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Fundação das universidades de Paris e de Oxford
O que acontece quando um aluno debate com seu professor de Teologia e sai vencedor? Na Idade Média, havia muitas possibilidades de ser rotulado de herege e expulso da escola. Foi exatamente o que aconteceu ao brilhante Pedro Abelardo. Como resultado parcial desse acontecimento, inventou-se a universidade.
Inicialmente, os mosteiros e as escolas das catedrais eram responsáveis pela educação superior. Essas escolas, no entanto, começaram a atrair professores de fora do clero, e esses mestres questionavam, com freqüência, o dogma oficial da igreja.
Foi isso o que aconteceu com Abelardo. Ele e alguns estudiosos deram início à “prática particular”, ensinando e vivendo dos honorários recebidos de alunos. Abelardo teve uma carreira bastante variada: fundou a própria escola em St. Denis, voltou a lecionar na catedral de Notre-Dame e, depois, passou a dar aulas particulares. Sua fama atraiu alunos à cidade de Paris, mas a igreja nunca confiou nele plenamente. Por fim, um grupo de professores, expulsos do claustro de Notre-Dame, fundou uma escola à margem esquerda do rio Sena.
Há algum debate quanto ao fato de se a primeira “universidade” foi fundada em Bolonha ou em Paris. O professor Ireneu fundou uma escola de Direito em Bolonha em 1088, entidade que recebeu o alvará de funcionamento do imperador Frederico Bar-barroxa, em 1159. Porém, o nome universidade teve sua origem em Paris. Nos tempos medievais, todas as ocupações eram muito bem organizadas. Logo, os professores e os alunos de entidades estabelecidas ao longo do rio Sena organizaram uma associação de classe chamada Universitas Societas Magistrorum et Scholarium [Sociedade Universal de Mestres e Alunos], sob a autoridade de um chanceler. Esse chanceler — ligado ao bispo de Paris, mas não de modo estreito — tinha a tarefa de conceder licenças de ensino.
Em 1200, Filipe II da França concedeu à “universidade” o status de órgão oficial. Como em Bolonha, os professores e os alunos recebiam alguns dos privilégios sociais do clero, embora fossem separados dele. O papa Inocencio III, que estudara em Paris, confirmou a situação da escola em 1208. Devido ao conflito com os bispos, referente ao controle do processo educacional, os membros da universidade fizeram uma greve entre 1229 e 1231. O papa Gregorio ix encerrou essa polêmica com a promessa de garantir à escola o direito de se autogovernar.
A Universidade de Paris tornou-se o centro do interesse do conhecimento da maior parte da Europa, pelo menos da porção ao norte dos Alpes. Ali foram desenvolvidas quatro “nações” de estudo, que eram fundamentadas na origem correspondente dos professores e dos alunos: francês, inglês/ alemão, normando e picardo (Países Baixos). Os alunos estrangeiros também precisavam de alojamento, que foram distribuídos conforme o procedimento adotado para a idéia das nações. Isso criou a base para as “faculdades” nas universidades. Paris também desenvolveu quatro campos de estudo: Artes, Medicina, Direito e Teologia.
Em 1167, mesmo antes de a Universidade de Paris alcançar sua condição de órgão oficial, Henrique II proibiu os ingleses de estudar em Paris. Um Studium Genérale foi estabelecido em Oxford. A liderança do chanceler foi oficialmente estabelecida em 1215.
O século XIII foi o apogeu da erudição. Paris, Oxford e Bolonha tornaram-se centros de teologia, filosofia e ciência. Esses eventos estabeleceram as tradições educacionais que duram até os dias atuais.
As universidades tornaram-se as incubadoras do Renascimento e da Reforma.