1º – “Todos podem ser profetas?”
J.I.O.C, a pergunta na verdade deve ser feita dessa forma: “todos podem profetizar?”. Neste caso a resposta é sim. As Escrituras apóiam essa assertiva: “por que todos podereis profetizar” (1 Cor 14.31). Sim todos podem ser usados no dom de profecia, mas nem todos podem exercer o ofício profético. Acerca do cargo de profeta, como um ofício, a Bíblia diz que Deus concedeu “uns para profetas” (Ef 4.11). Ágabo exercia o ofício profético, mas as filhas de Filipe, o evangelista, profetizavam. (At 21.9,10)
2º – “Os que profetizam devem ser submissos à liderança local da igreja?”
Irmão Vito, em nenhum lugar do Novo Testamento encontramos alguém profetizando “a granel” e fora da orientação da liderança local da igreja. Ágabo, por exemplo, “dava a entender pelo Espírito que estava para vir grande fome” (AT 11.28). Esse profeta neotestamentário foi usado por Deus para prevenir a liderança local sobre uma grande fome que segundo Lucas “sobreveio nos dias de Cláudio” (At 11.28b). Ele tinha o respeito de toda a igreja inclusive do apóstolo Paulo (At. 21.10-13). A prática de ser um profeta “independente”, isto é, sem estar submisso á liderança local de uma igreja não conta com respaldo bíblico.
3º – “Qual a diferença entre orar “com” Espírito e orar “pelo” Espírito?”
Em sua primeira epístola aos Coríntios, Paulo diz: “Orarei com o Espírito, mas também orarei com a mente” ( 1 Co 14.15). O texto grego permite ambas as traduções. Se optarmos em entendermos a expressão proseuksomai tô peneumati como um locativo grego, então a melhor tradução é “no espírito”, isto é, o nosso espírito humano quem ora por influencia do Espirito Santo. Por outro lado se entendermos a mesma expressão como um caso instrumental grego, então a tradução melhor será “pelo Espírito”, numa referencia ao Espirito Santo. Isto porque as terminações dos casos gregos locativo e instrumental são iguais. Nesta passagem, porem, a Almeida Revista e Atualizada (ARA), seguiu o contexto e traduziu corretamente como “ orar com o espírito”, visto que nos versículos precedentes Paulo havia dito “o meu espírito ora”.
4º – “Paulo fala em melhores dons (1 Cor 12.31). Há dons melhores do que outros?”
A.S., Paulo fala em “melhores dons” no contexto onde a edificação da igreja deve ser o critério principal. Nesse sentido ele exorta aos Coríntios a “buscar com zelo os dons espirituais, mas principalmente que profetizeis” (1 Cor 14.1). Para ele a profecia era o melhor dom porque edificava o maior número de crentes. É nesse sentido que devemos entender a palavra meizona (maiores), conforme aparece no texto grego da United Bible Societies.
5º – Como descobrir em quais dons Deus quer nos usar?
Primeiramente você deve seguir a recomendação bíblica e “buscar com zelo os dons espirituais” (1 Cor 14.1). Quando o Senhor lhe agraciar com seus dons, então você saberá que os recebeu. Paulo ao escrever a Timóteo exortou-o a não se fazer “negligente para com o dom que há em ti, o qual te foi concedido mediante profecia, pela imposição de mãos do presbitério” ( 1 Tm 4.14). Em sua segunda carta Paulo deixa outra vez claro que Timóteo deveria “reavivar” o dom de Deus que estava nele. (2 Tm 1.6). Em ambas passagens fica evidente que Timóteo sabia quais dons de Deus havia recebido. Ele estava sendo exortado a exercitá-los. Wayne Grudem em sua Teologia Sistemática observa que esta regularidade dos dons na vida de um crente permite dizer que ele é o possuidor (administrador) daquele dom.
6º – “É possível que um crente que possuía um determinado dom, por conseqüência de falta de oração em busca do mesmo pode perdê-lo.”
E.M.S. Já vimos que Paulo exortou a Timóteo a não “negligenciar” e “reavivar” o dom de Deus. A falta de oração é tanto uma forma de negligencia como também a melhor maneira de apagar o Espírito (1 Ts 5.19)
7º – “Uma certa doutrina diz que há nove tipos de línguas, e que devemos ter cuidado com elas para não sermos confundidos pela linguagem demoníaca. Eu gostaria de saber se isto é verdade”?
I.F. Essa doutrina não possui nenhuma fundamentação bíblica. As Escrituras falam de “variedade de línguas” (gr. gene glosson), sem procurar quantificá-las. A heresia que diz que um crente pode receber um demônio e não Espírito Santo quando busca o batismo no Espírito Santo é contrária ao ensino bíblico. Jesus disse “assim o Pai celestial dará o Espírito Santo ao que lhe pedirem” (Lc 11.12-13).
8º – “É possível um crente profetizar sem ter sido batizado no Espírito Santo?”
B.C.L. Deus pode usar a quem Ele quer. No VT Ele usou Saul para profetizar (1 Sm 10.11). No NT encontramos Caifás, o sumo sacerdote, também profetizando (Jo 11.15; 18.4). Todavia após o dia de pentecostes as profecias no NT acontecem em um contexto onde os crentes já haviam sido batizados no Espírito Santo. Em Atos 19.1-6 diz que “tanto falavam em línguas como profetizavam”. Primeiro o batismo no Espírito Santo, depois o exercício dos dons.
9º – “Porque crentes carnais falam em línguas”?
