Lição 10: O discípulo de Jesus e os movimentos sociais

2º Trimestre 2015

Data: 07 de Junho de 2015

TEXTO DO DIA

“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores” (Sl 1.1).

SÍNTESE

O servo de Jesus deve ter discernimento antes de aderir a qualquer movimento ou organização social, verificando a compatibilidade de seus propósitos com os princípios da Palavra.

AGENDA DE LEITURA

SEGUNDA — Pv 4.14,15

Fique longe dos maus caminhos

TERÇA — Fp 2.14

Cuidado com as murmurações e contendas

QUARTA — 1Co 5.11

Cuidado com as más associações

QUINTA — Pv 28.7

A má companhia traz vergonha

SEXTA — Pv 17.11

O rebelde busca o mal

SÁBADO — At 21.36

O perigo da multidão

OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

ANALISAR a dupla cidadania do cristão;
SABER o que são os movimentos e as organizações sociais;
APRESENTAR algumas recomendações bíblicas sobre a adesão a causas coletivas.

INTERAÇÃO

Você já deve ter lido ou ouvido alguém se referir a Jesus como um revolucionário do seu tempo, uma espécie de líder pertencente ao grupo dos zelotes que mobilizou uma grande massa de seguidores em prol da sua causa, tentando combater o poder do Império Romano por meio da rebelião e subversão. Utilizando essa visão equivocada, alguns teólogos liberais tentam justificar a participação dos cristãos em qualquer tipo de movimento social, ainda que de modo violento e insurgente. Tal concepção destoa completamente do Cristo das Escrituras, porquanto a missão do Mestre nunca foi realizar um levante popular para a libertação sociopolítica da nação judaica. Ele veio para proporcionar libertação espiritual ao homem (Jo 8.36). Desse modo, atentemos para os cuidados com o engajamento ingênuo em qualquer tipo de mobilização social.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Prezado professor, comece sua aula usando a dinâmica da “tempestade de ideias” (em inglês, brainstorming). Peça que os alunos opinem a respeito dos movimentos e organizações sociais. Registre as ideias em um painel, sem censurá-las. Essa atividade deve demorar aproximadamente 5 minutos. Depois, inicie uma reflexão apontando os pontos positivos e os perigos de tais movimentos (Tempo: 10 minutos). Na sequência, trabalhe cada ponto da lição.

TEXTO BÍBLICO

Salmos 1.1.

1 — Bem-aventurado o varão que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.

COMENTÁRIO DA LIÇÃO

INTRODUÇÃO

Talvez, você já tenha sido convidado para participar de uma mobilização social ou, até mesmo, integrar uma organização não governamental. Na lição desta semana, vamos estudar sobre o assunto.

I. A DUPLA CIDADANIA DO CRISTÃO

1. Entre o Céu e a Terra. Ao mesmo tempo que as Escrituras afirmam que a nossa cidade está nos céus (Fp 3.20; Hb 13.14), asseguram, também, que somos peregrinos neste mundo (1Pe 2.11). Não há qualquer contradição nessas verdades bíblicas, pois elas simplesmente enfatizam o desafio do servo de Deus em viver de forma transitória na esfera terrena. Ao interceder pelos seus discípulos Jesus pediu ao Pai: “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal” (Jo 17.15). Portanto, temos duas cidadanias: uma conquistada por herança celestial, a outra por local de nascimento. Conscientizar-se dessa verdade é o melhor ponto de partida para sabermos como viver em consonância com o propósito divino, portando-nos dignamente dentro da sociedade (Fp 1.27).

2. Aspectos da cidadania terrena. No aspecto terreno, o conceito de cidadania, do latim civitas, geralmente abrange o conjunto de direitos e deveres dos indivíduos de uma nação. Esses direitos envolvem principalmente os direitos civis (direito a vida, honra, locomoção, privacidade, liberdade de expressão, liberdade de crença e consciência religiosa, etc.), direitos políticos (possibilidade de votar e ser votado e participar ativamente da vida política do país) e direitos sociais (acesso à saúde, trabalho, moradia, educação, etc.). Mas, além dos direitos, o cidadão possui também deveres, que são as obrigações definidas em lei ou estabelecidas por costumes sociais. Nesse sentido, os cristãos devem ser os melhores, pois, como disse Agostinho, nós fazemos por amor a Deus, o que os outros fazem por obrigação legal.

3. Participação social. Os crentes não podem estar alienados das questões sociais, políticas e econômicas. Como cidadãos deste planeta e embasados em uma visão de mundo eminentemente bíblica, devemos respeitar as leis e participar das discussões do cenário público, influindo nos temas da sociedade e do governo. Conforme escreveu Dennis McNutt, “os cristãos devem aceitar a obrigação de, continuamente, pressionar os governos à justiça. Nas democracias, significa que temos o direito constitucional e o dever bíblico de participar na arena pública”.

