2 de fevereiro de 2020
TEXTO DO DIA
“E toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.” (Fp 2.11)
SÍNTESE
O conhecimento claro e seguro de quem o Senhor Jesus é, através dos seus vários títulos, tem o poder de trazer a luz à solução para vários aspectos relevantes da pessoa do Salvador do mundo.
Agenda de leitura
SEGUNDA – Mt 12.18 A maneira mais comum de Jesus chamar-se
TERÇA – Mt 12.8 O filho do homem como metáfora da humanidade
QUARTA – 2Cr 21.7 O cumprimento da promessa feita a Davi
QUINTA – Mt 12.23 O reconhecimento público da vocação messiânica de Jesus
SEXTA – Mt 16.16 Quem é Jesus?
SÁBADO – 1Pe 4.14 O nome pelo qual vale a pena ser escarnecido
Objetivos
I – REFLETIR sobre a denominação de Filho do Homem;
II – ASSOCIAR o título “Filho de Davi” à natureza profética e majestática do ministério de Cristo;
III – APRESENTAR o conceito de messianeidade como central no Cristianismo.
Interação
Grande parte dos problemas com que nos deparamos em sala de aula tem basicamente duas origens: falta de preparação prévia e ausência de autoavaliação. Com o devido preparo antecipado conseguimos minimizar os efeitos negativos de eventuais contratempos que venhamos a enfrentar em sala de aula, por isso, estude regularmente as lições, prepare seu roteiro particular de exposição do conteúdo – tendo em vista que a Lição Bíblica é um norte, um possível caminho de abordagem, jamais uma camisa-de-força didático-pedagógica. Já a autoavaliação é importante na medida em que nos permite adequar rotinas e estratégias à realidade vigente. Talvez um método utilizado por você antes, neste semestre não está sendo eficaz, ou ainda, ocorreram mudanças no contexto de suas aulas que exigem – também – mudanças da sua parte. Assim, uma autoavaliação durante o processo pedagógico poderá enriquecer suas aulas e evitar insucessos.
Orientação Pedagógica
Aproveitando todo o ambiente de descontração que deve ser uma sala de jovens, inicie sua aula perguntando a seus alunos se eles conseguem perceber a diferença entre um apelido e um nickname. Ao pé-da-letra, ambas palavras significam a mesma coisa, na prática, todavia, há uma sutil e relevante diferença: o apelido geralmente é uma designação atribuída por outras pessoas a um indivíduo no mundo real, já o nickname é a maneira pela qual um indivíduo escolhe ser chamado no mundo virtual (internet). Ao final das “apresentações”, discuta com seus educandos o fato de também terem sido atribuídos a Jesus alguns títulos e dEle ter escolhido ser chamado de alguns nomes em especial. Demonstre a seus alunos que a maneira pela qual somos definidos pelos outros ou definimo-nos diz muito sobre nós. Apresente então alguns nomes que se relacionam diretamente a Jesus e demonstre o nível de revelação e caracterização da pessoa de Jesus em cada um deles.
Texto bíblico
Filipenses 2.5-11
5 De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,
6 que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus,
7 Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;
8 e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.
9 Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome,
10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,
11 e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.
INTRODUÇÃO
A vinda do filho de Deus ao mundo é o clímax de uma série de promessas anunciadas no Antigo Testamento. Em virtude disto, a Escritura denomina Jesus com um conjunto de títulos e adjetivos, buscando dessa maneira apresentá-lo da melhor forma possível àqueles que não tiveram o privilégio de conviver diretamente com o Salvador. Pensar sobre cada uma das designações de Jesus nos ajudará a compreender melhor a totalidade da obra do Salvador.
I – FILHO DO HOMEM
1. O uso e a origem do conceito do “Filho do Homem” no Antigo Testamento. Numa tradução, “Filho do homem” em Hebraico é “bem’adam”. Este detalhe linguístico-etimológico demonstra a associação do conceito, à princípio, com o caráter adâmico do personagem a quem ela refere-se. Esta expressão está presente no Antigo Testamento em quase 100 versículos. Há, no entanto, uma característica muito peculiar da presença deste termo no Antigo Testamento: ele aparece, em noventa por cento dos casos, no livro de Ezequiel – onde há mais de 90 registros. Em Ezequiel a locução sempre se refere diretamente à pessoa do profeta. Assim, a expressão, num primeiro sentido, corresponde a imagem de um legítimo “Filho de Adão”, um “Filho da Humanidade” ou um humano de verdade.
