Ícone do site ESCOLA-EBD

HISTÓRIA DE JOSÉ O CARPINTEIRO – APOCRIFO


A HISTÓRIA DE JOSÉ, O CARPINTEIRO

Quando nosso Salvador contou a vida de José, o Carpinteiro, a nós, os apóstolos, reunidos no monte das Oliveiras, nós escrevemos sua palavras e depois guardamo-las na biblioteca de Jerusalém. Além disso, deixamos consignado que o dia no qual o santo ancião separou-se do seu corpo: foi do dia 26 de Epep[1] , na paz do Senhor. Amém.

 

 

I

 

Jesus Fala a Seus Apóstolos

 

Estava um dia nosso bom Salvador no monte das Oliveiras, com os discípulos a sua volta e dirigiu-se a eles com estas palavras:

 

 

 

II

 

Viuvez de José

 

 

 

 

 

III

 

Maria no Templo

 

 

 

 

IV

 

Bodas de Maria e José

 

 

–       Vai com José e permanece submissa a ele, até que chegue a hora de celebrar teu matrimônio.

 

José levou Maria, minha mãe, para sua casa. Ela encontrou o pequeno Tiago na triste condição de órfão e o cobriu de carinhos e cuidados. Esta foi a razão pela qual a chamaram Maria, a mãe de Tiago. Depois de tê-la acomodado em sua casa, José partiu para o local onde exercia o ofício de carpinteiro. Minha mãe Maria viveu dois anos em sua casa, até que chegou o feliz momento.

 

 

V

 

A Encarnação

 

 

 

 

VI

 

Visão de José

 

 

 

 

Dito isso, o anjo desapareceu. José, voltando do sono, cumpriu o que lhe havia sido ordenado, admitindo Maria consigo.

 

 

VII

 

Viagem a Belém

 

 

Então o imperador Augusto fez proclamar que todos deveriam comparecer ao recenseamento, cada um conforme seu lugar de origem. Também o bom velho se pôs a caminho e levou Maria, minha virgem mãe, até a sua cidade de Belém.

 

Como o parto já estava próximo, ele fez o escriba anotar seu nome da seguinte maneira:

 

 

Maria, minha mãe, trouxe-me ao mundo quando retornava de Belém, perto do túmulo de Raquel, a mulher do patriarca Jacó, a mãe de José e Benjamim.

 

 

VIII

 

Fuga para o Egito

 

 

Satanás deu um conselho a Herodes, o Grande, pai de Arqueleu, aquele que fez decapitar meu querido parente João. Ele me procurou para tirar-me a vida, porque pensava que meu reino era deste mundo. Meu Pai manifestou isso a José, numa visão, e este pôs-se imediatamente em fuga levado consigo a mim e a minha mãe, em cujos braços eu ia deitado.

 

Salomé [2] também nos acompanhava. Descemos até o Egito e ali permanecemos por um ano, até que o corpo de Herodes foi presa da corrupção, como castigo justo pelo sangue dos inocentes que ele havia derramado e dos quais já nem se lembrava.

 

 

IX

 

Retorno à Galiléia

 

 

Quando o iníquo Herodes deixou de existir, voltamos a Israel e fomos viver em uma vila da Galiléia chamada Nazaré. Meu pai José, o bendito ancião, continuava exercendo o ofício de carpinteiro, graças a que podíamos viver.

Jamais poder-se-á dizer que ele comeu seu pão de graça, mais sim que se conduzia de acordo com o prescrito na lei de Moisés.

 

 

X

 

Velhice de José

 

 

Depois de tanto tempo, seu corpo não se mostrava doente, nem tinha a vista fraca, nem havia sequer um só dente estragado em sua boca. Nunca lhe faltou a sensatez e a prudência e sempre conservou intacto o seu sadio juízo, mesmo já sendo um venerável ancião de cento e onze anos.

 

 

XI

 

Obediência de Jesus

 

 

Seus dois filhos Josetos e Simão casaram-se e foram viver em seus próprios lares. Da mesma forma, suas duas filhas casaram-se, como é natural entre os homens, e José ficou com o seu pequeno filho Tiago. Eu, da minha parte, desde que minha mãe trouxe-me a este mundo, estive sempre submisso a ele como um menino e fiz o que é natural entre os homens, exceto pecar.

