é conhecida atualmente como Tel el-Jezer. Situava-se no cume de uma
colina de 11 ha que dominava a planície marítima, 29 km a oeste de Jerusalém, e
controlava o caminho de Jope a Jerusalém e a estrada que liga o Egito à Síria. Portanto,
era uma das cidades mais bem localizadas, do ponto de vista estratégico, de toda a
Palestina. Em algumas épocas, a cidade pertenceu ao Egito e, em outras, à Palestina,
desempenhando, portanto, importante papel na história dos dois países. Por ocasião do
casamento do rei Salomão com uma princesa egípcia, o pai da noiva deu a ela a cidade
como dote. Salomão a reconstruiu e fez dela uma cidade para seus carros de guerra (1Rs
9:16,17). As escavações realizadas por R. A. Macalister (1902-1905 e 1907-1909) e A.
Rowe (1934) revelaram que os primeiros habitantes de Gezer, alguns dos quais viviam
em cavernas, eram descendentes de um povo não-semítico. Algumas cavernas eram
naturais, enquanto outras foram cuidadosamente escavadas na suave pedra calcária,
possuindo até escadas talhadas com grande esmero. Muitas das paredes das salas mais
amplas estavam adornadas com pinturas que revelavam a religiosidade do povo, cuja
subsistência baseava-se na agricultura e na caça, tal como seus antepassados através dos
séculos. Por volta de 2500 a.C., um povo de origem semítica tomou a cidade e a
manteve em seu poder até o final da monarquia hebraica. Outras civilizações habitaram
ali até cerca de 100 a.C. A descoberta de um antigo lugar sagrado lançou considerável
luz sobre a adoração cananéia a Baal e Astarote. Esse centro de adoração possuía uma
fileira de leves colunas de pedra toscamente cinzeladas, a mais alta medindo 3,28 m, e a
mais baixa, 1,8 m. Em alguns lugares, os beijos dos devotos haviam polido a superfície
das colunas até torná-las lisas. Na plataforma, ao redor das colunas de pedra, havia
placas de alvenaria representando Astarote com exagerações grotescas dos órgãos
genitais e outros indícios da adoração sensual dos cananeus. Tudo isso trouxe intenso
realismo ao estrito mandamento do Senhor: “Derrubem os seus altares, esmigalhem as
suas colunas sagradas e queimem os seus postes sagrados; despedacem os ídolos dos
seus deuses e eliminem os nomes deles daqueles lugares” (Dt 12:3). Na parte sudeste da
cidade, que data de 2000 a 1400 a.C., havia um grande túnel escalonado, cavado na
rocha de 4 m de largura por 6 de altura, que conduzia através de 67 m de rocha a um
grande manancial de água localizado 29 m abaixo da superfície. Dentro dos muros, de
inclinação descendente, havia nichos (cavidades) com lâmpadas que iluminavam o
caminho para quem subisse com água do manancial. As manchas de fumaça acima dos
nichos demonstram que eram empregadas lâmpadas de azeite de oliva há quase 4 mil
anos. Em outro lugar, mais próximo do centro do montículo, Macalister encontrou um
enorme depósito com capacidade para 7,5 milhões de litros de água. Tudo indica que o
depósito foi construído depois que se esgotou o manancial do fundo do túnel. Também
foi encontrada a pedra de um altar, dedicada a Heraclus. A pedra pertencera a um altar
hebreu, pois Jeová é mencionado na inscrição. Macalister desenterrou um complexo de
edificações de muros sólidos, com uma magnífica porta e uma série de torres. Isso
levou-o a crer que se tratava do castelo edificado por Simão Macabeu para sua
residência em 142 a.C. (1Macabeus 13:47-48). Porém descobertas mais recentes de uma
porta e muros salomônicos em Megido e Hazor levaram as autoridades no assunto a crer
que foram construídos pelo rei Salomão, quando este reconstruiu e fortificou Gezer. As
dimensões da porta nesse lugar “coincidem de maneira assombrosa” com as edificadas
por Salomão em Megido e Hazor. No quarto nível semítico, que data da última metade
do século X a.C., Macalister encontrou uma pequena placa de pedra calcária, de 11 cm
de comprimento por 7 de largura. Era o caderno de anotações escolares de um menino.
Nessa placa, o menino havia traçado um calendário, no qual dava a ordem das principais
operações agrícolas conforme a estação do ano e que em bom hebraico clássico dizia:
Seus dois meses são de colheita de oliveira;
Seus dois meses são de semeadura de grão;
Seus dois meses são de semeadura tardia;
Seu mês é de limpar com enxada o linho;
Seu mês é de colheita de cevada;
Seu mês é de colheita com festa;
Seus dois meses são de cuidar da vide;
Seu mês é de fruto de verão.
Ver tb: Js 10:33, 1Rs 9:15, 1Rs 9:17
fonte: BIBLIA THOMPSON