2. A autorreferenciação de Jesus como “Filho do Homem”. Este é um dos títulos mais recorrentes do Novo Testamento – aparecendo mais de 80 vezes. Com raras exceções, o título que Jesus atribui a si mesmo nos três Evangelhos sinóticos é sempre “Filho do Homem”. No Novo Testamento, além da expressão também carregar uma possível conotação apocalíptica (Ap 1.13; 14,14), é relevante o fato dela não estar presente na vasta literatura de Paulo. O termo pode ser entendido como uma autorreferência de Jesus a sua humanidade e um esforço de esclarecer sua vocação espiritual, e não política (Mc 9.31; Lc 12.40), especialmente como uma possível indicação do cumprimento profético de Gênesis 3.15. Porque Jesus optaria por atribuir a si mesmo, tantas vezes, este título em específico? São várias as possibilidades de respostas, dentre algumas: Por sua conotação de humildade e simplicidade; em momento algum do Evangelho vemos Jesus exigindo para si mesmo, com arrogância, tratamento por meio de títulos. Ao contrário, o Salvador sempre portou-se como um de nós; e como bem fala o escritor aos Hebreus, Ele não se envergonha de chamar-nos de seus irmãos (Hb 2.11).
3. O paradigma de Jesus para nossas autoavaliações. Jesus não incomodou-se em ser reconhecido a partir da sua humanidade, mesmo sabendo de todas as limitações que tal condição lhe acarretava. Por que nós deveríamos dar crédito a qualquer tipo de movimento religioso, evangélico ou não, que defende – aberta ou dissimuladamente – uma divinização da humanidade? Deste modo, é necessário denunciarmos e/ou abandonarmos todo modelo de falso Cristianismo que procura endeusar pessoas, inflacionando seus egos e entorpecendo suas autopercepções. Quanto mais próximos de Deus, mais humanos nos reconheceremos (Lc 5.8), e isto nunca será prejudicial, antes, será um ótimo antídoto contra todo tipo de soberba e insensatez.
II – FILHO DE DAVI
1. A realeza de Jesus. Este é o título que se refere diretamente à realeza de Jesus. É assim que Mateus apresenta-nos Jesus, logo na primeira frase do seu Evangelho (Mt 1.1). A associação do Mestre da Galileia com o rei Davi concede-lhe o status de personagem que cumpre importantes promessas do Altíssimo feitas ao grande rei de Israel (1 Rs 8.25; 2 Rs 8.19; 2 Cr 21.7; Is 9.7; Jr 33.17). Há um forte caráter messiânico nesse título, uma vez que – num tempo de opressão e controle do Império Romano – somente um legítimo descendente da casa de Davi poderia trazer esperança de cumprimento das profecias sobre a libertação dos filhos de Israel de toda e qualquer opressão. É a partir deste título, inclusive, que a fraudulenta acusação dos líderes religiosos contra Jesus ganha algum tipo de fundamento (Lc 23.2), pois em momento algum dos Evangelhos – senão na crucificação – vemos o título de “Rei dos Judeus” associado ao Mestre, porém, ao ser chamado filho de Davi, este outro título ficava implícito. Ao contrário da designação “Filho do Homem”, Jesus nunca se denomina como “Filho de Davi”. São basicamente três os episódios no Novo Testamento nos quais o Senhor é nomeado com esse título: A cura da filha da mulher cananeia (Mt 15.22), a cura de Bartimeu (Mc 10.47) e na estrada triunfal em Jerusalém (Mt 21.9-15). Analisemos então, pormenorizadamente, estes três episódios para que possamos mensurar a importância deste título de Jesus.