 

Chamava Maria de minha mãe e José de meu pai. Obedecia-os em tudo o que me pediam, sem ter jamais me permitido replicar-lhes com uma palavra, mas sim mostrar-lhes sempre um grande carinho.

 

 

XII

 

Frente à Morte

 

 

Chegou, porém, para meu pai José, a hora de abandonar este mundo, que é a sorte de todo homem mortal. Quando seu corpo adoeceu, veio um de Deus anjo anunciar-lhe:

 

Sentindo sua alma cheia de turbação, ele fez uma viagem até Jerusalém, entrou no templo do Senhor, humilhou-se diante do altar e orou desta maneira:

 

 

XIII

 

Oração de José

 

 

se deve toda a glória pela eternidade das eternidades! Amém.

 

XIV

 

Doença de José

 

 

Aconteceu que, ao voltar a sua residência habitual de Nazaré, viu-se atacado pela doença que havia de levá-lo ao túmulo. Esta apresentou-se de forma mais alarmante do que em qualquer outra ocasião de sua vida, desde o dia em que nasceu.

 

Eis aqui, resumida, a vida de meu querido pai José: ao chegar aos quarenta anos, contraiu matrimônio, no qual viveu outros quarenta e nove.

 

Depois que sua mulher morreu, passou somente um ano. Minha mãe logo passou dois anos em sua casa, depois que os sacerdotes confiaram-na com estas palavras:

 

 

Ao começar o terceiro ano de sua permanência ali – tinha nessa época quinze anos de idade – trouxe-me ao mundo de um modo misterioso, que ninguém entre toda a criação pode conhecer, com exceção de mim, de meu Pai e do Espírito Santo, que formamos uma unidade.

 

 

XV

 

O Início do Fim

 

 

A vida de meu pai José, o abençoado ancião, compreendeu cento e onze anos, conforme determinara meu bom Pai. O dia em que se separou do corpo foi no dia 26 do mês de Epep. O ouro acentuado de sua carne começou a desfazer-se e a prata da sua inteligência e razão sofreu alterações. Esqueceu-se de comer e de beber e a destreza no desempenho de seu ofício passou a declinar.

 

Aconteceu que, ao amanhecer do dia 26 de Epep, enquanto estava em seu leito, foi tomado de uma grande agitação. Gemeu forte, bateu palmas três vezes e, fora de si, pôs-se a gritar dizendo:

 

 

XVI

 

Lamentos de José

 

 

 

 

 

XVII

 

Jesus Consola seu Pai

 

 

Quando terminou de dizer estas palavras, entrei no local onde ele se encontrava e, ao vê-lo agitado de corpo e de alma, disse-lhe:

 

 

Ele respondeu, ainda tomado por um medo mortal:

 

– Salve mil vezes, querido filho. Ao ouvir tua voz, minha alma recupera sua tranqüilidade. Jesus, meu Senhor! Jesus, meu verdadeiro rei, meu salvador bom e misericordioso! Jesus, meu libertador! Jesus, meu guia! Jesus, meu protetor! Jesus, em cuja bondade encontra-se tudo! Jesus, cujo nome é suave e forte na boca de todos! Jesus, olho que vê e ouvido que ouve verdadeiramente: escuta-me hoje, teu servidor, quando elevo meus rogos e verto meus lamentos diante de ti. Em verdade tu és Deus. Tu és o Senhor, conforme tem-me repetido muitas vezes o anjo, sobretudo naquele dia em que suspeitas humanas se aninharam em meu coração, ao observar os sinais de gravidez da Virgem sem mácula e eu havia decidido abandoná-la. Mas, quando eu estava pensando nisto, um anjo apareceu-me em sonhos e me disse: José, filho de Davi, não tenhas receio em receber Maria como esposa, pois o que há de dar à luz é fruto do Espírito Santo. Não guardes suspeita alguma a respeito de sua gravidez. Ela trará ao mundo um filho e tu dar-lhe-ás o nome de Jesus. Tu és Jesus Cristo, o salvador da minha alma, de meu corpo e de meu espírito. Não me condenes, teu servo e obra de tuas mãos. Eu não sabia nem conhecia o mistério de teu maravilhoso nascimento e jamais havia ouvido que uma mulher pudesse conceber sem a obra de um homem e que uma virgem pudesse dar à luz sem romper o selo de sua virgindade.

