1960
Início da renovação carismática moderna
O vigário de uma igreja próxima pediu ajuda a Dennis Bennett, prior da Igreja Episcopal de São Marcos, em Van Nuys, Califórnia. O vigário tinha alguns amigos que haviam “recebido o batismo no Espírito Santo” e falavam em línguas.
Embora Bennett não conhecesse muito sobre o assunto, concordou em atender o casal. E foi assim que ele também experimentou o batismo.
O batismo se espalhou por toda a área, e a igreja daquele casal deu início a um grupo de oração. Suas reuniões eram entusiasmadas, mas ordeiras e, com bastante freqüência, passavam da uma da manhã. Em 3 de abril de 1960, cerca de setenta membros da igreja de Bennett já haviam sido “batizados com o Espírito Santo”.
Embora a atividade carismática não fosse permitida nos cultos formais promovidos por Bennett, notícias sobre aquele fato circulavam e muitas pessoas tinham perguntas. Por fim, isso levou a uma divisão. Bennett deixou a igreja e o número de membros que permaneceriam nela era incerto.
Ao contrário de muitos que se separam da igreja em função de discordâncias, Bennett decidiu permanecer no sacerdócio episcopal. Ele se mudou para Seattle, e a igreja problemática que pastoreou ali recebeu uma nova vida. O movimento carismático se espalhou, e Bennett se tornou uma figura nacional.
O centro do movimento permanecia em Van Nuys. Jean Stone, membro da Igreja de São Marcos, fundou a Blessed Trinity Society [Sociedade da Bendita Trindade] em 1961, visando prover comunhão e informação para o movimento carismático que nascia. Em 1962, a sociedade lançou os seminários intitulados “Avanço Cristão”. Essas palestras tinham por objetivo atingir as denominações tradicionais, fazendo com que elas tivessem contato com o ministério e os dons do Espírito Santo. Embora os carismáticos fossem às vezes ultrajados e mal compreendidos, geralmente encontravam espaço entre as minorias das igrejas não-carismáticas, nas quais eles às vezes assumiam um lugar de destaque.
Rapidamente, o movimento se espalhou por toda a área de Los Angeles e, à medida que a imprensa nacional se concentrava nele, o movimento se espalhava pelos EUA. Mais tarde, em 1966, o grupo de estudiosos católicos da Universidade de Duquesne, em Pittsburgh, começou a estudar a experiências carismáticas. No início do ano seguinte, vários deles tiveram a experiência carismática. Depois de um retiro de final de semana, havia cerca de trinta novos adeptos, tanto entre alunos quanto entre professores, e uma comunidade carismática veio a se formar naquele local.
Na maioria dos casos, o movimento carismático começou nas classes alta e média. Ele se iniciou em igrejas californianas bastante influentes e influenciou a alta classe de igrejas tradicionais como a episcopal e a presbiteriana. Na Igreja Católica, teve início não entre as paróquias, mas nas universidades. Contudo, a partir desse início, ele se espalhou para todos os níveis da sociedade.
Por mais estranho que possa parecer, os carismáticos tinham poucas relações aparentes com as igrejas pentecostais instituídas. Seu movimento não foi estabelecido como um ramo da igreja pentecostal e encontrava lugar dentro de denominações tradicionalmente não-pentecostais. Entretanto, havia uma conexão. O casal original a quem Bennett aconselhou recebera o batismo por causa da influência de amigos pentecostais. Esse padrão prosseguiu em todos os lugares.
Por que o movimento carismático alcançou popularidade tão rapidamente? Os estudiosos apontam várias razões.
Seguindo o mesmo caminho de uma campanha de Oral Roberts em 1951, o fabricante de laticínios Demos Shakarian fundou a Comunidade Internacional do Evangelho Pleno para Homens de Negócio, entidade que reuniu leigos da ala pentecostal para a comunhão. A organização, de imediato, ajudou o pentecostalismo a conseguir algum respeito no mundo não-pentecostal.
O declínio do “movimento da cura” no final da década de 1950 permitiu que os pentecostais voltassem seu foco para o evangelismo, e, em 1968, o famoso pregador pentecostal Oral Roberts se tornou metodista. Contudo, o antigo pregador pentecostal David du Plessis, provavelmente, influenciou a introdução dos carismáticos nas denominações principais mais do que esses que acabamos de mencionar. Durante muitos anos, ele trabalhou como um tipo de embaixador não-oficial do movimento pentecostal, falava a estudiosos e líderes não-pentecostais — incluindo alguns membros do Conselho Mundial de Igrejas — sobre suas crenças. Dois aspectos — o espírito acolhedor de David du Plessis aliado à sua dignidade pessoal — contribuíram muito para que ele fosse ouvido.
O caminho estava preparado para o movimento carismático, e os membros das denominações principais que haviam perdido o medo dos carismáticos responderam prontamente aos seus ensinamentos.
Os carismáticos se tornaram uma das expressões mais dinâmicas do cristianismo no século xx, atingindo efetivamente os que não eram tocados pelas igrejas tradicionais. Eles possuem expressões entusiasmadas de adoração, combinadas ao otimismo de que estão no lugar que o Espírito de Deus os colocou. Tanto a abertura a novos métodos de evangelismo quanto a presença dessas outras características fizeram deles um fenômeno mundial e, nos países do Terceiro Mundo, alcançaram sucesso fenomenal.