O.F.B., Os dons de Deus são dados pela graça. Na igreja de Corinto, por exemplo, havia crentes carnais: “Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim com a carnais” ( 1 Cor 3.1), todavia era a igreja onde mais havia as manifestações pentecostais (1 Cor 12-14). O que deve ser observado é que o carnal precisa julgar-se a si mesmo e sair do domínio da carne para o do Espírito, pois, “os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm 8.8). Se o crente carnal não se corrigir, Deus o corrigirá (1 Cor 11.28-32). Os dons espirituais não devem ser o critério de avaliação de maturidade, mas sim os frutos do espírito.
10º – “O exercício dos dons sem o amor é obra da carne?”
Irmã Francisca Tudo o que não for feito por amor é obra da carne. Paulo diz que se “eu não tiver amor nada serei” (1 Cor 13.2). Os dons sem o amor fazem apenas barulho (1 Cor 13.1).Os dons são prova de inspiração, o amor de compaixão. (1 Cor 13.2). Os dons são prova de sobrenaturalidade, o amor de humanidade (1 Cor 13.2; 14.25). Nem todos podem possuir os mesmos dons, mas todos podem amar (1Cor 12.30). Os dons sem o amor são uma deformação (1Cor 12.17). Podemos ir para o céu sem dons, mas não sem amor (1 Cor 13.8).
11º – “Como podemos abusar dos dons?”
Podemos abusar dos dons espirituais assim como podemos abusar das coisas naturais. Os capítulos 12 a 14 da 1ª Epistola aos Coríntios foram escritos para corrigir abusos. Ali os crentes estavam abusando do dom de línguas, isto é, o dom não estava sendo usado de uma forma que trazia edificação para toda a igreja. Recentemente a mídia exibiu uma igreja americana onde os crentes riam que rolavam pelo chão!. Alegrar-se no Senhor é bíblico (Fl 4.4), mas levar isso a extremos ao ponto de se tornar algo bizarro, sem dúvida é uma forma de abuso.
12º – “Só tem o Espírito Santo quem é batizado Nele?
Então como ficam as referências de Atos 2.38 e 1 Cor 12.13? Como explicar isso? A Bíblia ensina que no momento que recebemos Jesus como Salvador o Espírito Santo vem habitar em nós (1 Co 3.16). Somos então selados nele (Ef 4.30). Nesse sentido a Bíblia diz que “quem não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é Dele” ( Rm 8.9). Todavia a experiência do Batismo no Espirito Santo não deve ser confundida com a regeneração. a) Os apóstolos já eram crentes antes do batismo no Espírito (Lc 24.49; At 1.13,14). b) Os Samaritanos já eram salvos antes do batismo no Espírito (At 8.14-17). c)Paulo recebeu a Cristo na estrada de Damasco e foi batizado no Espírito três dias depois sob o ministério de Ananias (At 9.17-19). d) Os doze homens de Éfeso já eram crentes, mas somente receberam o Espírito Santo após a oração de Paulo (At 19.1-6).
13º – “Existe base bíblica em At 2 para o batismo no Espirito Santo como o conhecemos hoje?
Em caso positivo, como os ouvintes entendiam tudo sem interpretação? Manuel No capítulo 2 de Atos dos Apóstolos os 120 crentes falam em línguas desconhecidas para eles, mas conhecidas para aqueles que estavam presentes em Jerusalém e que haviam vindo de “outras nações” (At 2.5). “partos, medos, elamitas e os naturais da Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia, da Frígia, da Panfília, do Egito e das regiões da Líbia, nas imediações de Cirene, e romanos que aqui residem, tanto judeus como prosélitos, cretenses e arábios ( At 2.9-11). Foram essas pessoas que ouviram os discípulos falando nas línguas deles (estrangeiros) “as grandezas de Deus” ( At 2.11). Tanto as línguas referidas em Atos 2 como as citadas em 1 Coríntios 14 são as mesmas, diferenciando-se apenas no propósito.
14º “Qual a explicação correta sobre Mt 3.11-22 quanto ao “batismo com o Espírito Santo e com fogo”?
Vasconcelos, a partícula grega kai traduzia às vezes como “e” e outras como “também” aparece 9.018 vezes no texto grego. Ela é uma conjunção que liga uma palavra a outra. Alguns intérpretes entendem que João está falando de duas coisas diferentes, isto é, ele estaria se referindo ao batismo no Espirito Santo para os crentes e de um outro batismo de julgamento (com fogo) para os descrentes. Neste caso a conjunção seria melhor traduzida como “também”, sendo que o versículo ficaria assim: “Ele vos batizará com o Espirito Santo e também com fogo”. Todavia o contexto neotestamentário não parece favorecer essa interpretação, sendo que a melhor tradução é aquela que entende que Jesus “batizará como o Espirito Santo e com fogo”, isto é, o fogo faz parte da mesma experiência. É o que aconteceu em Atos 2 quando os discípulos foram batizados no Espírito Santo, o texto diz que foram vistas “línguas de fogo” (At 2.3).
15º – “Um amigo me disse que não fala em línguas por que o próprio Jesus não falou, portanto, não há necessidade mais dele falar. Isto está certo?
L.F.V., as Escrituras dizem que o batismo no Espírito Santo com a evidência física do falar em línguas só ocorreria após a morte, ressurreição e glorificação de Jesus. “ Se eu não for, o Consolador não virá” (Jo 16.7); “Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis” (At 2.33). Não adianta tentarmos encontrar pessoas no Velho Testamento ou mesmo no Novo Testamento (antes da glorificação do Senhor Jesus) falando em línguas que não vamos
POR: PASTOR JOSÉ GONÇALVES