 

Ó, meu Senhor! Se não tivesse conhecido a lei desse mistério, não teria acreditado em ti, nem em teu santo nascimento, nem rendido honras a Maria, a Virgem, que te trouxe a este mundo. Recordo ainda aquele dia em que um menino morreu, por causa da mordida de uma serpente. Seus familiares vieram a ti, com intenção de entregar-te a Herodes. Mas tua misericórdia alcançou a pobre vítima e devolveste-lhe a vida para dissipar aquela calúnia que te faziam, como causador da sua morte. Pelo que houve uma grande alegria na casa do defunto. Então eu te peguei pela orelha e disse-te: não sejas imprudente, meu filho. E tu me ameaçaste desta maneira: se não fosses meu pai, segundo a carne, dar-te-ia a entender que é isso o que

 

acabas de fazer. Sim, pois, ó meu Senhor e Deus, esta é a razão pela qual vieste em tom de juízo e pela qual permitiste que recaíssem sobre mim estes terríveis presságios. Suplico-te que não me coloques diante do teu tribunal para lutar comigo. Eis que eu sou teu servo e filho de tua escrava. Se houveres por bem romper meus grilhões, oferecer-te-ei um santo sacrifício, que não será outro senão a confissão da tua divina glória, de que tu és Jesus Cristo, filho verdadeiro de Deus e, por outro lado, filho verdadeiro do homem.

 

 

XVIII

 

Aflição de Maria

 

 

Quando meu pai disse essas palavras, eu não pude conter as lágrimas e pus-me a chorar, vendo como a morte vinha apoderando-se dele pouco a pouco e ouvindo, sobretudo, as palavras cheias de amargura que saíam da sua boca.

Naquele momento, meus queridos irmãos, veio-me ao pensamento a morte na cruz que haveria de sofrer pela vida de todo mundo. Então Maria, minha querida mãe, cujo nome é doce para todos os que me amam, levantou-se e disse-me, tendo seu coração inundado na amargura:

 

 

Eu lhe respondi:

 

 

 

XIX

 

As Dores de José

 

 

Levantou-se, entrou no local onde ele se encontrava e pôde apreciar os sinais evidentes da morte que já se refletiam nele. Eu, meus queridos, postei-me em sua cabeceira e minha mãe aos seus pés. Ele fixava seus olhos no meu rosto, sem poder sequer dirigir-me uma palavra, já que a morte apoderava-se dele pouco a pouco.

 

Elevou, então, seu olhar até o alto e deixou escapar um forte gemido. Eu segurei suas mãos e seus pés durante um longo tempo e ele me olhava, suplicando-me que não o abandonasse nas mãos dos seus inimigos.

 

Eu coloquei minha mão sobre seu peito e notei que sua alma já havia subido até a sua garganta para deixar seu corpo, mas ainda não havia chegado o momento supremo da morte. Caso contrário, não teria podido agüentar mais.

Não obstante, as lágrimas, a comoção e o abatimento que sempre a precedem já faziam presentes.

 

 

XX

 

A Agonia

 

 

Quando minha mãe querida viu-me apalpar o seu corpo, quis ela, de sua parte apalpar, os pés e notou que o alento havia fugido juntamente com o calor. Dirigiu-se a mim e disse-me ingenuamente:

 

 

Eu chamei os seus filhos e filhas e lhes disse:

 

 

Seus filhos e filhas falaram com ele, mas sua vida estava minada por aquela doença mortal que provocaria sua saída deste mundo. Então, Lísia, filha de José, levantou-se para dizer aos seus irmãos:

 

 

Então os filhos de José irromperam em lamentos. Maria, minha mãe, e eu, de nossa parte, unimo-nos ao seu pranto pois, efetivamente, já havia chegado a hora da morte.

 

 

XXI

 

A Morte Chega

 

 

Pus-me a olhar para o sul e vi a morte dirigir-se a nossa casa. Vinha seguida de Amenti, que é seu satélite, e do Diabo, a quem acompanhava uma multidão de esbirros vestidos de fogo, cujas bocas vomitavam fumaça e enxofre.

