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Lição 12 – Ética Cristã e Política


TEXTO ÁUREO

“Portanto, dai a cada um o que deveis: quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; o quem honra, honra.” (Rm 13.7)

VERDADE PRÁTICA

A política faz parte da vida em sociedade. Como o cristão não vive isolado, ele deve ter consciência política, sendo sal e luz neste mundo.

LEITURA DIÁRIA

Seg. 1Pe 2.17: O cristão deve reconhecer as autoridades constituídas

Ter. 1Tm 2.1,2: A igreja deve orar por todas as autoridades

Qua. Mt 22.17 – 21: O cristão deve cumprir seus deveres civis

Qui. 2Co 6.14: O cristão não deve se prender ao jugo desigual

Sex. Rm 13.4: A importância do Estado virtuoso como autoridade

Sab. Is 5.20: A igreja deve manter a sua integridade num mundo hostil

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Romanos 13.1-7

1 TODA a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus.

2 Por isso quem resiste à potestade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação.

3 Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a potestade? Faze o bem, e terás louvor dela.

4 Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz o mal.

5 Portanto é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência.

6 Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo.

7 Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra.

HINOS SUGERIDOS: DA HARPA CRISTÃ

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

– Apresentar uma perspectiva bíblica da política;

– Compreender que a separação do Estado da Igreja é uma herança protestante;

– Mostrar como o cristão deve lidar com a política.

INTERAGINDO COM O PROFESSOR

Na lição de hoje estudaremos um tema que em geral divide opiniões e quer erroneamente, se acredita que não deve ser discutido — política. Saiba que quando se trata desse tema, em nossas classes, vão existir dois tipos de alunos: aqueles que não querem ouvir nada a respeito do assunto e que não gostam do tema e os que são muito bem informados quanto à vida política e social do nosso país.

Professar (a), em que grupo você está? Essa reflexão é importante, pois vai influenciar diretamente no preparo da lição e na metodologia que você vai utilizar para expor o conteúdo.

Por que atualmente estamos tão cansados da política? Mas, independente do momento político em que o nosso país está atravessando, não é possível viver em sociedade sem a política. É importante ressaltar que o que temos visto atualmente é a chamada “politicagem”, o que é totalmente inverso à política. Como cristãos precisamos fazer a diferença em nossa sociedade e para isso, precisamos estar bem informados a respeito do que aqueles que estão exercendo um cargo político e que muitas vezes receberam o nosso voto estão fazendo. Não podemos também nos esquecer que a Palavra de Deus nos exorta a orarmos por aqueles que estão exercendo cargos políticos e autoridades governamentais.

INTRODUÇÃO

As Escrituras registram a liderança política de grandes personagens bíblicos, entre eles, José, o governador do Egito (At 7.9,10); e Ester, a rainha da Pérsia e da Média (Et 5.2). Contudo, apesar desses exemplos, por muitas décadas a política foi satanizada no meio evangélico. Como resultado, e com sua omissão, a igreja permitiu que o Poder Público fosse exercido muitas vezes por ateus, ímpios e imorais. Esse comportamento contribuiu com a eleição, por exemplo, de governos contrários ã cultura judaico-cristã. Para mudar esse quadro faz-se necessário que a igreja amadureça e aprofunde sua ‘consciência política.

I- UMA PERSPECTIVA BÍBLICA DA POLÍTICA

  1. Deus governa todos os aspectos da vida humana, inclusive o político.

As Escrituras mostram que Deus se relaciona diretamente conosco em todos os aspectos da vida (Mt 6.33). Isso significa que Ele intervém em nossa jornada diária, pois o Pai Celeste “trabalha para aquele que nele espera” (Is 64.4). Nesse aspecto, a Bíblia mostra que o Altíssimo “remove os reis e estabelece os reis” (Dn 2.21), “porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus” (Rm 13.1). Sim, o Deus Altíssimo governa o aspecto político da vida no mundo.

