No ano 520 a.C., Dario, o Grande, levou seus arquitetos,
artesãos e operários 64 km ao sul de Pasárgada. Sobre a ramificação baixa e rochosa de
três níveis, localizada na base da montanha da Misericórdia e que domina a formosa
planície das Aves Aquáticas, Dario mandou edificar uma enorme plataforma retangular
que havia de servir como a sólida base de sua fascinante cidade-palácio de Persépolis.
Uma gigantesca escadaria conduzia à grande plataforma. Sobre esta, criativos arquitetos
levantaram uma série de palácios e outras edificações, os quais, depois de rodeados por
airosos muros, constituíram o coração de uma das cidades mais famosas da
Antiguidade. Nesse lugar, a cultura e a civilização persas alcançaram sua máxima
expressão. Os monarcas da dinastia Aquemênida passavam ali os meses do outono e da
primavera — no verão, iam para Ecbatana, e no inverno, para Susã. Eram realizados em
Persépolis os grandes festins do equinócio primaveril, a celebração do ano-novo persa.
Ester deve ter passado breves períodos em Persépolis com seu marido, o rei, já que ela
foi a rainha de Xerxes (Assuero) por 13 anos. A vida dessa poderosa cidade, um
verdadeiro monumento à cultura persa, foi no entanto relativamente efêmera. No ano
330 a.C., quando Persépolis contava menos de duzentos anos de existência, Alexandre Magno saqueou e destruiu a cidade, incendiando-a, ato qualificado como “um
deplorável acidente de guerra”. Segundo os antigos historiadores, porém, foi uma ação
deliberada de vingança contra a Pérsia, por conta da invasão à Grécia e do incêndio que
destruiu Atenas, atos praticados por Xerxes. No que concerne ao saque ao tesouro de
Persépolis, Plutarco, escritor da Antiguidade, escreveu que Alexandre empregou 10 mil
mulas e 5 mil camelos para transportar os despojos a Ecbatana. A arruinada cidade foi
então abandonada e permaneceu desmoronada e sepultada, misturando-se com as areias
e com a terra da planície até meados do século XIX, quando orientalistas e arqueólogos
começaram a investigar o montículo que a cobria. As escavações científicas começaram
em 1931, quando o professor Ernst Herzfeld, do Instituto Oriental da Universidade de
Chicago, iniciou os trabalhos. Herzfeld foi seguido por Erich Schmidt, que trabalhou de
1935 até o começo da Segunda Guerra Mundial, em 1939. Descobriu-se que a totalidade
da plataforma fora ocupada por edifícios reais erguidos por Dario I (522-486 a.C.), por
Xerxes (486-465) e por Artaxerxes I (465-423). O acesso à plataforma dava-se por uma
escadaria de pouca altura, similar a uma rampa, que contava 110 degraus e estava
localizada no ângulo noroeste da plataforma. A porta de Xerxes, cujos portais eram
guardados por dois colossais touros de pedra, erguia-se além da escadaria. Ao sul, sobre
uma plataforma mais alta, estava a arruinada Apadana (sala de audiências), construída
por Dario e Xerxes. Chegava-se a ela pelos lados norte e leste subindo a Grande
Escadaria, dentre as obras desse tipo, uma das mais ornamentadas já descobertas até
hoje nos países do Oriente Médio. A grande sala de audiências, que comportava 10 mil
pessoas, era de construção hipostila: o teto sustentava-se por enormes vigas de cedrodo-líbano. A sala central possuía 26 colunas de pedra maciça que, incluindo as bases e
os capitéis, mediam 20 m de altura. Em três dos quatro lados havia vestíbulos laterais,
cada um com doze colunas de igual altura. Das 72 colunas, só treze sobreviveram e
ainda permanecem de pé. Na entrada oriental da grande sala, encontra-se em fina
escultura de relevo a representação de Dario I sobre o trono. Xerxes, o príncipe
herdeiro, está em pé atrás de Dario, e, acima deles, está a figura alada de Ahura Mazda,
o grande deus da religião zoroástrica e o “autor de todo o bem”. Dario e seus sucessores
imediatos foram seguidores de Zoroastro, e isso provavelmente oferece “uma
explicação para as sábias medidas do governo persa”. A sala de audiências dava acesso
ao Tachara (palácio) de Dario, com suas paredes adornadas de relevos e numerosas
inscrições, uma das quais diz: “Disse Dario, o rei: Este reino da Pérsia, Ahura Mazda
tem-me dado […] e Dario, o rei, não teme a nenhum outro. Disse Dario, o rei: Assim me
ajude Ahura Mazda […] e proteja este reino de inimigos, de grande fome e de falsidade,
isto peço como dádiva de Ahura Mazda. Eu sou Dario, grande rei, rei de reis, rei de
muitos reinos, filho de Histaspes, um aquemênida […] que edificou este palácio”.O
esplêndido palácio era abastecido com água que corria por um encanamento de pedra,
transportada desde o trecho de Apadana e desde as montanhas próximas. Um extenso
sistema de canais facilitava a drenagem. Mais ao sul, para além do palácio, ficavam os
apartamentos da rainha, com sua sala central e seu pátio. A leste da Apadana, estava o
Salão de Cem Colunas, chamado assim porque seu magnífico teto de cedro-do-líbano
era sustentado por cem colunas talhadas e estriadas. Nenhum outro edifício antigo —
exceto o templo de Carnaque, no Egito — o supera em magnificência e em superfície. Mais além, havia outras estruturas, entre elas a tesouraria real e um forte de vigilância.
Ao redor de todos esses magníficos edifícios havia jardins, nos quais as flores se
agrupavam em torno de tanques e de fontes. Em 1951, o Instituto Arqueológico de
Persépolis começou a realizar escavações fora da grande plataforma e encontrou as
ruínas de outro palácio, que compreendia uma sala de pedra sólida com um pórtico,
recintos adicionais e um grande depósito de pedra. Outros achados de interesse no
montículo foram milhares de fragmentos de jarros de pedra dura, uma tabuinha de ouro
comemorativa de Dario I, com uma inscrição trilíngüe e inscrições de Xerxes, marido
da rainha Ester. Essas inscrições enumeravam as muitas nações sobre as quais Xerxes
reinou, entre elas Elão, Média, Armênia, Pártia, Babilônia, Assíria, Sardes e Egito. No
declive do monte da Misericórdia, a sudeste de Persépolis, estão as tumbas de dois dos
últimos reis aquemênidas. Em Naqsh-i-Rustam, a 6 km de Persépolis, encontram-se as
imponentes tumbas de Dario, o Grande, de Xerxes, de Artaxerxes I e Dario II, lavradas
na pedregosa ladeira. Somente a tumba de Dario, o Grande, contém uma inscrição.
fonte: BIBLIA THOMPSON