isso para não escandalizar os que estavam de fora e para nos deixar o exemplo (Mt 17.24-27).

CONCLUSÃO

Vivemos num país democrático. Demos graças a Deus por isso. Oremos com perseverança pelas nossas autoridades. É melhor um governo imperfeito do que governo nenhum, onde prevalece o poder absoluto, arbitrário, perverso e desumano. Também, diante de leis perversas não devemos ser omissos. Ver Is 10.1,2; Tg 5.4-6.

VOCABULÁRIO

Cidadania: Qualidade ou estado de cidadão — indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado, ou no desempenho de seus deveres para com este.
Cívico: Relativo aos cidadãos como membros do Estado.
Hierarquia: Ordem e subordinação dos poderes eclesiásticos, civis e militares; graduação da autoridade, correspondente às várias categorias de funcionários públicos; classe.
Monopólio: Exploração, posse, direito ou privilégio exclusivos.

QUESTIONÁRIO

1. Por que temos compromisso com as duas pátrias — a terrestre e a celestial?

R. A exemplo de Paulo, não renunciamos a cidadania da terra por nos tornamos cristãos.

2. Por que devemos ser submissos às autoridades?

R. A submissão às autoridades é pelo fato destas serem constituídas por Deus para o bem-estar social do povo, incluindo os cristãos.

3. Por que devemos orar pelos nossos governantes?

R. Para que possamos ter uma vida pacífica na sociedade.

4. O que devemos fazer quando as leis do Estado vierem a ferir a consciência cristã fundamentada na Bíblia?

R. Não devemos considerá-las, pois os direitos de César terminam onde começam os de Deus. Nessa situação ficamos com a Palavra de Deus.

5. Porque Jesus pagou impostos?

R. Para não escandalizar os que estavam de fora e para nos deixar o exemplo.


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