2. O poder de cura do Filho de Davi. A mulher estrangeira e o deficiente visual clamarem por cura, chamando Jesus de “Filho de Davi”, é um indício de que até as pessoas mais simples e desprestigiadas socialmente tinham plena consciência da magnitude e grandeza de Jesus nos dias de seu ministério. Diferente de César, que percorria seus territórios rodeado de pompa e glamour, o Filho de Davi, verdadeiro e único herdeiro de um trono eterno, caminhava pelos mais inexpressivos rincões, levando consigo saúde e esperança (Lc 1.32,33). Em nada Jesus diminuiu-se por dar atenção a pessoas marginalizadas, indivíduos que não eram – em virtude das condições biossociais – respeitados naquela comunidade. Um rei acolhendo o clamor de uma mãe estrangeira e o pedido insistente de um doente marginalizado é uma prova inconteste de que não são coroas, súditos ou tronos que indicam a realeza de alguém, e sim, o conjunto de ações, uma postura ética, um coração de rei. E tudo isto Jesus tinha. Estes dois milagres de Jesus demonstram uma verdade inquestionável: poder de trazer a morte e a dor qualquer déspota enlouquecido tem, contudo, autoridade sobre demônios e enfermidade – isto é, poder de dar vida – somente Jesus, o “Filho de Davi”, tem.
3. O anúncio do rei em sua entrada triunfal. A imagem de Mateus 21.9 é um momento único nos Evangelho: Jesus adentra Jerusalém aclamado pelo povo não apenas como profeta, mas também como real herdeiro do trono. O clamor da multidão, provavelmente inspirado nos Salmos 20.9 e 118.26, descreve a chegada de uma autoridade na cidade. Era assim que os colonizados por Roma deveriam proceder quando da visita oficial de um senador ou mesmo do imperador. No entanto, quem entrava na cidade era o Salvador, o prometido de Israel, o Filho de Davi. Apenas Mateus, o escritor cuja influência da tradição judaica é mais forte, registra o título atribuído a Jesus, enquanto que os demais evangelistas destacam a realeza do Mestre, sem contudo, associá-la a sua origem davídica (Mc 11.9,10; Lc 19.37,38; Jo 12.13). Como sabemos, pelo menos parte da multidão que celebrou a chegada do Rei dos reis, em uma semana, seria manipulada para pedir a crucificação do Salvador. Desta repentina mudança de comportamento fica um indício: se a mentira e maldade dos religiosos induziram a multidão ao erro, a espontaneidade do povo levou-o à adoração. Por isso, menos protocolos religiosos, mais liberdade para a adoração.
III- MESSIAS
1. Messias-Cristo-Ungido. Sem dúvida alguma, o título mais importante de Jesus era “Messias” /”Cristo”/ “Ungido” (é importante lembrar que estas três palavras tem o mesmo significado, sendo apenas de idiomas diferentes, respectivamente, hebraico, grego e português). Em momentos marcantes do Evangelho Ele é reconhecido como Cristo; já como Ungido, temos a referência de Atos 4.26. É, porém, como o Cristo que os escritores do Novo Testamento mais se referem a Jesus de Nazaré. O uso do termo justifica-se pela centralidade da obra redentora do Senhor, isto é, falar de Jesus Cristo é apresentar ao mundo o plano da salvação. O Novo Testamento começa (Mt 1.1) e conclui (Ap 22.21) com a referência de Jesus como o Cristo. A ideia da “unção” está, no Antigo Testamento, diretamente associada a realização de uma missão especial (Sl 105.15) e específica (consagração de reis – 1 Sm 10.1; 16.1; 1 Rs 1.39; de sacerdotes – Lv 8.12; e profetas – 1 Rs 19.16 ).
2. Tu és o Cristo! Num dos momentos mais emblemáticos do Evangelho, o Mestre faz uma pergunta aos seus discípulos acerca da compreensão de sua identidade por parte da comunidade daquela época (Mt 16.13). Os seus amigos apresentam-lhe o diagnóstico de que a multidão não possui ainda uma percepção límpida de quem Jesus é, de um modo geral, confundem-no com uma figura do profetismo do Antigo Testamento. Depois desta problemática constatação, Jesus direciona a mesma pergunta para seus apóstolos. A resposta de Pedro é simplesmente uma das afirmações centrais da história do Cristianismo: “Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo” (Mt 16.16), numa ressonância da imagem do Deus que age na história da humanidade, muito presente em momentos decisivos da história de Israel (Js 3.10; 1Sm 17.36; 2Rs 19.16; Os 1.10,11).
Pedro também enaltece de forma pública Jesus como o Cristo. A resposta do apóstolo é tão categórica que o próprio Jesus afirma que ela não pode ser fruto de uma elaboração humana, antes, produto da revelação divina (Mt 16.17).
