LIÇÃO 8- Sem hipocrisia, mas com verdade

MEDITAÇÃO 

O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem. (Rm 12.9
 
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA 
 SEGUNDA-Lucas 12.33 
 TERÇA-Atos 10.1-4,31 
 QUARTA – Romanos 12.8,9 
 SEXTA – Lucas 11.40-42 
 SÁBADO – Deuteronômio 6.5

TEXTO BÍBLICO BASE 
1 – Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus. 
2 – Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 
3 – Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita, 

4 – para que a tua esmola seja dada ocultamente, e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.

INTERAGINDO COM O ALUNO Aproveite o conteúdo da lição de hoje para alertar os seus alunos a nunca perderem de vista o propósito das boas obras que realizam como crentes em Cristo. Ressalte que todos nós, se não vigiarmos, corremos o risco de algum dia cair no mesmo pecado cometido pelos fariseus nos dias de Jesus, que se dedicavam muito às boas obras, mas com o propósito errado. Aquilo que deveria ser realizado com amor não fingido acabou, com o passar do tempo, se tornando uma religião mecânica para os fariseus e descambando para o uso das boas obras como meio para se conquistar os elogios e aplausos dos homens. 

   Leve seus alunos a não perderem em suas mentes e corações o espírito do Evangelho. Lembre a importância das boas obras na vida do crente, mas destacando também que os “atos de justiça” (esmolas, oração e jejum) não devem ser vistos nunca como base da nossa salvação, mas como consequência natural dela; e que quando as boas obras estão deslocadas de seu verdadeiro lugar na vida do crente, elas acabam perdendo o caráter que devem ter na vida do cristão, se tornando “muletas” para a salvação ou meios de ganhar os louvores dos homens. Deus nos livre de uma coisa ou outra! 
 
OBJETIVOS 
Na lição de hoje, sua aula deve obter os seguintes objetivos: 
1 Conscientizar os seus alunos sobre a importância de ajudar aos outros, mas sempre pelas motivações certas;
2 Orientar os seus alunos sobre a necessidade da discrição na prática das boas obras, em oposição à ostentação da piedade; 
3 Enfatizar aos seus alunos o prazer que Deus tem em galardoar, com bênçãos, aqueles que se dedicam à sua obra com amor sincero. 
 
PROPOSTA PEDAGÓGICA 
As três palavras-chave que resumem toda a lição de hoje são “motivação”, “discrição” e “galardão”. Portanto, para você começar a aula hoje de forma diferente, uma sugestão é iniciá-la já escrevendo no quadro essas três palavras-chave logo depois de saudar a classe, e anunciar em seguida que falará sobre cada uma delas a partir do ensino de Jesus em Mateus 6.1-4, que é o texto bíblico base da lição de hoje. Após ler o texto com a classe, comece a exposição da lição. Dessa forma, você acabará despertando a curiosidade da sua turma desde o início da aula, fazendo-os acompanhar sua exposição até chegar ao sentido de cada uma dessas palavras dentro do ensino de Jesus no Sermão da Montanha. Tal ação dinamizará sua aula. Experimente.

INTRODUÇÃO 
A esmola, a oração e o jejum eram práticas bastante comuns do judaísmo nos dias de Jesus. Eles eram considerados exigências básicas para um judeu piedoso. Jesus, por sua vez, não poderia deixar de falar sobre esses importantes assuntos em seu sermão, só que combatendo as distorções frequentes na prática dessas exigências. Nos primeiros oito versículos do capítulo 6 de Mateus, Ele redefine essas três práticas, resgatando seu real sentido para a vida dos servos de Deus. Ou seja, mais uma vez Ele contrasta a justiça do Reino de Deus com o conceito popular de justiça ensinado e pregado pelas autoridades religiosas de sua época. O foco de Jesus é, mais uma vez, a pureza de motivos. Vejamos, nesta lição, o ensino de Cristo sobre as esmolas. 
 
