Certo pregador — não me pergunte o nome dele! — contou
uma experiência no mínimo blasfema, ao se referir ao suposto
avi-vamento mundial dos últimos dias. Ele disse que, ao ser
transportado ao céu, viu Deus, o Pai, repreendendo Deus, o Filho.
Isso mesmo! O Pai estava dizendo ao Filho que Ele havia falhado
em sua missão e que, por isso, deveria arrebatar a Igreja
imediatamente…
Jesus — segundo o tal pregador — tentou convencer o Pai de
que era necessário um grande avivamento antes do Rapto da Igreja.
Mas, irredutível, o Pai lhe disse: “Para que haja um avivamento
global, eu terei de enviar outro em seu lugar, pois tu falhaste. A
quem enviarei, e quem há de ir por nós?” Quando ouviu isso, o
pregador se apresentou e disse: “Eis-me aqui; envia-me a mim”.
Em outras palavras, ele se candidatou a cumprir a missão que nem
Jesus teria conseguido realizar!
Não quero ser estraga-prazeres. Mas os que esperam um grande
avivamento para os últimos dias precisam saber que um dos
maiores sinais do Arrebatamento da Igreja é a apostasia (2 Ts 2.3;
1 Tm 4.1). Em 2 Timóteo 4.3,4, a Palavra de Deus mostra como
esse sinal se manifesta nesse tempo do fim: “Porque virá tempo em
que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos,
amontoarão para si doutores conforme as suas próprias
concupis-cências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às
fábulas”.
Muita gente se assustou quando eu disse, em meu livro Evangelhos
que Paulo Jamais Pregaria: “Engana-se quem pensa que a
igreja brasileira está vivendo a sua melhor fase, influenciando essa
nação. Hoje, os crentes não incomodam nem influenciam ninguém!
(Quer dizer, incomodam apenas a ‘igreja da maioria’ quanto ao
crescimento numérico.) Boa parte da igreja evangélica está misturada
com o mundo, envolvida em assuntos que não são de sua
competência, e ainda prega um evangelho ‘contextualizado’, que
agrada as pessoas do mundo, atraindo-as para dentro dos templos,
mas afastando-as da verdade!” (p. 62, CPAD).
O verbo “apostatar” denota abandono consciente da verdade.
Implica dar as costas — convicta e conscientemente — à verdade
(2 Pe 2.1,2). Não é isso que temos visto? São poucos os pastores,
pregadores e ensinadores que se mantêm no caminho da verdade
(Mt 24.12). Muitos, como Demas, têm priorizadoos seus próprios
interesses, e não a vontade do Senhor (2 Tm 4.10). Mas não
con-funda a apostasia com desvios doutrinários ou
comportamentais isolados. Nos dias que antecedem o
Arrebatamento acontecerá — aliás, já está acontecendo —
rebelião em massa contra a Palavra de Deus.
Nesses tempos, não são poucos os que se deixam envolver de
novo pelas corrupções do mundo, permitindo que seu último estado
se torne pior que o primeiro (2 Pe 2.20). E a Palavra de Deus assim
resume o estado de quem apóstata: “Porque melhor lhes fora
não conhecerem o caminho da justiça do que, conhecendo-o, desviarem-se
do santo mandamento que lhes fora dado. Deste modo,
sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão
voltou ao seu próprio vómito; a porca lavada, ao espojadouro de
lama” (2 Pe 2.21,22).
Como contestar as doutrinas falsificadas, se uma grande parte
do povo evangélico já as aceita como verdadeiras? Mas não
con-funda doutrinas falsificadas com doutrinas falsas. Estas vêm
de fora, como a reencarnação, a mariolatria, etc. As falsificadas
são ainda piores! Por quê? Porque estão em nosso meio,
misturadas com as doutrinas bíblicas. Não nos esqueçamos de
que o Diabo não nos ataca apenas por meio do mal; ele também se
vale do falso bem, dos falsos evangelhos, isto é, das falsas
boas-novas.
