Lição 12: O jovem e o Estado

1º Trimestre de 2016

 

Data: 20 de Março de 2016

TEXTO DO DIA

“Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela” (Rm 13.3).

SÍNTESE

Todas as autoridades são constituídas por Deus para proteger o bom cidadão. Os jovens cristãos devem submissão a elas, desde que suas ordens não sobreponham aos princípios bíblicos.

AGENDA DE LEITURA

SEGUNDA — Rm 13.1

As autoridades constituídas

TERÇA — Rm 13.2

Quem resiste as autoridades

QUARTA — Rm 13.4

Os magistrados são constituídos para punirem os maus

QUINTA — Rm 13.5

O respeito às autoridades

SEXTA — Sl 62

O poder é propriedade exclusiva de Deus

SÁBADO — At 5.29

É melhor obedecer a Deus

OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

MOSTRAR que todas as autoridades são constituídas com a permissão de Deus;
EXPLICAR que a submissão às autoridades constituídas, desde que não seja contra os princípios divinos é bíblica;
SABER que precisamos ter uma atitude responsável diante das obrigações com as autoridades e o Estado.

INTERAÇÃO

A recomendação de Paulo foi para que os cristãos de Roma fossem submissos às autoridades do Estado, pagassem os impostos e tributos estabelecidos e que a igreja mantivesse um bom relacionamento com o Estado para manter a paz relativa existente, bem como a liberdade religiosa. Os conceitos bíblicos continuam os mesmos, o respeito pelas autoridades e o pagamento rigoroso dos impostos e tributos, entretanto o contexto brasileiro é diferente do contexto do Império Romano na época do apóstolo Paulo. Dessa forma, devemos incentivar o compromisso com os conceitos bíblicos, mas também uma participação maior dos membros das igrejas da gestão pública, com bom senso e contribuindo para uma sociedade mais justa.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Para esta aula sugerimos a utilização da dinâmica chamada de “brainstorming” ou “tempestade cerebral”, para os mineiros “toró de palpites”. Para aplicar à dinâmica, utilize o quadro abaixo:

O quadro acima poderá ser reproduzido conforme as suas possibilidades. Reserve pelo menos uns 10 minutos da aula para a atividade. Solicite que os alunos deem suas sugestões sobre quais as vantagens e desvantagens da relação entre igreja e Estado na atualidade, mas antes oriente que ninguém poderá criticar a ideia de outra pessoa, todas as sugestões deverão ser aceitas e anotadas. Após a rodada de sugestões, juntamente com o grupo selecione quais sugestões são mais apropriadas e reflita sobre elas.

TEXTO BÍBLICO

Romanos 13.1-7.

1 — Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus.

2 — Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação.

3 — Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela.

4 — Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal.

5 — Portanto, é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência.

6 — Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo.

7 — Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra.

COMENTÁRIO DA LIÇÃO

INTRODUÇÃO

Nesta lição vamos refletir a respeito dos seguintes temas: o estabelecimento de todas as autoridades por Deus; as autoridades como ministros a serviço de Deus e a submissão às autoridades pelo jovem cristão.

I. AS AUTORIDADES SÃO ESTABELECIDAS POR DEUS (Rm 13.1,2)

1. A relação da igreja de Roma com o Estado. Quando Paulo escreveu a Epístola aos Romanos, havia relativa paz entre o Estado e a igreja. Entretanto devido este texto estar no final desta epístola, alguns teólogos sugerem haver pelo menos algum sinal de rebeldia por parte de alguns membros da igreja em relação ao Estado. O imperador na época era Nero (54-68) e, neste período, por todo o império surgiam rebeliões contra o imperialismo romano, que eram sufocadas pelas legiões romanas. Alguns anos antes da escrita da epístola foram deflagradas algumas insurreições como a dos judeus de Alexandria, que influenciou no decreto do Imperador Claudio em 49 d. C., que expulsou os judeus de Roma, incluindo Priscila e Áquila. Na data da escrita da epístola, o decreto já havia caducado e os dois já estavam entre os membros da comunidade cristã em Roma. A principal questão das revoltas eram os impostos e tributos obrigatórios pelo império.

2. Todas as autoridades são constituídas por Deus (v.1). Considerando o histórico citado no subtópico anterior, bem como a tradição do Antigo Testamento que apresenta o poder como propriedade exclusiva de Deus (Sl 62) e a autoridade política como instrumento de Deus tanto para proteção como para o castigo (Jr 27; Is 10.5,6; 41.1-7; 44.28). Por isso, apóstolo procura incentivar a manutenção da relação de paz entre o Estado e Igreja. Paulo usa do bom senso e afirma que todas as autoridades estão debaixo da ordem divina e foram constituídas por Deus. Por isso devem ser respeitadas. No entanto, a afirmação de Paulo não significa uma obediência absoluta, pois iria contra os princípios éticos cristãos e sua própria afirmação em Romanos 1.18, em que previa a ira de Deus sobre práticas que eram comuns ao império ditatorial romano. Veremos em tópicos posteriores que Paulo orienta o respeito às autoridades, mas desde que suas ordens e ações não fossem contraditórias à autoridade maior que é a Palavra de Deus.

