1780

Robert Raikes dá início à escola dominical

A sra. Meredith não podia dar conta daquilo. Atendendo ao pedido gentil de um editor de jornais chamado Robert Raikes, ela recebeu um grupo de crianças de rua na cozinha de sua casa em Sooty Alley. Ele inclusive pagava àquela mulher um xelim por domingo para que ensinasse crianças maltrapilhas a ler e a recitar versículos da Bíblia. Entretanto, aquelas crianças eram extremamente difíceis. Engaioladas nos moinhos úmidos de Gloucester, Inglaterra, durante seis dias por semana, elas só tinham o domingo para se divertir, o dia em que se comportavam como pequenos vândalos. Os fazendeiros e os donos de lojas temiam aquelas brincadeiras infantis de mau gosto todos os finais de semana. Robert Raikes esperava que aquela “escola dominical” pudesse mudar a vida deles, mas eles levaram suas maneiras abomináveis para a cozinha da sra. Meredith.

Raikes não deixou a idéia morrer. Ele transferiu a escola dominical para a cozinha da sra. King, onde May Crithcley ensinava as crianças das dez ao meio-dia e de uma às cinco da tarde. Ele exigia que as crianças freqüentassem essas reuniões com as mãos lavadas e o cabelo penteado. Não demorou muito, e as crianças passaram a querer aprender. Em pouco tempo, noventa crianças freqüentavam a escola dominical a cada semana. Aos poucos, elas aprendiam a ler.

Essa não foi a primeira tentativa de Raikes para uma reforma social. Como editor, de mente liberal, do Gloucester Journal, ele tinha bastante consciência do ciclo de pobreza e de criminalidade. As pessoas eram jogadas na cadeia por não pagarem suas dívidas, e, quando saíam, não havia trabalho disponível para elas. Assim, lançavam mão do crime. Por vários anos, Raikes tentou trabalhar com alguns ex-prisioneiros para ajudá-los a romper o ciclo — esforço que não resultou em benefício algum.

“O mundo marcha com os pés das crianças pequenas.” Essa frase, creditada a Raikes, explica a idéia da escola dominical. Os adultos já tinham caminhado muito ao longo da estrada da vida, mas as crianças estavam apenas começando.

Ele sentia que o problema era a ignorancia. As crianças pobres nunca tinham chance de freqüentar uma escola — elas precisavam trabalhar para ajudar no sustento de suas famílias. Como resultado, jamais conseguiam sair da pobreza. Porém, se pudessem aprender as coisas básicas — ler e escrever, aritmética e moral bíblica — no dia de folga que havia, poderiam mudar tudo isso algum dia.

Assim, o experimento começou em Sooty Alley. Com o passar do tempo, o movimento cresceu. Em 1783, confiante de que o experimento fora bem-sucedido, Raikes começou a fazer publicidade dele em seu jornal. De maneira contida, ele escrevia sobre a lógica de seus argumentos e os resultados alcançados. A idéia logrou bom êxito.

Cristãos notáveis apoiaram a idéia. John Wesley a amava, e os grupos wes-leyanos começaram a usá-la. A popular escritora Hannah More ensinava religião e costura para as meninas de Cheddar. Um mercador de Londres chamado William Fox estava desenvolvendo uma idéia similar, mas decidiu apoiar o projeto de Raikes. Em 1785, Fox fundou, nos diferentes condados da Inglaterra, a Sociedade para o Apoio e Encorajamento das Escolas Dominicais.

Até mesmo a rainha Charlotte endossou as escolas dominicais. Ela convocou Raikes para uma audiência particular e, mais tarde, emprestou seu nome para um empreendimento de levantamento de fundos que Fox fundara.

A fama também trouxe a oposição dos conservadores, que tinham receio de que os comerciantes quebrassem o mandamento do descanso por temerem a perda de negócios no domingo. Alguns amigos caçoavam de Raikes, chamando-o de “Bobby Ganso e seu bando de esfarrapados”.

Mesmo assim, em 1787, havia 250 mil crianças freqüentando escolas dominicais na Inglaterra. Após cinqüenta anos, esse número saltou para 1,5 milhão no mundo inteiro, e cerca de 160 mil professores ministravam as aulas. Especialmente animadores são os números de Manchester, em 1835. Essa escola dominical tinha 120 professores, 117 dos quais foram estudantes da escola dominical.

Duas mudanças importantes aconteceram com o passar dos anos. No princípio, os professores eram pagos, mas, no fim das contas, o projeto se transformou em atividade voluntária. No primeiro momento, o currículo compreendia o básico — ler, escrever e aritmética —, em que a Bíblia era o livro texto disponível. Conforme as escolas dominicais conseguiam mais fundos, foram capazes de adquirir outros livros-texto. Contudo, conforme a educação pública se desenvolvia, as escolas dominicais se concentraram mais no ensino da Bíblia.

O movimento da escola dominical foi um fenômeno importante na Inglaterra e na América, com implicações tanto religiosas quanto seculares. Aconteceu em um momento de despertamento espiritual que tirou a igreja da letargia e, provavelmente, contribuiu para poupar a Inglaterra da calamidade de uma revolução violenta. Cristãos ricos passaram de modo vagaroso a ter consciência de sua responsabilidade para com os pobres. O movimento da escola dominical plantou as sementes da educação pública e revolucionou a educação religiosa, especialmente pelo fato de ter impulsionado a impressão de material religioso. No final do século xix, o movimento da escola dominical já fornecera à igreja um grande número de novos hinos.

Os maiores frutos, no entanto, são indubitavelmente as incontáveis vidas jovens que foram tocadas pela simples interação e instrução das Escolas Dominicais.

Respostas de 4

  1. Bom dia! Gostei muito do texto, contribuiu para minha pesquisa. Tem como informar o autor? Pois preciso colocar nas referências bibliográficas, já que retirei partes dele para construir o material da aula sobre a origem da EBD.

  2. Opa a escola dominical foi é um trabalho de Deus a vida da igreja é das famílias e pra sociedade quê nos cercam de prazeres mundão mas a EBD têm um papel fundamental para instruir nossa comunidade. DEUS É BOM O TEMPO TODO.

  3. Que venhamos a manter o legado e continuar ensinando com excelência, glorificando o nome de Cristo e mudando o mundo pelo poder da Palavra de Deus.

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