1948

O Conselho Mundial de Igrejas é formado

Todas as vezes que as pessoas foram encorajadas a pensar por si mesmas, ocorreu divisão na igreja. Sempre que houver dois ou três reunidos, existe uma grande possibilidade de você ter quatro ou cinco opiniões.

A Bíblia fala da união dos crentes, mas também revela a necessidade de se apegar à verdade. Muitos reformadores, como já vimos, se firmaram na verdade e, como resultado, separaram-se das igrejas que consideravam falsas. Outros, como Alexander Campbell e John Nelson Darby levantaram-se contra divisões mesquinhas promovidas em nome da unidade da igreja. Infelizmente, porém, as idéias que esses homens tinham sobre a verdade também foram desafiadas, e a unidade que buscavam nunca foi alcançada. “Falar a verdade em amor” nunca é fácil.

John R. Mott e seus associados, no entanto, perceberam que a obra missionária eficiente exige cooperação e unidade da igreja — e, talvez, a unidade da igreja exigisse trabalho missionário. Uma revoada de gansos permanece unida contanto que voem na mesma direção. Se os cristãos simplesmente se sentarem juntos para pensar, nunca concordarão nos pontos delicados da teologia. Mas se você os puser para trabalhar juntos, para propagar o Evangelho de Cristo, talvez então possamos ser o corpo unido que Cristo deseja.

O Movimento Estudantil Voluntário, liderado por Mott, provocou um vendaval de atividades missionárias. Ele funcionava além das linhas denominacionais. Outras organizações espalharam a atividade para além das universidades, alcançando os leigos mais idosos. Em 1910, a Conferência Missionária Internacional se reuniu, em Edimburgo, a fim de planejar estratégias para o evangelismo mundial. Esse evento é geralmente considerado o início do movimento ecumênico. Com John R. Mott como seu principal propagador, os milhares de delegados colocaram em ação duas organizações: o Movimento de Fé e de Ordem (para questões doutrinárias) e o Movimento de Vida e de Trabalho (para missões e ministério).

De maneira geral, o progresso foi lento — além de ter sido interrompido por duas guerras mundiais. A cada dez anos, mais ou menos, esses “movimentos” se encontrariam para discutir as necessidades do mundo e a situação das igrejas. O Movimento de Vida e de Trabalho se encontrou em Estocolmo em 1925, para discutir o relacionamento do cristianismo com a sociedade, a política e a economia. Dois anos depois, o Movimento de Fé e de Ordem se reuniu em Lau-sanne para tentar pôr em prática a difícil tarefa de extrair alguma unidade doutrinária.

Em 1937, encontrando-se separadamente, em Oxford e em Edimburgo, as duas organizações decidiram se unir. Os líderes da igreja se encontraram em Utrecht, em 1938, para esboçar uma constituição. Entretanto, a Segunda Guerra Mundial impediu que as igrejas dessem prosseguimento a esse plano.

Depois da guerra, porém, houve um sentido de unidade ainda maior, à medida que as igrejas no mundo todo buscavam recolher os pedaços. Uma reunião em Amsterdã, em 1948, finalmente mesclou as duas organizações, formando o Conselho Mundial de Igrejas [CMI]. Havia 135 organizações eclesiásticas representados ali, vindas de 40 nações diferentes. Depois de toda uma vida dedicada ao esforço ecumênico, Mott, agora na casa dos 80 anos, foi eleito presidente honorário.

Descrevendo a si mesmo como “uma comunidade de igrejas que aceita Jesus Cristo como Senhor, Deus e Salvador”, o CMI chamava as igrejas para trabalhar juntas, estudar juntas, ter comunhão e adorar juntas, e para se reunir em conferências especiais de tempos em tempos. O CMI negava qualquer plano de formar uma nova “igreja mundial”. Ele não teria poder centralizado algum, pois simplesmente objetivava dar às igrejas ao redor do mundo a oportunidade e os recursos para cooperarem umas com as outras.

Desde o início, alguns grupos protestantes principais dos EUA se recusaram a fazer parte do CMI, em particular os batistas do sul e da Igreja Luterana (Sínodo do Missouri). A Igreja Católica Romana via a si mesma como uma unidade e, portanto, não se uniria, embora o Vaticano n tenha aberto algumas portas para a discussão. Apesar disso, o CMI se mantém como uma organização ativa e influente no mundo todo. Kenneth Scott Latourette o chama de “o mais inclusivo corpo que o cristianismo jamais possuiu”.

Muitos conservadores atacam a mentalidade “revolucionária” do CMI. Hoje vemos que não foi possível alcançar a união organizacional da igreja no século passado — e talvez ela nunca seja alcançada. Novas formas de cooperação para juntar os cristãos estão sendo descobertas e implementadas. Porém, a oração de Jesus em João 17.21 (“… para que todos sejam um”) ainda não foi plenamente respondida.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *