CAVALOS DE FOGO
-
Nelson Rocha
Uma explicação às perguntas mais difíceis de todos os cristãos. Uma conversa entre Ângelo e um anjo dentro da Nova Jerusalém. Ângelo pergunta e explica ao anjo. Os dois são edificados porque havia coisas que o anjo não sabia, mas Ângelo sim. Um compêndio de Teologia Bíblica baseado na vida cristã o ponto de vista celestial. Depois de ler este livro, você não será o mesmo!
DEDICATÓRIA
Dedico este livro a minha esposa e a meus filhos, que nas horas mais dificeis de minha preparação na Escola do Espírito, jamais se afastaram de mim:
Mara, Elghis e Nelson Junior, meus amores.
- Nelson Rocha, Missionário brasileiro, que atualmente reside no México, o qual Deus tem usado no Ministério Profético de ensino, trazendo formação cristã restaurada a milhares de ministros, preparando-os para discernir e cumprir o propósito para o qual foram levantados.
UMA SAUDAÇÃO NA ENTRADA
“Mas chegastes ao Monte de Sião e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos; à universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados; e a Jesus, o Mediador duma Nova Aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel” (Hebreus 12.22-24).
O MONTE PRIMITIVO
“Estavas no Éden, jardim de Deus: Toda a pedra preciosa era a tua cobertura, a sardônia, o topázio, o diamante, a turquesa, o ônix, o jaspe, a safira, o carbúnculo, a esmeralda e o ouro: A obra dos teus tambores e dos teus pífaros estava em ti; no dia em que foste criado foram preparados. Tu eras querubim ungido para proteger, e te estabeleci: No monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas” (Ezequiel 28.13,14).
O FUNDAMENTO DA CIDADE
“Porque eis que os reis se ajuntaram: Eles passaram juntos. Viram-no e ficaram maravilhados; ficaram assombrados e se apressaram em fugir. Tremor ali os tomou, e dores como de parturiente. Tu quebras as naus de Tarsis com um vento oriental. Como o ouvimos, assim o vimos na cidade do Senhor dos Exércitos, na cidade do nosso Deus. Deus a confirmará para sempre. Lembra-nos, ó Deus, da tua benignidade no meio do teu templo. Segundo é o teu nome, ó Deus, assim é o teu louvor, até aos fins da terra: A tua mão direita está cheia de justiça. Alegre-se o monte de Sião; alegrem-se as filhas de Judá por causa dos teus juízos. Rodeai Sião; cercai-a; contai as suas torres; notai bem os seus antemuros; observai os seus palácios, para que tudo narreis à geração seguinte. Porque este Deus é o nosso Deus para sempre; ele será nosso guia até à morte”
(Salmo 48.4-14).
OS CIDADÃOS NÃO NECESSITAM DE PASSAPORTE
“O seu fundamento está nos montes santos. O Senhor ama as portas de Sião, mais do que todas as habitações deJacó. Cousas gloriosas se dizem de ti, ó cidade de Deus. Dentre os que me conhecem, farei menção de Raabe e de Babilônia: Eis que da Filístia, e de Tiro, e da Etiópia, se dirá: Este é nascido ali. E de Sião se dirá: Este e aquele nasceram ali: E o mesmo Altíssimo a estabelecerá. O Senhor, ao fazer descrição dos povos, dirá: Este é nascido ali. E os cantores e os tocadores de instrumentos entoarão: Todas as minhas fontes estão em ti”
(Salmo 87).
INTRODUÇÃO À HISTÓRIA
A história deste livro é sublime. No princípio, escrevi um capítulo para um livro que abordava outro tema. Havia pensado em escrever um texto para explicar um mapa teológico que eu mesmo havia esboçado sobre a obra do Espírito Santo, os templos e tabernáculos da Bíblia. Todavia, quando eu escrevia, veio a inspiração sobre o tema que deu origem a este livro. A história é hipotética. Me inspirei em Ângelo. Ele não existe, é um protagonista. Em muitos aspectos, Ângelo sou eu mesmo. Escrevi o livro em forma de diálogo. Tudo que o Espírito em minhas meditações, em meio de minhas grandes lutas, triunfos, lições e vitórias, me havia ensinado, aqui registro.
Que seja uma grande bênção para você!
Um peregrino
PREFÁCIO
Cavalos de Fogo: Com que título poderíamos lançar um livro que falasse da extrema atividade desenvolvida em nossos dias nas regiões celestiais?
A todo instante eles cruzam velozmente as regiões celestiais, preparando a Igreja de Deus para o grande momento que a espera. Em todo canto do mundo, pessoas sensitivas do mundo espiritual relatam essa imensa atividade que acontece nas regiões celestiais. Sejam os simpatizantes da Nova Era ou os mais ortodoxos católicos e evangélicos, eles querem explicar o que ocorre no mundo espiritual com a conseqüente reação no mundo físico.
Estas são as atividades demoníacas na Terra, a magia, satanismo, adivinhações, OVNI’ s, tarô, astrologia… Universo em desencanto, Testemunhas de Jeová, seitas orientais… mas o que realmente está acontecendo?
Todos têm uma resposta para dar explicação como lhes parece racional. Contudo, nada disso nos traz uma orientação direta do “amigo de Abraão”, que não fará nada na Terra sem se revelar primeiro ao seu grande amigo, que é hoje a Igreja.
Portanto, a resposta para estas indagações, só aquele que tudo criou pode dar. Só ele pode saber na sua imensurável sabedoria, o que está acontecendo agora. Esta resposta não pode ser dada, a não se r à sua Igreja, pois ela é o motivo de tudo o que agora ocorre.
Tudo o que acontece visa a preparação da Igreja para o seu arrebatamento — momento maior da Igreja quando subirá para encontrar-se como noivo nos ares.
Sabemos também que, para o homem poder compreender que as verdades reveladas vêm do trono da graça, é necessário que o Senhor a confirme previamente, e isto se dá pelo testemunho da Palavra viva e eterna do nosso Deus — a Bíblia Sagrada.
Dessa forma vemos que para alguém poder ver e entender o que acontece no mundo espiritual, em sua preparação para o arrebatamento, terá que considerar dois atributos indispensáveis:
1) Um conhecimento profundo da Palavra de Deus, alguém que a manuseie com profundidade, usando também do conhecimento e da sabedoria humana, dedicando-as ao serviço de Jesus.
2) Uma profunda intimidade com Deus, a ponto dele lhe abrir as portas para mostrar-lhe a intimidade do seu mundo ainda não revelado.
Quem melhor hoje teria estas qualidades, senão o Pastor A. Nelson Rocha, que todos que o conhecem e privam da sua intimidade, testemunham.
Quem já ouviu a sua pregação ou participou de um estudo por ele dirigido sabe certamente o porquê ele foi escolhido. Aqueles que ainda não tiveram este privilégio, após a leitura, saberão também, que ele é o que afirmo.
Pelos amigos de um homem podemos saber quem ele é. O que podemos concluir, então, de um amigo íntimo, a tal ponto que, à semelhança de Daniel, o Senhor lhe abriu as portas do céu.
Como acontece com todas as pessoas que buscam muito a presença do Senhor, elas são conhecidas por Deus como aqueles que O amam e adoram, mas que também são olhadas com crítica por aqueles a quem o Senhor não escolheu para esta obra.
Mas nós, que pertencemos à nação santa e à raça eleita dizemos “Senhor, muito obrigado por esta vida e use sempre este canal ou o que o que o Senhor quiser, para nos trazer sempre a Palavra que vivifica a sua Igreja e a leva a preparar-se mais e mais para o grande momento”.
Esta obra, sem dúvida, será um “best-seller” em nossa nação.
Pr. Armando Gonçalves Macedo
Presidente do Ministério Cristo é Vida
A INSPIRAÇÃO DO LIVRO
“O Espírito. Seu nome RUAH! Identificado posteriormente como uma pessoa, mais que isto: Deus. Desde o princípio absoluto era Deus. No princípio criacional do kosmos, continuou sendo Deus. O princípio absoluto foi antes do criacional. No primeiro, ele era Deus e o continuou sendo no segundo. Ele veio. Ninguém o recusou. Ninguém o matou. Ele foi o primeiro enviado ao kosmos. Ele aceitou ser um missionário para o projeto. O projeto não poderia tornar-se realidade, se ele não se imiscuísse nele. Ele precisava envolver-se profunda e poderosamente.
Até o final da História concluiremos que sua principal ação era o mover-se sobre algo. Seu mover sempre foi um mover pró-investimento. Ele nunca se move se algo não for acontecer para a glória de Deus. Seu mover desde o princípio foi:
Preparatório para uma grande criação: “E o Espírito de Deus se movia sobre a face do abismo” (Gn 1.2). Aqui não está dizendo que ele se movia num palácio. Ele se movia sobre a face do abismo. O Espírito Santo aceita mover-se para investir nos Projetos do Pai e do Filho. Ele aceita pagar o preço de mover-se num lugar aonde não há nada real.
Luz: “E havia trevas…”. Ele pode mover-se em nossas trevas. Se tudo for trevas.., não será mais trevas que aquele dia escuro, quando ele entrou no mundo, sem haver resquício de qualquer tipo de luz. Não há trevas que ele não possa conhecer. Ele veio e se identificou com a necessidade que havia de luz. O Pai fez ouvir sua voz realizadora e logo disse “haja luz” para começar a grande construção do mundo. Mas o Espírito pairou muito tempo no meio das trevas. Que interesse teria Ele em permanecer nas trevas, nesse movimento, se não tivesse idéia da dimensão futura que ocorreria após a palavra inicial ordenando “haja luz”, quando os mares estéreis sentissem o pulsar da vida ao perceberem navegantes peixes dos mais diversos e exóticos, cortando suas águas!
Deus nunca se move sem ter um objetivo. Ele terá sempre um propósito definido em todas as coisas. Aquele que se moveu nas densas trevas do grande, estéril e improdutivo kosmos, não saberá transformar nossa vida num jardim bem regado?
Vida: Se não havia luz, não havia vida. A única possibilidade de vida era a esperança, e esta residia na insondável mente do Espírito. Que profunda esperança! Nele estava a vida. A vida se movia sobre um estado de morte. Nenhum peixe sobre as águas! Nenhuma vida nos abismos! Nem um som sequer!
O Espírito acostumado com a glória, deixa o Trono e vem viver sobre um mundo frio, inerte e sem vida!
O seu mover tridimensional sobre o mundo sem forma e vazio, era um treino para o dia da ressurreição do corpo de Cristo! O seu mover não seria vão. O pó da Terra tirado para dar a formação do homem ainda não estaria quente e agitado com aquele costumeiro mover do Espírito! O mover do Espírito tornou mais fácil a formação de Adão. O Pai apenas dizia “haja” e havia. Estava quente o barro. Deus nunca ordena qualquer realização criadora sem que primeiramente haja primeiro um permanente e correto mover de seu Espírito.
Ele se move. E não se satisfaz somente nisto. Ele se move para que haja a
posterior palavra de ordem, a ordem manifestadora que provém do aparente nada, mas é da oferta movida que vem a vida.
O Espírito aceitou pagar o preço e não havia tempo. Nenhuma carta da “base enviadora” sobre o resultado do investimento do envio missionário! Nenhuma opressão do céu sobre o seu mover. Ele se movia.
Tempo era uma palavra mal entendida e quase o mesmo que “eras” ou
“gerações”. Não se entendia esta palavra até o verso3 e 4. Tempo, isto não existia! O Espírito trabalha na eternidade. Ele sabe o que quer dizer isto — trabalhar na eternidade. Quer dizer trabalhar tendo em mente o que passou, o que pode passar depois daquilo que passa.
Não havia o conhecimento que calcula o tempo desde a criação de Gênesis!
Entre os versos 1 e 3 ainda há inexistência de tempo! Não há tempo em seu movimento. Ninguém o apressava. A base não lhe enviava cartinhas pedindo relatórios! Ele era livre. Onde ele estava havia liberdade! Somente no verso 5, vem existir o primeiro dia! Aqui entra o tempo. O tempo é inferior à eternidade.
Quantos dias equivaliam a um segundo de mover do Espírito.
Devemos deixar o Espírito se mover. O simples ir e voltar de uma viagem será o tempo necessário para ele mover-se! Nosso silêncio ajuda sua obra. É melhor que gemamos com o Espírito do que cantarmos com a turba! É melhor o silêncio das “santas mulheres” do que o gritar das dançarinas de Saul! Que o Espírito se mova por quanto tempo achar necessário! Quanto mais tempo ele usar, mais eterno será seu trabalho! Se nosso trabalho com ele for gemidos inexprimíveis, será o labor semelhante ao desgaste do maestro ao preparar seus músicos para a grande sinfonia! Este é um trabalho silencioso, que pode até ser na casa de Pilatos! Quem pode impedir ao Criador de revelar-se em sonhos na mesma cama que dorme Pilatos? Pode ser na casa do rei pagão. Quem poderá dizer que não há ali uma criada que conhece o profeta?Deus nunca fica sem testemunhas! Permitamos que Ele trabalhe. Ele se move e prepara. O Pai separa e cria. Que sejamos instrumentos nas mãos de Deus.
O Espírito aceitou o preço. Este missionário não saiu ao campo depois de uma grande campanha, com o objetivo de angariar lamparinas para o ajudar no grande movimento. Ele era fogo.
O grande missionário não esperou a terra dar fruto para identificar-se. Ele veio às trevas, ao tudo que para muitos foi nada. Ele creu. Ele aceitou crer. Ele investiu. Ele viveu! E quando tudo estava pronto ele continuou apreciando toda aquela obra.
Por outro lado, o kosmos não estava certinho e bonzinho quando o recebeu.
Tudo estava misturado. Ele se moveu naquela mistura de matéria. Ele se movia da mesma maneira que o Pai do Filho Pródigo beijou o Pródigo, no afã de vê-lo vestido, calçado e limpo. O Pai beijou o filho imundo e sujo, mas ele não entrou no banquete no mesmo estado em que foi beijado. O beijo do Pai assemelha-se ao mover do Espírito ali em Gênesis. Toda aquela mistura de coisas percebeu sua presença. Ele era santo no meio daquela mistura. Ele teria que continuar se movendo porque o dia da separação viria (Gn 1.18). Depois do “haja luz” vem a separação. Separação é santificação. Isto é obra do Pai. A separação fortalece as bases e as bases sustentam a realização criadora. Terra na terra. Água na água. Luz na luz. Trevas nas trevas. Não há mistura no que se torna sólido e perpétuo. Se houve mover no passado, as marcas revelam, mas nem por isso desqualifica a solidez. Não importa quão pródigo foi o filho, se agora ele na casa do pai degusta o bezerro cevado!
Clame por salvação. Seu lar está destruído. Não pense que tudo será solucionado se todos dali forem ao templo! Clame pelo Espírito. Entre ali naquele pequeno kosmos de idéias contraditórias e de obediência transgredida. Clame ao Espírito que venha se mover! Não se importe qual o estado da vida que levam ali!
Ele assim mesmo se moverá! Seja o veículo de seu mover, e não o arco, de onde saem as setas das más palavras e da desconfiança, da má profecia e da angustiante frase de descrédito! Seja um silêncio para o tédio e uma ampliada voz para a fé! Creia mais uma vez. Continue! Seja o levedo dessa massa! Seja o fermento desse pão! Ninguém se dará conta até aquele dia quando a voz do Pai disser “haja luz” e os “Saulos” caírem e disserem: “quem és tu Senhor?” Veremos sobre os desobedientes à luz; eles ouvirão a voz e se converterão, Mas eles, e somente eles, ouvirão a voz! Não queira adiantar isto. Ele não tem tempo para isto. Os dias começarão depois do “haja luz”. O seu mover é peculiaridade dele. Não tente apressá-lo. Cale-se e continue sendo o canal do movimento.
(…) Aqui veio a inspiração deste livro. Estava chorando, quando…
Minha esposa e a irmã Débora entraram no quarto em Westminster,
Ca, e o fogo de Deus tomou todo o espaço físico.
Elas e eu nos alegramos no espírito.
Setembro de 1991
OSSOS DE FERRO
O morro da Cotia se encontrava em uma colina alta aonde se chegava por escadas de terra. Pedaços de pau como estacas firmavam as pobres casas perigosamente construídas naquela colônia. Muita chuva era sinônimo de abalos de terra e morte. A gente que vivia ali estava acostumada aos funerais. Não havia serviço de água e luz. Tudo vinha lá de baixo.
As pobres velhas eram como mulas carregando em suas costas, pesadas vasilhas de águas roubadas das torneiras dos “ricos” do “outro lado” da cidade milionária de Icaraí. Pareciam ter ossos de ferro.
Naquele tempo havia uma pequena igreja que evangelizava os ricos dali. Os jovens evangelistas daquela congregação subiam às colinas aos domingos à tarde para libertá-los dos demônios. “Salvos 13, sem contar as crianças”, diziam nos relatórios, e os levavam para apresentá-los a sua igreja na noite de domingo. Colocavam os negros em um lado e os “brancos” em outro. Por isto, os recém-convertidos nunca permaneciam ali.
O morro da Cotia não tinha boa fama. Mas ali viviam Alberta, Queizé e o jovem Ângelo. Eles vendiam camarão nas praias do Rio de Janeiro. Viviam do que vendiam. Dessa forma conseguiam sobreviver e dar educação esmerada ao jovem rapaz, em quem pesavam as marcas da consagração. Ângelo sabia disso
e sua mãe guardava o segredo no seu coração. Ângelo estudava pelas manhãs, e à noite assistia ao Seminário.
Quando Ângelo tinha sete anos de idade, sua mãe teve um sonho: Sonhou que havia comprado duas espigas de milho com vinte centavos. Uma estava verde e a outra madura. Ela as havia comprado em um mercado volante numa manhã de sábado. Alguém interpretou o sonho dizendo que havia duas fases na vida ministerial de Ângelo. Mais tarde, com o passar dos anos, a interpretação veio torna-se uma realidade.
Ângelo era filho amado. Seu pai estava afastado dos caminhos do Senhor por algum tempo, mas recebeu boa formação cristã e secular. Sua professora de escola dominical teve muita influência sobre sua vida. Era muito novo quando aprendeu a amar a Deus sobre todas as coisas. Ele era feliz e não sabia.
Ângelo se formou e era conhecido como um bom mestre de Teologia, um pregador reconhecido em seu país. Conheceu Martha, uma adorável jovem, com a qual depois veio casar-se. Sendo pobre, veio viver em um bairro humilde na cidade de Niterói.
Eram duas horas da tarde e apenas Ângelo havia chegado de seus compromissos seculares, e havia um movimento policial em seu bairro. Buscavam o “Loro louco”, um fugitivo terrível e perigoso assassino que vivia por ali. Uma bala perdida atravessou as tábuas da janela e alcançou a Ângelo, que trocava de roupa.
— Foi no meio do peito!
— Chamem a ambulância!
— Não há tempo a perder! Perde muito sangue!
— Quero meu filho! Meu filho Ângelo! Não te vás meu Ângelo!, em prantos clamava Martha, sua esposa.
— “Não vai morrer! Ele não vai morrer! Está consagrado a Deus e tem as marcas de Deus. Isto não pode ficar assim, Deus certamente tem algum propósito nisto”.
—Vamos levá-lo!
— Alguém me ajude! Dizia um bom samaritano da vizinhança.
— Eu o ajudo, dona. Eu estou acostumado com isso.
Sempre havia homens bons por ali.
Em um hospital de má fama gritavam as mulheres.
— Cuidado com ele, pertence a Deus!
—Acalme-se senhora, este rapaz viverá!
A porta se abre, depois de três horas de cirurgia. Perturbadas e cansadas, a mãe e a esposa se levantaram:
— E então, doutor? Viverá?
— O que que há doutor? Como está meu filho? — as duas mulheres clamavam de uma só vez.
“Não… minha senhora. A única coisa que podemos dizer é que está em coma. “Reze, reze” por ele, creio que pode viver. Pode ser que Deus faça alguma coisa por ele. Está mal, chegou um pouco tarde aqui. Nós fizemos o que pudemos. Vamos esperar um pouco”.
A SENTENÇA DE LÚCIFER
Agonizando, Ângelo, em estado de coma, foi levado a Unidade de Terapia Intensiva e o cobriram de tubos. Encontrava-se moribundo, quase morto.
