1735
Grande despertamento sob a liderança de Jonathan Edwards
Em 1630, dez anos após o pequeno grupo de peregrinos ter se estabelecido em Plymouth, uma grande imigração de puritanos deu início ao estabelecimento de uma comunidade cristã em Massachusetts. Esses puritanos, mais prósperos nas questões materiais do que os pais peregrinos, diferiam deles também com relação às suas intenções de irem à terra deserta, despovoada, da América. Eles esperavam estabelecer uma sociedade baseada na Bíblia, que serviria como exemplo para que a Inglaterra seguisse com relação às questões da Reforma e da renovação. Como seu governador, John Winthrop, escreveu: “Devemos considerar que seremos como uma cidade sobre a colina, em que os olhos de todo o povo estará sobre nós”. Porém, à medida que a comunidade puritana crescia e prosperava, declinavam os propósitos religiosos originais daquele estabelecimento. A segunda e a terceira gerações ficaram mais preocupadas com as coisas deste mundo do que com o estabelecimento do Reino de Deus na América.
Os fiéis assistiam a tudo e alguns deploravam o ciesenrolar dos fatos. A idéia puritana de que a nova terra era o lugar ideal para desenvolver uma comunidade santa morria lentamente. Os devotos não tinham dúvidas de que, embora a Inglaterra estivesse espiritualmente dormente
— ou morta —, as colônias poderiam
— ou deveriam — mostrar profunda espiritualidade.
Um rapaz devoto e precoce, que entrou na universidade de Yale aos treze anos, acreditava nisso. Seu nome era Jonathan Edwards. Durante certo tempo, sob a orientação de seu avô, o poderoso e influente Solomon Stoddard, Edwards foi co-pastor de uma igreja em Northampton, Massachusetts. Quando Stoddard morreu, em 1729, Edwards continuou na liderança, agora como o único pastor.
Pouco depois de ter chegado a Northampton, Edwards se casou com a sábia, adorável e devota Sarah Pierpont. Apesar de Edwards ter muitos filhos e pastorear sua igreja, ele, de alguma maneira, encontrou tempo para produzir alguns dos textos teológicos mais importantes do mundo. Sua teologia foi influenciada tanto pelo vasto conhecimento obtido por meio de leituras quanto pelas dramáticas mudanças que ocorreram na vida das igrejas nas quais pregava.
Bebendo profundamente das fontes do calvinismo, Edwards naturalmente acreditava na doutrina da eleição. Embora aceitasse que Deus escolhe quem deveria ser salvo e quem não seria, Edwards queria que todo o mundo fizesse parte dos eleitos. Sabia que isso não poderia acontecer, mas insistia em que os pastores deveriam pregar sobre a gravidade do pecado e a necessidade de o coração se voltar para Deus. Caso contrário, dizia ele, os pastores fracassariam em sua tarefa, e ele só precisava se voltar para o apático clero da Nova Inglaterra para encontrar alguns exemplos. Quando pregou o sermão “Deus glorificado na dependência do homem” a um grupo de irmãos na cidade de Boston, em 173 1, Edwards sabia que muitos de seus ouvintes escarneciam da ênfase que ele dava ao pecado profundamente enraizado nos seres humanos e à necessidade de mudança interior.
Durante seu ministério de sesenta anos, Solomon Stoddard viu cinco “colheitas”, períodos de grande convicção espiritual que resultaram em mudança na vida das pessoas e em maior devoção a Deus. Na década de 1730, Jonathan Edwards orou pedindo por uma colheita. Ele estava vendo o relaxamento dos padrões morais e sentia que a crescente aceitação do armínianismo poderia criar uma época de autoconfiança espiritual. Ele começou a pregar sobre esses assuntos.
No inverno de 1 734 e durante todo o ano que se seguiu, uma grande mudança aconteceu em Northampton. Edwards disse: “O Espírito de Deus começou a trabalhar de maneira extraordinária”. Sua igreja foi invadida por ouvintes, muitos dos quais buscavam a certeza de salvação. “A cidade parecia estar cheia da presença de Deus. Ela nunca ficou tão cheia de amor, nem tão repleta de alegria, apesar de estar, como sempre, repleta de necessidades.” Disputas e fofocas desapareceram à medida que praticamente toda a cidade começou a freqüentar a igreja.
O homem que orara e pregara a favor de um reavivamento para aquela cidade, no entanto, não possuía técnicas vistosas de pregação. Seus sermões se concentravam apenas na justificação pela fé e mostravam seu pendor intelectual. Embora seja possível que ele não tenha usado nenhum dos métodos que apelavam para as emoções, Edwards recebia uma resposta emocional. Os críticos ridicularizavam as lamúrias e as con-torções do corpo que às vezes acompanhavam sua pregação de aviva-mento. Mais tarde, quando escreveu sobre o Grande Avivamento, Edwards chegou a admitir que aquele acontecimento levou a alguns excessos emocionais, mas que, de modo geral, foram evidência do Espírito de Deus movendo o coração humano.
Edwards não estava sozinho na pregação que levou ao avivamento. Um pastor de origem alemã da cidade de Nova Jersey, Theodore Freyling-huysen, já trabalhava com congregações reformadas de língua holandesa desde 1 720. Sua mensagem evangélica fervorosa trouxera resultados — bem como alguma dissensão. Ele também ajudou Gilbert Tennant, pastor presbiteriano que saiu da casa e da igreja de seu pai na Pensilvânia para Nova Jersey. Gilbert e seus irmãos — William, Jr., John e Charles — se tornaram vibrantes pastores e evangelistas na cidade de Nova Jersey.
O homem que uniu os dois reavi-vamentos foi George Whitefield, ministro anglicano — e amigo de John Wesley — que começou a pregar nos EUA em 1 738. Ele não se importava muito com os laços denominacionais, pois só a causa de Cristo era importante para ele. Viajou incansavelmente por todos os estados, pregando uma mensagem de arrependimento. Sob sua influência, toda a nação passou a experimentar um avivamento.