Lição 4 – Perseverando na Fé




TEXTO ÁUREO

“E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?” (Lc 18.7)

VERDADE PRÁTICA

Quanto mais perseverarmos na fé, melhor entenderemos a vontade de Deus.

LEITURA DIÁRIA

Seg. Hb 11.1: O firme fundamento e a prova das coisas que se não veem

Ter. Ef 2.8,9: A salvação é pela graça, mediante a fé, para que ninguém se glorie

Qua. Mt 17.20: A fé não precisa ser grande, mas tem de ser íntegra e verdadeira

Qui. Hb 11.6: É preciso acreditar, pois sem fé é impossível agradar a Deus

Sex. Mt 9.2: Uma fé que, de tão evidente, pode até ser vista

Sab. 1Pe 1.9: O alvo supremo da fé não consiste em receber “bênçãos”

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Lucas 18.1-8

1- E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca desfalecer,

2- dizendo: Havia numa cidade um certo juiz, que nem a Deus temia, nem respeitava homem algum.

3- Havia também naquela mesma cidade uma certa viúva e ia ter com ele, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário.

4- E, por algum tempo, não quis; mas, depois, disse consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens,

5- todavia, como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte e me importune muito.

6- E disse o Senhor: Ouvi o que diz o injusto juiz.

7- E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?

8- Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura, achará fé na terra?

HINOS SUGERIDOS: 88,185,192 da Harpa Cristã

OBJETIVO GERAL

Estimular a perseverança na fé.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

I- Interpretar a parábola do juiz iníquo;

II- Destacara bondade de um Deus justo;

III- Ressaltar a postura da viúva a respeito da oração, da perseverança e da fé.

  • INTERAGINDO COM O PROFESSOR

A aula de hoje é uma grande oportunidade para estimular os alunos a perseverarem na fé e na oração. Este é o grande desafio do ensino: Romper a barreira do discurso levando os educandos à prática. A parábola do juiz iníquo mostra exatamente isso. O interesse de Jesus era levar os seus discípulos a serem perseverantes e pessoas de oração. Em tempos de “determinismo profético”, nada mais sensato e necessário que ensinar acerca da fé e da oração.

PONTO CENTRAL: A perseverança na fé e na oração é decisiva para o desenvolvimento espiritual.

INTRODUÇÃO

A perseverança na fé é uma das exortações bíblicas mais urgentes nos dias de hoje. Sobretudo, quando acompanhada da oração, pois esta também é de suma importância, visto ser a forma de comunicação vital dos discípulos com o Pai soberano nestes tempos perigosos até o estabelecimento final do Reino de Deus. Esta parábola, também conhecida como a “parábola da viúva persistente mostra que a oração intermitente em tempos de crise é o meio pelo qual os discípulos do Reino se valem da justiça do Pai a seu favor.

I – INTERPRETANDO A PARÁBOLA DO JUIZ INÍQUO

  1. Uma parábola difícil.

Muitos estudiosos consideram essa parábola uma das mais difíceis. De fato, o modo como algumas Bíblias a intitulam, ou seja, quando na epígrafe editorial consta, por exemplo, “A parábola do juiz iníquo”, têm levado muitos a fazerem interpretações equivocadas sobre a bondade, o amor e a justiça de Deus. Contudo, devemos levar em conta o propósito que levou Jesus a contar essa parábola. Trata-se de uma parábola que, a exemplo de outras que estudamos ao longo desse trimestre, funciona como um contraste. Conforme veremos, ela possui até certo fundamento em seu estilo de acentuar a perseverança, e se faz acompanhar de um chamado ao discernimento (v.6), três afirmações da defesa graciosa que Deus faz dos seus e é concluída com um questionamento sobre a existência, ou não, da fé, quando chegar o tempo em que Deus defenderá os seus (v.8b).

