29 de Agosto de 2021
Jovens 3º Trimestre de 2021
TEXTO DO DIA
“Então, o SENHOR me respondeu e disse: Escreve a visão e torna-a bem legível sobre tábuas, para que a possa ler o que correndo passa. Eis que a sua alma se incha, não é reta nele; mas o justo, pela sua fé, viverá.” (Hc 2.2,4)
SÍNTESE
A fé é o fundamento da vida cristã. Devemos confiar em Deus mesmo quando aparentemente as peças não se encaixam, pois Ele está no controle de todas as coisas.
Agenda de leitura
SEGUNDA – Rm 5.1 O cristão é justificado pela fé
TERÇA – Gl 3.11 Ninguém é justificado diante de Deus pelas obras, mas pela fé
QUARTA – Rm 11.20 O cristão se mantém firme pela fé
QUINTA – Hb 11.6 Sem fé é impossível agradar a Deus
SEXTA – Sl 73.28 A confiança do cristão está em Deus
SÁBADO – Rm 1.17 Em Cristo se descobre a justiça de Deus de fé em fé
Objetivos
1 EXPLICAR o contexto histórico, estrutura e mensagem do livro de Habacuque;
2APRESENTAR as dificuldades do profeta Habacuque em compreender os caminhos de Deus;
3 ESCLARECER a importância da fé como elemento essencial da vida cristã.
Interação
Prezado (a) professor(a), estudaremos na lição deste domingo o livro do profeta Habacuque. Ele profetizou em Judá e o tema central do seu livro é na verdade a grande indagação de todo cristão: “Onde está Deus, quando os seus filhos sofrem?”
Habacuque não conseguia entender como os babilônios, que ignoravam as leis de Deus, saqueavam as nações, violentavam as mulheres e matavam tantas pessoas seriam usados para punir o povo do Senhor por seus pecados. Muitas vezes, em nossa limitação, não conseguimos compreender o agir de Deus. Contudo, precisamos confiar no seu operar, na sua misericórdia e justiça. Com Habacuque aprendemos que Deus é soberano e Ele jamais perde o controle de toda e qualquer situação. Nós temos é que confiar, pois “o justo, pela sua fé, viverá” (2.4).
Texto bíblico
Habacuque 2.1,2
1 Sobre a minha guarda estarei, e sobre a fortaleza me apresentarei, e vigiarei, para ver o que fala comigo e o que eu responderei, quando eu for arguido.
2 Então, o SENHOR me respondeu e disse: Escreve a visão e torna-a bem legível sobre tábuas, para que a possa ler o que correndo passa.
INTRODUÇÃO
Em seu livro, Habacuque abre seu coração, expondo a Deus suas percepções e incompreensões. Durante este diálogo, uma grande descoberta teológica acontece: “A fé como forma de vida na relação do crente com Deus”. Uma fé que jamais foi confrontada não passa de fantasia, pois a fé é provada real e verdadeiramente nos conflitos da vida.
I – HABACUQUE
1. Sua vida. Não temos muitas informações a respeito da vida de Habacuque, tudo o que sabemos sobre ele é por dedução. Seu nome, cujo significado é “abraço”, aparece duas vezes em toda a Bíblia, exclusivamente no seu livro (Hc 1.1; 3.1).
Não temos informações sobre sua cidade de origem, sua profissão e sua filiação. A literatura rabínica apoiava a ideia que ele fosse de origem sacerdotal. Considerando que o texto bíblico apresenta-o diretamente como profeta, inferimos que ele fosse um profeta formado e reconhecido, que estudou na “escola de profetas”, um estabelecimento formal (Hc 1.1). O mesmo se aplica a Ageu e Zacarias (Ag 1.1; Zc 1.1). O texto de Habacuque 3.19 também parece apresentar o profeta como um levita oficial, qualificado para participar do cântico litúrgico no Templo de Jerusalém. O pós-escrito da oração de Habacuque foi destinado ao “cantor-mor” (mestre de música) e certamente seria aplicada ao coro dos levitas, sendo também acompanhado com os instrumentos de corda.
2. Data do livro. O profeta não cita nomes de reis. Sem essa referência histórica fica difícil especificar uma data. Ao ler o livro, encontramos algumas informações que nos levam a propor por dedução uma possível data. Ele parece surpreso ao saber que Deus levantaria a Babilônia (os caldeus) para subjugar Judá. Sabemos que o livro foi escrito um pouco antes da primeira invasão da Babilônia em Jerusalém no ano 605 a.C.
3. Estrutura e mensagem do livro. A profecia de Habacuque foi um “peso” para Judá, termo que indica uma “sentença pesada” entregue por meio de profecia (Hc 1.1). O oráculo lhe foi revelado em forma de visão. Seu livro tem três capítulos e contém pelo menos três formas literárias diferentes: “diálogo” (Hc 1.2 2.5); “ais proféticos” (Hc 2.6-20) e “louvor” (Hc 3). O livro é um diálogo, uma profecia ou até mesmo um poema. Foi escrito no hebraico mais puro e sua mensagem está cheia de metáforas inusitadas e comparações (Hc 1.8,11,14,15; 2.5,11,14,16,17; 3.6,8-11). O primeiro capítulo denuncia o estado de apostasia da nação e a resposta de Deus aos questionamentos de Habacuque (Hc 1.1-17). O segundo capítulo apresenta uma resposta mais detalhada de Deus sobre seus planos e desígnios diante de novos questionamentos apresentados pelo profeta (Hc 2.1-20). O terceiro capítulo é uma oração de louvor que destaca a importância da fé (Hc 3.1-19).
II – A CRISE DO PROFETA
1. A maldade de Jerusalém. O profeta demonstra inconformidade com o pecado que crescia vertiginosamente entre seu povo.
A violência, os atos de crueldade e a injustiça permeavam a vida pública e privada de Judá (Hc 1.3). Para o profeta, aquela situação era insuportável. Como Deus poderia ver tudo aquilo e não fazer nada? (Hc 1.2). Todo aquele antro de perversidade aumentava a demanda das contendas e litígios. Os tribunais estavam cheios de problemas a serem resolvidos. Contudo, a lei estava sendo manuseada de forma escusa e o juízo estava sendo pervertido (Hc 1.4). A lei era o dispositivo legal para garantir a ordem pública e os direitos dos cidadãos, mas como o sistema judiciário de Judá estava corrompido, a injustiça prevalecia. Os anciãos aceitavam suborno e as testemunhas locais mentiam. O indefeso que aguardava o emprego da justiça ficava frustrado. O profeta questionou como Deus poderia tolerar tudo aquilo e não intervir. Quando vemos uma injustiça, somos levados a recorrer a Deus. Às vezes, entramos em crise neste processo. Não somos tão diferentes de Habacuque. É difícil lidar com a injustiça e a sensação de impunidade.
2. O questionamento do profeta. Seria este questionamento uma murmuração perversa? Cremos que não! A murmuração tem o propósito de deteriorar a imagem de Deus, colocando em dúvida Seu caráter perfeito. Habacuque faz o contrário, apela para a justiça divina no propósito de zelar pela imagem do Altíssimo. Ele podia não entender o agir de Deus, contudo, posteriormente comprovou sua confiança inabalável nas ações divinas, por mais contraditórias e paradoxais que pudessem parecer aos seus próprios olhos (Hc 2.4). Seus questionamentos apenas revelaram suas limitações face aos caminhos inescrutáveis de Deus. É interessante como o texto bíblico faz questão de mostrar as vulnerabilidades e incompreensões de Habacuque. Deste modo, fica claro que a origem de sua proclamação não tinha como fonte a sua mentalidade perspicaz, mas a própria revelação de Deus. Como Habacuque, temos liberdade para apresentar a Deus nossas dúvidas e questionamentos. O que Deus espera de nós, em nossa oração, não são palavras rebuscadas, ditas de forma mecânica, mas um diálogo sincero com Ele (Mt 6.6,7).