  1. Deus levanta homens que o glorifiquem na política.

Os exemplos da Bíblia são abundantes. Mas destacamos três deles: José, filho de Jacó (Gn 41.37-57); Ester, a rainha (Et 2.12-20); Daniel, o jovem (Dn 2.46-49). Essas três pessoas se colocaram à disposição do Senhor, e por intermédio d E lê, providenciaram o escape para o povo de Deus (Gn 42.46-49; Et 7.1-10; Dn 2.1-45). A história da Igreja também mostra um homem chamado William Wilberforce (1759 – 1833), que por influência do Evangelho, e impactado pelo ministério de John Wesley, foi quem Liderou o fim do tráfico de escravos no reino britânico. Sim, Deus usa pessoas para glorificar o seu nome na política.

  1. O Estado e a Política.

O Estado tem como função garantir, por meio de políticas públicas, as condições necessárias para a vida digna da sociedade. A Palavra de Deus diz que as autoridades instituídas são para disciplinar as obras más e enaltecer quem faz o bem (Rm 13.3,4). Assim, como vivemos num estado democrático de direito, onde tanto cidadãos quanto autoridades instituídas têm direitos e deveres mediante a carta constitucional do país, isto é, vivemos no império das leis, e por isso, devemos exercer o mesmo princípio de submissão ao Estado esposado pelo apóstolo Paulo em Romanos 13.1,2.

  1. O Estado e a Bíblia.

O Novo Testamento retrata o Estado como instrumento ordenado por Deus (Rm 13.1), assim, os que resistem ao Estado afrontam a Deus (Rm 13.2). Nesse contexto, o Estado é servo do Altíssimo para aplicar a justiça (Rm 13.4), logo, ele não é problema para os que fazem o bem, mas para os que praticam o mal (Rm 13.4; l Pé 2.14). Assim, é lícito pagar tributos e impostos ao Estado (Rm 13.6,7), bem como temos a recomendação de orar pelas autoridades públicas (1Tm 2.1,2).

SÍNTESE DO TÓPICO l

A Palavra de Deus nos apresenta uma perspectiva correia da política.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

Política

O vocábulo ‘política’ vem do grego, polis, ‘cidade’. A política, pois, procura determinar a conduta ideal do Estado, pelo qual seria uma ética social. Ela procura definir quais são o caráter, a natureza e os alvos do governo. Trata-se do estudo do governo ideal1 (Enciclopédia de Bíblia, Filosofa e Teologia, p. 769).

‘Política significava, originalmente, o conhecimento, a participação, a defesa e a gestão dos negócios da polis’ (Cidade-Estado, na Grécia — citado em Cristianismo e Política, p. 19).

Segundo Champlin e Bentes: ‘A política é um dos seis ramos tradicionais da filosofia. Platão pode ser caracterizado como o pai da política, porquanto em sua filosofia, sobretudo em seu diálogo intitulado República, ele desenvolveu uma extensa teoria política. A filosofia política ocupa-se com a conduta ideal do Estado, com a ética das sociedades organizadas'(Enciclopédia de Bíblia, Filosofia e Teologia, p. 196).

Além de Platão, outros grandes filósofos idealizaram a filosofia política, enfatizando certos aspectos considerados preponderantes sobre os outros na sociedade.

Enquanto Platão enfatizava o predomínio do indivíduo dos filósofos, e defendia um Estado comunista; Aristóteles destacava o valor da família como ‘unidade central do Estado e não o indivíduo; propugnava um sistema misto de governo, com destaque para um tipo de democracia (não popular) criticando o Estado comunista defendido por Platão (ibidem, p, 789). Agostinho via a política como reguladora dos conflitos entre a Igreja e o Estado; o filósofo italiano Maquiavel defendeu a supremacia do Estado, advogando que todos os meios seriam lícitos, desde que os fins fossem bons. É a famosa máxima, segundo a qual ‘os fins justificam os meios (LÍMA, Elinaldo Renovato de. Ética Cristã: Confrontando as Questões Morais do Nosso Tempo. 9.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, pp. 188,189).

II – A SEPARAÇÃO DO ESTADO DA IGREJA: UMA HERANÇA PROTESTANTE

O conceito de Estado Laico é compreendido como a separação entre o Estado e a Igreja. Significa que um não pode interferir nas atividades do outro e vice-versa.