Veio do céu um anjo e sua alma foi arrebatada do corpo, no qual só permaneceu seu espírito humano.
Vi quando meu corpo foi separado de minha alma. Não estava morto, porque ouvi de longe uma voz que me dizia: “Seu espírito deve permanecer dando vida ao corpo. Ângelo, referindo-se à minha alma, tu deves vir”.
O anjo me tocou e fui saindo lentamente. Depois, desapareci dali.
Quando fui transportado à dimensão celestial era algo tão fácil como voar, porque a freqüência era muito maior e a rapidez incomparável. Estava na eternidade, era um morto-vivo e podia lembrar-me, em frações de segundo, das coisas da terra. Não era fantasia, mas sim, uma deslumbrante realidade; me senti mais vivo e lúcido diante do monte santo de Deus.
O monte era alto e a distância era pequena. O alto estava baixo (Hb 12.22-24). Parecia um planeta distinto, mas era somente um lugar onde estava fundada uma cidade infinitamente preciosa. Por causa das pedras preciosas, a cada instante se manifestava uma cor diferente. A cidade estava edificada em palavras que se faziam realidade ao sair da boca de Deus. Era de alicerce firme. Abraão havia esperado por ela (Hb 11.8-10; 12.22; Ap2. 12),mas não pôde ir para lá ao morrer. Teve que esperar em outro lugar. A razão, com o tempo foi se revelando nas observações de minhas insossegadas perguntas. Era um lugar chamado pelos Anjos de “Grande Sião”, a capital eterna do Reino Universal do Pai, a grande pedra que segundo Daniel destrói todo mal.
O Monte Sião não está vazio, a cidade ocupa todo o seu espaço; somente podemos ver algumas partes dela. O Monte Sião está tomado pela cidade.
— Que esplendor! Que visão linda! Que é isto? Perguntou Ângelo acerca do alto monte.
— Esta é a cidade do Senhor Todo-Poderoso, respondeu o anjo Enviado; esta cidade foi planejada e feita por Deus, o grande Arquiteto. Antes, não havia nada aqui. O Senhor estava no monte do testemunho (Is 14.11-14); enquanto esta cidade era edificada, esperava que o Cordeiro consumasse sua obra na cruz; no dia em que o Cordeiro completou seu trabalho, foram postos tronos e o Ancião de dias se sentou (Dn 7.9-10); então, o Cordeiro entrou pelas portas — o anjo lhe mostrou as portas de pérolas por fora (Ap 21.21); foi neste dia que o céu se moveu e as portas da cidade se abriram para receber o Pai e o Filho. O Espírito de Deus foi enviado diretamente à Igreja, (Ap 1.4; cap.5) porque já o Filho havia sido glorificado (Jo7.38, 39; 17.1-5). Abraão teve uma visão desta cidade, e esperava por ela ao caminhar pelo deserto, habitando em tendas desde o momento em que Deus mostrou o dia de Cristo, depois da separação de Ló; ele sonhava com ela. Mas p Cordeiro necessitava nascer e ser revelado primeiramente, e depois ir preparar lugar para os outros que receberam a mesma fé e a mesma promessa.
— Por que Abraão teve que esperar para entrar na cidade que tanto amava? (Hb 11.8,9; Lc 16.25), perguntou Ângelo.
— Abraão, ao morrer, foi a um lugar chamado Seio de Abraão, não te lembras? Disse o anjo.
— Ah! Exclamou Ângelo imediatamente. É por isso que todos os justos que morriam antes do sacrifício de Cristo iam para o Hades! Porque a Nova Jerusalém ainda não havia sido inaugurada. Então, quando Jesus morreu na cruz e proclamou a consumação de sua obra, a estabeleceu nas três dimensões da eternidade?
— Sim, houve uma grande mudança no céu, enfatizou o enviado. O Pai e todo Seu trono, anjos e anciãos se mudaram para lá; e o Cordeiro, por sua vez, foi esperado. Então ele entrou com todos os santos que trouxe do Hades, todos os justos, mortos na mesma esperança de Adão e Abel (Is 61. 1,2; Jn 14. 1-3; Zc 6.8; Mt 16.18; Ef 4.8-10).
— De onde veio Deus? E onde ele vivia antes? Perguntou imediatamente Ângelo.
— Olhe, respondeu o anjo, nós vivíamos pelos lugares do norte (Is 14.13; Ez 28), em um grande jardim chamado Éden, o jardim de Deus, que está abaixo de Seu trono e nós ficamos ali, no vale, e o trono acima, no alto do monte. De lá, Deus, nos dias antigos, protegeu esta cidade (Hb 11; Si 87.1).
— Este é o mesmo Éden de Adão e Eva? Perguntou Ângelo.
— Não, respondeu o anjo. Estou falando dos dias remotos do jardim de Deus, do Jardim do Éden, o original. O jardim do Éden do princípio da criação foi feito para Adão e Eva. Assim como os templos e tabernáculos da Bíblia são apenas tipos da realidade que estão na dimensão eterna; também o jardim do Éden de Gênesis é apenas um tipo do jardim original de Deus. O jardim terreno foi apenas uma cópia do jardim celestial. Assim era o lugar que Deus queria para o homem, mas por causa do pecado, eles não puderam permanecer mais ali. Sobre o jardim do Éden celestial, abaixo do monte santo, foi aqui que tudo começou… (Is 14.13; Ez28.11-19;31.1-19).
— A que te referes? Buscando profundidade, interrogou o anjo.
— Estou me referindo aos momentos terríveis da grande rebelião. Foi ali que ouvimos a sentença de Lúcifer.
Chegamos ao vale, enquanto concluía Enviado…
— Aqui, Lúcifer e seus anjos foram condenados. Foi um dia grande e terrível quando foram expulsos da presença de Deus, do lugar das pedras afogueadas. Eu vi quando, diante do trono de Deus, na presença de todos os anjos, o fogo divino foi saindo e consumindo suas credenciais e sua aparência foi se transformando em uma imagem espantosa. Naquele dia, nós, os anjos, que não o aceitamos, fomos eleitos para sempre. Quão abundante e maravilhoso era o lugar onde primeiramente habitávamos! O Éden de Deus! Mas lá é melhor, vamos, apontou à Nova Jerusalém.
— Olhe Ângelo, lá embaixo, acabamos de passar pelo Império das trevas. Toda aquela região sombria é a região do mau, a qual Lúcifer assumiu no dia em que foi expulso da presença de Deus. Agora veja a diferença… (apontou ao alto monte).
Não havia palavras para expressar as maravilhas que via.
Estávamos dando voltas em todo o monte e seus fundamentos estavam sobre as altas nuvens.
— Nós estamos nos aproximando do mar de cristal.., vamos entrar porque alguns anjos te esperam, me avisou o anjo.
Antes de entrar, paramos um momento e a visão de tudo aquilo se tornou mais exata e gloriosa, porque o céu era mais negro abaixo. Por causa do resplendor da luz da cidade não se podia ver melhor de longe.
Ângelo voltou seu rosto para o sul e perguntou:
— Quem era Lúcifer?
— Vamos entrar já. Não há tempo para seguir conversando aqui, mas te direi algo… ele era o querubim que cuidava dos santuários e protegia os tesouros do reino; transportava em si mesmo a luz por causa de suas vestimentas satelísticas de pedras preciosas. No princípio de sua criação permanecia abaixo das nuvens e do trono, no centro do jardim. A princípio foi criado e era tido como o selo da perfeição. Vestia-se de toda a sorte de pedras preciosas. Ele era entendido em toda a classe de música e ritmo. Toda espécie de instrumentos foram preparados para adorar a Deus no dia de sua criação. No jardim estavam todos os anjos, mas ele estava em meio às pedras preciosas. Somente lá dentro na presença de Deus estavam as pedras afogueadas, muito mais preciosas do que aquelas. Nós o tínhamos como o grande querubim. Um dia foi levado do jardim para o monte santo de Deus. Entrava e saía por causa de sua perfeição. Naquele dia em uma de suas moradas aqui no vale, começaram a acontecer algumas coisas muito raras no meio de nós. Começaram a acontecer contradições e alguns anjos perderam a reverência por causa de sua fama e começaram a profanar os santuários do jardim. Havia inveja e porfia entre alguns anjos. Lúcifer começou a engrandecer-se no meio dos outros anjos. Os 24 anciãos o repreenderam e os querubins do trono começaram a contradizê-lo. Então, o Senhor ouviu sua cobiça no trono. O Capitão dos Exércitos do Senhor se levantou contra ele e a maioria dos anjos o seguiu. Mas a terceira parte foi com Lúcifer. Quando o Senhor considerou que era demasiada a sua apostasia e auto-exaltação, ele foi chamado diante de todos os anjos a ser julgado e condenado para sempre. Até hoje, todas as classes de anjos recordam a sua sentença:
— Lúcifer, para que todos os anjos que cresceram juntos nas águas do Éden não levantem sua cabeça entre seus concriados e poderosos, e não confiem em sua estrutura de arcanjos, serás entregue nas mãos dos regenerados que te tratarão como mereces. Serás lançado na terra por um tempo e chegará tua destruição.
Naquele tempo outro povo habitará nos lugares altos. Depois serás lançado no abismo do Seol. Os anjos se contristarão por causa de tua rebelião, com todos os seus seguidores serás lançado no abismo do Seol e ao som de tua queda, a terra tremerá e com ela todas as nações com seus mortos cantarão a teu respeito de ti naquele dia. Serás somente espanto e os povos que se maravilharam de ti serão enganados. Contradisseste-te muitas vezes por causa de tua rebelião; teus ofícios e teus negócios não prosperarão e tua sabedoria será corrompida. Serás jogado por terra. Achou-se iniqüidade em ti. Tu governarás sobre os homens quando fores lançado na Terra, mas serás um dragão nos mares e te destruirei quando se escurecerem os céus e a Terra, quando chegará o dia em que serás aprisionado.
Assim, após o teu aprisionamento e o de teus seguidores, os homens e anjos escarnecerão e se burlarão de ti, porque serás derrubado até o Seol, no abismo, e te encontrarás com os mortos e eles falarão provérbios de ti e tu mesmo jamais serás lembrado como uma pessoa ilustre, porque nunca viveste como homem, mas como serpente e dragão. Quando fores lançado ali, a Terra terá descanso porque o governo de paz e de louvor será implantado. Os anjos eleitos cantarão à tua queda. Até tua prisão se espantará por tua causa, porque agora te exaltas por tua formosura… até os mortos no Hades se despertarão na ocasião de tua entrada. Humilharão-te e se consolarão. Tua cama será sobre vermes e tua coberta serão os bichos e será feita uma canção para ti: “Como caíste do céu, ó grande Lúcifer, filho da alva, jogado foste por terra, tu que debilitavas as nações. Por causa da multidão de tuas contradições fostes cheio de iniqüidade e pecaste. Fostes tirado de tua posição e tua formosura se transformou em espanto e fostes lançado fora de meu monte santo com a terça parte dos anjos, os quais te seguirão, mas os outros que estão como Príncipe dos meus exércitos, serão para sempre eleitos e entrarão no gozo da minha presença”.
Emudeci diante daquelas palavras que acabara de escutar. Silenciamos. Era hora de entrar. Foi então que comecei a observar que milhares de anjos entravam e saíam da Grande Cidade Celestial; todos eles tinham um sorriso em seus lábios e muitos cantavam. A música que saía pelas portas era quase palpável, como se pudéssemos tocá-la. Era algo completamente indescritível aos meus olhos. Os anjos não precisam de fôlego para cantar… eles podem sustentar uma nota por horas.
O SEGREDO
Percebi que havia uma diferença entre o tempo e a eternidade. Não havia cansaço, nem dor e nem fadiga. Era mais veloz que a luz. Estava livre, estava na dimensão da eternidade. Na eternidade, um corpo espiritual tem a capacidade de ocupar o mesmo espaço sem perder sua identidade.
— Tu podes ir ao futuro, presente e passado no tempo dos homens, Ângelo. Estes três períodos podem ser vistos pelo Todo-Poderoso de uma só vez!
— Não consigo te compreender, Enviado. Explique-me melhor.
— A eternidade é infinitamente maior e superior ao tempo dos homens. Isto significa que o tempo dos homens em toda a sua história passada e futura, não completa todo o espaço do período presente da eternidade.
— Então, toda a vida humana está consumada no presente de Deus? Perguntou Ângelo.
— Sem dúvida, Ângelo. A eternidade tem três períodos. O era, o é e o será. Igualmente à natureza de Deus, assim também é a eternidade. Assim mesmo disse o Cordeiro a João: “Eu sou o que era, o que é e o que há de vir”. A ti te foi concedido conhecer o futuro dos homens e também um pouco “do que será” na eternidade, depois do período que é.
— O Cordeiro de Deus. Ele era o Verbo; estava com Deus. Tu compreendes isto, Enviado.
— Sim, Ângelo. Observe o que disse Daniel aqui, no livro da profecia, nos capítulos 9 e 10. Quem aparece aqui, como o varão vestido de linho?
— Jesus? Perguntou Ângelo.
— Sim, é Jesus! Esta visão é a mesma que foi dada a João.
— Enviado, nesta época Jesus não havia sido encarnado; não tinha corpo físico. Como poderia aparecer aqui já glorificado?
— Aqui temos uma prova de sua divindade. Somente Deus pode dar prova de sua divindade manifestando-se em glória antes de sua própria encarnação. Ali estava o era. O era o que seria; assim se manifestou a Daniel.
Assim compreendi o que Jesus queria dizer “o é o que será”, no que ele “é”. Compreendi o porquê que algumas profecias de João em Apocalipse estão no passado. Porque no tempo dos homens ainda seria futuro. Porque ele já havia visitado o futuro dos homens e o que se descreve como presente, em nosso tempo, todavia, não aconteceu. Nestas condições, fui entrando na cidade e me vi no mar de cristal.
A VIAGEM
O anjo me havia dito que as doze portas tinham um significado. Todas as coisas no céu tinham seu particular significado. A cidade era grande; os anjos andavam pelas ruas de ouro. A cidade estava muito organizada, tudo estava bem detalhado. Havia somente uma rua em forma de espiral. Em determinados momentos tudo estava claro em cores exóticas e suaves. Em outros instantes havia variações. Muitas cores brilhavam ao sair grupos de anjos pelas portas de pérolas; alguns anjos saíam em dezenas, em pares ou sós. A cidade tinha movimento de metrópole.
Alguns anjos passavam como raios. As portas são imensas, grandiosíssimas. Pelo lado de fora, havia carros movidos por cavalos de fogo, rudes, rubros… fora da cidade, abaixo, estacionados no Éden Celestial.
— Estas são partes das patrulhas de Deus enviadas sobre a Terra e o universo. O universo é finito e termina nas portas do céu, me ensinou o Enviado.
O Trono não aceita nada velho, tudo se renova; desejei tocar algumas flores de cores nunca imaginadas; iguais não há na Terra, mas quando as alcancei, haviam mudado em novas cores mais belas; a nova cor cobria a beleza das primeiras. A esta altura o anjo me disse:
— O Senhor revela sua imensa sabedoria através destas lindas criações. Ele mescla o que era com o que há de ser no que é. Ele trabalha sempre em três dimensões. Quem deseja tocar-lhe terá que entrar em sua presença assim. Quem deseja sentar-se com ele para conversar não poderá vir com sua sabedoria humana; somos sensatos para com os homens, mas devemos ser loucos para com Deus. Somente homens de fé podem entender sua linguagem. Ele nunca trata somente no presente, nunca perdoa por basear-se no passado, mas na esperança do futuro. Quem anela entrar em sua presença, intentando ao mesmo tempo simpatizar-se com os homens, não poderá agradar-lhe.
Sem fé é impossível agradar-lhe! Fé é a normalidade de Deus, é Deus ao normal. Quando os servos de Deus chegam a ser considerados anormais, Deus se agrada e coopera com eles, porque trocaram seu nível de razão à normalidade de Deus.
Então compreendi porque o salmista sempre o louvava pelas coisas que havia feito e pelas que ainda haviam de fazer. Lembrei-me dos Salmos.
O céu é uma combinação de cores, sons, vento, ações, obediência e música.
Tudo isto existe para o louvor da sua glória. Para meu gozo, fomos entrando e subimos ao alto do monte onde estava o Trono. Em meio a um caminho olhei com atenção as mansões de marfim, uma excelsa mescla de glória, sabedoria, louvor e majestade; pelo que imediatamente senti que faltava algo. Algumas coisas ainda estavam sendo completadas. Poucos lugares necessitavam ser preparados.
— Em que pensas Ângelo?
— Penso nos dias em que a cidade foi inaugurada. Os anjos não sentiam ausência de algo?
— Sim, no dia em que a cidade foi inaugurada, esperamos o Cordeiro. Esperávamos que entrasse por aquelas portas — observe que são móveis e se levantavam sobre as rodas. É algo fenomenal, depois te direi como funciona. A princípio, elas se levantavam sobre si mesmas. Por elas o Senhor dos Exércitos entrou. Nós o esperamos entrar com a figura antiga de um anjo, mas ele entrou com um corpo humano imortalizado. Não foi fácil entender tudo aquilo; no momento em que ele entrou, houve um grande movimento na cidade; antes o Pai entrou e foram postos tronos; havia um espaço à direita do trono do Ancião de dias, e uma voz foi ouvida na ocasião em que o Cordeiro entrou:
— “Que todos os anjos O adorem”.
Eu já havia lido algo parecido… Sim, quando li na Bíblia a apresentação que João Batista fez, quando disse:
— “Eis aí o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Sim, nesse tempo Ele foi apresentado como Cordeiro. Mas naquele dia foi manifestado como Leão Vitorioso.
— Quando ele foi apresentado diante de todos os anjos, nós não sabíamos o que haveria de acontecer. Houve uma mudança radical aqui. Agora havia dois no trono, dois dignos de glória. Quem teria mais dignidade? Os dois eram iguais em poder? Tu não podes imaginar a dimensão do que te compartilho, Ângelo! Nesta mesma hora em que ele foi glorificado individualmente, o Espírito do Todo-Poderoso foi enviado à Terra (Jo 7.37-39).
— Vocês não o chamam Cordeiro?
— Sim, nós o reconhecemos como Cordeiro. Mas porque em nossa dimensão tudo já está cumprido, por isso o nome que prevalece para nós é ode “Leão da Tribo de Judá”. Como Cordeiro merece ser imitado, mas como Leão, deve ser temido e exaltado. Como Cordeiro redime e resgata como Leão, vinga e reina.
Saímos em direção ao trono, a fim de chegar até a presença do Senhor, no centro da cidade. Percebi que todos trabalhavam, porque algo estava para acontecer…
— O movimento aqui é porque a cidade se aproxima da Terra a cada instante. Não leste na revelação dada a João que a cidade descia do Céu? A cidade está descendo desde aquele tempo, até esse momento, Ângelo. O grande dia para vocês será a Vinda de Jesus; para nós é o momento do grande encontro, disse o anjo.
Entendi, fisicamente pensando, que a entrada da cidade no Universo é um milagre inexplicável; haverá um grande estrondo no momento em que a cidade entrar no universo físico, na ocasião da chegada literal do Reino de Deus. Será o fim dos tempos e o tempo não será mais (Ap 10.6).
Concluí que o anjo não sabia algumas coisas. Tinha informação geral e exata das coisas, e muitas outras das quais ele falava, mas eu não entendia muito bem e, ademais, tinha um interesse incomparável por saber das coisas que eu já conhecia. Resolvemos unir nossos conhecimentos a fim de compreender toda aquela sabedoria.
—Em ti se manifesta o Espírito Santo, disse o Enviado. Os anjos não têm esse privilégio. Nós não temos o Espírito Santo morando em nossos espíritos. Os anjos não têm corpo como vocês. Somos espíritos ministradores, não almas viventes. Nossa natureza é espiritual vivente e eterna. Muitas coisas que são reveladas a vocês, nós somente sabemos através da Igreja (Ef 3.10; 1 Pe 1.12). Vocês são o Corpo de Cristo!
— Aleluia! Exclamou Ângelo.
