RAS SHAMRA

foi a antiga cidade de Ugarite. Hoje é conhecida como Ras
Sahmra. Era um grande centro comercial e religioso situado na costa 64 km a sudoeste
de Antioquia e diante da ilha de Chipre. Uma descoberta fortuita realizada por um sírio
enquanto lavrava seu campo atraiu as atenções para o grande montículo. As escavações
foram iniciadas por Claude F. A. Schaeffer em 1929, continuadas até 1939 e
imediatamente prosseguidas em anos posteriores. Havia cinco níveis principais de
ocupação, mas o datado do século XIV a.C. foi o que produziu os achados mais
importantes. Em um cemitério, foram desenterradas jarras magníficas, semelhantes às
encontradas nos palácios cretenses. Encontraram também grandes talhas de
armazenagem, similares às utilizadas nos tempos de Cristo, “uma baixela completa, de
3400 anos de idade, um jogo completo de peças que variavam de uma mina egípcia (437
g) até pequenas frações desse peso, uma bem preservada figura de bronze do deusfalcão Hórus, uma figura de bronze de um deus sentado, uma figura muito bem
conservada de Reshef (deus fenício do clima e da guerra), uma estátua dourada da deusa fenícia Astarote e uma estela de Baal, uma das poucas representações
que se conhece desse deus. Ao pé da escada de um sótão, foi encontrado um amontoado
composto de 74 armas e ferramentas em ótimo estado de conservação. Havia quatro
grandes espadas de bronze de quase 1 m de comprimento, onze lanças de diversas
formas, 27 machados planos, catorze grandes enxadas, duas belas adagas com
incrustações na empunhadura, quatro foices, nove cinzéis e brocas e um gracioso tripé
com campainhas em forma de romãs penduradas. Essas peças poderiam ter sido
confundidas facilmente com ferramentas acabadas de sair das mãos do ferreiro, se não
estivessem cobertas por uma crosta de fino mofo verdoso que se acumula sobre o cobre
velho quando este fica exposto ao ar ou sobre a terra”. O achado mais importante,
porém, foi o da biblioteca do templo, situada em um edifício localizado entre os templos
de Baal e de Dagom. Centenas de tabuinhas revelavam não só a cultura da Fenícia,
como também a dos países vizinhos. Muitas delas estavam inscritas em caracteres
cuneiformes comuns, porém mais de seiscentas apresentavam uma escrita semelhante à
cuneiforme, mas que não podia ser decifrada pelos especialistas. Com o tempo,
descobriu-se que se tratava de uma escrita alfabética, composta de trinta sinais
cuneiformes — uma nova linguagem semítica estreitamente relacionada com o hebraico
e com outros dialetos semíticos falados em Canaã. Constatou-se que a maioria das
tabuinhas eram textos religiosos em forma poética — grande quantidade de material que
descrevia em detalhes a natureza das crenças e práticas religiosas cananéias. Elas
fornecem um panorama completo das religiões de Canaã no tempo da chegada dos
judeus e das influências religiosas a que estes estiveram expostos pouco depois de se
instalarem no país. Certos ritos cerimoniais, tais como a oferenda pelos pecados, a
oferenda de paz, a oferenda movida, o holocausto e a oferenda das primícias eram tão
similares aos dos hebreus que levaram muitos a perguntar se imigrantes midianitas não
os teriam trazido a Ugarite enquanto os hebreus peregrinavam no deserto. Nas crenças e
nas práticas, não obstante, havia enormes diferenças. Na cabeça do panteão cananeu,
estava El, o criador e pai de tudo que existe. Em seu sistema de crença, porém, El tinha
uma consorte, Aserá (Astarote), a deusa da fertilidade, a qual os israelitas rejeitavam
sistematicamente em razão da retidão moral e de sua lealdade a Deus (Jz 2:12-15; 1Sm
12:10). Os outros deuses eram Baal, Dagom, Reshef e Hadade, todos representados
como imorais. Conforme refere a Bíblia, havia práticas licenciosas e vergonhosas
associadas com a adoração a esses deuses.

 

fonte: BIBLIA THOMPSON

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