Ao levantar os olhos, meu pai deparou-se com aquele cortejo que o olhava com rosto colérico e raivoso, do mesmo modo que costuma olhar todas as almas que saem do corpo, particularmente aquelas que são pecadoras e que considera como propriedade sua.

 

Diante da visão desse espetáculo, os olhos do bom velho anuviaram-se de lágrimas. Foi neste momento em que meu pai exalou sua alma com um grande suspiro, enquanto procurava encontrar um lugar onde se esconder e salvar-se. Quando observei o suspiro de meu pai, provocado pela visão daquelas forças até então desconhecidas para ele, levantei-me rapidamente e expulsei o Diabo e todo seu cortejo. Eles fugiram envergonhados e confusos. Ninguém entre os presentes, nem mesmo minha própria mãe Maria, apercebeu-se da presença daqueles terríveis esquadrões que saem à caça de almas humanas. Quando a morte percebeu que eu havia expulsado e mandado embora as potestades infernais, para que não pudessem espalhar armadilhas, encheu-se de pavor. Levantei-me apressadamente e dirigi esta oração a meu Pai, o Deus de toda misericórdia:

 

 

XXII

 

Oração de Jesus

 

 

 

 

chegue a hora de sua morte e tenha de libertar o passo para comparecer diante do tribunal terrível e fazer sua própria defesa, ver-se-á necessitado da piedade de meu bom Pai.

 

 

XXIII

 

José Expira

 

 

 

 

 

Eu lhe disse:

 

 

 

 

 

 

XXIV

 

Luto na Casa de José

 

 

 

Quando seus filhos e filhas ouviram-me dizer isto a Maria, minha mãe virginal, perguntaram-me com vozes fortes e lamentos:

 

 

Eu lhes disse:

 

 

Ao dizer a meus irmãos que o nosso pai José, o abençoado ancião, havia finalmente morrido, eles se levantaram, rasgaram suas vestes e o choraram durante um longo tempo.

 

 

XXV

 

Luto em Nazaré

 

 

 

 

 

XXVI

 

Benção de Jesus

 

 

 

 

XXVII

 

A Caminho do Túmulo

 

 

havia aderido fortemente ao seu corpo, como se houvessem atado com grampos de ferro e não puderam encontrar sua abertura, quando removeram o cadáver.

 

 

 

XXVIII

 

Exclamações de Jesus

 

 

 

XXIX

 

O Enterro

 

 

 

 

XXX

 

Contestação dos Apóstolos

 

 

Quando nós, os apóstolos, ouvimos tais coisas dos lábios de nosso Salvador, pusemo-nos em pé, cheios de prazer e passamos a adorar suas mãos e seus pés, dizendo com o êxtase da alegria:

 

– Damos-te graças, nosso Senhor e Salvador, por te haveres dignado a presentear-nos com essas palavras saídas de teus lábios. Mas não deixamos de admirar, ó bom Salvador, pois não entendemos como, havendo concedido a imortalidade a Elias e a Enoch, já que estão desfrutando dos bens na mesma carne com que nasceram, sem que tenham sido vítimas da corrupção, e agora, tratando-se do bendito ancião

 

José, o Carpinteiro, a quem concedeste a grande honra de chamá-lo teu pai e de obedecê-lo em todas as coisas, a nós mesmos nos encarregaste: quando fordes revestidos da mesma força, recebereis a voz de meu Pai, isto é, o Espírito Paráclito, e sereis enviados para pregar o evangelho e pregai também ao querido pai José. E ainda: consignai estas palavras de vida no testamento de sua partida deste mundo e lê as palavras deste testamento nos dias solenes e festivos e quem não tiver aprendido a ler corretamente, não deve ler este testamento nos dias festivos. Finalmente, quem suprimir o adicionar algo a estas palavras, de maneira a fazer-me embusteiro, será réu de minha vingança. Admira-nos, repetimos, aquele que, havendo chamado teu pai segundo a carne, desde o dia em que nasceste em Belém, não lhe tenhas concedido a imortalidade para viver eternamente.

 

 

XXXI

 

Resposta de Jesus

 

Nosso Salvador respondeu, dizendo-nos:

 

 

 

XXXII

 

Epílogo

 

 

Nós respondemos, dizendo:

 

 

Jesus, nosso Salvador e nossa vida, respondeu:

 

 

 

Notas:

 

 


Sair da versão mobile