A visão realista do anjo era maravilhosa; sempre que falava algo, dentro de mim me perguntava muitas coisas e imediatamente concluía: Tudo é novo para mim.
— Então a vinda de Jesus do ponto de vista da cidade, será apenas uma única manifestação? Perguntou Ângelo.
— Sim, confirmou o anjo. Três anos e meio, antes que a cidade chegue à Terra, depois do rapto, vamos ter a batalha da qual já tenho te falado…
— Sim, eu queria estar lá, em meio à peleja.
— Não, tu não estarás nesta peleja. Três anos e meio depois dela, chegará a hora de pelejares juntamente com teus irmãos e o Rei dos reis, no Armagedom.
— A segunda vinda de Jesus será uma única manifestação, não haverá duas. Ele não virá e voltará para depois ir outra vez, me explicou Enviado. A cidade se
Aproxima da Terra a cada dia. Isto está claro na Bíblia. A cidade desce e continuará descendo até chegar ao lugar determinado por Deus, as regiões celestes. Ali ficará durante todo o Reino Terreno de Cristo, desde o momento em que for completamente estabelecido, até que os inimigos do Rei sejam completamente vencidos.
— Como a segunda vinda de Jesus poderá ser apenas uma manifestação em sua forma geral, se haverá o arrebatamento da Igreja? Perguntou, preocupado, Ângelo.
— Entenda Ângelo! Contestou Enviado. A cidade esperará a noiva, porque seguirá descendo. O rapto da Igreja será invisível para o mundo. Quando a cidade se encontrar a uma distância equivalente ao tempo de sete anos de sua posição final sobre a Terra, será o rapto. Nessa hora a Igreja se encontrará com seu esposo, o Cordeiro.
— Sim, é verdade. Confirmou Ângelo. A segunda vinda de Jesus não se dará em duas partes. Embora do ponto de vista terreno parecerá ser duas vezes, mas não o será. A cidade terá que parar por instantes para receber a noiva. Quando a noiva for introduzida na cidade, a cidade voltará a descer. Antes de chegar a seu
Lugar final, muitas coisas vão passar na Terra. Do rapto à sua posição final, passará sete anos (em tempo humano) na Terra. Três anos e meio antes da cidade chegar, Miguel deixará a cidade com um grupo de anjos para limpar o caminho para a cidade e expulsar a Satanás das Regiões Celestes. Nessa época, Satanás será lançado na terra e mar (Ap 12.12).
Entendi também que depois desta batalha, Satanás terá somente três anos e meio de atuação na Terra, e que estará obrigado a viver o tempo dos homens. Concluí que o tempo era muito inferior ao período de vida que os anjos viviam.
Eles se movem na eternidade e nós nos movemos no tempo. O anjo queria falar em cálculos imagináveis para mim baseando-se em equações de mil anos humanos para um dia divino. O anjo tentou explicar-me como encontrar os segundos de tempo, equivalentes à eternidade de sete anos humanos.
— O que é isto? Perguntou Ângelo,
— Tu não sabes que um dia para Deus é como mil anos vividos pelo homem?
Os cálculos dos anjos são perfeitos, são segundo a medida deles. Eles foram criados varões perfeitos e calculam mil anos por um dia e encontramos sete anos na eternidade, como frações de segundos com muitos números depois da vírgula; eles vivem até os milésimos. Ali está o mundo deles, os milésimos, menos que isto. Marcam visitas em milésimos… milionésimos.., isto é normal para eles. Por isto, o tempo que a cidade necessitará para chegar à Terra depois do rapto, será de apenas uns segundos. A Igreja será introduzida na cidade e continuará descendo, e a segunda vinda será apenas uma manifestação. A Igreja será arrebatada como se tivesse que entrar em um comboio que se movesse mais rápido que a velocidade da luz, em um só sentido; assim, todas as coisas que passarem no mundo serão equivalentes ao mesmo tempo em que a Igreja gozar do conforto da viagem dentro da cidade. Quando a cidade chegar, será apenas uma bola de fogo e todos seus ministros serão labaredas de fogo, e quando a cidade estiver entrando na galáxia haverá uma mudança astronômica. A Bíblia a descreve como: Estrelas explodindo, o sol se escurecerá e os elementos se fundirão. A Terra sentirá o impacto do entrar da cidade.
Isto, fisicamente, é explicável. Estamos na era da cidade espacial. A cidade é imaginada sobre a Terra. Haverá mudanças de estrutura do universo quando a cidade chegar. A Terra dá voltas em torno dela mesma e em tomo do sol. Este é o tempo dos homens. Mas o tempo mudará com a chegada da cidade.
— As pessoas da terra dão muitas voltas em um ano. Este é o tempo em que as pessoas vivem, explicou Ângelo. Com esta revelação da Nova Jerusalém descendo sobre a Terra enquanto esta estará dando voltas ao redor daquela, entendo que o tempo é circular e a cidade se aproxima retilineamente em direção à Terra.
— Disseste bem, Ângelo. Isto significa que se alguém da Terra se dirigir à cidade à velocidade da luz, hipoteticamente a alcançaria em dois anos. Dois anos para chegar e dois anos para voltar, seriam quatro anos-luz. Esta pessoa, ao voltar à Terra, encontraria uma nova geração vivendo no Planeta, porque todos os homens de sua geração, haveriam passado. Assim é o tempo; mas nós, os anjos, não nos transportamos assim. Nossa manifestação é infinitamente superior a estes cálculos. Nós podemos voar à cidade, ao Trono ou à Terra ou nos transportar em poucos instantes. O único que nos impede chegar de repente na Terra, são os principados e potestades, com os quais lutamos dias inteiros até que consigamos passar e entrar.
— A eternidade realmente se aproxima… imaginou Ângelo.
Quando a cidade chegar, o tempo acabará (Ap 10.6). Este foi o juramento do anjo. O sol escurecerá e a lua não dará sua luz. Haverá mudanças no Universo e a cidade será o sol e a luz. O anjo forte, o que vive pelos séculos dos séculos, tem feito o juramento que assim será o tempo chegará a seu fim quando a cidade chegar a seu lugar.
DO VALE À RUA DA CIDADE CELESTIAL
A cidade estava no alto monte e antes ela não existia; foi criada por Deus, o Altíssimo. Um dos anjos que assistem diante de Deus, entre os quais está Gabriel, recebeu ordem do Cordeiro para que mostrasse a cidade por dentro e por fora.
— Eu sou Eliel, disse o anjo. Nós, os sete anjos que assistimos diante de Deus, conhecemos o futuro profético. Tenho ordem para mostrar-lhe a Grande Cidade do Deus vivente.
Saímos pela praia do Rio da Vida. O rio sai de dois braços que se tornam em um, e nasce no trono de Deus e do Cordeiro.
— Estas águas são o Espírito Santo, são vida. Delas vive a árvore da vida. Cada fruto da árvore contém vida como as águas. A árvore da vida subsiste destas águas. As águas saltam e fazem maravilhas. O arco-íris que está em derredor do trono se reflete nas águas, disse o anjo.
— Depois que as águas saem do trono do Cordeiro e do Ancião de dias, para onde vão?
— Descem ao vale; o regam e regressam como nuvens.
Percebi que a fonte de Gion não estava por acaso ao oriente de Jerusalém. Descemos para o vale. Eu, Enviado e Eliel estávamos juntos. Agora nós estávamos apenas andando. Parecia um lugar comum da Terra, limpo e bem preparado. Havia lagos, árvores e muitas coisas. Saímos ao vale.
— Mais tarde o Senhor Todo-Poderoso vem visitar o jardim. Ele passeia por aqui. Muitas vezes conversa sobre realizações dos planos e sobre o mover de suas mãos no futuro e no presente dos homens.
— Como pode ser onipresente e onisciente se está tão ocupado?
— Sim, ele está sempre ocupado. Ele se move no presente e no futuro como se ambos os tempos fossem um só. Ele é eterno. O passado, presente e futuro lhes são visíveis como diante dos mesmos olhos, replicou Enviado.
— Observe os anjos, são milhares! Advertiu Eliel. Todos de branco em meio das diferentes cores do jardim. No jardim, a primavera e o verão são a mesma estação; houve o outono somente uma vez, quando Lúcifer foi expulso do céu; todos os ramos das árvores caíram e todas as árvores foram renovadas e aqui não existe o inverno. Saía um vapor a partir da base do vale e regava a vegetação vigorosa desde o alto até abaixo. Aqui o Senhor se reúne com os anjos que vêm da Terra e do Universo. Algumas vezes o Acusador vem no meio deles para acusar os irmãos quando Deus assim o permite e quer mudar as desgraças em glória.
— Isto eu não posso entender claramente, disse Ângelo.
— Os santos necessitam saber que Satanás está vencido pela obra do Cordeiro na cruz e sua vitória já é conhecida pela ressurreição. O diabo é apenas um escravo que recebe permissão para realizar qualquer coisa na Terra. Ele vem aqui humilhado e com as mãos estendidas a pedir permissão para cirandear ou atormentar a um dos servos de Deus. Porque ele não trabalha livremente, nem de todas as coisas tem livre realização. Quando ele atua contra os santos usando desgraças, dependendo da sua fé, nós as transformamos em glória; está constantemente enganado; sai daqui rindo-se, mas volta envergonhado e arruinado. Muitas vezes recebe ordem aqui mesmo para prevalecer e vencer, mas é por pouco tempo, até que o plano de Deus seja cumprido e o limite da ira de Deus chegue a sua plenitude; nessa hora ele será envergonhado na vitória de Deus. A vida de Satanás é alegrar-se temporariamente como se fossem momentos eternos de glória.
— Ah! Por isso foi que Paulo disse que as momentâneas tribulações nos reservam eternos momentos de glória, exclamou Ângelo.
— Exatamente, redargüiu Eliel. Uns sofrem por seus pecados, outros por causa da justiça.
— Este lugar é desconhecido na Terra, disse Ângelo.
— Sim, muitos estudiosos se esquecem do Éden original de Deus.
Aqui estão os animais de estimação de Deus; cavalos brancos e de cores, águias, leões, cordeiros. Aqui foi imolado o Cordeiro que representava o sacrifício de Cristo que havia de ser encarnado antes que o mundo fosse criado; no passado, nós não entendíamos claramente o porquê deste feito divino, mas agora o entendemos.
Continuamos e passamos pelo meio do vale do Éden de Deus. Vi os grandes cedros de frondosos ramos, altos, castanheiros… Toda classe de aves e animais do campo viviam em perfeita harmonia no Éden (Ez 31.1-9).
— Assim também será o reino milenar de Cristo na Terra, disse o anjo.
— Aleluia, o Senhor já reina! Cantavam os anjos.
— Venha teu reino, Senhor! Clamou Ângelo.
— Não, Ângelo, aqui é o reino! Explicou Enviado.
— Oh sim, reino de Deus, manifesta-te na Terra!
— Assim deve ser a oração da Igreja; que o reino seja manifestado sobre a Terra, como aqui no céu, disse Enviado.
No Jardim do Éden primitivo do Monte Sião, cada árvore parecia ter vida, batiam palmas e louvavam a Deus. Cada árvore representa um anjo, assim como cada pedra da cidade equivale a um santo, Vi em muitos lugares que faltavam árvores…
— Aí falta o grande cedro, que era Lúcifer (Ez 31.3-7); e ali faltam os outros que se rebelaram contra o Altíssimo (Ez3 1.12); porque foram cortados do Éden; assim estão, para exemplo dos anjos. Este acontecimento nunca será esquecido, jamais (Ez 31.14)! Explicou Eliel.
Voltamos pelas cachoeiras que haviam no alto do monte e chegamos ao alto dos fundamentos da cidade. Foi uma experiência maravilhosa; aproveitei para perguntar sobre os dinossauros…
— Os dinossauros existiram?
— Claro que sim, Ângelo. Os dinossauros foram animais delicadíssimos e não eram maus. Em seus dias, desde o princípio da criação, nos tempos de Adão, Caim, Enoque e Noé havia muitos deles conforme suas espécies. Com a introdução do pecado e da maldição sobre a humanidade e a Terra, a natureza foi perdendo a bênção de Deus e a maldição foi obrigando-os a negarem-se a si mesmos. A natureza começou a gemer. Muitas espécies morreram. Com o dilúvio, Noé pôs apenas um par deles na arca, e de outras espécies, sete pares; depois do dilúvio, ao sair da arca foram extintos porque não havia climatação para eles na Terra. Hoje, na Terra, não há um terço dos animais originais. Somente os animais marinhos continuam em sua maioria desde a criação, mas os animais da superfície já não são muitos; alguns anjos cuidam da natureza e se voltam para prover alimentos para os animais da terra e mar…
Nesse momento passou por nós rapidamente, como um fogo cortando o caminho, um grupo de anjos em carros a cavalo.
Os anjos nos deram duas saudações. Que bonitos cavalos de cores e pareciam ter asas como pássaros! Eram lindos. Nesse momento eu perguntei ao anjo:
— Quem são estes?
— São as patrulhas do Universo. Acabam de chegar para a reunião. São os carros policiais de Deus; eles têm muito que fazer nas reuniões celestiais (Zc 6.1-8). Se a Igreja tivesse consciência, usaria sua experiência para atuar e resistir.
Logo chegaram outras três legiões de anjos. Cada legião vinha de sua missão. Tinham autoridade em seus rostos, eram como generais. Havia, no meio deles anjos fortes, grandes e altos; sua voz era como estrondo de muitas águas. Eles são altos e fortes.
— Quem são eles? Perguntou Ângelo.
— São os arcanjos. Foram a lutar contra os principados das cidades onde os anjos que levaram as respostas de oração não podiam passar. Então eles receberam ordens para ajudar-lhes afim de que a oração dos santos destinatários fosse completamente respondida. Estes anjos não têm respeito por nada senão por Deus e pelos santos que têm uma vida de oração — são amigos deles. Constantemente recebem ordem para ir lutar a favor do povo de Deus (Dn 10.1- 21). Aqueles anjos sobre carros de fogo pararam no monte. Vinha do Oriente da Terra. Eram cavalos alazões (Zc 1.8). Os carros resplandeciam de longe, como tochas de fogo. Os anjos que os montavam eram fortes e altos. Haviam chegado de uma batalha no Eufrates. Foram a deter os ventos soprados pelos principados de ira. Por aquelas bandas se estabelecia um trono dos mais antigos servos de Apolion. Haviam lutado com príncipes de máfias. Em todas as mercadorias e preciosos produtos da terra, há um principado que inspira uma máfia. Seus líderes são todos endemoninhados e possuem um pacto com Satanás para obter sucesso. A economia do mundo está controlada por eles.
— A batalha foi tremenda, disse Miguel, o arcanjo de Israel. O Todo-Poderoso nos avisou que agora, nos últimos dias, o inimigo se levantará a fim de desestabilizar os governos e dividir as nações porque é tempo do barro e ferro, a justiça será comprada com as drogas, a pureza se vestirá de luxúria; a masculinidade e a feminilidade serão burladas pelo homossexualismo, a educação será guardada nos livros e nos computadores até que a mente da humanidade fique vazia da verdade e seja cheia pela vaidade propiciando a possessão maligna.
— O que significa isto, Miguel?
— Barro e ferro? Significa democracia, governo forte e frágil. Forte e frágil ao mesmo tempo. As nações do mundo inteiro, as instituições e as igrejas optarão por este tipo de governo a fim de preparar o caminho do anticristo. O fim já vem.
— O mar está bravo, a terra geme, os poderes serão abalados; o tempo de paz e segurança está sendo discutido, o vento sopra pela Europa e as águias se preparam no acidente. Os demônios do Eufrates estão inquietos. Temos que nos preparar, pois a luta começará de repente e teremos que enfrentar terríveis demônios (Ap 9.6-11). Agora mesmo fomos enviados para controlar a camada de ozônio de sobre a Terra. Sim, se nós não tivéssemos ido, uma grande catástrofe avançaria sobre os cinco continentes. Mas algumas pessoas oraram e por isso fomos. Apenas está controlada.
— E agora, para onde vocês vão?
— Estamos chegando para nos apresentar diante do Todo-Poderoso, por isso creio que já voltaremos, pois há rumores de guerra e paz no Oriente e Europa. Temos que voltar para proteger os santos e velar por Jerusalém. Vimos quando espíritos malignos saíram para possuir os líderes árabes contra Israel. Já se levantará o anticristo; uma equipe em todo o mundo está se reunindo secretamente com altos poderes de vinte nações para formar um grupo internacional a fim de controlar todas as transações internacionais. Não podemos impedir isto, porque tudo está passando com a permissão de Deus.
— Agora, acabamos de passar pela Rússia, libertamos os filhos de Israel e rompemos as cadeias, mas eles não deram glória a Deus; todavia, não reconheceram o Cordeiro e tampouco deixaram de confiar em suas riquezas; estão voltando a sua terra, mas não se voltaram a Deus! Exclamou um dos assistentes do Arcanjo.
— Nós não lutamos, às vezes, porque necessitamos de cobertura. Os demônios, lá nas regiões celestes, abaixo, sabem que não podemos fazer nada se não tivermos cobertura de oração, explicou um dos anjos.
O Monte Sião é um lugar de reunião, Deus vem e ministra a sua estratégia.
Algumas vezes os anjos chegam feridos e não podem passar.
— Vi como alguns deles chegaram tristes!
— O que houve? Perguntou Ângelo.
— Não podemos passar nas regiões celestes.
— Nós te avisamos, falavam alguns dos anjos que estavam ali. Perderam terreno e as potestades avançaram. Não nos cobriram e não pudemos vencê-los.
— Por quê? Perguntou Ângelo.
— Tínhamos em nossas mãos uma autorização para facilitar a salvação de um senhor, pai de família grego, negociante de NovaYork; sua mulher foi a uma igreja há 44 dias e o povo orou por ela, a oração foi derramada como incenso no altar de ouro, e foi respondida; então, saí segundos depois, e ao chegar à zona de escuridão, me detiveram, estávamos sós e clamamos por ajuda a vocês, os arcanjos… nisso, veio um dos conservos e me disse que voltasse porque a senhora havia desistido de orar e não havia perseverado na oração. Ela deixou de orar aos 33 dias, a bênção estava separada dela apenas por alguns minutos; ela deixou de orar e a igreja não se lembrou mais de orar sobre o assunto.
— Que pena, que pena…
— O que vocês pensam fazer, agora?
— Voltar às dependências de encomendas não completadas por falta de cobertura de oração dos destinatários.
Voltei meu rosto e vi na saída do vale, as dependências enormes do departamento de entregas imediatas não completadas.
— Vocês sempre voltam aqui com as bênçãos?
— Não, não sempre, Ângelo. Nós nos arriscamos muitas vezes, clamamos por ajuda, mas os arcanjos não vêm…
— Nós não vamos se sabemos que os servos do Altíssimo, os destinatários, não perseveram em oração. Não, nós não vamos. Nós entendemos as dificuldades deles, por isso é necessário que haja cobertura de oração; por isso, muitas vezes as palavras dos servos de Deus caem por terra, porque não podemos garanti-las, justamente por causa da perseverança em oração. A oração não é somente uma petição, a oração é uma batalha. Primeiro um estabelece a comunhão pelo incenso da oração, depois tem que continuar orando até que alcance a liberação. Quando uma pessoa percebe que já tem sido dada a liberação, pode começar a dar graças porque nós, os anjos, conseguimos passar e a vitória haverá chegado.
— Vamos! Convidaram-me os anjos.
— Veja as árvores! Olhe lá… no Monte Sião, no alto.
Olhei para o alto e vi a cidade preparada e resplandecente, como o sol em seu crepúsculo. Vi também as correntes de água viva que desciam pelo monte como azeite fresco. O resplendor da cidade saía através das pérolas amarelas claras; cores distintas se viam através do muro de pedras preciosas. Sobre o muro havia nuvens flutuantes que embelezavam o monte. Havia por isso um resplendor de cores que nunca tinha visto antes. Do monte ao vale, havia uma escada semelhante àquela que Jacó viu em seus sonhos, por onde os anjos também subiam e desciam ao vale. O clima era diferente ao da cidade. As águas desciam pelo monte regando todo o vale até as escadas. Voltavam a subir através das nuvens que regavam o jardim da praça da cidade. O arco-íris estava intimamente relacionado às águas.