3. A insubmissão às autoridades traz condenação (v.2). Paulo age com prudência, procurando evitar um mal maior, como ocorreu com a perseguição de Nero em 64 d. C. Os judeus eram testemunhas disso. Eles tinham privilégios expressivos no Império Romano, pois a religião judaica estava legalmente registrada entre as permitidas. Algumas práticas e rituais judaicos estavam garantidos por lei dentro das muralhas de Jerusalém, como a dieta alimentar, a lei do sábado, proibição de imagens de escultura, inclusive o império ratificava a lei judaica de pena de morte para quem violasse os átrios internos do Templo de Jerusalém. Todavia, quando comunidades judaicas foram insubmissas às autoridades romanas, elas foram massacradas como já citado anteriormente. Paulo não queria isso para a igreja, por isso orientou os membros a terem boa relação com o Estado para garantir a liberdade pessoal e de cultuar a Deus.

Pense!

“Uma pergunta crítica em nossos dias gira em torno de com que rigor nós, cristãos, devemos aplicar o princípio de Paulo de sujeição aos governantes” (Lawrence Richards).

Ponto Importante

Paulo demonstrou ter bom senso ao lidar com as autoridades de Estado, visando sempre o bem estar das pessoas e a liberdade religiosa para os cristãos.

II. AS AUTORIDADES DO ESTADO ESTÃO A SERVIÇO DE DEUS (Rm 13.3-5)

1. As autoridades são constituídas para proteger os bons cidadãos (v.3). Paulo recorre a tradição do Antigo Testamento e se baseia em textos como Provérbios 8.15,16 e Isaías 11.1-9, que afirmam a constituição das autoridades por Deus para o exercício da justiça e manutenção da ordem na sociedade. Conforme já citado, devemos considerar o contexto de Paulo na época da escrita da carta, em que havia relativa paz no império em relação à igreja. Neste período a igreja era vista como uma ramificação do judaísmo, uma religião permitida. Devido a esta confusão, o cristianismo não era incomodado. Desse modo, sendo uma religião “legalizada”, todo cuidado seria importante para não perder essa prerrogativa e liberdade. A maior dificuldade da igreja, na realidade, era com os judeus que perturbavam o exercício do ministério do apóstolo devido ao legalismo. Portanto, neste contexto, os cristãos eram protegidos legalmente pelas autoridades romanas.

2. As autoridades são constituídas para punir os maus cidadãos (v.4). O versículo anterior (v.3) termina com a frase: “faze o bem e terás louvor dela”. Os cristãos não se envolvendo em nenhum delito não seriam incomodados pelos magistrados, antes seriam vistos como bons cidadãos, que mereciam ser protegidos. Uma vida sossegada, conforme o conselho de 1 Timóteo 2.1,2: “Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade”. No entanto, as pessoas de fora da igreja, ainda dominadas pelo pecado, tinham a tendência de descumprir as leis de ordem estabelecidas pelos magistrados. Para estes não haveria proteção, mas sim a punição prevista em lei e, consequentemente, a falta de paz, com o Estado e com Deus, devido aos seus delitos e pecados.

3. A submissão não deveria ser por medo do castigo (v.5). Paulo introduz um conceito que demonstra a superioridade da verdadeira moralidade cristã, que é motivada não pelo medo do castigo, mas por algo muito maior. O cristão verdadeiro não serve a Deus por ter medo de punições humanas ou de ir para o inferno, mas pelo amor e gratidão à Deus pela sua justificação por meio da fé no sacrifício vicário de Cristo. Diferente do ímpio, que poderia deixar de cometer delitos, mas por medo da punição das autoridades constituídas, o que não demonstra atitude interior. A recomendação paulina era uma submissão com foco em Deus e não somente na lei humana. O jovem cristão deve ter uma consciência pura e honrada (2Tm 1.5; At 24.6; Hb 13.7; 1Pe 1.6), não fraca (1Co 8.7,12), nem má (Hb 10.22; Tt 1.15) ou cauterizada (1Tm 4.2). Agindo assim, viverá em paz com Deus e com as autoridades constituídas.

Pense!

Por que você tem se submetido a Deus? Por medo de ir para o inferno ou por amor a Ele e pela gratidão ao sacrifício de Cristo?

Ponto Importante

As autoridades são constituídas por Deus para proteger os bons cidadãos e para punir as práticas de injustiça dos maus cidadãos.

III. O JOVEM CRISTÃO DEVE SE SUBMETER ÀS AUTORIDADES (Rm 13.6,7)

1. Os jovens cristãos devem pagar os impostos e tributos (v.6). O pagamento de impostos é uma medida necessária para manutenção da ordem, infraestrutura e outros recursos necessários para sustentabilidade da sociedade. Contudo, este pagamento era um problema para uma série de grupos judaicos, dos menos radicais (fariseus) aos mais radicais e revolucionários (zelotes), que entendiam ser um crime, uma ofensa à sua religião e ao Deus de Israel, pagar impostos para um povo estrangeiro e dominador do povo israelita. Isto não parecia ser uma preocupação de Jesus, que incentivou o pagamento (Mt 22.21; 17.25-27; Lc 20.20-25), nem de Paulo, que recomenda o pagamento, reforçando que é para suportarem financeiramente os “ministros de Deus” para manutenção da ordem e proteção dos bons cidadãos, como os cristãos. Na época do apóstolo o imperialismo romano não dava ao povo oportunidade de participar da gestão pública.