Pense!

Como cidadãos deste planeta e embasados em uma visão de mundo eminentemente bíblica, devemos participar das discussões do cenário público, influindo nos temas da sociedade e do governo?

Ponto Importante

Temos duas cidadanias: uma conquistada por herança celestial, a outra por local de nascimento.

II. MOVIMENTOS E ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

1. Os movimentos sociais. Uma forma de participação cidadã é por meios dos movimentos sociais. Movimentos sociais é a denominação dada à atuação coletiva dos cidadãos em torno da defesa de seus ideais e interesses, por meio de reivindicações, passeatas, protestos, mobilizações e outras formas de manifestações populares. Esses movimentos, que podem ser esporádicos ou constantes, expressam reações de caráter público sobre os mais variados temas e ganham força na medida em que mobilizam o maior número de pessoas.

2. Redes sociais e mobilizações. Nos últimos anos, as redes sociais da internet facilitaram a realização de manifestos e agrupamentos populares. No ano de 2012, por exemplo, o Brasil foi tomado por uma série de protestos espalhados por cidades de todo o país. Milhares de pessoas saíram às ruas para manifestar contra a corrupção, melhores condições de vida, educação e outros temas. Na época, segundo pesquisas, a internet teve papel preponderante, sendo que 81% das pessoas souberam dos protestos pelas redes sociais e 85% pesquisaram informações em sites.

3. Organizações da sociedade civil. Outra forma de participação popular voluntária em temas de interesse coletivo são as organizações da sociedade civil. A partir das décadas de 1970 e 1980, principalmente, tais entidades, que compõem o chamado Terceiro Setor, passaram a ocupar espaços relevantes na sociedade com a prestação de serviços em áreas como educação, saúde, serviços sociais, proteção do meio ambiente, cultura, defesa do patrimônio histórico e artístico, combate à pobreza, defesa dos direitos humanos, cidadania, etc.

Pense!

Nos últimos anos, as redes sociais da Internet facilitaram a realização de manifestos e agrupamentos populares.

Ponto Importante

O conceito de cidadania geralmente abrange o conjunto de direitos e deveres dos indivíduos de uma nação.

III. A POSTURA DOS SERVOS DE JESUS FRENTE AOS MOVIMENTOS E ORGANIZAÇÕES SOCIAIS

1. Recomendações bíblicas. A Bíblia diz com clareza: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm” (1Co 10.23). Portanto, embora os movimentos e as organizações sociais sejam instrumentos democráticos de participação coletiva, que podem influir e contribuir para a efetivação da cidadania e o bem da sociedade, o servo do Senhor Jesus deve agir com cautela e prudência antes de aderir a qualquer causa coletivamente:

a) O perigo das más associações: A participação dos cristãos em grupos que defendam boas causas, como a defesa de direitos, atividades filantrópicas e outras ações sociais, são necessárias. Por outro lado, deve cuidar para não realizar más associações, uma vez que elas corrompem os bons costumes (1Co 15.33,34).

b) Cuidado com a multidão: Toda multidão de pessoas é perigosa. A multidão que recebeu Jesus Cristo em Jerusalém clamando “Hosana nas alturas” (Mc 11.10), foi a mesma que bradou: “Crucifica-o” (Mc 15.14). Isso porque, quando age coletivamente o ser humano é facilmente manipulado. A psicologia chama esse fenômeno de “comportamento manada”, pelo qual os indivíduos em grupo reagem instintivamente, todos da mesma forma. O jovem cristão deve agir de forma consciente e autônoma, influenciado somente pelo Consolador (Jo 14.16). Muito cuidado para não ingressarmos em uma multidão somente para satisfazer os interesses de amigos.

c) Origem e propósito do movimento: Muitos jovens por acharem os protestos interessantes e descolados, acabam aderindo sem conhecer a origem e o seu real propósito. O perigo é que a grande maioria desses grupos possui ideologias antibíblicas, fundamentadas na ideia comunista da “luta de classes” de Karl Marx. O jovem cristão não pode se deixar levar por slogans e jargões. É preciso conhecer a intenção do movimento ou organização social, verificando a compatibilidade com os princípios da Palavra, para não sermos engodados, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens (Cl 2.8).

d) Rebelião, revolução e violência: Utilizando uma visão utópica, muitos desses movimentos defendem a rebelião e a revolução social, até mesmo com o uso de violência. Contudo, a Bíblia adverte que “a rebelião é como o pecado da feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria” (1Sm 15.23). Além disso, enquanto tais movimentos pretendem alterar a situação social por meio da revolução, de fora para dentro, o Evangelho do Senhor Jesus se apresenta com o objetivo de promover transformação, de dentro para fora (Rm 12.2).

Pense!

Todas as coisas me são lícitas, mas por que nem todas convêm?