— Veja os anjos, observou Ângelo.
— São grupos de músicos. Estão aperfeiçoando e transformando notas das músicas que o Espírito Santo dá a seus servos na terra. Estes anjos vêm, entram e voltam a cantar em partes distintas da Terra em milhares de idiomas diferentes. Manifestam-se através de visões e sonhos aos santos. Estes anjos cantaram alguns dias atrás com os pastores do campo, quando o Verbo se fez carne…
— Tu já sabes que a cidade foi construída depois da rebelião. Nos dias dos patriarcas foi vista por Abraão. Todos os santos que morriam não vinham a este lugar.
— Sim, interrompeu Ângelo, porque a cidade não havia sido construída e todos que morriam iam esperá-la no Hades.
— A cidade, disse Eliel, não foi construída da noite para o dia. O material da cidade não é terreno. O material é ouro, pedras preciosas e pérolas. Não há prata. No lugar da prata está o sangue do Cordeiro.
— A cidade é de ouro transparente (Ap 21.21). A rua é única e em espiral. Os que desejarem andar nela necessitam saber que tudo aqui é transparente como a
rua. Não há corrupção ou trevas. Tudo é transparente e não há engano. A transparência da rua é para facilitar a passagem da luz à outra espiral abaixo. A transparência é a personificação da santidade de Deus na cidade. Todos os que andarem na rua não pode atrapalhar a luz que atravessa abaixo. Nenhuma artificialidade ou imitação andará na cidade. Nada de imundície se verá na cidade, jamais, tudo será sempre transparente como o cristal. Quem não for o que disse ser, não pode entrar na cidade.
— Por que a cidade é quadrada? Perguntou Ângelo.
— Porque é o modelo celestial original. Assim foram constituídos todos os lugares Santíssimos equivalentes, tanto por Moisés, como por Davi, Zorobabel e Ezequiel. Todo lugar Santíssimo é quadrado Ângelo, porque o lugar Santíssimo também é original. Isto significa que no caráter de Deus não há variação, é imutável. A cidade é um templo. O santo que viver na cidade não terá que ir a nenhum templo, porque habitará na cidade, morará na comunhão do templo.
— Por quê? Perguntou Enviado.
— A glória de Deus está na luz, contestou Ângelo.
— Somente há uma pessoa que pode manifestar esta glória: Cristo. Porque para manifestar esta glória, Deus necessita de uma lâmpada. Toda a glória de Deus somente pode ser vista e manifestada através de Cristo, através da luz da lâmpada que é o Cordeiro. A lâmpada está no lugar onde toda a glória se converte em luz e passa a ser conhecida. Isto é o que o Filho do homem quis dizer a seus discípulos e a Moisés na transfiguração; esta é a lâmpada e sem ela não pode haver luz, concluía Enviado.
— Então quer dizer, interrompeu outra vez Ângelo, que Moisés não poderia ver a glória de Deus sem Cristo?
— Sim. Isto quer dizer “O Cordeiro é a lâmpada” (Ap 21). Nem aqui no céu, nem na Terra, nada poderá conhecer e ver o Pai senão através do corpo do Filho.
O MURO
O muro da cidade fala de separação, que levará anos para ser construído; fala da peleja de Deus que dependia das obras justas de seus servos para sua edificação. A matéria do muro é fruto da vida paciente de cada justo encontrado por Deus. O muro foi edificado de cima a baixo, envolvendo um tempo desde os patriarcas até os apóstolos. Como a salvação veio dos judeus, suas portas têm os nomes das tribos de Israel.
A lei, a redenção e a salvação em sua tipologia foram dadas através de Israel, por isso que as portas estão nomeadas com a identificação de cada tribo de Israel; mas o fenomenal de tudo é que todas as doze portas estão sobre os fundamentos da graça.
— Os muros têm a medida de 144 mil côvados, explicou o anjo.
— É esta medida? Não deve ser igual à medida terrena.
— Não, Ângelo! Esta é a medida de nossa estatura. Nossa medida é de varão perfeito; por isso é diferente. Quando alguém alcança a estatura de varão perfeito, a medida do anjo (Ef 4; Ap 2.17), sua medida poderá ser igual à nossa. Somente pela fé um homem pode chegar a essa medida.
O anjo me entregou uma cana de medir. Com ela se mediam todas as coisas que se relacionavam às profecias não cumpridas no tempo dos homens.
— Esta cana significa a medida de varão perfeito. É a medida do Cordeiro. Chegará o dia em que a medida de um homem será igual à medida do Cordeiro, de varão perfeito. Esta medida é muito especial.
O anjo que falava comigo não sabia como fazer a equivalência exata para que eu pudesse entender claramente sobre o sistema de equivalência das canas (Ap.
21.17).
Queria entender melhor porque os muros da cidade tinham doze portas. As portas eram circulares. Eram pérolas puras. Entrar pelas portas era um privilégio muito grande. Haviam regras que estavam estabelecidas para entrar e sair por elas.
— As portas parecem muito misteriosas!
— Sim, Ângelo. Os muros e as doze portas parecem um mistério. Ponha atenção aqui; são sempre 12,12 portas, 12 fundamentos, 12 pérolas… 12 tribos. O muro tem a medida de 144 mil côvados, que é o resultado de 12 vezes 12. Este também é o número da eternidade. Na eternidade o sete será um número obsoleto que estava ligado à obra da redenção, salvação e criação. Sete é o número da unidade de Deus ao homem através de sua revelação, criação e encarnação. Três é o número de Deus em sua manifestação pessoal. Quatro é o número da Terra, do kosmos. Cada pérola representa um círculo completo: 12 mais 12 igual à 24,24 equivale ao tempo completo, consumado; significa plenitude,cumprimento e consumação, rodas dentro de rodas, 12 dentro de 12, como os 24 anciãos.
O material dos muros é semelhante à manifestação de Deus. Os muros resplandecem à mesma imagem de Deus, do Filho. Através do Filho a glória é manifestada.
— Os muros parece o fulgor de Deus, o Pai (Ap. 21; 18; Ez. 1). Nisto consiste a vida de santificação, meu amigo Ângelo. É a separação; não é pela força daquele que se santifica, mas pela glória que o santificado revela desde o seu interior, que é igual à glória de seu Senhor. Alguns querem ser santos pela implantação de modismos e culturas justamente pela falta de autoridade em suas vidas. Mas a verdadeira santificação é como o muro que revela a mesma característica da glória de Deus em nós. É verdadeiramente um muro, mas um muro transparente. Não é uma transparência para a vaidade, e sim para ensinar o que temos dentro, para revelar a glória de Deus que guardamos dentro de nosso ser. As pessoas vão sentir que pertencem a um “Reino Superior”, que andamos com Ele, não se poderá negar; nossa vida será de jaspe.
O interior da cidade é de ouro puro; não há mistura. A cidade é a própria noiva (Ap. 21.12). Tudo na cidade é equivalente: cada porta, cada coluna, cada fundamento, equivale aos santos. A cidade é literal, existe. Mas cada peça, cada pequena parte da cidade é representativa, por dentro é de ouro puro.
— A cidade revela a fineza dos santos por dentro, é tudo igual ao que o Todo-Poderoso dizia: que a obra do Filho do Homem se estabelece dentro de sua igreja através do Espírito Santo, que seus filhos serão aperfeiçoados até chegar ao grau de 1000. Ouro puro, claro e transparente. Nada que subsista do homem deve permanecer, nem carne nem sangue, disse o varão.
O anjo fez uma pausa. Manifestou seu gozo e continuou:
— Olhe sua roupa, é de linho puro, fala da justiça dos santos. Mas a justiça não pertence aos santos, pertence a Ele — apontou ao Cordeiro. O ouro não é a justiça, nem o linho; é a característica divina, é Deus estabelecido em nosso interior, puro e transparente. O ouro é um elemento só, não necessita de nenhuma mistura para ser ouro, é obra direta de Deus, é a materialização de sua glória na cidade. Quando estamos dentro do caráter de Deus, pouca luz é o mesmo que muita luz; é o que Deus está fazendo dentro dos homens, derramando sua luz.
— Que significam as pedras preciosas? Assombrado perguntou Ângelo.
— As pedras, as pedras… silenciou o varão. As pedras são vistas por fora. À
Jerusalém terrena do milênio será igualmente maravilhosa, terá pedras preciosas em seus muros. O ouro fala da divindade, o linho fala da justiça dos santos e as pedras falam da experiência dos santos. São resultado de anos e anos de permanência no fogo, pressão e paciência; é a união perfeita de vários elementos da natureza à base de fogo. É como Deus; une elementos de várias características, a fogo. É obra da disciplina do Espírito. A igreja, por sua vez é formada por pedras vivas; são pedras preciosas formadas de diferentes elementos que cooperam. A cidade vai sendo formada e temos que esperar o material trabalhado na terra; e na medida em que as pedras vivas são trabalhadas e consideradas lisas, são trazidas. O construtor as prepara na Terra e o arquiteto ordena que os trabalhadores as ponham em seu devido lugar (1 Rs 6; 7). Aqui tudo é realidade, e lá (apontou para a Terra), é o tipo. Aqui realidade e lá figura. Não vês como é o rio?
— Sim, compreendo, aqui estão figuras e realidades, como lá.
— Um dia as figuras daqui serão realidades e tudo será completo. Assim o Espírito Santo, antes, estava aqui em pessoa, e se movia no meio das rodas do trono e lá— apontou para aterra — em tipo e porção. Não vê o candelabro no trono? São dois profetas que ainda não são reais, mas o serão brevemente. Aquelas colunas— apontou ao tempo que será estabelecido na Jerusalém terrena – são provisórias, são figuras.
— Por quê?
— Porque as colunas originalmente foram projetadas para serem equivalentes aos seres vivos. Estas que vês aqui são provisórias e móveis (Hb 9); essas colunas ainda não haviam chegado mas vão chegar. São vencedores! Quem sabe se você é uma delas, Ângelo?
— Pedras, ouro, linho, colunas, rios, equivalência, eternidade.., estou assombrado. E pensar que os 24 anciãos representam a música celestial e os louvores oferecidos na Terra pelos santos e que o incenso do altar são as orações dos santos e que o céu é dependente do incenso…! Ah! Descobri como mover o céu! Aleluia!
Algumas pessoas haviam recebido agora as promessas de seu tempo; outras têm que esperar até que os elementos se estabeleçam e as pedras sejam reais. O dia a dia do cristão vai tornando-se precioso, diversificado por causa das
Variedades.
— O muro está cheio de diversidades de pedras: rubis, ônix, safira, jaspe, ágata.
Elas não foram feitas em um dia, disse o anjo. Quando Deus criou o muro, criou as pedras preciosas. Elas foram sendo tratadas dia a dia; o provisório deveria ir sendo tirado e o eterno estabelecido. As pedras preciosas foram formadas com as reações dos elementos, são resultados da fundição de fogo sobre fogo. Assim, estes muros foram sendo feitos pouco a pouco. Os muros falam da paciência de
Deus para conosco, da esperança de vocês com Ele. É fruto da obra do Espírito.
A natureza de Deus que receberam é trabalhada particularmente através do
Espírito Santo e toda a obra termina manifestada aqui nos muros, como um edifício material que equivale às mesmas pessoas que viveram dentro dele. Isto é maravilhoso! Os muros são equivalentes a vocês, Ângelo. Permitam que a atividade do fogo do Espírito Santo continue criando em vocês o que o arquiteto pensou. Ser uma pedra preciosa na cidade do Deus Vivo é melhor que ser uma pedra de tropeço na Terra. Provas, tratamentos, sofrimentos, circunstâncias, ágata, safira, coralina, ônix (saiu apontando uma a uma com os dedos). Ângelo,
Ângelo, a carne somente é boa quando está no fogo.
As verdades ditas pelo varão angelical me deixaram completamente mudo. Quantas vezes busquei alívio, fugir da disciplina, queria permanecer para sempre no oásis de minha vida, queria esquecer-me de meus desertos, queria que as pessoas sentissem pena por causa de meus sofrimentos, queria que me trouxessem manjar, quando Deus havia ordenado ao corvo que me trouxesse pão e água. Madeira e feno, como fogo, são apenas cinzas; oh, Deus! O que são as madeiras de minhas obras sociais comparadas com ouro de tua natureza?
— Obrigado, obrigado, Senhor por tua disciplina, por teu amor. Transforma-me, Senhor! Ângelo, prostrado, clamava.
— Levanta-te Ângelo! Vamos, há muito que mostrar-te, me disse tocando em meus ombros.
Regressamos à cidade das portas de pérolas.
— Elas não são formadas pelo fogo, são resultados de morte. Representam uma parte do corpo de Cristo, as portas de pérolas. Esta é a história das pérolas: é o resultado sucessivo de uma luta, como a que ocorre ao marisco; o marisco vivia sua vida normal até que ingeriu por uma de suas vias um pequeno grão de areia, e através deste incidente, vai se formando pouco a pouco a pérola; mas é necessário que passem muitos anos para que seja formada. Que beleza! Mas o animal necessita morrer! A vida da igreja está nas portas da cidade e através dela muitos entram no céu mediante uma vida de sacrifício, muitos são salvos e por meio do sacrifício destas mesmas pessoas, outros encontram o carninho que traz à porta. Ele — apontou ao Cordeiro — entregou tudo o que tinha ao Pai para comprar a pérola. As portas são as mais caras da cidade, representam o preço de tudo o que tinha nosso Senhor — ele deu tudo o que tinha pelas portas. Veja! Três para o Norte, três para o Sul, três para o Leste e três para o Oeste.Acidade fica no centro de todo o Reino, assim como deve estar nosso Senhor, no centro de nossas vidas. Ele está no centro da tua vida, Ângelo?
OS CASTIÇAIS
Cada vez que nos aproximávamos do Trono, mais quebrantado eu ficava.
— Como se sente? Perguntou o anjo.
— Sinto-me como se estivesse acordado pela manhã e logo a seguir, olhasse o sol. Sinto-me transparente.
— Vejo movimentos de anjos no Trono, anjos e serafins, ministração diária perante o Trono. Vamos, vou te mostrar a sala do Arquiteto.
Mais perto do Trono, vi anjos com varas de medir, vasos, taças de ouro, instrumentos musicais, que se moviam em todas as direções. Tudo aquilo era esplêndido; todas as coisas eram feitas ordenadamente como nunca havia sequer imaginado.
Quando voltamos pela rua em espiral que nos conduzia ao Trono, observei as figuras dos templos passados e me aproximei mais do templo de Ezequiel. Foi como se ele tivesse sido ampliado diante de mim e o anjo não me disse nada. Interiormente havia uma voz tão clara que me explicava acerca de tudo por onde eu ia passando…
— Aqui é a sala do Arquiteto, o Todo—Poderoso. Estes são os modelos mostrados aos profetas. Este templo é medido constantemente; anjos entram e saem daqui; vi algumas pessoas diferentes entre eles.
— Quem são eles?
— São os profetas. Eles vêm para medir o edifício. Sempre clamam a Deus para que rapidamente se cumpra as palavras do Grande Livro. Eles tiveram grande autoridade no seu tempo, mas não ousam dizer uma só palavra, porque estão esperando completar-se a grande construção do edifício…
— Que edifício?
— Mais tarde te mostrarei.
Lembrei-me de um episódio diferente que eu li no Grande Livro da Revelação (Ap 11.1,2 — quando João Evangelista recebeu ordem para medir o templo).
— Em que estás pensando, Ângelo? Perguntou-lhe o anjo.
— Por que o templo não possui átrio?
— Sim, ele possui átrio, mas não podes vê-lo aqui, porque é equivalente À Jerusalém Terrena. Ela é o átrio desse templo. Veja-o daqui…
Em um pequeno instante, vi a cidade de Jerusalém destruída e milhares de milhares de soldados cercando a cidade para destruí-la… mas logo me foi cortada a visão.
— Este é o átrio. A cidade de Jerusalém, onde Cristo foi crucificado. Ela ainda verá profanação durante os Sinais da Grande Tribulação, na Batalha do Armagedom (Ap 11.2). Até aquele dia, a cidade deverá ter chegado ao lugar pré-determinado pelo Todo-Poderoso.
Virei-me para a direção do Trono e vi algo que impressionava.
— Que vês? Disse o anjo.
— Estou vendo duas oliveiras e dois castiçais.
— Veja bem e observe ao redor do Trono que há sete castiçais, disse o anjo.
— Sete estão perto do Trono, e o Cordeiro se move no meio deles. Todo dia ele os visita, observa suas lâmpadas e cuida delas pessoalmente. Estes sete castiçais representam a Igreja em seus aspectos históricos e atuais. O Cordeiro cuida deles diariamente…
— E os outros dois castiçais rodeados por duas oliveiras? Indagou Ângelo.
— Estes não representam a Igreja, mas os profetas de Israel. Por detrás dos castiçais, há um depósito de azeite. Não falta azeite ali. Representa a unção desenvolvida pelos profetas para uso especial do cumprimento da profecia. As duas árvores de oliva que estão ao redor dos castiçais representam dois profetas e o tempo de seu ministério, são como árvores ungidas diante de Deus. Essas duas oliveiras são homens que perecerão quando for cortado o azeite e não serão selados entre os 144. 000 para que possam morrer durante a Grande Tribulação. Eles representam o povo de Abraão. Um deles é da tribo de Dã, e o outro da tribo de Efraim. Eles representam suas tribos e as salvarão.
— Por que você diz que eles não serão selados? Perguntou Ângelo.
— Porque os selados não morrem. As outras oliveiras foram seladas, mas essas terão uma unção constante em sua época. O Espírito Santo se moverá de forma diferente da que se move hoje no meio da Igreja. Por isso, eles precisam dos canudos que os ligam ao castiçal. Você está vendo os canudos? Eles serão as duas testemunhas de Deus que nos dias finais, na Grande Tribulação, irão enfrentar o Anticristo que se levantará na Terra; eles irão enfrentar os exércitos somente pelo Espírito Santo (Zc 4.6). Eles vertem a unção de Deus (Zc 4.12). Eles são como oliveiras porque ainda não foram manifestados na Terra, mas já estão incluídos nos propósitos de Deus. Sua missão será de reviver a vida, morte, ressurreição e ascensão do Cordeiro, para que a nação de Israel chegue ao arrependimento por ter matado o Filho de Deus, o Cordeiro. Eles não serão selados, porque serão crucificados como o Cordeiro; serão ressuscitados como o Cordeiro; subirão ao céu como o Cordeiro. Quando isso acontecer, a nação toda desejará conhecer o Cordeiro a quem eles crucificaram, procurarão saber sobre suas mãos marcadas, as quais eles mesmos feriram. Nesse momento eles o prantearão como a um Unigênito e Primogênito (Zc 12.10). Nesta época, o Espírito Santo estará novamente no céu, como no começo, e serão enviados a Israel, como o foi à Igreja (Zc 12.3; At 2). Eles experimentarão o seu próprio Pentecostes.
— Essas duas árvores de oliveira farão toda a obra?
— Sim, eles viverão o Cristo crucificado à nação de Israel novamente.
— Moisés não entrou na Terra da Promessa, porque feriu a rocha duas vezes, explicou Ângelo. Na primeira vez ele a feriu uma vez. Na segunda, ele a feriu duas vezes.
— Aí está! Na segunda vez ele crucificou o Cordeiro novamente. Aqui ele profetizou a incredulidade de Israel em relação ao sacrifício de Cristo, prevendo a morte das duas testemunhas para que houvesse o arrependimento de Israel.
— Davi também falou das duas oliveiras.
— Mostre-nos, falaram os anjos.
— Sim, Davi profetizou sobre as oliveiras quando salmodiava cenas do Armagedom, a Grande Batalha do fim. Vamos ler no Grande Livro do Todo Poderoso em Salmos 79.1-3
Atônitos, os anjos permaneceram comigo. Louvávamos ao Pai e ao Filho, que estão assentados no Trono, e rapidamente percebemos que à medida que louvávamos, o Trono se movia.
— Porque os castiçais estão juntos com as oliveiras e elas são representativas aos profetas que ainda aparecerão na Terra. Um, é o castiçal do Espírito Santo, e o outro, representa a Palavra da Verdade. Um é o depósito e o outro é o produto
Da luz.