1. ESMOLAS SEM HIPOCRISIA 
    1.1. “Quando, pois, deres esmola”. A primeira coisa que chama a atenção neste texto do Sermão da Montanha é que a prática de dar esmola como ato de justiça estava tão arraigada entre os judeus da época de Jesus, que nosso Senhor não diz “Se deres esmola”, mas, sim, “Quando deres esmola”. Isso quer dizer que os seus ouvintes tinham o hábito natural de dar esmolas. Que bom seria se as pessoas de hoje tivessem o bom hábito de ajudar as outras! Entretanto, mesmo que todos tivessem esse hábito, isso não seria ainda tudo, porque, como aprendemos com Jesus, além do ato correto, é preciso ter a motivação correta. 
    1.2. Motivos errados. Jesus condena o uso indevido da prática de dar esmolas. Ele não estava condenando o fato dos fariseus darem esmolas, mas, sim, os motivos errados pelos quais estes e muitas pessoas em seus dias estavam dando esmolas. Ou seja, Jesus chama a atenção dos seus discípulos para as motivações corretas. Mesmo boas coisas podem ser feitas pelas motivações mais vis. Não basta que algo em si seja bom, mas que os meios e as intenções de fazer tal coisa sejam também boas.
1.3. Hipocrisia. As pessoas que dão esmolas pelos motivos errados são chamados por Jesus de “hipócritas” (Mt 6.2). O vocábulo grego traduzido aqui como “hipócrita” é hypokrites, que significa literalmente “ator”. Nada mais pertinente, uma vez que a descrição que Jesus faz da atitude desses homens que dão esmolas objetivando serem louvados pelas pessoas é a de atores em plena atuação. Esses homens gostavam de dar esmolas em lugares públicos, onde pudessem ser vistos pela maior quantidade de pessoas na hora de conceder as esmolas. Eles atuavam, literalmente, como bons moços, visando ao elogio e aos aplausos das pessoas, à sua própria glorificação. A expressão “tocar trombeta” denota isso. A ideia aqui é de chamar a atenção das pessoas. Jesus reprova contundentemente essa atitude, enfatizando que o dar esmolas não é um ato que existe para glorificar quem as doa, mas para beneficiar o próximo mais necessitado. O ato deve ser feito com amor, e o amor é desinteressado; ele não busca os seus próprios interesses (1 Co 13.5). 
 
 AUXÍLIO TEOLÓGICO 1 
“A palavra grega hypokrites significa ‘alguém que interpreta um papel’, um personagem em uma obra teatral. Dezesseis dos 27 usos dessa palavra no Novo Testamento são encontrados no Evangelho de Mateus, que caracteriza o hipócrita como uma pessoa cujos atos pretendem impressionar os observadores (Mt 6.1-3,16-18), cujo foco está nos enfeites e não nas questões centrais da religião (Mt 15.1 – 21) e cuja conversa espiritual esconde motivos corruptos. Em Mateus 6, o hipócrita está em contraste com a pessoa de fé, cujo relacionamento com Deus é ‘secreto’” (RICHARDS, Lawrence. Comentário Devocional da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p.559). 
 
2. AJUDANDO O PRÓXIMO SEM ALARDE 
   2.1. A ostentação de piedade. Jesus, em nenhum momento, objetiva alertar os seus discípulos sobre alguma espécie de “perigo” ou “pecado” em as pessoas verem as suas boas obras. Ao contrário, Ele mesmo havia dito antes que as boas obras dos seus discípulos deveriam ser vistas pelos homens, para que eles glorificassem a Deus (Mt 5.16). O que Jesus condena aqui é a ostentação de piedade, é fazer as boas obras para ser glorificado pelos homens em vez de fazê-las como fruto do amor de Deus por nós e pelo próximo. As boas obrgs não são para serem escondidas, pois uma lâmpada escondida debaixo do alqueire não é útil (Mt 5.15). Por outro lado, elas não devem ter como centro da atenção quem faz as boas obras, mas, sim, Deus, que as impele e inspira pelo seu amor derramado em nossos corações. As boas obras, portanto, devem ser feitas com discrição. 
    2.2. “Já receberam o seu galardão”. O vocábulo grego traduzido por “galardão” ou “recompensa” em Mateus 6.2 é apecho, que era usado com frequência nos recibos emitidos nos dias de Jesus. Ou seja, “a força plena da afirmação de Jesus é que aquele que almeja e obtém o louvor dos homens está dando virtualmente um recibo de Totalmente pago’”; logo, essa declaração de Jesus quer dizer que “não haverá nenhum outro galardão aguardando por essa pessoa no céu” (Comentário Bíblico Beacon. vol.6, CPAD, p. 63). 
 