  1. O juiz.

Não é preciso interpretar, ao pé da letra, cada detalhe de todas as parábolas. Entretanto, aqui vamos assim proceder com o fim exclusivo de mostrarmos o contexto que se passa na mente dos ouvintes. Tudo indica que na estrutura jurídica do judaísmo antigo existiam dois sistemas de tribunais: o judaico e o gentílico. Por isso, há estudiosos que entendem que o magistrado da parábola era um juiz gentio. A Mishná declara que três juízes deveriam definir a sentença nos casos que envolvessem propriedade. Flávio Josefo fala de tribunais com até sete juízes na Galileia. A parábola pressupõe um tribunal com um juiz somente, pois, neste caso, pode tratar-se de um simples recurso para a simplificação da narrativa. Na verdade, para entendermos melhor a parábola, não é tão importante o conhecimento do sistema jurídico daquele tempo, mas sim nos conscientizar da condição desesperadora de muitas viúvas da época que sofriam com juízes corruptos ou desumanos.

  1. A viúva.

As viúvas eram reconhecidas pelas suas roupas típicas, as quais indicavam sua situação (Gn 38.14,19). Naquele tempo as jovens casavam-se no início da adolescência, por isso, apesar de haver muitas viúvas, elas não eram, necessariamente, mulheres de idade avançada. A maioria era deixada sem nenhuma forma de subsistência. Se permanecessem na família do falecido, acabavam numa condição inferior, quase servil. Se retornassem para a sua família de origem, o dinheiro do dote repassado nas negociações do seu casamento teria que ser devolvido. Dessa forma, as viúvas em geral ficavam em uma situação bastante miserável. Geralmente elas eram vendidas como escravas para a quitação das dívidas. Portanto, uma mulher pobre, por causa da morte de seu marido, ficava privada do amparo social e, em caso de controvérsias de ordem pública, se não tinha dinheiro, precisava confiar na honestidade dos magistrados. Esse é o contexto em que devemos ler essa parábola.

  1. O caso e a perseverança.

A mulher tinha uma causa que deveria ser apresentada a um tribunal da cidade ou a um juiz que resolvesse exclusivamente a questão por via administrativa. Talvez se tratasse de pendências judiciárias ou mesmo dívidas deixadas pelo seu marido, de hipotecas sobre a herança patrimonial. Apesar de o caso poder enquadrar-se nos inúmeros existentes à época quando uma mulher tinha de defender seus direitos contra as maldades de um adversário poderoso que, sendo mais importante e influente, está seguro e tranquilo, ela toma uma decisão inédita, pois não escolhe advogados (talvez sua condição nem o permitisse), nem defensores públicos, mas contra o costume de seu ambiente, decide apresentar, pessoalmente, a instância ao juiz. Este, segundo o relato, é um juiz iníquo, isto é, não teme a Deus. Ela, porém, demonstra um coração decidido e uma disposição muito grande. Tanto que o texto usa a expressão “molesta” (v.5) para indicar a perseverança da viúva diante do juiz. Por isso, ao final, o juiz cede para não ser mais incomodado, isto é, “molestado” pela mulher que o importuna.

SÍNTESE DO TÓPICO I

Os detalhes da parábola não são o principal a ser entendido, mas sim sua mensagem central.




 

SUBSÍDIO EXEGÉTICO

“A Parábola do Juiz e da Viúva enfoca a oração persistente. Claro que Jesus não está ensinando que Deus é como um juiz injusto. A parábola é dita num estilo ‘quanto mais’. Se um homem iníquo finalmente responde os clamores de uma viúva, quanto mais um Deus justo ouvirá as orações dos seus filhos. “A parábola fala sobre uma situação da vida real. O juiz não tem reverência a Deus ou respeito pelos direitos das pessoas. Uma viúva pobre envolvida num processo na mesma cidade pleiteia com o juiz insensível para decidir em favor dela contra um adversário (v.3). Por um longo tempo ele não faz nada, ignorando os clamores por justiça. Como outras viúvas naquela sociedade, ela é impotente e entre a mais vulnerável das pessoas. Ela é dependente dos outros para cuidar dela” (ARRINGTON, F. L. In ARRINGTON, French L.; STRONDAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.435).