— Assim, são os servos ungidos de Deus. Eles têm dentro de si mesmos, toda esta engrenagem à sua disposição; nesse tempo da graça na Terra, o mesmo aconteceu em outra época, em menor dimensão.
Percebi que a descrição de tudo aqui parecia com a mesma de Zacarias 4. Perguntei a mim mesmo porque em Zacarias vemos os candeeiros, e em Apocalipse temos as oliveiras e dois candeeiros.
Toda vez que se edificava um templo ao Senhor – disse o Espírito Santo dentro de mim — o Senhor levantava profetas e sacerdotes para ministrarem ao povo. As duas oliveiras são sempre dois ministros. Em Zacarias, foram Josué e Zorobabel. O candeeiro é o Espírito Santo. O tempo é de lei, é tempo de humilhação para a nação nos dias que se aproximarão à grande construção do novo templo profetizado pelo profeta Ezequiel. O conhecimento do Espírito Santo sobre esses dois homens será maior por causa da dimensão de seus ministérios que serão manifestados nos dias do governo do anticristo. Terão uma unção dobrada sobre eles, porque nessa época o Espírito Santo atuará como no Antigo Testamento.
— Que vão fazer aquelas duas oliveiras? Perguntou Ângelo.
— Elas vão ordenar o juízo a partir da Terra.
— Nós já sabemos e estamos preparados para a execução do juízo de Deus e às coisas relacionadas a ele. Nós temos sido instruídos, porque nesta época atuaremos intensamente, disseram os anjos.
— Eles terão as mesmas chaves que a Igreja tinha? Perguntou Ângelo.
— Sim, eles terão as chaves. O que ligam na Terra, também ligam no céu, disse o anjo.
Rapidamente nos aproximamos dos sete anjos fortes que estavam cuidando dos seus instrumentos, eram trombetas. Eles não saíam de perto do Trono. Quando cheguei perto deles, perguntei a mim mesmo sobre quem eram. Neste momento, os anjos que estavam comigo me disseram:
— Estes anjos tocarão trombeta para o juízo de Deus. Eles se preparam para tocá-las (Ap 8.1-3). A única coisa que estão esperando é a voz do arcanjo.
— O que eles estão esperando? Perguntou Ângelo.
— Estão esperando que se complete o cálice da oração e da chegada do juízo final (Ap 8.3, 4).
— Quando o anjo, que tem o depósito do incenso profético, terminar de colher todas as súplicas pela vinda do reino à Terra, e os sete anjos o receberem, dos 24 anciãos, serão tocadas as trombetas (Ap 8.5,6). Quando o anjo chegar, vai lançá-las como incenso no altar. Haverá um fumo no altar. Então, haverá o cumprimento diante de Deus de todas as profecias escritas no Livro.
— Onde está o anjo que colhe as orações?
— Veja-o ali, perto do 23º ancião (Ap 8.3). Era um dos sete.
Vi como o Cordeiro se movia no meio do Trono entre os castiçais. Então perguntei:
— O que representam os sete castiçais e suas 49 lâmpadas?
— Os sete castiçais representam a Igreja, disse o anjo. No céu eles possuem ao todo, sete troncos e 49 lâmpadas, que representam as 49 atuações e manifestações do Espírito Santo na Terra: espíritos de súplica, oração, temor, inteligência, sabedoria, Jeová, Cristo, do Pai, de Deus, Santo, de Elias, de fogo ardente, de poder, de graça, de intercessão, de louvor, de fé, regeneração, justiça, santidade, paz, gozo, alegria, liberdade, salvação, ressurreição, que se move, novo,justificação, selo da verdade, da vida, de domínio próprio, benignidade, mansidão, do juízo, do serviço, testemunha, de força, reverência, de obediência, que habita no homem, unção, promessa, dom, que transmite, que vem subitamente, do Filho, de clamor, Espírito ensinador, Consolador, Conselho.
Assim, percebi que da Terra o Espírito Santo dirige o céu, através da Igreja. Ele estabelece uma influência extraordinária sobre a adoração no céu.
— Nenhum querubim no céu louva por si mesmo. Todas as atitudes dos 24 anciãos são resultado da adoração da Igreja na Terra ou dos atos do Cordeiro. Nessa hora, acabou de chegar um anjo que havia se apresentado na presença de Deus, veio em nossa direção e fez um comentário interessante sobre tudo aquilo que estávamos falando:
— Acabo de chegar da Terra. Estive participando de uma grande conferência de adoração a Deus. Havia milhares de pessoas e muitos pastores de igrejas estavam presentes. Foi algo fenomenal!
— Sobre o que foi a Conferência?
— Sobre louvor e adoração. Estavam pregando e ensinando sobre o louvor da Igreja. Havia um pregador desconhecido dos outros, que nos deixou espantados. Ele nunca esteve no céu, e falou como se aqui já estivesse. Ficamos surpreendidos ao ouvir aquele servo amado de Deus. Enquanto ele falava, nós estávamos protegendo-o, pois havia demônios que rugiam em volta dele. Estávamos dando-lhe cobertura. Tudo foi glorioso e temos algumas ordens ao seu respeito. Preciso ir…
O PREGADOR
Chegou um anjo da Terra, que atendia pelo nome de Ariel. Passou por nós e iniciou uma conversa com outros anjos que vieram ao seu encontro para recebê-lo.
Ariel falava de um pregador da Terra.
— Não há muita gente falando sobre isto na Terra. Mas logo, logo, os pastores vão conhecer o que disse. O Espírito Santo se encarregará de divulgar suas palavras. Basta que alguém seja canal de Deus. Agora é somente deixar com os ventos do Espírito Santo. Eles se encarregarão em divulgar e publicar a revelação.
— O que disse o pregador?
— Ele abriu em Crônicas. Explicou claramente o que se passa em nós, os anjos, quando estamos adorando a Deus com os querubins.
— Em que capítulo baseou seu estudo?
— Vejamos aqui no Livro, disse Ariel.
— Ele leu aqui nos textos em azul… “Crônicas, Reis, Apocalipse, Samuel e Lucas”.
— Todos estes textos se relacionam e se combinam tremendamente.
— Vamos escutar… disse Ângelo.
— Observe os vinte e quatro anciãos, apontou Ariel.
— Sim, já observei.
— Eles, um a um se prostram diante do trono e depositavam suas coroas dando louvor aos que estão no trono.
Os textos de Apocalipse são verdadeiramente sinfônicos. Quem pode ler aqueles textos, achará neles favos de mel. Aqui estava um segredo. O pregador estava falando tudo isto, como se estivesse no céu. Anel estava assombrado com a revelação que o Espírito Santo dava àquele homem.
— Aqui está, mostrava Ariel: “E sempre que aqueles seres viventes davam glória e honra e ações de graça ao que está assentado no trono, ao que vive pelos séculos dos séculos, os 24 anciãos se prostravam diante do que está assentado no trono e adoravam e depositavam suas coroas diante do trono…”. — Observe bem, Ângelo, as palavras: Sempre que aqueles seres viventes davam glória (chamou a atenção de Ângelo).
Ariel continuou.
— Vamos ao texto adicional que o pregador usou: Aqui está.
— Como brilham estas folhas! Exclamou Ângelo.
— “E quando tomou o livro, os seres viventes e os 24 anciãos se prostraram
diante do Cordeiro… e cantavam um cântico novo.., e os quatro seres viventes
diziam: Amém. E os 24 anciãos se prostravam”.
Ariel, então, depois de ter acabado a leitura do texto, disse:
— O pregador reuniu estes textos e ensinou ao povo com voz de autoridade e o Espírito do Senhor se movia em meio da multidão com poder.
— O que disse o pregador? Inquiriu Ângelo.
— Muitas coisas. Tudo é por fé, como um espelho. Todavia não há visto a realidade, como é em verdade. Nós, os anjos, ficamos atônitos com toda a revelação dada pelo Espírito. O pregador revelou o que acontece entre os 24 anciãos e os querubins. Você, Ângelo, tem observado que cada vez que uma palavra de louvor que os querubins dizem, por exemplo, “Amém”, os 24 anciãos se prostram diante o trono, imediatamente, por causa daquilo que é dito, do “Amém”.
— Sim, tenho observado.
— Veja que estamos aqui antes da revelação do capítulo 6.
— Então você quer dizer que todos os24 anciãos reagem a uma ação na terra E no céu?
— Sim, eles se prostram porque os querubins dão glória. O texto diz: “E sempre que davam glória…”. Observe que o capítulo 4 é um acontecimento anterior à entrada do Cordeiro no céu, quando o céu produzia seu próprio louvor, porque o Espírito Santo estava no meio dos querubins. Mas agora, os louvores são produzidos na terra, porque o Espírito Santo está na Igreja. Tudo isso o pregador falou, Ângelo.
— Não podes te esquecer disto, disse-me o anjo que estava comigo.
— Qualquer ação do Cordeiro no trono é uma razão para glorificá-lo através dos 24 anciãos. Os anciãos reagem à medida da ação do Cordeiro no trono e da ação do Espírito Santo na Terra. Os anciãos não atuam se os querubins não atuarem; os querubins não atuam se a Igreja não agir primeiro.
— Isto não é cansativo para eles?
— Eles atuam assim, dia e noite. Os quatro querubins têm energia de quatro seres em um só. Eles não se cansam. Os 24 anciãos servem a Deus nas 24 horas equivalentes. Quando o Cordeiro toma o livro, os seres viventes se prostram e cantam. Eles reagem em função da adoração ao que está assentado no trono. Desde a entrada do Cordeiro, eles reagem a tudo que a Igreja e o Cordeiro fazem. O trabalho do Espírito Santo na Igreja é comandar o louvor no céu.
— Percebi que o trono é móvel, comentou Ângelo.
— Sim, o trono se move. Nos dias de nossa visita ao Rio Quedar, o trono se manifestou de uma forma gloriosa. Saímos pelo norte. A cidade, neste tempo, não estava consumada. Deixamos o Monte Sião e um vento glorioso soprava diante de nós.
Entramos no Universo, passamos as vias lácteas e as atmosferas. As estrelas não estavam imóveis. As estrelas vibram como um gigantesco coral e percebi literalmente o encanto e a harmonia daquela música das esferas cósmicas, louvando a Deus. Assim chegamos na Terra em uma noite fria. Fomos por causa da oração do profeta Ezequiel e pela atuação do Espírito Santo sobre ele. O vento era forte e havia sido produzido pelo mover das rodas e das asas dos querubins.
Éramos todos como uma bola de fogo. Saímos do meio de uma nuvem que nos envolvia. Fogo ardente havia ao redor do trono; por causa da velocidade, tudo parecia um bronze refulgente. Foi do agrado de Deus atravessar fisicamente o Universo. No uso de sua Onipotência, ele mesmo veio. Naquele tempo o Cordeiro não estava sentado no trono. Nestes dias o Cordeiro se manifestava como o Capitão dos Exércitos de Jeová. Era o mistério escondido do Antigo Testamento. Ali estavam os querubins que se moviam, levavam sobre si o trono, como os filhos de Coate.
Dali do trono se movia o Espírito Santo. Ali esteve por muitos anos, até que foi enviado sobre a Igreja, depois da glorificação do Filho do homem (Jo 7.37-39).
Agora, o Espírito Santo move o céu através da Igreja na terra. Mas há pouco, a Igreja assumirá seu lugar definitivamente, e todas as coisas serão restauradas a seu posto (Ef 1.10).
O RIO DA VIDA
Anjos e santos cantavam diante do trono. Vi a multidão reunida e a voz dos que adoravam era suave. Não vi o lugar santo; não havia separação, porque não havia véu. Tudo era Santíssimo e ali era o lugar da verdadeira manifestação de louvor. Tudo era feito na santa paz, tudo em ordem. Todos sabiam que era necessário buscar primeiramente o Reino de Deus e o que se dizia a respeito do Trono era algo fantástico. O relógio do Trono era vivo. Segundo o que faziam os 24 anciãos, assim se movia o céu. Cada ancião representava um fuso das horas terrenas e uma infinita porção do tempo equivalente da eternidade. Tudo se movia em função dos 24 anciãos.
No centro da cidade havia um rio. Quando os santos se dirigiam ao rio, iam cantando “Faz-me beber dos teus rios Senhor”. Multidões iam ao no beber das águas. Não era uma necessidade, mas era um serviço de gratidão, memória e adoração. O Trono nem sempre estava aberto para apresentações. Havia horas em que os 24 anciãos se prostravam diante do Senhor. Esta era uma hora santíssima. O céu inteiro parava quando os 24 anciãos começavam a adorar o Todo-Poderoso. A Igreja tinha prioridade. Algumas vezes, o Trono se movia e saía da cidade. Os querubins se transformavam e à medida que o Trono avisava a sua saída, havia uma revolução no céu.
O Trono saía porque o Pai e o Filho iam até a determinada região, para eventos extraordinários realizados na Terra, nas regiões celestes. Algumas igrejas na terra haviam aprendido o segredo de levar o Trono à Terra. Algumas vezes, os anjos que ministravam do Trono à Terra se apresentavam diante do Todo-Poderoso e do Cordeiro em uma forma gloriosa. Quando isso acontece, ocorre um avivamento no céu. Todo aquele mover era intenso, mas minha atenção se voltou para o Rio da Vida.
Deus não se deixa mover simplesmente pelo fato de ser Onipresente Ele se move como nos dias do Jardim do Éden terreno.
A cidade possui uma base que é um Trono no qual se assenta o Pai e o Filho. Do Trono sai um rio, que é o Rio da Vida. As águas do rio saem de forma espiral e acompanham a rua da cidade e caem ao norte do Monte de Sião. A cidade está em cima do monte. Ao sair da cidade as águas se tornam como nuvens; com o brilho múltiplo da glória da cidade torna-se possível ver as mais belas visões que um mortal jamais poderia imaginar.
— Não havia pensado no mistério do Filho estar assentado à destra do Pai, comentou Ângelo.
— Sim, Ângelo, este é o ensino bíblico. O Cordeiro está assentado a destra do Pai, até que Ele ponha os seus inimigos prostrados a seus pés, e também, até o tempo da restauração de todas as coisas (At 3.21). O Filho está temporariamente no mesmo Trono do Pai, mas haverá o tempo, em que o próprio Filho se assentará no seu próprio Trono de glória (quando começar o reino milenar na terra) e ser-lhe-á dado o Trono de Davi.
— Qual é a função do rio aqui na cidade? Perguntou Ângelo.
— O rio nasce no Trono. Literalmente, o rio desemboca no Monte Santo, mas espiritualmente, o rio jorra no ventre de cada pessoa, dentre as que na Terra crêem no Filho. O rio representa o Espírito Santo. Literalmente, é uma manifestação de vida sobre a terra e sobre o crente. O rio é o Espírito Santo. As árvores do rio se alegram batendo palmas, mas a Divindade se manifesta em um corpo. O Espírito é o Espírito do Pai e do Filho, mas segue sendo Ele mesmo. O Espírito Santo penetra as profundezas de Deus, isto quer dizer que Ele penetra nas profundezas dos três. O Espírito Santo é vida, é uma pessoa que colabora com a unidade espiritual das três pessoas. O Espírito Santo concede hálito de vida, que é conhecido como espírito humano, que atua em todo o ser vivente. Este hálito de vida tem curso original, que circula dentro do ser humano através do sangue, porque ele contém vida, que é o impulso originado e dirigido pelo espírito de vida que se move em todo o ser do homem.
— Aleluia! Isso me faz entender claramente a função do Rio da Vida! Exclamou Ângelo.
— Sim, assim como na Terra o sangue leva a vida impulsionado pelo Espírito humano, o Rio da Vida, impulsionado pela vida do Trono gira dentro de cada vida ressurreta pelo próprio Espírito Santo.
— Isto nos explica melhor a função da água como vida. O sangue contém vida impulsionada pelo hálito de vida de um ser humano, mas quando uma pessoa recebe a Jesus Cristo em seu espírito humano,e é imediatamente batizado por sua fé no corpo de Cristo, recebe vida eterna, que se move através da água da vida. Quem bebe desta água,jamais terá sede. Essa vida é manifestada através da água da vida que nasce do Trono de Deus. Nesse caso, a vida de todo aquele que crê em Cristo é a água, água de vida. Agora, em cada pessoa que nasce de novo, o Espírito Santo começa a sua obra no espírito humano, depois trata com a alma, e por último, trata com o corpo humano. Isso acontecerá na ressurreição. O único que impede a sua permanência no corpo, quitando toda a corrupção, é o sangue.
Na ocasião da ressurreição ou transformação dos santos, o sangue será tirado definitivamente, dando lugar ao Espírito Santo, como água da vida. Tomará lugar nas suas veias, Ângelo, nas suas veias correrá a água literal da vida no seu corpo. A mesma água que vês aqui, estará em suas veias. Hoje, o Espírito Santo habita em teu espírito humano de onde trata com a alma. Mas chegará o dia em que o Espírito Santo tomará o teu corpo, aonde permanecerá para sempre, tendo em vista que depois destes sucessos, espírito e alma serão a mesma coisa, porque já não haverá Santíssimo e Santo Lugar, pois tudo será Santíssimo.
— Sim, agora entendo — disse Ângelo. Quando Jesus se manifestou em carne aos seus discípulos, disse “vejam que um espírito não tem carne, nem ossos, como vês que eu tenho”. Jesus estava manifestando-se depois da sua ressurreição em corpo de carne ressuscitado, que continha osso, mas não havia sangue nele. Antes de sua morte, sua alma era divina, seu espírito também era divino, e depois de sua ressurreição, o seu corpo passou a ser cheio da mesma natureza divina. Todo o mortal foi absorvido pela vida. Seu corpo não continha sangue, porque o sangue não herda o Reino dos Céus.
— E a carne? Perguntou o anjo.
— Sua carne já não é mais carne humana. Simplesmente havia se transformado e absorvida pela vida. Sua carne passou a gozar da vida, suas veias foram cheias de água da vida do Espírito Santo. Quando Jesus morreu na cruz, derramou todo o seu sangue, Ele era Deus e homem. Como Deus derramou sua vida como água, como homem derramou toda sua vida humana, como sangue, entregou toda a sua vida, disse Ângelo.
— Agora entendo porque Jesus disse: “Do interior fluirão rios de águas vivas” e “Quem beber do meu sangue terá vida em si mesmo”. Então, o sangue de que falava não era sangue humano, senão o sangue do corpo da ressurreição, o Espírito Santo. Glória a Deus!
Os anjos adoravam a Deus por causa das revelações que Ângelo recebia. Ele sempre recebia revelações depois das informações dadas pelos anjos. Enquanto Ângelo conversava com um anjo, muitos outros foram se chegando a eles, afim de escutar o que estavam falando. A conversa sempre terminava em adoração.
Nós voltamos em direção ao Trono, para os lados do norte e nos prostrávamos e adorávamos. Entendi perfeitamente todas as coisas quanto ao novo nascimento. Compreendi porque quem nasce de novo não pode morrer, porque recebe vida e vida eterna, e o seu corpo é selado para a possessão do Espírito de Deus na ressurreição. Entendi que, enquanto o homem nascido de novo vive no mundo, o Espírito Santo habita em seu espírito humano e sela seu corpo com a habitação eterna, a ressurreição ou transformação. Assim, o Espírito Santo poderá se manifestar em água viva literal em nosso corpo, e assim estaremos ligados à divindade, literalmente, para sempre.
Aproximamos-nos do Rio da Vida, logo depois de passarmos pela árvore da vida, que produz 12 frutos. Enquanto caminhávamos, continuamos nossa conversa.
— Ângelo, como entendes o que disse o apóstolo João em sua primeira epístola, no capítulo 5, versículo 6?
— Agora posso entender o que disse com respeito a Jesus, que veio em água e sangue. Ele tinha vida divina e terna e vida humana, por causa do seu corpo. Ele se entregou como Deus e como homem, por isso era necessário que o Espírito de vida que estava nele, o levantasse. Porque ele era como um nascido de novo.