O pecado do apóstata é maior que o da pessoa que nunca foi
salva. Ela vive nos tempos da ignorância (At 17.30) e anda segundo
o curso deste mundo (Ef 2.2). Aquele, quando peca, faz isso
de modo natural e consciente. Pastores que antes tinham a Bíblia
como a sua regra de fé, de prática e de vida agora priorizam o
bem-estar na terra, abrindo mão da sã doutrina (2 Co 2.17).
Pregadores famosos, com segundas intenções, massageiam os egos
dos ingénuos (2 Tm 4.3) e ensinam doutrinas de demónios (1 Tm
4.1).
Não há nenhum incentivo bíblico para crermos que, nos dias
que antecem o Arrebatamento da Igreja, ocorrerá um avivamento
global e que a maioria das pessoas do mundo se converterá (Mt
7.13,14). A despeito de algumas igrejas estarem experimentando
períodos de avivamento, os últimos dias, de modo geral, são
trabalhosos, difíceis, perigosos, para os quais requer-se grande
vigilância.
Definitivamente, o Arrebatamento não será precedido por um
grande avivamento em todo o mundo. O que ocorria nas igrejas
da Ásia, no primeiro século, serve de comparativo para entendermos
a situação da igreja de hoje (Ap 2—3). Não houve, naqueles
dias, um avivamento geral. A maioria dos pastores foi repreendida.
E mesmo os que estavam agradando a Deus, como os de
Filadélfia, foram incentivados a serem fiéis até o fim, vencendo os
falsos apóstolos (Ap 2.2), os falsos profetas (vv. 20-22), os falsos
pastores (3.1,17), a soberba (vv. 17-19), as heresias e os modismos
(2.6,14,15), as impurezas (3.4), a mornidão espiritual (3.15,16) e
as perseguições (2.9,10,13).
Em Mateus 24.12 (ARA), o Senhor Jesus mencionou dois alarmantes
sinais relativos aos últimos dias, um decorrente do outro:
“E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase
todos”. Hoje, muitos crentes — muitos, mesmo! — estão se desviando
da verdade, e alguns até pensam que estão experimentando
um grande avivamento. Não é por acaso que a Palavra de Deus
assevera que a porta para salvação é estreita (Mt 7.13) e que poucos
são os fiéis (SI 12.1). Aliás, são tão poucos os que agradam
ao Senhor, que o salmista, de maneira profética, disse: “Os meus
olhos procurarão os fiéis da terra, para que estejam comigo; o que
anda num caminho reto, esse me servirá” (SI 101.6).
Gosto de fazer comparações entre as igrejas de Éfeso e Tiatira
(Ap 2). A primeira começou bem, mas o seu amor esfriou (v. 4),
a ponto de ouvir do Senhor: “Lembra-te, pois, de onde caíste, e
arrepende-te, e pratica as primeiras obras” (v. 5). Já a de Tiatira
havia melhorado e recebeu de Jesus este elogio: “as tuas últimas
obras são mais do que as primeiras” (v. 19). Qual é a nossa condição,
neste momento, caro leitor? Nossas obras melhoraram
ou pioraram?
Ensinamentos “antigos” não servem mais para as mentes pensantes
do século XXI. Para os cristãos racionalistas que deixaram
o primeiro amor, os ensinadores do passado embasavam seus argumentos
numa teologia meramente devocional e ignoravam o
exercício filosófico. Com isso, a tendência é que as doutrinas fundamentais
sejam desprezadas pelos livre-pensadores da igreja moderna.
Por causa disso, os mensageiros conservadores — do ponto
de vista bíblico, é evidente (2 Tm 1.13,14) — são vistos como
extremistas, descontextualizados ou politicamente incorretos.
Você está disposto a ser um pregador de verdade, que anuncia
o evangelho e protesta contra o pecado, ou prefere ser bem trata50
Calma… É apenas o Começo
do pelo mundo? Estamos nos últimos dias. Não podemos brincar.
Ainda há tempo para abandonarmos as efemeridades. Façamos
juntos a última oração constante da Bíblia: “Ora, vem, Senhor Jesus”
(Ap 22.20).
fonte: Erros Escatológicos que os Pregadores Devem Evitar