 AUXÍLIO TEOLÓGICO 2
 “A doença no coração dos fariseus, nos tempos antigos, era a doutrina sem amor. Com os ensinamentos dos fariseus, Cristo tinha poucos problemas; mas, com o espírito farisaico, Ele teve uma incessante batalha até o fim. Foi a religião que colocou Cristo na cruz, a religião sem o Espírito no interior. É inútil negar que Cristo foi crucificado por pessoas que hoje seriam chamadas de ‘fundamentalistas’. Isto deve ser inquietante, se não completamente angustiantes para nós, que nos orgulhamos de nossa ortodoxia. Uma alma não abençoada, apesar de cheia da verdade literal, pode ser pior que um pagão que se ajoelha diante de um fetiche. Estamos seguros somente quando o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, somente quando nossos intelectos são habitados pelo fogo amoroso que veio no Pentecostes, Pois o Espírito Santo não é um luxo, não é algo acrescentado de vez em quando para produzir um tipo especial de cristão, uma vez a cada geração. Não. Ele é para cada filho de Deus que tem uma necessidade vital; e o fato de que Ele enche e habita o seu povo é mais que uma lânguida esperança. É, na verdade, um imperativo inevitável” (Bíblia com Anotações A. W. Tozer. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p.1157). 
 
3. DEUS VÊ O BEM QUE FAZEMOS EM SECRETO 
    3.1. “Não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita”. Jesus usa aqui mais uma figura de linguagem, desta feita para enfatizar a necessidade de fazermos o bem às pessoas sem querer chamar a atenção para nós mesmos. A expressão “não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita” é outro hiperbolismo de Jesus, assim como o “arrancar o olho” ou o “cortar a mão” para “atirar para longe de ti” em Mateus 5.29,30, os quais comentamos na Lição 5 desta revista. 
   Hiperbolismo é uma expressão ou imagem exagerada para enfatizar alguma coisa; no caso, um princípio. A imagem da mão direita fazendo algo com discrição, que nem mesmo a sua “colega”, a mão esquerda, bem ali ao lado, percebe o que ela faz, traz uma mensagem muito clara para nós. Jesus está dizendo, em outras palavras: “Não faça boas obras com alarde, mas faça-as com discrição”. Não é esconder as ações de maneira obsessiva e quase neuroticamente, como se estivéssemos escondendo das outras pessoas algo muito feio da nossa parte. É tão somente fazer o que precisa ser feito com o cuidado de não chamar a atenção para si, sem ostentação, sem exibicionismo, sem vaidade. 
     3.2. “E teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente”. Ainda que ninguém aqui na terra – a não ser você e a pessoa beneficiada – saiba das ações que você praticou em benefício de uma pessoa, saiba que o teu Pai celestial está vendo e conhece tudo, e promete recompensar você pelo bem que está fazendo. Deus honra os seus filhos que o honram com as suas vidas, com suas palavras, com suas ações, com sua dedicação sincera e apaixonada. Nós muitas vezes sentimos a necessidade de sermos reconhecidos pelas pessoas quando fazemos alguma coisa que julgamos muito significativa. Esse é um sentimento natural, mas que devemos tomar o cuidado para que eventualmente não se torne em algo doentio, vaidoso. E uma das formas de evitar que isso aconteça é lembrar que o bem que fazemos “em oculto”, isto é, com discrição, sem alarde, e que – justamente por isso – muitas vezes não chama a atenção das pessoas, é reconhecido e visto com amor, prazer e alegria pelo nosso Pai celestial, a quem amamos e que nos ama com amor eterno! Como declara Matthew Henry, um pastor inglês do século 17, “o fato de Deus ver todas as coisas em secreto é um terror para os hipócritas, mas é um conforto para os cristãos sinceros”. 
     3.3. A recompensa divina. Jesus promete que o próprio Pai nos recompensará pelo que fizermos para Ele aqui na terra em favor dos outros. E essa recompensa, que se dará na Eternidade, será pública, diante dos homens e dos anjos. A Bíblia dá a entender que o galardão celestial será alguma espécie de poder (Ap 1.6; 5.9,10), glória (Mt 5.12; cf. 2 Co 4.17,18) e posição que os fiéis a Deus receberão na Eternidade como recompensa pela sua dedicação humilde, sincera e fervorosa a Deus na terra (Mt 20.20-28; 1 Co 3.8). 
    3.4. Deus: Galardoador dos que o buscam sinceramente. A Bíblia diz que Deus tem prazer em abençoar. Ele é galardoador de todos que o buscam (Hb 11.6). Veja que grande contraste: àqueles que fazem boas obras visando à glória entre os homens terão um galardão humano, passageiro, vazio em sua essência. Entretanto, aqueles que faziam boas obras visando à glória de Deus receberão um galardão divino, eterno, perene, de glória indizível (Pv 11.18; Mt 25.23). Vale a pena servir ao Senhor! Somos salvos pela sua graça, abençoados na terra e, depois, galardoados na Eternidade pelo que fizemos em seu nome, para sua glória, quando estávamos aqui. Portanto, como disse o apóstolo Paulo: “Não sejamos cobiçosos de vanglorias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros; “[…] não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido”; “Mas longe esteja de mim o gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo” (Gl 5.26; 6.9,14). 
 