  1. A união entre a Igreja e o Estado.

No ano 313, Constantino e Licínio, Imperadores romanos do Ocidente e do Oriente respectivamente, promulgaram o Édito de Milão. O decreto outorgou liberdade e tolerância religiosa aos cristãos no império Romano. O imperador Teodósio decretou tm 380 d.C. o Édito de Tessalônica, estabelecendo o Cristianismo como religião oficial do Império. O Édito prometia vingança divina e castigo do estado aos que não aderissem à lei. A partir de então a união entre a Igreja e o Estado passou a ser indiscutível. A exemplo da deformação da nação de Israel, o início dessa união trouxe dté benefícios, mas em seguida, essa mistura foi trágica (l1Sm 10.1; cf. 8.10-19).

  1. A separação entre a Igreja e o Estado.

Ao fim da Idade Média, os ideais humanistas valorizavam os direitos individuais do cidadão e isso despertou nos cristãos a necessidade de reformar a Igreja, especialmente, o Clero (sacerdotes). Os abusos de Roma e a venda das indulgências deflagraram a Reforma em 1517, na Alemanha. O Monge Martinho Lutero rompeu com o catolicismo romano. Foi a partir da Reforma que, paulatinamente, os conceitos de liberdade, de tolerância religiosa, de democracia e de separação entre Igreja e Estado foram alçados ao status de direitos fundamentais. A Palavra de Deus mostra que a ideia de Estado e Igreja não dará bons resultados (At 4.1-7). Por isso, o Estado não deve interferir na Igreja nem a Igreja no Estado. Todavia, o povo de Deus jamais deve faltar com a sua voz profética diante das injustiças e pecados sociais.

  1. O Modelo de Estado Laico Brasileiro.

A Constituição do Brasil outorga ao cidadão plena liberdade de crença e garante o livre exercício dos cultos e liturgias, além da proteção aos locais de adoração (Art. 5°). No artigo 19 está definida a separação entre o Estado e a igreja, mas ressalva na forma da lei, a colaboração de interesse público. Assim, embora o Estado brasileiro seja laico, ele não é ateu. Desde os primórdios, o ser humano tem a necessidade de cultuar a Deus (5142.1), portanto, o Estado não pode negar a natureza religiosa do indivíduo.

SÍNTESE DO TÓPICO II

Uma das heranças do protestantismo é a separação do Estado da Igreja.




SUBSÍDIO TEOLÓGICO

[…] A Reforma teve causas religiosas, económicas, políticas, sociais, morais e éticas. O descrédito da igreja crescera durante, durante, pelo menos, dois séculos e já provocava rebeliões populares. Soberanos, senhores feudais, povo e até mesmo parte do clero já haviam alcançado um elevado grau de insatisfação.

A mistura ar-combustível de nosso motor imaginário, sob forte pressão, aguardava apenas uma centelha para explodir. Iniciando a venda de indulgências na Alemanha, o domiciano Johann Tetzel (1465-1519) produziu a centelha que faltava. A ela, seguiu-se a publicação das 95 Teses de Lutero na porta da igreja de Wittenberg. Estava deflagrada a Reforma. A indulgência era um documento que absolvia pecados. Se o pecador morresse, um parente poderia pagar por ele, abreviando-lhe o tempo de passagem pelo purgatório.

As interpretações da Reforma dependem do ponto de vista de quem a analisa. Sob a perspectiva política, foi uma rebelião contra a igreja católica, cujo chefe, o Papa, arvorara-se em vigário de Deus, lider acima da autoridade dos reis. Para os que privilegiam as causas

morais, ela foi um esforço para deter a corrupção que invadira a hierarquia eclesiástica. Para os que acreditam no determinismo económico, ela resultou da tentativa do papa em explorar economicamente a Alemanha (FERREIRA, Paulo. A Reforma em Quatro Tempos: Desdobramento na Europa e no Brasil, 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p. 14).

Ill – COMO O CRISTÃO DEVE LIDAR COM A POLÍTICA

O cristão precisa tomar cuidado com a “politicagem” e definir com temor a Deus a sua atuação política.

  1. O perigo da politicagem.

Os dicionários em geral conceituam politicagem como “política reles e mesquinha de interesses pessoais”. O perigo dos atos politiqueiros envolvendo os cristãos é colocar em descrédito o Evangelho e a Igreja. Assim, os políticos contrários às convicções cristãs não podem receber o apoio nem o voto da igreja. No cristianismo primitivo, a igreja em Corinto foi advertida a observar o seguinte princípio: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?” (2 Co 6.14,15).

