1962 Início do Concilio Vaticano II

1962

Início do Concilio Vaticano II

No esforço de conter o pensamento liberal que atingira a muitos dentro de sua comunidade, a Igreja Católica definiu uma linha muito clara contra essas idéias no Concilio Vaticano n. Contudo, na metade do século XX, algumas questões importantes continuavam sem solução. Embora a igreja tivesse se apegado firmemente à tradição, não seria hora de fazer algumas mudanças?

O arcebispo de Veneza, Ângelo Roncalli, foi eleito papa em 1958 e assumiu o nome de João XXIII. Três meses depois de sua eleição, ele convocou o concilio católico ecumênico. O novo papa podia ver que o mundo mudara e que a resposta católica precisava atender a essas mudanças. O objetivo do concilio era o aggiornamento, a “atualização da igreja”.

A nova ênfase que o papa desejava criar se concentrava no cuidado pastoral. Em vez de se firmar na política ou no aprendizado, João xxm queria cuidar do rebanho.

Em outubro de 1962, mais de 2 mil cardeais, bispos e abades chegaram a Roma e realizaram o maior concilio da história da igreja. Entre os presentes estavam 230 americanos, cerca de 200 africanos e mais de 300 asiáticos.

O papa se dirigiu ao clero na Basílica de São Pedro. Destacou o crescimento do materialismo e do ateísmo e comentou que, em um mundo em crise espiritual, a igreja não deve responder por meio do afastamento ou da condenação dos outros. Ela deve “governar com o remédio da misericórdia, em vez de lançar mão da severidade”.

Ao contrário de alguns papas anteriores, João XXIII não tentou impor normas no Concilio Vaticano II. Ainda assim, aconteceram várias reformas no aspecto pastoral da igreja.

Havia vários séculos que todos os católicos prestavam seu culto em latim, mas poucas pessoas compreendiam a língua das missas. Embora a dignidade e o mistério possam apelar ao coração de alguns, a maioria não compreendia nada do que acontecia durante a missa. O Vaticano n fez com que as línguas nativas se tornassem o idioma a ser usado nas missas.

Embora a hierarquia não tivesse mudado, algumas atitudes com relação a ela foram alteradas no Vaticano II. Tanto o clero quanto os leigos passaram a ser aceitos como povo de Deus, e todos podiam compartilhar das funções ministeriais. Todos os cristãos — e não apenas os padres, os monges e as freiras — tinham o chamado cristão, disse o Concilio, e os leigos exerciam esse chamado por meio de suas vocações.

Embora o Vaticano I visse o papa como o sucessor dos apóstolos, o Vaticano II ampliou esse conceito para todo o corpo de bispos. Compartilhavam da autoridade apostólica com o papa.

O documento conciliar chamado Sobre a revelação divina enfatizou que as Escrituras — e não a Tradição — eram a base principal da verdade divina. Embora ele não tivesse se livrado plenamente do apego às tradições dos anos anteriores, o Concilio deu mais importância à Bíblia e encorajou todos os católicos — leigos ou estudiosos — a estudar as Escrituras.

No decreto Sobre o ecumenismo, mudanças dramáticas aconteceram no que se referia às atitudes em relação aos não-católicos. Os que pertenciam a outras denominações também foram chamados de cristãos, eles eram os “irmãos separados”. Assim, essa atitude pôs fim à idéia de que cristão era sinônimo de católico. Os outros crentes não precisavam mais “retornar” para Roma.

Em sua última sessão, em 1965, o Concilio Vaticano II abordou as questões relacionadas à política. Embora tivesse uma longa tradição nesse campo, a igreja renunciava agora ao poder sobre o reino político.

As reações ao Concilio Vaticano II foram diversas. Alguns membros da hierarquia tiveram objeções quanto às mudanças, e houve debates acalorados sobre esses aspectos. Alguns católicos conservadores se opuseram ao novo rumo da igreja, mas muito mais católicos — e um grande número de não-católicos — passou a ter grandes esperanças com relação à igreja. O Vaticano II abriu algumas portas entre as denominações e encorajou, de maneira sem precedentes, o estudo bíblico sério.

O sistema hierárquico católico não mudou. Entretanto, esse caminho não foi trilhado devido ao excessivo individualismo da Igreja Católica, mas o Concilio Vaticano II realmente provocou maior abertura e maior consideração pelos leigos, o que influenciou poderosamente o maior corpo eclesiástico do mundo.

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