II – A BONDADE DE UM DEUS JUSTO

  1. Deus é bom.

Não é novidade o fato de a Bíblia estar repleta de textos que demonstram a bondade de Deus. A parábola, uma vez mais, reforça tal verdade quando o Senhor, retoricamente, questiona: “E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?” (v.7). A bondade de Deus faz com que Ele ouça aos seus servos. E não poderia ser diferente, pois Jesus ensinou que se, nós, pois, sendo maus, sabemos dar boas coisas aos nossos filhos, “quanto mais vosso Pai que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?” (Mt 7.11). Antes disso o Mestre também ensinava sobre a oração, dizendo: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Mt 7.7). Na parábola que estamos estudando, encontramos a viúva clamando, e este é o recurso utilizado por Jesus para, mais uma vez, ensinar sobre a oração e nos lembrar que Deus é bom.

  1. Deus é justo.

Além da bondade do Pai, o crente sabe que Ele é justo. Uma vez mais é necessário recordar que a parábola não deve ser tomada ao nível dos detalhes, pois estes não são o mais importante. O juiz de nossa parábola é iníquo, injusto; Deus, a quem servimos, por outro lado, é justo. Nisto consiste o elemento de contraste dessa parábola. Este conhecimento já tinha Abraão ao chamar o Senhor de “Juiz de toda a Terra” (Gn 18.25). A justiça de Deus é tão elevada que, assim como a paz de Cristo, excede a todo nosso entendimento (Is 56.1).

  1. Deus assume a nossa causa.

Na parábola, encontramos uma pobre viúva pedindo justiça, mas o que Jesus está ensinando é sobre o dever de orar sempre e nunca desfalecer, isto é, a perseverar. Assim, ao mesmo tempo em que ensina sobre a oração e a perseverança, o Mestre lembra um preceito da Lei, mostrando que Deus assume a nossa causa: “Pois o Senhor, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e terrível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita recompensas; que faz justiça ao órfão e à viúva e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e veste” (Dt 10.17,18).

SÍNTESE DO TÓPICO II

Além da perseverança na oração e na fé, a parábola destaca a bondade, a justiça e o fato de que Deus assume as causas dos menos favorecidos.

SUBSÍDIO PRÁTICO-TEOLÓGICO

“A aplicação é clara e simples. Uma viúva pode obter justiça de um juiz que não teme a Deus e não tem nenhuma consideração pelos seus semelhantes, simplesmente pela sua vinda contínua. Quanto mais deveria um cristão ter fé e crer que um Deus justo, bom e amoroso responderá as suas orações, embora Ele possa demorar- ou seja, embora as vezes pareça que a resposta demora! Depressa, lhes fará justiça, ou seja, subitamente, inesperadamente, mas não necessariamente quando eles pensam que a resposta deve vir” (CHiLDERS, Charles. Comentário Bíblico Beacon. Vol.6. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.467).

III – A PERSEVERANÇA DA VIÚVA É UMA IMAGEM PARA NÓS

  1. Oração.

Até que nosso Senhor retorne, infelizmente, viveremos em constante luta contra o pecado (Hb 12.1). Por esse motivo, não devemos desistir de perseverar na oração e na súplica até que alcancemos o alvo (Fp 3.12-14). Ainda durante seu ministério Jesus exortava aos seus discípulos a que estivessem de “sobreaviso” e que também vigiassem e orassem (Mc 13.33; ARA). Uma das características distintivas do Evangelho de Lucas é a oração (3.21; 5.16; 6.12; 9.18,28,29; 10.21,22; 11.1; 22.41-46; 23.46). Ao ensinar a respeito do Espírito Santo, Lucas nos mostra que Deus cumpre o seu propósito. No entanto, exige a atitude certa por parte do povo de Deus que, de acordo com este Evangelho, é a oração. Vemos Jesus orando antes de cada grande crise da sua vida, ou seja, chegando a orar pelos seus agressores (Lc 23.34). Por ser um homem de oração, Jesus exortou seus discípulos a fazerem o mesmo (Lc 11.2; 22.40,46). É importante lembrar que Jesus advertiu contra o tipo errôneo de oração (Lc 20.47).