  1. Como delimitar a atuação da igreja.

Os princípios éticos devem ser estritamente observados. O púlpito da igreja não pode dar lugar ao “palanque eleitoreiro”. É verdade que a igreja precisa de conscientização política, mas isso não significa ocupar o espaço de adoração e pregação da Palavra com campanhas políticas. Conscientização política é uma coisa, campanha política é outra. Esta não cabe no espaço de culto do Corpo de Cristo. Nesse sentido, a conscientização política da igreja deve ser fundamentada em princípios cristãos. Isso significa que o cristão deve analisar as propostas e as ideologias dos partidos políticos sob a ética cristã (Is 5.20).

  1. Ajustando o foco da igreja.

O povo de Deus não pode limitar-se a fazer oposição e oferecer resistência à iniquidade no poder temporal. Não pode depositar sua confiança e esperança nas decisões políticas.

As lideranças devem incentivar o avivamento espiritual. O avivamento liderado por John Wesley (1703-1791) trouxe mudanças sociais significativas na Inglaterra, pois o mal realmente a ser combatido pela igreja é o pecado.

Não podemos jamais perder a nossa consciência e natureza espiritual.  Quando a mensagem de arrependimento for pregada ao mundo, então, vidas serão transformadas. O Espírito Santo terá liberdade para convencer os ouvintes do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8). A medida que verdadeiras conversões a Cristo ocorrem, na mesma proporção, a nossa nação sofre transformações espirituais e sociais.

SÍNTESE DO TÓPICO III

O cristão deve lidar com a política com sabedoria e discernimento.

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

Pensando em política para os cristãos

Infelizmente para os estudiosos cristãos, a Bíblia não é um livro didático de teologia política para o mundo moderno. Ela nos oferece poucas passagens explícitas sobre o papel adequado dos governos. Romanos 13.1-6 nos fala que os governos são estabelecidos por Deus e os cristãos devem se submeter à autoridade governante. Isso parece bastante claro, mas já no início de Atos descobrimos que Pedro e os apóstolos foram presos e encarcerados por pregar o Evangelho e fazer sinais e maravilhas. Então um anjo do Senhor organizou para eles uma fuga da prisão e ordenou-lhes que voltassem à arena pública e continuassem a quebrar a lei pregando o Evangelho. Quando arrastados de volta diante das autoridades, eles declararam: ‘Mas importa obedecer a Deus do que, aos homens’ (At 5.12-29). Aqui a Bíblia parece ensinar que, em algumas circunstâncias, temos de desafiar a autoridade governamental (MCNUTT, Dennis. Panorama do Pensamento Cristão, 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, p. 428, 178).




CONCLUSÃO

Diante do cerceamento de algumas liberdades, a igreja começou a despertar para a realidade política. As mudanças e as transformações sociais passam pelo processo político. Por que então não eleger candidatos verdadeiramente vocacionados para a vida pública e que reproduzam a moral cristã? Por que não apoiar políticos que rejeitam as leis contrárias aos princípios cristãos? Para tanto, a Igreja precisa ocupar o seu espaço e influenciar positivamente a sociedade (Mt 5.13-16).

PARA REFLETIR

A respeito do tema “Ética Crista e Política”, responda:

Mostram que Deus intervém em nossa jornada diária, pois Ele “trabalha para aquele que nele espera” (Is 64.4). Nesse aspecto, a Bíblia mostra que o Altíssimo “remove os reis e estabelece os reis” (Dn 2.21), “porque não háautoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus” (Rm 13.1).

Vivemos num estado democrático de direito, onde tanto cidadãos quanto autoridades instituídas têm direitos e deveres mediante a carta constitucio­nal do país, isto é, vivemos no império das leis, e por isso, devemos exercer o mesmo princípio de submissão ao Estado esposado pelo apóstolo Paulo em Romanos (Rm 13.1,2).

À exemplo da deformação da nação de Israel, o início dessa união trouxe atébenefícios, mas em seguida, essa mistura foi trágica.

O conceito de Estado Laico é compreendido como a separação entre o Estado e a Igreja. Significa que um não pode interferir nas atividades do outro e vice-versa.

Qual o mal a ser combatido pela igreja?

O mal realmente a ser combatido pela igreja é o pecado.


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