Ponto Importante

Embora os movimentos e as organizações sociais sejam instrumentos democráticos, o servo do Senhor Jesus deve agir com cautela antes de aderir a qualquer causa coletivamente.

CONCLUSÃO

Inspirado pelo Espírito Santo, o apóstolo Paulo nos fornece um filtro capaz de direcionar nossa tomada de decisão diante de qualquer assunto (4.8). Apliquemos, então, esse filtro para analisar até mesmo os movimento sociais, sob os critérios da verdade, honestidade, justiça, pureza, amor, boa fama e virtude.

ESTANTE DO PROFESSOR

COLSON, C.; PEARCEY, N. E. Agora, Como Viveremos?
PALMER, Michael D. (Org ). Panorama do Pensamento Cristão.

HORA DA REVISÃO

1. Qual o conceito de cidadania?

É o conjunto de direitos e deveres dos indivíduos de uma nação.

2. O que são movimentos sociais?

É denominação dada à atuação coletiva da sociedade civil na defesa de seus ideais e interesses, por meio de reinvindicações, passeatas, protestos, mobilizações e outras formas de manifestações populares.

3. Cite algumas áreas em que as organizações sociais podem prestar serviços.

Educação, saúde, serviços sociais, proteção do meio ambiente, cultura, defesa do patrimônio histórico e artístico, combate à pobreza, defesa dos direitos humanos, cidadania, etc.

4. Como o cristão deve agir antes de aderir a qualquer movimento ou organização social?

Com cautela e prudência.

5. Por que devemos ter cuidado com a multidão?

Porque quando age coletivamente o ser humano é facilmente manipulado.

SUBSÍDIO

“Enquanto Karl Marx debruçava-se sobre seus livros no Museu Britânico, na metade do século XIX, fervorosamente filosofando, o que ele conseguiu apresentar foi uma alternativa completa para a religião. No início havia um criador; a saber, a própria matéria. No marxismo, o Universo é o originador de si mesmo, uma máquina que se movimenta automaticamente, gerando seu próprio poder e governado pela própria força em direção ao objetivo final — a sociedade comunista sem classe. Lenin, discípulo de Marx, estatuiu a doutrina em linguagem explicitamente religiosa: ‘Podemos considerar o mundo material e cósmico como um ser supremo, como a causa de todas as causas, como o criador do céu e da terra’.

A contrapartida marxista ao Jardim do Éden é o estado do comunismo primitivo. E o pecado original é representado pela criação da propriedade privada e da divisão de trabalho, que causou a queda da humanidade de seu estado inicial de inocência para a escravidão e a opressão. A partir daí surge todo o mal subsequente de exploração e luta de classe.

Neste drama, a redenção é forjada com o reverso do pecado original: destruindo-se a propriedade privada dos meios de produção. E o redentor é o proletariado, que se erguerá contra o capitalismo opressor. Nas palavras do historiador Robert Wesson: ‘O proletariado-salvador [irá] com seu sofrimento redimir a humanidade e trazer o Reino do Céu para a terra’.

O Dia do Julgamento, na teologia marxista, é o dia da revolução, quando a burguesia maligna será condenada. É significativo que Marx não chamou para o arrependimento, mas para revolução. Por quê? Porque, como Rousseau, considerava a humanidade como inerentemente boa, Ele acreditava que o mal e a ganância nasciam das estruturas econômicas da sociedade (propriedade privada), e que, por isso, podiam ser eliminados por uma revolução social que destruísse o velho sistema econômico e instituísse um novo.

Finalmente, como todas as religiões, o marxismo tem uma escatologia (doutrina dos eventos finais da história). No Cristianismo, o fim dos tempos é quando a perfeição original da Criação de Deus será restaurada, e o pecado e a dor não mais existirão. No marxismo, o fim da história é quando o comunismo original será restaurado e o conflito de classe não mais existirá. O paraíso será introduzido pelo esforço dos seres humanos cuja consciência terá sido erguida. Marx estava ansioso por essa consumação inevitável da história tanto quanto o cristão espera pela segunda vinda de Cristo.

‘O marxismo é uma visão secularizada do reino de Deus’, escreve o professor de teologia Klaus Bockmuehl. ‘E o reino dos homens. A raça irá finalmente incumbir-se de criar por si mesma aquela nova terra onde habita ajustiça’. O marxismo promete resolver o dilema humano e criar o Novo Homem vivendo numa sociedade ideal.

‘A conclusão é que a cosmovisão de Marx é falha; ela não condiz com a realidade. E também o próprio Marx admitiu muito mais ao reconhecer que sua filosofia ‘contradiz tudo’ na vida prática’” (COLSON, C.; PEARCEY, N. E Agora, Como Viveremos? 1ª Edição. RJ: CPAD, 2000, pp.284-285).

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