3. A resposta de Deus. Deus responde aos questionamentos do profeta dizendo que colocaria um fim na maldade de Judá suscitando a Babilônia para castigar o seu povo (Hc 1.5-11). Na Bíblia o silêncio divino é sempre precedido por um grande feito. Os caldeus representavam a solução divina para aquela situação (Hc 1.6). Durante muito tempo os erros de Judá ficaram sem castigo, porém o juízo estava sendo instaurado (Hc 1.7). O profeta demonstrou não entender a ação divina, pois como poderia Deus usar uma maldade maior (Babilônia) para punir uma maldade menor (Judá)? A crise instaurou no seu interior (Hc 1.13).
O que Deus espera de nós, em nossa oração, não são palavras rebuscadas, ditas de forma mecânica, mas um diálogo sincero com Ele.
III – A FÉ COMO FORMA DE VIDA
1. Aguardando uma nova resposta. O profeta ficou aterrorizado ao conhecer os planos de Deus e questionou como Deus poderia estar decidido em punir o seu povo por intermédio de uma nação idólatra.
Ao saber do plano divino, ele entrou em crise se assustando com o juízo que viria. Para Habacuque, o povo de Judá não era tão mal quanto à nação executora do juízo (os ímpios babilônios). Então, como poderia Deus fazer vistas grossas aos pecados da Babilônia para simplesmente castigar os pecados de Judá? (Hc 1.13). O profeta entrou em um ciclo de questionamentos por não conseguir entender os planos de Deus. Será que a Babilônia continuaria tendo sucesso em seus empreendimentos militares apanhando os povos com a sua rede ou Deus colocaria um fim naquela situação? (Hc 1.17). Confiante na nova resposta divina, ele se preparou para ser arguido por Deus (Hc 2.1). O profeta permaneceu vigilante no afã de ouvir a voz do Senhor, cumprindo com eficácia a função de um profeta.
2. A nova resposta de Deus. O juízo sobre a Babilônia viria no tempo determinado por Deus (Hc 2.3). O profeta deveria esperar independente do tempo, porque no momento certo a visão se cumpriria. A nação ímpia fracassaria (Hc 2.4). Seu sucesso seria aparente, mas logo cairia. O justo não deve se guiar pelas causas aparentes, antes deve viver pela fé (Rm 5.1; Gl 3.11). No fim, aquele que foi fiel sempre emergirá vitorioso porque Deus é justo. Ele fez questão de mostrar para o profeta que conhecia os pecados da Babilônia, pois eles embriagavam-se com o vinho, eram soberbos e possuíam uma sede insaciável por conquistas (Hc 2.5). Consideravam-se superiores as demais nações. Movidos por este complexo de superioridade mostravam-se insaciáveis em suas conquistas, espalhando a morte e a tragédia por todos os lados. Deus sabia de tudo isto e no momento certo trataria com eles. O desafio do profeta era crer na mensagem e esperar sua realização.
3. O triunfo da fé. O profeta exaltou ao Senhor evidenciando sua gratidão pela revelação dos planos de Deus para Judá e Babilônia. Demonstrou temor e expectativa (Hc 3.2). Clamou com ímpeto pedindo que Deus avive a sua obra. Avivar não é utilizado como sinônimo de “reavivar”, ou que Deus faça o que já fez no passado, o sentido do texto é para Deus “preservar a vida” por meio de uma obra ativa e intensa ao longo do tempo. Em sua oração, o profeta apresenta traços característicos de uma fé sólida e um respeito profundo pela soberania de Deus ao afirmar que no dia da angústia confiará no Senhor, pois em breve os babilônios também experimentariam o juízo divino (Hc 3.16). A lição do livro de Habacuque é o que o justo deve viver pela fé (Hc 2.4). Ele professa com muita determinação sua profunda fé em Deus a despeito de todo o sofrimento que suportaria com a aplicação do juízo sobre Judá. Quando uma nação era julgada pelos seus pecados, ímpios e justos sofriam. Habacuque estava se preparando para o pior. Apesar dos sombrios prognósticos futuros, o profeta diz que descansará em Deus, pois ele compreendeu que a fé do crente deve ser mais forte do que as circunstâncias (Hc 3.17-19).