— Sim, interrompeu Ângelo, Jesus, ao nascer, já nasceu de novo, porque o que nasce de novo, não nasce segundo a vontade da carne, mas segundo a vontade de Deus. Jesus, ao nascer, já nasceu como homem e simultaneamente nasceu do Espírito. Assim, ele tinha o selo do Espírito em seu corpo. Seu corpo era possessão de Deus. O selo do Espírito o fazia digno de receber o Espírito de Vida a qualquer momento, porque ele havia nascido de novo. Somente assim ele poderia entregar sua vida e voltar a tomá-la. Somente um nascido de Deus tem esse poder, e por esse poder, torna-se impossível permanecer no Hades. Ele não pecou e nasceu de novo. Ele nasceu de novo e não pecou jamais.
— Assim, todo aquele que nasce de novo, tem os mesmos direitos de Cristo. Jesus é o seu exemplo. Essas águas que saem do trono literalmente, chegam até à Terra, espiritualmente para o testemunho. Aqui no céu, são três os que dão testemunho da divindade: O Pai, o Filho e o Espírito Santo. Enquanto na Terra são três os que dão o testemunho: o sangue, a água e o espírito. Estes três últimos não são um, mas concordam entre si. Isto acontece porque o mesmo espírito que atua como vida no sangue humano, é o mesmo espírito que garante o poder do sangue expiatório de Cristo, que purifica o homem de todo o pecado, porque o sangue é inocente e por ele, Satanás foi considerado culpado.
— Como? Explique-me melhor, disse Ângelo.
— Até à morte de Cristo, todos os homens que morriam, morriam por causa do pecado. O pecado suscitava o poder da morte. Assim, a morte atuava com todo o poder sobre os homens. Satanás era o que detinha o poder da morte, e a morte era o grande juízo contra os pecadores, porque o pecado foi um ato e sua condenação foi legal; o poder que Satanás exercia sobre o homem através da morte, era legal. Todos os homens que morriam, morriam pelos seus pecados, e a operação da morte através de Satanás era legal.
— Oh! Já posso entender! Sim, aleluia!
— Por que saltas e gritas? Perguntou um dos anjos.
— Sim, já o entendo. Sim, glórias a Deus! Oh, sim! Então, ao enviar Jesus como homem, em carne, na cruz, o diabo foi declarado culpado, legalmente, porque o homem Jesus foi à cruz sem pecado, e ia morrer. A morte e o diabo foram condenados legalmente, porque mataram a um inocente. Ao matar um inocente, o diabo foi declarado culpado e atado com a morte de Jesus, tornando-se assassino sem defesa.
— E por isso que o sangue testemunha a favor do homem contra Satanás.
— E a água? Perguntou.
— O Espírito se manifesta através da água da vida, concedendo poder para que vivamos a vida eterna em Cristo. Por isso a água, o espírito e o sangue concordam como Espírito.
— Não queres beber dessa água?
— Por que tenho que beber dessa água? Já não tenho bebido dela?
— Sim, o Senhor disse o que beber dessa água jamais terá sede. É verdade, mas ela é memorial de salvação. É como se bebe nas Festas dos Tabernáculos. Nós, os anjos, bebemos dessas águas e somos eternos. Jesus, após a sua ressurreição, tinha corpo ressurreto, mas mesmo assim, comeu. Nós, os anjos, fomos criados eternos; temos algo em comum com vocês, mas vocês são superiores.
— Como? Perguntou espantado Ângelo.
— Vocês são membros do corpo de Cristo.
— Sim? Perguntou Ângelo.
— Somos seus conservos. Não te assustes por ter dito isto.
Aproximamos-nos da Árvore da Vida. Alguns dos seus frutos eram flores, outros, frutos maduros. Isso era normal. Meus amigos, os anjos, observavam minha curiosidade.
— Esta árvore, Ângelo, é diferente das que tu conheces. Esta árvore sempre produz frutos, de mês em mês. O 24 anciãos são o relógio equivalente a vosso tempo e a árvore da vida marca os meses terrenos. No Antigo Testamento, os 12 pães postos no templo eram apresentados a cada manhã. Aqui cada mês a árvore produz um fruto. Esses 12 frutos serão como pães do Tabernáculo, para a proposição diante de Deus. Somente os sacerdotes reais os podem comer.
A árvore era linda, suas raízes perfeitas. Havia uma passagem no meio das raízes que davam aos lados dos rios que produziam seus 12 frutos.
— Cada mês há frutos frescos aqui. Deus sempre se renova e seus servos necessitam viver essa vida de renovação. Nunca seus frutos poderão envelhecer, serão sempre vigorosos e seus dons sempre serão mais e mais valiosos.
A Arvore da Vida estava dividida. Pelo meio de suas raízes passava um rio. Quis me aproximar da árvore.
— Pare, detenha-se! Ninguém pode aproximar-se da árvore até o dia do Tribunal do Cordeiro.
— Tribunal?
— Sim, Tribunal de Cristo, responderam os dois anjos.
— Que tem a ver esse Tribunal com a árvore?
— No Tribunal de Cristo, os vencedores serão conhecidos diante de Deus. Nesse dia solene, o Senhor Jesus há de confessar o nome daqueles que na Terra confessaram o seu nome, diante dos homens e de Deus. O Senhor não se envergonha de chamar-se o seu Deus (Hb 11.16).
— Então, qual é a relação que tem a Arvore da Vida como Tribunal de Cristo?
— Alguém será julgado?
— Os vencedores comerão do fruto da Arvore da Vida. Lá no Tribunal, ninguém
Será julgado, mas as suas obras serão julgadas. As obras que prevalecerem serão
galardoadas. Dentre os muitos galardões, está o comer do fruto da Arvore da Vida que está no paraíso de Deus. Seu fruto tem o mesmo efeito de suas águas, e todo aquele que comer o fruto terá vida em si mesmo. O Espírito edificante se manifestará através das águas e dos frutos da árvore, mas há outros galardões, tais como, o não sofrer dano da segunda morte, que é a separação eterna de Deus; comer do maná escondido; receber uma pedra branca, na qual está escrito o novo nome do galardoado; o ato de receber poder sobre as nações; o selo da Estrela da Manhã; a autoridade sobrenatural sobre os reis da Terra; ter o nome perpetuado no Livro da Vida, não ter o seu nome apagado do Livro da Vida, e ter a dignidade de ser confessado como servo fiel diante dos anjos, do Pai e pelo Cordeiro; o ser coluna do seu templo, no templo de Deus; assim como, receber sobre si um nome da Cidade de Deus e o novo nome do Cordeiro sem contar o direito de assentar-se com o Filho de Deus no Trono da sua glória.
— Vamos agora, eu vou te mostrar as coroas.
Rapidamente fomos levados à Sala do Tesouro. Havia muitos departamentos. Estavam protegidos por cristais indescritíveis. Havia cinco coroas que esperavam o Tribunal de Cristo.
— Esta é a Coroa da Vida, mostrou-me o anjo. Será dada junto com os galardões dos frutos da Arvore e água do Rio da Vida. Todos os santos em Cristo, lá a receberão. Este é o prêmio pela sua fidelidade.
Em seguida, o anjo saiu para nos apresentar outra coroa.
— Esta é a coroa de glória,
— Todos a receberão?
Esperava outra resposta, mas o anjo moveu a cabeça e olhou para mim com uma olhada cheia de compaixão.
— Não, não, servo de Deus. Nem todos receberão esta coroa no dia do Tribunal de Cristo. Quando todos estiverem transformados e imortais, será o momento da glorificação, porém, nem todos serão glorificados igualmente. Uma será a glória do sol e a outra a glória da lua. Esta coroa será obsequiada àqueles que completarem o que faltou dos sofrimentos de Cristo. Por causa de seu sofrimento, sem pecado, muitas vidas vieram ao Reino de Deus e terão direito a recebê-las.
A coroa de glória era maravilhosa. Era algo grandioso aos meus olhos. Parei por alguns minutos e pensei no meu Cristianismo, no meu testemunho, na minha maneira de viver. Silenciei, e os meus amigos anjos, se olharam e se dirigiram a mim com algumas palavras consoladoras.
— Desperta varão de Deus! Ainda estás na tua oportunidade! Ainda não estás morto, vais ter que voltar e viver no mundo, a vida, a morte e a ressurreição de Cristo. Teu testemunho será verdadeiro e poderoso. Tu podes ser digno dessa coroa!
Caminhamos até o lugar onde estava a coroa incorruptível. Tudo aquilo era uma amostra de cada uma daquelas coroas que todo o servo de Deus terá oportunidade de obter.
— Que linda! A quem está destinada esta coroa?
— Este é o prêmio da perseverança. Está preparada para aqueles que no meio da corrupção do mundo mantiveram-se fiéis e que jamais negaram sua fé. Foram criticados, humilhados, sofreram por suas convicções, mas na verdade, nunca mudaram a visão de Deus que havia sido dada pelas políticas demagogas dos homens. Jamais negaram sua fé diante dos Tribunais por causa da perseverança. E todos que foram perseverantes em sua fé em Cristo, em suas promessas, hão de receber a coroa incorruptível. Aqueles que disciplinaram sua vida, também hão de disciplinar as nações com varas de ferro e as julgarão no Reino literal de Cristo sobre a Terra.
Outra vez parei, pensei e quis chorar, ou melhor dizendo,não sei o que passou. Entristeci-me, mas não havia em mim lágrimas. Que horrível é não ter lágrimas. Meu corpo estava na Terra e a sensação que sentia era terrível. Jamais havia sentido algo assim. Queria chorar, mas não podia. Estes foram os momentos mais tristes da minha passagem em alma no céu. O que sentia verdadeiramente é que eu não era digno de nenhuma daquelas coroas. Então clamei “Oh! Miserável homem que sou!”
Pedi permissão e saí do meio dos anjos e me aproximei do Rio e me ajoelhei. Com os meus joelhos nas águas que se moviam na beira, vi meu rosto. Não era exatamente igual ao meu corpo normal. Pela primeira vez eu vi o homem interior. Meu rosto parecia estar maquiado, com cor de fogo, era mais jovem e adulto ao mesmo tempo. Estava vestido com um traje semelhante ao traje dos santos. Os anjos não tinham um traje igual ao meu. Ao ver meu rosto, parei. Pela primeira vez eu vi a mim mesmo no céu, era eu e não sabia. Estava mudado. Quando me vi, veio uma mão que me tocou de trás de mim e me disse:
— Meu filho, porque te entristeces? As obras dignificaram essa Nação Santa; quem receberá essas coroas não as terão como próprias; a justiça deles não será a sua justiça humana, mas será a minha justiça neles. Eu tive a oportunidade de atuar neles, realizei a obra neles, estive trabalhando através deles. Já não vives só, meu filho, Eu vivo contigo. Tuas obras não passam de falsa justiça. O que tu crês que estavas fazendo, o fazias em mim, na ocasião em que vivias. Se tu crês que estavas em mim na ocasião da minha morte, também poderás crer que Eu estava em ti na ocasião da tua vida.
— Sim, Senhor!
Prostrado aos seus pés, adorei; como reluziam como bronze! Seu perfume era mirra e aloés. Pareciam acácias suaves.
— Então, meu filho, assim como crês que estavas em mim nos momentos da cruz, também pode crer que eu estava contigo nos momentos de sua vida. Permita-me que eu viva em tua vida, deixa que eu viva contigo em tua vida terrena e estarei contigo em tua morte. Assim como estavas comigo em minha ressurreição, estarei contigo em sua ressurreição. Levanta-te! Permita-me que eu esteja contigo na tua vida, assim como estavas comigo na minha morte; assim como tens parte em minhas coroas, assim eu terei parte em teu galardão, porque estive contigo em tua vida!
Não tinha palavras para agradecer! Estava atônito. As palavras para minha reação podem ser outra, em linguagem de anjo. O certo é que estava com vergonha ao perceber quanto era egoísta em pensar que minhas obras me faziam digno de obter melhores coroas que meus irmãos. Que vergonha senti quando entendi que a coroa, naquele caso, não me pertencia. A coroa não era minha, era nossa. Cristo compartilhava comigo a sua herança. O Cristo glorificado, depois de ter se humilhado em forma de homem, depois da ressurreição e glorificação, todavia seguia humilde.
Levantei minha cabeça e já não estava mais. Senti a sensação constante do toque de sua mão carinhosa sobre a minha cabeça. Depois perguntei:
— Onde está meu Senhor, Fiel?
— Estarás com ele outra vez. Vamos ver outra coroa.
— Sim, vamos. Respondeu o Ângelo totalmente mudado, louvando e adorando ao Senhor.
Sentia-o presente a todo instante. Continuamos vendo as coroas. O anjo foi relatando uma por uma.
— Aquela é a coroa da formosura, que todas as mães virtuosas e sábias receberão (Pv 4.9) juntamente com seus filhos obedientes. A mulher virtuosa, que foi a coroa de seu marido, a terá em sua cabeça… Aquela é a coroa da justiça, o galardão dos profetas, não somente os profetas a terão, mas todos aqueles que receberam um Profeta do Senhor como a um anjo. Esses receberão galardão de profetas. Esta coroa, também, é o prêmio equivalente a todas as injustiças sofridas pelo amor do Reino de Deus (Mt 5.12). Aquela outra é a coroa que receberá Israel entre as nações.
— Por que tem 12 estrelas?
— Pertence a toda a nação com suas 12 tribos.
Chegamos a uma porta enorme e linda, como um grande arco. A porta era transparente e estava repleta de coroas.
— Aí estão as coroas dos santos e as pedras brancas que guardaram os seus novos nomes.
Continuamos até a Sala do banquete. A Sala das coroas estava perto da sala do banquete. Entravam e saíam dali, anjos e anjos. Voavam sem pôr os pés no piso de cristal puro. Os anjos eram vistos pelo reflexo dos cristais. Que maravilha era tudo aquilo.
— Estão preparando a mesa! A mesa é em espiral, e se sobrepõe em graus a cada volta. A ponta inicial fica no centro e a medida é de anjo.
— Como vão entrar aqui os santos?
— Esta sala é especialmente para o banquete do reino. Os santos serão como ele é. Eles aparecerão e desaparecerão.
— Que servirão aqui?
— Um manjar, um banquete e vinho. Um vinho preparado especialmente pelo Cordeiro. Ele sabe preparar do melhor vinho!
— De onde vem o vinho?
— Ora, Ângelo, que pergunta! Vem do vale. Não te lembras do vale abaixo do monte… daqui do Monte Sião?
— Sim, das vides. Como o vinho já está preparado, percebo que tudo já está preparado.
— Sim, Ângelo, tudo está preparado! Falta a noiva se aprontar!
Saímos da sala do banquete e me deparei com a sala de recepção dos santos, que chegaram da Terra, perto do mar de cristal.
— Quem é este?
— É Paulo, o Macalão.
— Paulo Macalão?
— É a recepção de sua chegada.
Emudeci e repliquei. Estava em um tempo da eternidade que equivalia ao período de 1980 a 1982. Era o período equivalente do tempo terreno.
— Mas ainda está novo!
Ele estava novo como um jovem de 17 anos, mas seus olhos eram de uma serenidade sem par.
— Por que está tão novo, se ele morreu tão idoso?
— Este é o prêmio do gozo dos que esperam em Jeová. Renovam suas forças. À medida que o homem vai vivendo na carne, e vai envelhecendo, o seu homem interior vai se renovando. Na ressurreição, em teu corpo, revelará o quanto esperaste no Senhor; pela renovação das tuas forças. A medida que uma pessoa vive na Terra, seu corpo envelhece e morre. Em contrapartida o seu espírito, o seu homem interior, se renova para a vida.
Na sala de recepção havia alguns anjos músicos, entre eles, alguns servos da Igreja dos primogênitos. A cada instante entravam centenas de santos de toda a Terra, depois que se apresentavam diante do Trono, eram trazidos à sala de recepção. Os anjos os serviam e cantavam o cântico dos hebreus.
A VISÃO DOS ARCANJOS
O céu é um movimento constante. A Nova Jerusalém é uma cidade movimentando-se para o encontro. E todos os anjos, além disso, trabalham para servir aos herdeiros da salvação (Hb 1.14).
— Nos tempos antigos, antes da criação do mundo, nós, os anjos, estivemos atuando em tempos diferentes dos quais o grande apóstolo chamou de dispensações. Muitas coisas se passaram antes da criação do mundo.
Um anjo veio apressadamente e se pôs junto de nós, na Praça da Grande Cidade, e colhia as folhas da grande árvore. Nós o recebemos alegres e contentes e ele nos saudou. A saudação eu não a pude compreender naquela hora: “Jehová Samá”.
— As águas desse rio são cristalinas; todas as cores da cidade são refletidas nelas. Que coisa linda…
— Às vezes elas se tornam como fogo, replicou o anjo.
— Quando vai haver um grande julgamento, elas se transformam. No grande dia da ira do Todo-Poderoso, as águas do rio serão como chamas de fogo, disse o anjo.
— Como é que você sabe disso?
— Nós aprendemos isso com as visões de Daniel. Ele teve muitas experiências especiais.
— Onde estão os profetas e os apóstolos?
— Este lugar é muito grande. Os físicos terrenos quiseram medi-lo, mas não sabiam que a cidade é medida a medida de anjos.
Se lermos as parábolas e os Evangelhos de Jesus, percebemos que ele usa medidas, valores e pagamentos, diferentemente…
— O Senhor continua pagando ao último trabalhador como ao primeiro — gritou de longe o segundo anjo.
Fomos nos aproximando do centro da praça da cidade. Todo aquele lugar parecia o centro da adoração. Louvores tremendos vinham ao Trono; anjos com toda a sorte de instrumentos ao derredor do Trono, turnos e turnos a seu tempo; instrumentos e músicas angelicais, não havia uma nota errada. Tudo estava de acordo com a ordem celestial.
— Peçam àquele anjo que toque alguma coisa, pediu o anjo.
— Não, ele não pode. Nenhuma nota musical pode ser dirigida à outra pessoa, a não ser àquele que está assentado, ao Cordeiro, no centro da cidade. Estamos no Santíssimo Lugar. Aqui não se pode tocar nada, a não ser o que lhe for ordenado segundo a equivalência que vem da Terra.
— Quem são seus Mestres? Perguntou Ângelo.
— Vamos ouvir a Sinfonia ao Cordeiro… depois te falo. Preste atenção nos detalhes dos movimentos dos querubins e serafins. Preste atenção em como adoram os 24 anciãos e observe a ligação que eles têm com os querubins. Observe os serafins perto do altar e os anjos que trazem o incenso. Observe de onde eles vêm e para onde eles vão. Quando ouvires a voz do trovão, significa mistérios. Enquanto a igreja não chegar à cidade, haverá a voz do trovão, que significa mistérios. Sobre isso, não posso te falar nada mais, porque eu também não sei.
— Mas você pode saber — replicou o outro anjo. Você pode saber através da Igreja.
— Nós, os anjos, através da Igreja, temos acesso ao conhecimento revelacional de Deus, não é? — clamou outro anjo dirigindo-se a Ângelo.
— Sim, o Espírito Santo que está em nós, revela através de nós e por nós, o que lhe apraz. Ele sonda as profundezas de Deus.
Após a sinfonia, urna nova turma de anjos se aproximou para cantar diante do Trono. Sem ensaios, eles acompanham os 24 anciãos…
— São 24 turmas que diariamente aparecem diante do Trono de Deus e apresentam cânticos extraordinários, disse o anjo.
E alguns cânticos são entoados diariamente. A princípio, não havia muitos anjos cantando nessa turma. À medida que o tempo foi passando, foi se multiplicando o número deles, desde o dia em que o Espírito deixou as rodas e foi para os quatro cantos da Terra, a turma aumentou e agora está muito maior. Todos os dias elas são esperadas pelos querubins serafins. Os 24 anciãos se alegram a cada nota desse grupo. Eles cantam somente cânticos novos.
— De onde eles tiram esses cânticos?
— Aqui está a resposta à sua pergunta inicial, disse o anjo, olhando profundamente a seu amigo Ângelo.
Cada palavra que o anjo foi falando, fazia-me regozijar em espírito na presença de Deus.
Havia alguns momentos em que o anjo não necessitava abrir o livro. Eu ouvia dentro de mim como uma voz firme e decisiva, que me fazia lembrar palavras das Escrituras, como se fossem um fogo ardente dentro de mim. Entendi que o Espírito Santo me fazia reviver todas aquelas palavras ditas em toda a Bíblia.