 AUXÍLIO TEOLÓGICO 3
 “Uma autoestima saudável é importante, porque alguns se depreciam; por outro lado, alguns se superestimam. O segredo para uma avaliação honesta e precisa é conhecer a base do nosso valor próprio – a nossa identidade com Cristo. Sem Ele, não conseguimos nada pelos padrões esternos; nEle, somos valiosos e capazes de desempenhar um serviço digno. Avaliar-se segundo os padrões do mundo, de sucesso e realizações, pode fazer com que você superestime o seu valor aos olhos dos outros, deixando de perceber o seu verdadeiro valor aos olhos de Deus” (Manual da Bíblia de Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p.71).

CONCLUSÃO 
Desde o Antigo Testamento, Deus deixou claro o que deseja de seus filhos. Através do profeta Miqueias, Ele afirmou: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humildemente com o teu Deus?” (Mq 6.8). O que Jesus exige dos filhos do Reino nada mais é do que isso: amor sincero por Deus e pelo próximo, bondade, humildade, integridade, submissão à vontade divina. Aqueles que fazem a obra de Deus com esse espírito, com esse sentimento, nunca buscarão a glória para si quando estiverem praticando uma boa ação, mas sempre farão o que devem fazer em favor de seu próximo para glória de Deus e por amor ao seu próximo, nunca por interesse meramente pessoal. 
   Boas ações não devem ser nunca uma competição de egos ou um exibicionismo de “piedade externa”, mas, sim, uma demonstração sincera do amor de Deus derramado em nossos corações e em favor dos necessitados. Qualquer coisa diferente disso é apenas aparência de piedade, e não piedade cristã de fato. É hipocrisia, farisaísmo, e não vida cristã genuína. Deus nos livre desse cristianismo artificial, falso, teatralizado. Que vivamos um cristianismo verdadeiro, genuíno, do coração!

VERIFIQUE O SEU APRENDIZADO

1 . O que Jesus condenou exatamente na prática de dar esmolas como executada pelos fariseus de sua época? 
 Jesus condenou o uso indevido da prática de dar esmolas por parte dos fariseus. Ele condenou os motivos errados pelos quais eles e muitas pessoas em seus dias estavam dando esmolas, porque os fariseus faziam o bem hipocritamente, visando ao elogio e aos aplausos das pessoas. 
 
2 . O que Jesus quer dizer quando afirma que muitos das sinagogas “tocavam trombeta diante de si” ao dar esmolas?
A expressão significa chamar a atenção das pessoas para si. Jesus reprova contundentemente essa atitude, enfatizando que o dar esmolas não é um ato que existe para glorificar quem doa as esmolas. 
 
3 . O que Jesus quer dizer quando afirma que os que “tocavam trombeta diante de si” já haviam “recebido o seu galardão”? 
 Aquele que almeja e obtém o louvor dos homens está dando virtualmente um recibo de “Totalmente pago”. Logo, não haverá nenhum outro galardão aguardando por essa pessoa no céu”. 
 
4 . O que significa a orientação de Jesus de que “não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita”? 
 Não faça boas obras com alarde, mas faça-as com discrição. 
 
5 . Que recompensa pública é esta que os filhos de Deus receberão no céu por suas boas obras na terra realizadas em amor? 
 O galardão celestial, que será alguma espécie de poder, glória e posição que os fiéis a Deus receberão na Eternidade como recompensa pela sua dedicação hum

1 comentário em “LIÇÃO 8- Sem hipocrisia, mas com verdade”

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