SUBSÍDIO 1
“Habacuque é o profeta que fez duas perguntas que Deus respondeu após muito tempo, e que, então respondeu com uma grande oração, testemunhando a sua fé em Deus. Mais especificamente, o profeta expressa perguntas e dúvidas a respeito da justiça de Deus e da sua administração do mundo.
Os profetas não eram apenas pregadores inspirados de mensagens divinas ao povo de Deus, mas também transmitiam o peso do Senhor pelo seu mundo destruído e a sua profunda preocupação com o seu povo rebelde. Neste aspecto, Habacuque se assemelha, e muito, a Jeremias. Ainda mais do que com Jeremias, o diálogo de Habacuque com Deus e as suas persistentes orações ocupam o lugar da pregação profética, como o cerne da mensagem.
As várias seções de diálogo neste livro podem representar as lutas espirituais de Habacuque durante um longo período de tempo, possivelmente começando já em 626 a.C. e continuando até 590 ou mais tarde. Habacuque propôs algumas das mais penetrantes perguntas de toda a literatura, e as respostas são essenciais a uma visão adequada de Deus em relação com a história” (Profetas Menores: Livro de Estudo. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, p. 157).
SUBSÍDIO 2
Esta é uma ‘oração do profeta’. Normalmente, o ministério profético é diferenciado do sacerdotal da seguinte forma: enquanto o sacerdote apresenta diante de Deus as causas humanas, o profeta faz caminho inverso, entregando ao povo aquilo que recebeu do próprio Deus. Assim, o ministério sacerdotal é intercessório, enquanto o profético é caracterizado pela transmissão da orientação divina ao povo. Os dois eram bem definidos e se completavam.
No entanto, na primeira grande marca desse capítulo de peroração, lemos que Habacuque, apesar de ser profeta, exerceu um ministério intercessório. Ele não apenas profetizou, mas também intercedeu fervorosamente pelo seu povo.
Em segundo lugar, o capítulo 3 do livro do profeta-levita é uma oração, mas também é um cântico. Ou melhor: é uma oração cantada. Como levita que era, Habacuque sabia da importância do louvor e, nesse caso, sob a inspiração divina, preferiu orar a Deus em forma de cântico” (COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Os Doze Profetas Menores. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, pp. 77,78
CONCLUSÃO
O justo vive pela fé (Hc 2.4). A declaração de Habacuque tornou-se a pedra fundamental da justificação pela fé na teologia paulina e, na Idade Média, com Lutero, representou a confissão essencial da Reforma Protestante.
HORA DA REVISÃO
1. Quais são as principais informações que deduzimos sobre Habacuque?
Possivelmente ele era um profeta formado na “escola de profetas”, além de ser um hábil compositor com uma alma de adorador. Viveu em Jerusalém e profetizou um pouco antes da invasão da Babilônia em 605 a.C.
2. A profecia de Habacuque foi considerada um “peso” para Judá. O que isto significa?
Este termo indica uma “sentença pesada” entregue por meio de uma profecia. A proclamação não era favorável a Judá, pois anunciava sua derrota militar para uma potência estrangeira.
3. Qual foi o primeiro questionamento que levou o profeta a clamar ao Senhor?
O crescimento do pecado em Judá.
4. Qual foi a resposta de Deus para os pecados de Judá?
Os caldeus. Deus permitiria que a Babilônia – uma nação estrangeira – subjugasse Judá no afã de purificar o seu povo.
5. Ao saber do plano divino Habacuque faz um novo questionamento: “Como pode Deus fazer vistas grossas aos pecados da Babilônia para simplesmente castigar os pecados de Judá?” (Hc 1.13). Qual foi a resposta de Deus para esta questão?
No tempo proposto por Deus o juízo também viria sobre a Babilônia, pois a nação ímpia fracassaria (Hc 2.4), porém, o justo deveria viver pela fé (Rm 5.1; Gl 3.11).