2. Os crentes devem pagar a todos o que é devido (v.7). A ênfase paulina para estas questões monetárias (impostos e tributos) denota alguns pontos de atenção para a comunidade de Roma, não poderia ser por acaso. Provavelmente, Paulo sabia das práticas de alguns membros da comunidade que lhe preocupava, temendo alguma consequência não somente de forma individual como também para a igreja. Paulo vai além, afirmando que devemos pagar os tributos e impostos, mas também o temor e a honra. Nos escritos de Paulo, quando se refere a honra, tem origem na palavra grega time, que também pode ser traduzida por “respeito, estima e consideração”, e é sempre atribuída a pessoas. Enquanto, que a palavra grega fobos, traduzida para temor, é atribuída a Deus e a Jesus (Rm 3.18; 8.15; 2Co 5.11; 7.1; Ef 5.21). Devemos respeitar as pessoas, mas temer a Deus, a fonte de toda autoridade.

Pense!

“A forma como Deus controla homens maus é pondo homens maus sob controle” (Martinho Lutero).

Ponto Importante

Paulo afirma que os cristãos também deveriam cumprir com suas obrigações como cidadãos e honrar as autoridades. Porém, enfatiza que, acima de tudo, deveriam temer e adorar a Deus, a fonte de toda autoridade.

CONCLUSÃO

Nesta lição, aprendemos que todas as autoridades são constituídas por Deus e que a insubmissão a elas traz incômodo, pois elas foram estabelecidas para proteger os bons cidadãos e punir os maus.

ESTANTE DO PROFESSOR

RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2014.

HORA DA REVISÃO

1. Na época da escrita da epístola, qual era a situação da relação entre a igreja e o Estado?

Quando Paulo escreveu a Epístola aos Romanos havia relativa paz entre o Estado e a igreja.

2. O que provocou o decreto do imperador Claudio em 49 d. C., em que foram expulsos os judeus de Roma, inclusive Priscila e Áquila?

Alguns anos antes da escrita da epístola foram deflagradas algumas insurreições, como a dos judeus de Alexandria, que influenciaram no decreto do Imperador Claudio em 49 d. C.

3. Segundo a lição, qual o embasamento de Paulo para afirma que as autoridades são constituídas por Deus?

Paulo recorre a tradição do AT, com embasamento em textos como Provérbios 8.15-16 e Isaías 11.1-9, que afirmam que as autoridades são constituídas por Deus para praticar a justiça e para manter a ordem na sociedade.

4. Paulo afirma que a submissão não deveria ser somente para evitar o castigo romano, mas também pela consciência. Explique:

O cristão verdadeiro não serve a Deus por ter medo de punições humanas ou de ir para o inferno, mas pelo amor e gratidão à Deus pela sua justificação pela fé por meio do sacrifício vicário de Cristo.

5. Considerando que Deus é quem estabelece todas as autoridades, qual a maneira providenciada por ele para as autoridades executivas e legislativas no Brasil?

No Brasil, atualmente, Deus estabelece as autoridades por meio do voto de cada cidadão brasileiro, que tem o direito de eleger os cargos executivos e legislativos.

SUBSÍDIO

“O princípio de Paulo para se relacionar com o governo secular é essencialmente o dos judeus babilônios. A ordem: ‘Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores’ (13.1-7) é claro paralelo à expressão: ‘A lei do soberano é a lei para nós’. Paulo, porém, é cuidadoso ao apresentar uma base teológica para a sujeição às autoridades seculares (13.1). Ele argumenta que o próprio Deus ordenou o governo. Isto não significa que Deus tenha ordenado um governo em particular, tal com o ‘governo dos Estados Unidos’. O que Paulo está dizendo é que Deus estruturou o mundo de seres humanos de tal forma, que haverá autoridades e submissos, governantes e cidadãos. Aquele que se considera cidadão deve responder apropriadamente ao governo, caso contrário violará a ordem da sociedade divinamente ordenada. Aquele que faz isso se achará em rebelião contra Deus. Paulo continua explicando por que Deus ordenou este estado de coisas (13.3,4). Ele o fez para promover a paz pública. A missão de um governo é ‘portar a espada’. Nisto o governo é o ‘ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal’. Isto não sugere que o governo seja o servo consciente de Deus, ou que o governo seja responsável por estabelecer leis que estejam em conformidade com os padrões bíblicos. Em vez disso, Paulo argumenta que a própria natureza que o sistema de governo-governado que Deus criou leva os governantes a punir aqueles que fazem o mal — em benefício dos interesses da própria sociedade” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2014, p.321).

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