1648

George Fox funda a Sociedade dos Amigos

O século XVII foi uma época de mudança religiosa e de crescente liberdade, ainda que de forma bastante lenta. Em lugar de uma igreja “universal”, muitas denominações se desenvolveram. A Reforma ensinou que apenas a Bíblia poderia conduzir à fé, mas qual interpretação dela os cristãos deveriam aceitar? Havia muitas diferenças, todas em nome das Escrituras.

Os puritanos rejeitavam a Igreja da Inglaterra, que não se encaixava em sua compreensão das Escrituras, mas, apesar de não gostarem do sacerdócio anglicano, também não se afastaram dele.

George Fox, o fundador da Sociedade dos Amigos — ou quaeres — realmente rompeu com o clero.

Como muitos outros, George Fox não encontrava conforto na religião formal de sua era. No entender de Fox, até mesmo os grupos separatistas ou os presbiterianos independentes eram revestidos de muita formalidade. Ele acreditava que esses grupos fizeram concessões ao governo — a igreja se tornara uma espécie de servidor público que se afastara de Deus.

Em sua busca por paz espiritual, Fox procurou muitos conselheiros, mas nenhum deles parecia capaz de ajudá-lo. Certo dia, em 1647, ouviu uma voz que lhe disse: “Existe um, igual a Jesus Cristo, que pode falar a ti”. Isso provocou uma grande mudança na vida de Fox que, dali em diante, dedicou-se a seguir a luz interior que Deus dera a ele e a todos que seguiam a Deus. Todos os cristãos — todos os amigos de Jesus — tinham acesso imediato a Deus. Fox ensinava que, ao seguir a luz que Deus dera, eles poderiam destruir o poder de Satanás e o fardo do pecado.

O ensinamento simples, mas convincente, de Fox atraiu outras pessoas. Os amigos — nome pelo qual chamavam uns aos outros — não faziam votos ou juramentos, vestiam-se de maneira simples, comiam pouco, falavam a verdade, e eram totalmente honestos. Eles se opunham à participação nas guerras. Apesar da oposição do governo, protestavam contra o formalismo nos cultos, recusando-se a tirar o chapéu para qualquer homem e não davam contribuições, ou ofertas, à igreja oficial.

Muitas Sociedades de Amigos se espalharam pela Inglaterra enquanto o destemido George Fox pregava. Nos lares em que realizavam suas reuniões, os aristocratas e as pessoas comuns adoravam juntos. Não existia clero específico algum, e tanto homens quanto mulheres podiam falar conforme se sentissem liderados pelo Espírito.

Ê claro que havia abusos dentro de um grupo que confiava tão fortemente na orientação individual do Espírito Santo, o que fez com que pessoas que antes eram tolerantes para com os amigos se voltassem contra eles. A ênfase que os amigos colocavam na liberdade também terminou por causar a oposição do governo.

Fox passou algum tempo na cadeia em razão de seus ensinamentos. Quando foi levado diante de um juiz que zombava das crenças do grupo, Fox o advertiu para que “tremesse diante da Palavra de Deus”.

“São vocês que devem tremer, seus quakers” [palavra inglesa que quer dizer “o que treme”], disse o juiz. O nome pegou.

Durante o governo de Oliver Cromwell, a tolerância se tornou regra para os diversos grupos que formavam seu exército e compunham sua união política. Embora Cromwell admirasse a honestidade e a integridade dos quaeres, ele não estendeu sua tolerância àquele grupo. Apesar de a perseguição ser menor do que aquela que fora promovida pelos reis, essa fé individualista que buscava liberdade não podia ser permitida diante de um líder da qualidade de Oliver Cromwell.

A despeito da perseguição, os quaeres cresceram, especialmente porque muitos sentiam o apelo de uma fé que enfatizava que o indivíduo deveria ter uma experiência com Cristo.

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