— Ouça a sinfonia. Ela é presente no céu e na Terra!
Eu estava atônito, querendo compreender, e o anjo estava se preparando para falar-me de algo do qual eu já havia ouvido na Terra, sem acreditar.
— Cada vez que eles cantam aqui no céu, é porque essa sinfonia já foi ou está sendo apresentada na Terra. Isto é maravilhoso! Antes, isto não era assim! Quando o Espírito Santo desceu e o Cordeiro entrou, tudo mudou, porque agora a música e a letra vêm da Terra. Cada vez que um servo do Altíssimo se apresenta em adoração e canta os novos cânticos, inspirados pelo Espírito Santo, tudo o que sai de maravilhoso através de sua boca, é transmitido imediatamente ao regente do coro celestial e como um piscar de olhos, todo o seu louvor é repassado perfeitamente à presença do Todo-Poderoso através dos 24 anciãos. Isto é maravilhoso. Mas nada é apresentado no Trono se a Igreja não tiver primeiro apresentado na Terra.
— Ei, não! Espere! Segurando na mão de outro anjo, um deles interrompeu.
— Ângelo, não vai deixar-nos curiosos. O que ele disse de novo para você?
— Espere um pouco, preciso dar uma orientação aos anjos que seguem comigo sobre o problema da barreira, o velho problema que temos para chegar na Terra.
Pensei comigo mesmo: Quanta coisa tenho que aprender aqui? Como estou ignorante sobre tudo isso… era um teólogo, ensinava sobretudo isto; mas é como se não soubesse de nada; sem prática a experiência inexiste.
— Muitas coisas há para conversar, volte logo, disse ao anjo enviado à Terra.
Passaram-se alguns momentos e o anjo voltou.
— Vocês ainda estão aqui? Já se passaram meses na Terra. Nosso pregador vem aí, vocês não terão acesso a ele.
Guardei tudo o que ele disse. Vamos comparar ao Grande Livro.
— Venham por aqui, disse o anjo Enviado.
— Que lugar maravilhoso! Como se chamas?
— Esse é o lugar aonde os anjos vêm buscar entendimento na Bíblia: O Livro da Revelação. Cada vez que ouvimos algo através de um ministério na Terra, aqui gastamos nosso tempo perscrutando o que nos foi revelado. Tudo aqui é levado a sério. Tudo que se refere a esse Livro, não podemos deixar passar. E tudo o que fere a verdade desse livro, não podemos aceitar.
— E aquela porta? Perguntou Ângelo.
Eu vi uma das 12 grandes entradas que pareciam portas rotatórias. Elas estavam constantemente girando e muitos anjos entravam e saíam por elas.
— Aquela porta — respondeu — é porta de três dimensões.
— Que quer dizer isso?
— Através dela, João Evangelista foi levado. Quando você entrar por ali, você consegue ver todas as coisas em três dimensões, da mesma forma que o Todo-Poderoso vê, julga e age. Você não vai entrar por ela agora, você vai entrar pelas Portas de Cristal, por onde vemos tudo de outra dimensão. João via o que ainda não havia acontecido como se já tivesse acontecido. Você verá somente o que não aconteceu, pelo momento! Vamos consultar o Livro.
Chegamos ao Livro através das Portas de Cristal. Páginas com letras de prata.
Havia um livro com vários nomes, como se cada versículo fosse escrito com nomes, e fomos folheando o Livro e as Escrituras. Então, percebi o nome de várias pessoas; vários nomes; vários nomes de todas as línguas, tribos e nações. Eram nomes diferentes, nomes conhecidos, nomes estranhos. Então perguntei:
— Por que a Bíblia está escrita somente de nomes?
— É porque cada um desses nomes que estão aqui trouxeram uma revelação pelo Espírito à Igreja na Terra, e seu galardão é muito precioso.
Percebi que alguns versículos não tinham nada, então perguntei:
— Por que alguns versículos estão sozinhos e não têm nenhum nome?
— É porque esses versículos ainda não foram revelados. E todos aqueles que completam essa revelação, terão seu nome escrito nesse lugar.
Em um mesmo versículo havia vários nomes. Então perguntei:
— Por que nesses versículos existem vários nomes?
— Porque foram vários os profetas de Deus que tiveram a mesma revelação na
Terra!
Olhando para o Livro percebi e exclamei:
— Ouro! Ouro!
— Sim, o ouro indica coisas que já passaram, e prata, coisas que ainda vão acontecer. Estes que se misturam são as que se repetirão e darão sentido à profecia que tem duplicidade de cumprimento. Todos aqui são um mesmo Livro. São milhares de detalhes que cada um apresenta. Muitos ainda são mistérios para nós. Cada vez que o conhecimento na Terra é manifestado, nós viemos aqui e combinamos as cores pré-estabelecidas por nosso Senhor; tudo que destoa, é porque está fora do ensino da doutrina. Muitas coisas aqui foram pintadas com gemidos inexprimíveis. A maioria dos pintores que fez isso sofreu muito e passou grandes tribulações na Terra. Os Livros que eles escreveram foram trazidos em forma de cores para revelar os mistérios que nós precisamos, a fim de entender melhora Palavra Revelada, mas tudo vem da Terra, através dos santos. Esta sala é movimentada. Cada dia algo novo acontece. Os anjos estão sempre visitando esta grande sala. Nós nos alegramos e regozijamos pelo ensino que a Igreja recebe pelo Espírito Santo.
— Observe as cores aqui em Apocalipse, explicou o anjo. Ao abrir as folhas das páginas do Livro de Daniel, você combina as cores das palavras que estão em Apocalipse; assim você entende. Essas partes incompletas significam que ainda não foram totalmente reveladas, mas isso não demorará muito tempo. Quando você voltar outra vez, esta parte já estará clarificada.
— E se formos ao futuro, anjo, como estarão?
— Não! Agora não podemos!
— Que maravilha! Respondeu Ângelo.
— Sim, algo maravilhoso! Glória ao que está assentado no Trono e ao Cordeiro!
Fomos andando pelo meio do fulgor daquela sala e saímos próximos ao Tabernáculo aberto. Era o modelo dos Tabernáculos da Terra.
— Veja que maravilha de Templo que Deus revelou a Moisés, Davi, Salomão, Zorobabel e Ezequiel!
— E aquele ali?
— Ali está o templo mais importante. A imagem de Deus, o corpo humano! O templo atual do Espírito Santo! Nunca houve dois templos na mesma dispensação.
Em cada dispensação havia um templo. Agora estamos na revelação do Templo do Espírito Santo.
Deus habita no homem por sua Palavra e seu Espírito! Isto revela que sua glória e sua sabedoria estão sobre a sua Igreja. O Templo de Ezequiel está em tom diferente porque ainda não foi inaugurado. Não podemos passar por ali, porque não nos é permitido agora. Os querubins guardam isso tudo com muito zelo. Eles são os guardadores da glória de Deus!
ASAS E TRANSPARÊNCIAS
Chegou a hora em que os anjos falaram de si mesmos. Num momento feliz, Miguel me dirigiu a voz e os anjos revelaram seus mistérios e cada vez mais me aproximava do Trono.
— Como foi o dia da apresentação do Cordeiro na perspectiva de vocês? Perguntou Ângelo ao coro de anjos que com ele estava.
— O dia em que ele assentou no Trono foi espetacular. A indizível glória do Trono se manifestou gloriosamente na cidade. O Cordeiro foi sempre um grande mistério, tanto para os homens, como para nós, os anjos. Ele não tinha esse nome Jesus. Ele era, foi e agora é conhecido por um nome. “Jesus”, este nome, como é conhecido dos homens, foi recebido quando se fez carne. Mas ele tem outro nome aqui no céu, este nome será revelado a todos brevemente.
— Como foi o dia em que vocês o viram entrar no céu? Perguntou Ângelo.
— Foi como o romper da aurora, algo totalmente novo para nós, os anjos, porque antes da criação do mundo, o verbo era Deus e estava com Deus (Jo 1.1). No princípio, o Verbo estava com Deus (Jo 1.2). Aqui há dois princípios: o pré-universal e o pós-universal. Antes da criação dos céus e da terra (Gn 1.1; Jo 1.2) havia um princípio não-cósmico! Um princípio absoluto. Neste princípio, o Filho Unigênito não era considerado Filho. Não tinha o nome Jesus, nem era conhecido como Filho. Neste princípio absoluto, ele era Deus.
Quando estava na Terra em seu ministério terreno, ele mesmo se declarou. Ele era Senhor. Deus. Estava com Deus. Era Deus. Era. Estava com…
Ele deu testemunho de que estava junto de Deus. Nós não o víamos separadamente, jamais. Ele era um mistério para nós.
“Agora, pois, glorifica-me, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse” (Jo 17.5). Ele saiu do Deus IHAVÉ. João não lhes disse que “viera de Deus e para Deus voltava…” (Jo 13.3). Ele mesmo sabia aonde estava no princípio. “… que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava?” (Jo 6.62).
Saiu de Deus: “E crestes que eu saí de Deus” (Jo 6.26).
Ele não só saiu, mas veio dele: “… saí de Deus e vim de Deus” (Jo 8.42).
Ele era um mistério oculto. O grande servo Paulo foi chamado para ‘‘demonstrar a todos os santos, qual seja a dispensação do mistério que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou” (Ef 3.9).
— Ele foi criado?
— Não, absolutamente Ângelo.
— O que foi a dispensação do mistério?
— A dispensação do mistério serviu para revelar o mistério oculto em Deus. O Cordeiro estava em Deus, por isso era Deus. O Cordeiro não foi obra de Deus para estar ao alcance de suas mãos, fora de sua mente, como obra criada. O Cordeiro era Deus. Nós, os anjos, não conhecemos estes mistérios. Ele estava guardado em silêncio desde os tempos antigos (Rm 16.25).
— Que são os tempos antigos?
— Os tempos antigos são o mesmo que tempos eternos.
— Ângelo, disse o anjo, o mistério é revelado de duas maneiras: Pelas Escrituras proféticas (Rm 16.26) e através da Igreja (Ef 3.10).
Dê-me por conhecido daquilo que Paulo escreveu que a revelação do mistério tem dois destinatários: As nações, para obediência e fé (Rm 16.26) e aos principados e potestades (Ef 3.10). As nações precisam saber do mistério. As potestades e principados precisam saber do mistério. Entendi como somos importantes para Deus, porque a dispensação do mistério é a dispensação da revelação plena de Cristo às nações, aos principados.
— Você lembra dos tempos da Unidade Absoluta? Perguntou Ângelo.
— Aprendemos de Paulo que não havia Trindade, havia divindade. Havia unidade. Não havia o nome “Pai”, nem tampouco o nome “Filho”. Havia uma só divindade. A compreensão de Paulo, após o conhecimento pessoal do mistério é assim: “… um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos e por todos, e por todos e em todos” (Ef 4.6). Nos tempos eternos ele estava em Deus, com Deus, junto de Deus, como um, nele.
— Nos tempos eternos não havia corpo visível e material que impedisse a unidade. Uma realidade de símbolos, mente e coração. Três almas, três pessoas: Um só espírito para um só corpo.
— O corpo de Cristo do qual participo — replicou Ângelo — ajuda na ilustração:
Muitas almas, muitas pessoas em um só corpo (Ef 4.4), em um só espírito!
— Sim, que maravilhoso! Exclamaram os anjos.
— Nos tempos da unidade absoluta, não havia anjos. Anjos não existiam, vieram a existir, disse Enviado.
— Fale-me dos anjos, a começar dos querubins.
— São anjos mais íntimos. Veja-os. Lúcifer era um deles. Ali estão quatro que estão ao redor do trono. Não são oniscientes, mas vêem mais do que todos: Têm oito olhos, seis asas e uma percepção comum entre os anjos. São especialistas em movimentos, e conhecem a intimidade do fogo, da velocidade e do discernimento mais apurado. Lúcifer cuidava dos tesouros da glória, Era hábil músico. No dia de sua criação, foram criados instrumentos mais requintados, os primários instrumentos, a melodia e o ritmo. Tudo perfeito. Ele é visto na Bíblia de várias maneiras.
— Conheço sua história, disse Ângelo, em Ezequiel 28.11-19 até seu fim, quando será lançado no poço do abismo. A começar de sua morada no Monte Santo de Deus até o dia em que será recebido no poço do abismo (Is 14.18).
— Que revelação guardas contigo Ângelo?
— Em Ezequiel 31.1-18, Lúcifer é mostrado como uma árvore frondosa que se exalta. Mas é lançado no Seol, continuou Ângelo.
— Aquele que detinha as chaves do Seol, um dia será preso na mesma cadeia onde aprisionou a muitos (Ap 20.1-3), disse um dos anjos.
— Em Isaías 14.7-20, “toda a Terra está descansada!” Veja no Livro, que este é o clamor com que começa a profecia que se refere ao Milênio. Nesse texto, há um cântico do profeta referindo-se ao dia em que Satanás for lançado no poço do abismo, ao mais profundo do Seol. Ali, explica Ângelo, o cântico não é outra coisa senão a alegria das faias, da terra, dos mortos e dos príncipes da terra, também seduzidos por ele; um salmo de sarcasmo verdadeiro sobre o próprio Satanás.
— Comparado a nada (Is 14.10).
— Sim, o texto refere-se ao que lhe dirão quando for lançado no profundo do abismo, concluíram.
Todos juntos observamos que os três textos juntos revelam o total propósito profético, desde quando esteve no Monte Santo, até sua expulsão com a terça parte dos anjos, às regiões celestiais, onde para sua vergonha foi exposto na cruz ocasional (Ef 2.15, 16).
— Daí, disse Ângelo, para a Terra, no meio da Septuagésima Semana de Daniel
(Ap 12.7-12).
— Depois de um tempo, irá para o poço do abismo (Ap 20.1-3), de onde sairá definitivamente (Ap 20.10), depois de cumprir mil anos de sentença, em domicílio… disse o Enviado.
— Os querubins do Trono estão mais próximos do Deus Vivente que os 24 anciãos. Eles são responsáveis pela condução do Trono e da glória de Deus. Estão em vigilância constante. Eles são capazes de fazer muitas coisas de uma só vez, em direções opostas e ao mesmo tempo (Ez 1). São vistos como rodas, relâmpagos, trovões, fogo, olhos. São condutores, são somente adoradores! Eles não estão próximos para verem defeitos. Não há imperfeições no Deus vivente! Eles estão próximos para adorar e servir, explicou o anjo.
— Mas não existiam somente cinco querubins. Existem mais, pois os vemos em diversas circunstâncias. Um deles guardando a Árvore da Vida (Gn 3.24). Ele está guardando o caminho da Árvore da Vida!
— Os querubins guardam as coisas preciosas do Reino? Perguntou Ângelo.
— Eles também reciclam a glória que ao Reino é enviada.
— É uma classe especial, disse um do coro.
— E os serafins? Perguntou o representante da Terra.
— Os serafins são os mais próximos do Deus vivente, depois dos querubins, disse Enviado. Os querubins estão na tampa da Arca! Isto quer dizer que eles estão no Trono. Já os serafins, estão relacionados como Altar de Incenso. Eles são os que tiram brasa do altar e com elas tocam as pessoas, explicaram os anjos.
— Eles tocaram os lábios do Profeta Isaías. Tocaram o corpo de Daniel. Eles não estão relacionados ao Trono, mas ao Altar do Trono (Ap 8.1-3)! Assim como os querubins estão guardando a glória e as coisas preciosas do Reino, os serafins guardam tudo que se relaciona à santidade de Deus!
Sentia-me mais leve à medida que caminhávamos. O anjo me disse que antes de darmos a volta, iríamos encontrar um dos arcanjos.
— Sim, os arcanjos! Que admiração tenho por Miguel, o arcanjo de Israel, exclamou Ângelo.
— Os arcanjos têm voz poderosa. São anjos de ordens executivas e definitivas. Eles recebem ordens para os acontecimentos escatológicos. Sua voz será ouvida pelos mortos (1 Ts 4. 16). Eles darão início à luta contra Satanás na ocasião em que este for lançado e expulso para a Terra (Ap 12.7-12)! São eles que enfrentam os principados (Dn 10) na barreira entre o céu e a Terra. No meio deles está Miguel. Lemos de seus atos em Daniel, Judas e em Apocalipse. Este arcanjo tem grande autoridade. O diabo conversou com ele, sem ofendê-lo, porém em Apocalipse 12, Miguel lutará contra ele e o vencerá poderosamente, lançando-o por Terra, Esta batalha vai ser diante de nossos domínios, disse o anjo. Nós vamos lutar com ele!
— Um arcanjo dará a voz de comando para o arrebatamento da Igreja. Estes tipos de anjos são vencedores. São especialistas em lutas travadas no mundo espiritual. Eles fazem tremer os principados e potestades. Quando um arcanjo vem em ajuda de um dos anjos mensageiros, é porque sabem que estão sendo impedidos pelos inimigos.
— Mas há uma coisa que eles não podem fazer: Expulsar demônios!
Eles podem lutar contra eles e vencê-los. Não podem repreendê-los por sua autoridade. Eles dizem: “O Senhor te repreenda”. Esta glória pertence à Igreja. Você pode dizer aos demônios: “Eu lhes ordeno que saiam em nome de Jesus”. Nós deixamos isto para Deus. Nós não resolvemos isto assim, disse o anjo.
— E vocês?
— Nós, os anjos mensageiros, somos enviados. Recebemos ordem diariamente e comparecemos constantemente na presença de Deus. Deus mesmo vem estar conosco em lugares determinados. Executamos ordens a respeito de quem formos comissionados. Mas a maior de nossas tarefas é ajudar aos herdeiros da salvação na Terra (Hb 1.14). Todo o nosso oficio é estabelecido para que o propósito de Deus se cumpra de fato! O interesse de nossa ajuda está condicionado à herança da salvação de vocês, disse o anjo. Temos muitos ofícios: Anunciamos nascimento, como Gabriel. Ele é especialista em anúncios de crianças que vão mudar a História em Deus. Geralmente o seu anúncio parte do pressuposto “impossível”; anunciamos boas-novas celestiais; fazemos festa por um pecador que se arrepende; ajudamos a herança de nossa salvação; ajudamos na dispensa de coisas relacionadas ao mundo físico.
— Com todas estas habilidades, não entendo bem porque você constantemente está dizendo que somos mais importantes que vocês, como sendo a Igreja de Cristo?
— Não podemos pregar o Evangelho agora, por causa da dispensação da graça. Os olhos da alma dos homens não estão abertos, e por isso não nos podem ver agindo de maneira nenhuma. Na dispensação da plenitude dos tempos por causa dos sofrimentos dos homens, eles nos verão claramente em grande tribulação, porque os olhos da alma serão abertos, mas a Igreja não estará na Terra (Ap 14.5, 6), virá para a Cidade. Nós, os anjos, não podemos pregar o Evangelho enquanto a Igreja estiver na Terra. O Arrebatamento da Igreja é fator preponderante para nós! Quando Sodoma ia ser destruída o Senhor esteve ali pessoalmente em forma de anjo e disse para Ló: “Nada poderei fazer, enquanto não tiveres ali chegado”. Ló (Gn 19.19-23) é tipo da Igreja que é salva antes da Grande Tribulação, e Zoar, a cidade alta onde ele se refugiou, e que por sua causa não foi destruída, é tipo da Nova Jerusalém, onde a Igreja se refugiará (Sl 46).
— Então, crer que a Igreja passará a Grande Tribulação é crer que Apocalipse 14.5,6 é utopia! Replicou Ângelo.
— Nós, os anjos, não podemos atuar enquanto a Igreja estiver na Terra, disse Miguel, ao se aproximar de nós, em voz maviosa, que produziu um silêncio reverente entre os anjos. E continuou:
— Não podemos destruir a Terra (Gn 19.22); não podemos pregar o Evangelho (Ap 14.5,6) no período competente à Igreja.
— Eu estive com Pedro em Jerusalém, disse Enviado. Estive na prisão na noite fria, poderia ter pregado o Evangelho a Cornélio, mas não era minha competência. Nesta época de graça, somos enviados para servir aqueles que hão de herdar a salvação; não somos enviados para conceder o dom da salvação (Hb 1.14). Isto significa que nós somos enviados para facilitar a salvação daqueles que hão de herdá-la! E o anjo disse a Cornélio: “Manda chamar a Simão… e ele te dirá o que deves fazer”. Provemos a oportunidade, os homens podem aceitá-la ou rejeitá-la. Esta autoridade e este poder pertencem à Igreja, hoje! Faça sua parte!