3. Quem é Jesus para nós hoje? Em que parte da história estaríamos hoje se a pergunta fosse feita a nós? Seríamos como a multidão que, ávida por bênçãos e benefícios, via o Senhor apenas como mais um profeta que realizava atos poderosos, ou teríamos a sensibilidade de Pedro e reconheceríamos Jesus como o Cristo? Infelizmente, em muitos lugares, Jesus não passa de alguém equivalente a um remédio para dores de cabeça, a quem recorremos em momentos específicos. Já em outras comunidades Jesus é um trunfo na manga, alguém através de quem demonstra-se poder e glória pessoais. Passa longe, em muitas igrejas, a percepção de Jesus como o Cristo. Na verdade, se Jesus for “apenas” o Cristo, a estratégia de marketing midiático não funciona. Falar da cruz, da necessidade de confissão de pecados e arrependimento não dá “ibope”, por isso, em muitos lugares, Jesus é apenas uma marca, quase uma palavra mágica. Precisamos voltar à essência do Evangelho, e concentrarmo-nos em pregar a Jesus Cristo, e este como o crucificado (1Co 2.2).
SUBSÍDIO
“Mateus 16.14. E eles disseram. Os discípulos estavam prontos a responder, porque sabiam que a opinião popular estava dividida sobre esse ponto (Mt 14.1,2). Dão quatro opiniões. Jesus não mostrou muito interesse nessa resposta. Ele sabia que os fariseus e saduceus lhe eram amargamente hostis. As multidões só o estavam seguindo superficialmente, e nutriam expectativas vagas acerca dEle como um Messias político. O seu interesse concentrava-se mais nas observações feitas pelos discípulos e na fé em desenvolvimento.
Mateus 16.15. E vós, quem dizeis que eu sou? E o que importa. E o que Jesus queria ouvir. Note a posição enfática da palavra: “E vós, quem dizeis [vós] que eu sou?”
Mateus 16.16. Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Pedro fala por todos. Tratava-se de uma nobre confissão, mas não uma nova declaração. Pedro já a fizera antes (Jo 6.69), quando a multidão abandonara Jesus em Cafamaum. Desde o início do seu ministério (Jo 4), Jesus evitara usar a palavra ‘Messias’ por causa das conotações políticas ligadas ao título. Mas agora Pedro claramente o chama ‘o Ungido, o Messias, o Filho do Deus, o vivo’ (note os quatro artigos definidos). Essa sublime confissão de Pedro significava que ele e os outros discípulos criam que Jesus era o Messias e eram verdadeiros, a despeito da deserção da populaça Galileia (Jo 6)” (ROBERTSON, A.T. Comentário Mateus e Marcos. À Luz do Novo Testamento Grego. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2011. pp. 185,186).
CONCLUSÃO
Jesus é tão maravilhoso que definir quem Ele é em uma só palavra ou expressão é impossível, por isso, aprendamos mais e mais sobre quem é o nosso Salvador e como devemos chamá-lo. A indagação paulina ainda tem total razão de ser entre nós, em nossos dias (Rm 10.13,14). O verdadeiro Evangelho somente será anunciado às nações de modo eficaz, quando aqueles que pregam tiverem plena consciência de quem o Senhor Jesus Cristo é.
HORA DA REVISÃO
1. A que se refere prioritariamente a expressão “Filho do homem”?
Aos aspectos humanos dos indivíduos, isto é, a humanidade destes.
2. No Antigo Testamento, que personagem mais utiliza para referir-se a si mesmo a expressão “Filho do homem”?
Profeta Ezequiel.
3. Quais as principais diferenças entre os três eventos registrados no Novo Testamento em que Jesus é tratado de ‘Filho de Davi”?
Em dois dele (a mulher cananeia e o deficiente visual) trata-se de pessoas reconhecendo em Jesus seu poder para sarar, já na entrada triunfal na cidade, refere-se ao reconhecimento do cumprimento de profecias declaradas a Davi.
4. De que modo o Evangelho é afetado em virtude da falta de centralidade da pregação na imagem de Jesus como Cristo?
Temos cada vez mais mensagens vazias de conteúdo e pessoas muito religiosas e pouco cristãs.
5. Que característica do principal título de Jesus, “Messias” você destacaria?
Resposta pessoal.
fonte: cpad