  1. Perseverança.

Além de orar, é necessário compreender que a oração deve vir acompanhada de perseverança. A exortação à oração persistente está estreitamente ligada à expectativa da volta do Senhor. 0 texto de Lucas 17.22 nos alerta de maneira bastante clara a respeito do tipo de oração e do perigo de esmorecimento na prática de orar a qual se tem em mira aqui. Deus quer ser buscado de forma incessante e persistente pelos seus, pois a perseverança levará em conta o tempo de espera como um meio para aclarar e purificar a nossa vida no aprendizado das coisas de Deus.

  1. Fé.

Somos, da mesma forma, exortados a perseverar na fé. A parábola conclui com uma pergunta: “Quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura, achará fé na terra?” (v.8b). Jesus refere-se aqui à fé da súplica incessante, que não esmorece, ou seja, à fé perseverante. A própria interrogação traz uma conexão direta com a parábola, pois questiona se o Filho irá encontrar uma fé persistente como a da viúva. Esta fé é aquela que, em meio às dificuldades e às perseguições, transforma-se em fidelidade e coragem para testemunhar diante dos homens (Lc 9.26; 12.9). A fim de preservarmos este tipo de fé, precisamos cultivar uma vida de oração constante e persistente.

SÍNTESE DO TÓPICO III

A parábola ensina que a oração, a perseverança e a fé, evidenciadas na atitude da viúva, são marcas que devem ser encontradas em todo discípulo de Jesus.

SUBSÍDIO DEVOCIONAL

“Jesus ensina uma importante lição a respeito da oração, nas parábolas do amigo importuno e do juiz injusto. Ambas ilustram a frequentemente citada promessa de Jesus: ‘Pedi e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque aquele que pede, recebe; e o que busca, encontra; e, ao que bate, se abre’ (Mt 7.7,8; veja Lc 11.9,10).

“Os três imperativos em Mateus 7.7 (‘pedi’, ‘buscai’ e ‘batei’) são verbos que originalmente estão no presente ativo. Por conseguinte, o sentido dessa passagem é: ‘Continuai pedindo, até receberdes; continuai buscando, até encontrardes; continuai batendo, até que vos seja aberta a porta’. Muito diferente da incredulidade, a importunação e a persistência demonstram a firme determinação de se alcançar um fim desejado, ao mesmo tempo que evidenciam a fé que prevalece contra todos os obstáculos” (BICKET, Zenas 3.; BRANDT, Robert L, Teologia Bíblica da Oração. 6a reimpressão. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.206).




 

CONCLUSÃO

A interpretação dessa parábola como um ensino sobre a oração persistente tem sido a melhor interpretação ao longo da história da igreja. A viúva que, com sua insistência, constrange o juiz à intervenção, é um modelo de perseverança na fé e na oração confiante. Esperar com firmeza e fidelidade a vinda do Filho do Homem, ou seja, a consumação da nossa salvação é o melhor incentivo para a oração corajosa. No “mundo tereis aflições”, disse Jesus (Jo 16.33), mas somos convocados a permanentemente invocar a Deus por socorro, pois sempre fará justiça aos que clamam a Ele. Deus sempre estará junto daqueles que perseveram na fé e na oração.

PARA REFLETIR

A respeito de “Perseverando na Fé” responda:

  • O que devemos levar em conta na interpretação dessa parábola?

Devemos levar em conta o propósito que levou Jesus a contar essa parábola.

  • Segundo a lição, é necessário interpretar, ao pé da letra, cada detalhe das parábolas?

Não é preciso interpretar, ao pé da letra, cada detalhe de todas as parábolas.

  • Qual foi a decisão inédita tomada pela viúva da parábola?

Ela toma uma decisão inédita, pois não escolhe advogados (talvez sua condição nem o permitisse), nem defensores públicos, mas contra o costume de seu ambiente, decide apresentar, pessoalmente, a instância ao juiz.

  • Qual é o elemento de contraste dessa parábola?

O juiz de nossa parábola é iníquo, injusto; Deus, a quem servimos, por

outro lado, é justo. Nisto consiste o elemento de contraste dessa parábola.

  • O último tópico da lição destaca três coisas que, segundo a parábola, não devem faltar na vida do cristão. Quais são elas?

Oração, perseverança e fé.

 4° trimestre de 2018 / Adultos / Data da Aula: 28/10/2018

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