O ALTAR DE OURO
“Depois do trono, o altar de ouro é a mais importante peça do Trono”. Foram as palavras que Ângelo ouviu do anjo, ao aproximar-se do trono.
Ao caminharmos examinávamos o livro e líamos alguns textos da carta aos Hebreus:
“Temos um sumo-sacerdote tal, que se assentou nos céus à direita do trono da Majestade, ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, que o Senhor fundou, e não o homem” (Hb 8.1,2).
“Mas Cristo, tendo vindo como nosso sumo-sacerdote dos bens já realizados, por meio do maior e mais perfeito tabernáculo (não feito por mãos, isto é, não desta criação), e não pelo sangue de bodes e novilhos, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez por todas no santo lugar, havendo obtido uma eterna redenção”.
“Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrarmos no Santíssimo lugar, pelo sangue de Jesus, pelo caminho que ele nos inaugurou, caminho novo e vivo, através do véu, isto é, da sua carne, e tendo um grande sumo-sacerdote sobre a casa de Deus…” (Hb 10.19).
“Depois disto olhei, e abriu-se o santuário do tabernáculo do testemunho no céu; e saíram do santuário os sete anjos que tinha as sete pragas…” (Ap 15.5, 6a).
“Os quais servem àquilo que é figura e sombra das coisas celestiais, como Moisés foi divinamente avisado, quando estava para construir o tabernáculo; porque lhe foi dito: Olha, faze tudo conforme o modelo que no monte se te mostrou” (Hb 8.5).
— Nem uma só peça do Tabernáculo Terreno é independente por si mesma de seu equivalente tabernáculo celeste. O tabernáculo terreno é uma cópia do verdadeiro tabernáculo. Não podemos entender o tabernáculo terreno sem conhecer sua equivalência real. Qualquer peça, qualquer figura, qualquer verdade é paralela (Hb 8.1,2; 10.19; Ap 15.5, 6a; Hb 8.5), comentamos juntos.
— Isto significa, claramente, que todas as peças do tabernáculo de Moisés são figuras das peças que estão aqui no tabernáculo celestial.
— Sim, disse o anjo. Houve diferença em quantidade entre as peças do tabernáculo de Moisés e o templo de Salomão. Algumas coisas foram acrescentadas nos dias de Davi e Salomão para o templo. Veremos esta diferença depois.
— Mas sem o livro de Apocalipse, o livro de Hebreus não teria paralelo. Graças ao Espírito Santo, temos o livro de Apocalipse, disse Ângelo.
Chegamos ao altar.
Outra vez lemos no grande livro do Verdadeiro Tabernáculo. O Altar de Incenso está aqui diante do Trono de Deus. Ele é medida de anjo (Ap 21.17). É grande (Ap 21.10). Todas as respostas de oração, ou qualquer atitude angelical ou divina, estão intimamente ligadas ao Altar de Incenso. O Altar de Incenso, depois do trono de Deus, é a peça mais importante do tabernáculo celestial.
— E a Arca? Perguntou Ângelo.
— A Arca do Testemunho, no tabernáculo terreno é tipo do Senhor Jesus Cristo e do trono de Deus; o propiciatório, que é a tampa da arca, é tipo do trono.
O fogo diante do altar de Deus jamais se apaga. Dele os serafins tiram as brasas com a tenaz e operam purificação, eliminando a iniqüidade dos ministros de Deus que se consagram a Ele. Os serafins de Deus estão de olho no Altar de Incenso. Eles fizeram isto com Isaias (Is 6.1,2) e com Daniel (Dn 10.16). O trono de Deus é cuidado pelos quatro querubins que ali estão (Ap 4.7, 8).
— Mas os serafins cuidam do Altar. Por isso vemos alguns anjos vestidos com as vestimentas sacerdotais reais (Ap 15.6-8); linho puro retrucou Enviado.
— Alguns anjos que cuidam do altar, recebem o incenso dos querubins (Ap 19.7; 8.3).
São os querubins que providenciam os incensos para os anjos especiais que cuidam do altar. Os anjos que cuidam do altar possuem incensários de ouro (semelhantes àqueles que os sumos-sacerdotes usavam quando ministravam no Antigo Testamento). Mas são os querubins que provêem o incenso. O incenso chega até eles de maneira extraordinária. Porque o incenso é a única coisa que não é produzida no céu, mas na Terra. É a Igreja, através do Espírito Santo que produzo incenso. Porque o incenso é feito de oração, louvor e adoração dos santos (Ap 5.8; Ap 8.3). São os anjos que levam o incenso até o céu (Lc 1.5-15). Mas ele não vai diretamente para Deus, embora chegue ali no mesmo dia que é produzido. As orações são levadas para as taças que estão nas mãos dos 24 anciãos que estão ao redor do trono, divididos em grupos. O céu necessita desesperadamente de incenso. E por isso que o pai procura adoradores…
A correspondência do Tabernáculo Celestial às coisas terrenas é maravilhosa e necessita ser aplicada às verdades bíblicas que foram esquecidas. Vejamos:
— O Santíssimo é o trono, explicou-me.
— O lugar Santo é a cidade, adiantei-me.
— E o átrio? Perguntou-me.
— O átrio…
— O átrio é fora da porta! É a cidade de Jerusalém, onde o Cordeiro entregou sua vida.
Todas as verdades estabelecidas no céu, manifestadas na Terra, através dos símbolos e tipos, não podem ser compreendidas pelos homens, até o momento em que eles possam ter uma visão pessoal na presença do Trono de Deus. O nível da sabedoria de Deus, e o nível em que Deus se move, em sua dimensão eterna, são absolutamente incomparável em tamanho, medidas e circunstâncias, glórias, luzes, louvor, e tudo aquilo que o homem viveu em seu mais sublime estágio. Se Deus começa a falar na sua sabedoria, é loucura para o homem. Deus tem que se limitar à mente humana, tão pequena em relação à sua visão e majestade. Assim, toda sabedoria de Deus, apesar de ser grande, deve ser limitada, em comparação a sua verdadeira manifestação.
— E as taças dos 24 anciãos? Perguntei.
— Os 24 anciãos são sacerdotes reais. Eles não são sacerdotes iguais aos sacerdotes da ordem levítica. São sacerdotes segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 7.7-11; Ap 1.6), porque Melquisedeque era Rei, Sacerdote e Profeta. Ele todo era um dom de Deus. Não lestes que Deus mudou o sacerdócio levítico, no livro de Zacarias? Satanás estava constantemente diante do sacerdote Josué, por causa de suas vestes sujas. Satanás não queria deixá-lo ministrar. Assim ficou o sacerdócio levítico durante muitas etapas de anos. Mas o anjo do Senhor repreendeu Satanás com a repreensão de Deus (Zc 3.1,2). Disse: “Não é este um tição tirado do fogo?”
— O que significa isto?
— Isto significa que Josué é um representante de um remanescente, embora sujo diante do anjo. Aquele anjo tinha autoridade sobre os serafins (Zc 3.4). Porque são os serafins que limpam e substituem os trajes sujos pelo pecado. Então as vestimentas do sumo-sacerdote foram trocadas por vestes festivas. Mas lhe foi dito que viria um sacerdote, o Renovo, que é Cristo.
— Ah! Então é por isso que na outra visão (Zacarias 6.11), Josué é usado como modelo! Mas a realidade aponta para Cristo: O Renovo, coroado de coroas de prata e ouro.
— Esta é uma das razões porque os anciãos estão coroados e vestidos de vestes sacerdotais, ajudou Ângelo.
— Mas veja que Josué é sacerdote da ordem de Jeozadaque, da ordem que foi escolhida por Deus por méritos para servir de sacerdócio nos dias do Reino Milenar de Cristo (Ez 45). Josué era um protótipo de Cristo, o Sacerdote-Rei. Aquela visão significa que o sacerdócio de Levi será restaurado em Jeozadaque, como Josué, nos dias do reino de Cristo.
— Sim, à semelhança do sacerdote visto em Zacarias 6.11, aqueles 24 anciãos, com vestes sacerdotais novas e coroas sobre a sua cabeça estão, em redor do trono.
— Mas o que eles fazem ali? Perguntou Ângelo.
— Eles são os reais tipos dos 24 turnos que Davi instituiu no templo. O livro de 1Crônicas, capítulo 24, nos revela que Davi fez mudanças no sacerdócio por causa da ociosidade que havia entre eles devido não haver mais necessidade da condução do tabernáculo (1 Cr 23.26, 32), por isso foram redistribuídos para o serviço do santuário. Por isso foram distribuídos em ordens, em turnos. Este número é muito significativo para Davi e para Deus (1 Cr27): 24 turnos, 24 mil… etc. “Duas vezes doze…”, continuou o anjo.
— Juntamente com os turnos dos sacerdotes que foram instituídos para ajudar os príncipes de Deus (sumos-sacerdotes) e os príncipes do santuário, que eram chefes do santuário (1 Cr 24.5), também Davi introduziu ousadamente os 24 turnos dos cantores, que tinham por líder Asafe. A função deles era gloriosa, porque eles foram instituídos para tocar, cantar e profetizar cantando.
— Isto é glorioso! Exclamou Ângelo.
— Asafe foi o responsável pelo louvor diante da tenda que Davi ergueu perante o Senhor, no mesmo lugar no qual o templo de Salomão foi erguido (1 Cr 16.37).
— Por que os grupos foram separados? Perguntou o varão.
— Os grupos que foram introduzidos por Davi não ministravam juntos. Um grupo, que era o grupo dos sacerdotes, ministrava em Gibeão, onde estavam todas as peças do tabernáculo de Moisés, exceto a arca, que estava em Jerusalém. Mesmo assim eles ofereciam holocaustos contínuos conforme a lei (1 Cr 16.39, 40).
— Isto traz à luz significados extraordinários!
— Jesus não está mais na Terra com os homens, mas vocês devem sempre oferecer-lhe sacrifício de louvor (Hb 13.15)! Jesus estava aqui no céu, que corresponde à Jerusalém, onde estava a arca no tabernáculo de Davi, diante da qual estavam os cantores, com Asafe. Isto significa que os cantores estavam mais perto, muito embora eles precisassem dos sacrifícios oferecidos em Gibeão para continuarem ali.
— Isto explica a permanência dos 24 anciãos na presença de Deus, disse Ângelo.
— Eles precisam da Igreja para oferecer louvor e das orações em incenso perante o Senhor. Os grupos estavam separados, mas unidos no propósito de glorificar a Deus! Um grupo em Gibeão, outro grupo em Jerusalém. Um grupo na Terra e outro grupo no céu (Ap 5.8; Rm 8.26). O grupo dos 24 de Jerusalém cantava e profetizava porque não estava diante do altar de holocausto de Gibeão. Era um louvor profético majestoso! O grupo de Gibeão oferecia os sacrifícios por fé, muito embora não ouvisse a música dos cantores de Jerusalém. Era algo maravilhoso aos olhos de Deus! Mas ambos entravam diante de Deus.
— Um grupo entrava com sangue até o altar de incenso, disse Ângelo. E outro, já diante da arca, entrava com o seu correspondente, diante de Deus, com louvores.
— O que representam os 24 anciãos? Perguntou Ângelo.
— Os 24 anciãos representam a Igreja na Terra, enquanto eles estão diante de Deus. Os 24 cantores liderados por Asafe cantavam e ofereciam louvores proféticos diante da tenda erigida por Davi (1 Cr 15.1, 16; Lc 1.5-12). Os 24 grupos de sacerdotes, profetas cantores permaneceriam diante da tenda com os seus porteiros, em Jerusalém. Eles sabiam que os outros grupos de sacerdotes trabalhavam simultaneamente a eles em Gibeão! Assim são os 24 anciãos nos céus. Como Asafe, eles têm harpas e como os sacerdotes liderados por Zadoque, eles têm taças, que são incensários que contém as orações dos santos (Ap 5.8). As harpas que eles tocam representam o louvor profético que eles oferecem equivalente aos cânticos espirituais oferecidos pela igreja (Ef 5. 19,20; Cl 3.16). Todo cântico espiritual é um louvor profético, uma exaltação profética oferecida ao Senhor. Estes são os altos louvores de Deus, uma honra que têm os santos (Sl 149.6,9). Mas as taças que contêm as orações dos santos, que são incensos (Ap 5.8), não ficam ali. Elas são oferecidas diante do altar de incenso. Esta é uma das razões do porquê o altar de incenso existir. Ali são oferecidos incensos diante de Deus. O altar recebe as orações dos santos. Isto significa que, quando o incenso ali é derramado, as orações são ouvidas (Ap 8.1-5). Agora, as orações estão divididas em orações normais, concordância de coisas equivalentes à vida cristã e comum à Igreja, como orações devocionais, vocacionais, ministeriais, naturais, congregacionais, etc; há também orações proféticas — como a oração do Pai Nosso, como a oração de Moisés, como a Bênção de Jacó, de Moisés etc. As orações devocionais vão para as taças dos 24 anciãos. Como eles são 24, cada ancião oferece as orações de acordo com os fusos horários, que são 24. Isto significa que as orações são ouvidas no mesmo dia (Dn 10.12). Há os anjos que derramam as orações diante do altar. Há os anjos que as respondem (Dn 10.11; Ap 8.1-3). Mas como os querubins são os que provêm a glória de Deus em todos os sentidos, também são eles os que colhem dos 24 anciãos os incensos (Ap 15.7): “Um dos quatro seres viventes deu aos sete anjos, sete taças de ouro, cheias de ira de Deus…”. As orações proféticas dos santos também se acumulam como se fosse a própria ira de Deus guardada para o dia do Juízo.
— Isto é maravilhoso! Mas por que os anjos derramam incenso ali?
— É no altar de incenso que as nossas orações são depositadas depois de permanecerem nas taças dos 24 anciãos ou depois de terem permanecido no incensário profético de ouro dos santos (Ap 8.1, 3). É importante saber que os anjos de Deus somente têm ordem de Deus a respeito do cumprimento de nossas orações se elas forem derramadas diante do altar de Deus. Isto deve ser feito diária e continuamente. Isto significa que devemos permanecer diante do Trono de Deus diuturnamente, como aqueles 24 anciãos e os quatro seres viventes.
— Há outras funções do Altar? Perguntou Ângelo.
— Sim, respondeu Enviado. De acordo com as orações dos santos, o juízo será estabelecido sobre o reino das trevas. A ira de Deus se acumula nas taças e nos incensários de outro. Vai chegar o dia em que Deus começará a derramar o incensário de ouro profético no altar, como tem feito hoje, agora, com as orações devocionais. Será o mesmo mecanismo, no que concernir às orações proféticas, assim será (Ap 8.1-3).
— Por isso vemos que é do altar que saem todas as decisões divinas, resultado de nossas orações atuais?
— Sim, o juízo será estabelecido na Terra e concordado nos céus (Mt 18.16).
— Isto significa que nós somos responsáveis pelos atos de Deus no juízo (Ap 14.17, 18)?
— Sim, Deus não é um ditador. As nossas orações são levadas pelos anjos como incenso, fabricado na Terra, da Terra para o Trono; elas trabalham e influenciam o trabalho de Deus. Diante do trono, muita coisa é feita, mas ninguém chega diante do trono de mãos vazias, sem primeiro deixar no altar, o incenso do louvor e da oração (Ap 14.3). Lá são entregues ao ancião do fuso horário equivalente à hora que foi feita e recebida. Dali um dos sete anjos leva a oração ao altar de incenso e em fumo é recebida às narinas de Deus. Depois os anjos regressam com as respostas. Agora o segredo é perseverar para que com a cobertura de oração os anjos passem a barreira e a resposta chegue. Isto foi o que vimos acontecer com Zacarias (Lc 1.5-11). No altar, nessa hora, saem trovões, simbolizando respostas dadas às reações divinas quanto as blasfêmias dos homens; o altar de incenso é um dos mais perfeitos antítipos celestes. O altar é vermelho e ouro.
— O que foi colocado nas pontas do altar? Perguntou Ângelo.
— Ao ressuscitar, Jesus compareceu diante do Pai, para depositar o sangue da aspersão (Hb 12.22-24), de acordo como faziam os sacerdotes vetereo testamentários. O sangue da aspersão era resultado da morte expiatória do Cordeiro que era oferecido no primeiro altar que ficava no átrio, chamado altar de holocausto. O sangue era trazido para o interior do lugar Santo onde ficava o altar de incenso, onde, em suas quatro pontas era aspergido, daí era aspergido sobre o propiciatório, no Santíssimo lugar.
— Não há véu diante do altar do incenso? Perguntou Ângelo.
— Não, disse o anjo.
— Por que o Apóstolo aos hebreus nos diz que o altar de incenso está junto com a Arca do Testemunho, se o Velho Testamento inteiro nos diz que o altar de incenso estava junto com a mesa dos pães da proposição e do Candeeiro de ouro, no lugar Santo? Inquiriu Ângelo (Hb 9.1-3).
— Quando falarmos da arca, te responderei, mas somente o véu separava o lugar Santo do lugar Santíssimo. Logo, as outras peças do lugar Santo estavam tão próximas da arca quanto o altar, embora o altar estivesse mais próximo. Com o véu rasgado, o altar de incenso se aproxima definitivamente da Arca e do propiciatório, que representam a pessoa e o Trono de Deus, o caminho novo e vivo que Cristo inaugurou e abriu o céu para os anjos também (Jo 1.18), tirando a separação entre o trono e o altar, entre a nossa parte e a parte de Deus. O véu rasgado mostrou o novo e vivo caminho que Cristo inaugurou no céu e que foi manifestado na Terra (Mc 15.38). A habitação de Deus então, preencheu toda a cidade e Ele foi conhecido dos anjos e a glória do Senhor resplandeceu e “encheu toda a casa” (2 Cr 7.1, 2). Por isso o Verbo se tomou Cordeiro; tornou-se a lâmpada de toda a cidade (Ap 21.23):
— Isto significa que “era um só coração e a alma dos que criam” (At 4.32). Alma e espírito sem o véu! Disse Ângelo.
— Ângelo, Ângelo! Disse o anjo.
Os 24 anciãos continuaram no modelo do tabernáculo de Davi.
— Justamente porque o altar traz as marcas do sangue de Jesus, o lugar Santíssimo, que corresponde ao trono de Deus, contém a aspersão do sangue, que nos santificou urna vez para sempre (Hb 10.29), é que podemos entrar com toda ousadia diante do trono de Deus (Jo 17.19). O ato do sangue de Jesus ser aspergido diante do altar e do trono significa que ele nos santificou por seu sangue. E como santificação, de acordo com Levítico 27, é o ato de depositar uma importância equivalente ao preço da pessoa que fazia o voto especial de santificação perante o sacerdote para o santuário, e isto somente podia ser feito de acordo com o ciclo do santuário, que eram ciclos de prata. Jesus também vos santificou não com ouro ou prata, mas com o seu próprio sangue, deixando diante do verdadeiro santuário o seu sangue, como sendo a equivalência do vosso valor diante de Deus! A aspersão do sangue de Jesus é o depósito de vosso valor diante de Deus. A aspersão é a vossa própria santificação e a aspersão envolveu o altar de incenso (Lv 16.11-14; 18.19), explicou Ângelo.
— Agora posso compreender estas vestes salpicadas de sangue que ele deixou no santuário, ele as vestirá no dia da batalha do Armagedom (Ap 19.13,14), disse Ângelo. Entendo porque estas vestes salpicadas não podiam ser vistas pelo povo, mas deveriam ser trocadas no próprio interior do santuário (Lv 16.24). Porque haverá o dia em que o Filho se apresentará para mostrar o que houve no Lagar da Cruz (Is 63.3). O mundo verá e agonizará.
A IGREJA DOS PRIMOGÊNITOS
Foi-me permitido ver a Igreja dos Primogênitos. Que maravilhosa assembléia de santos. Não posso expressar a intensidade da magnitude da sabedoria que envolve cada um destes santos, homens e mulheres de Deus que ali estão para louvor de Sua glória. Eles são o Livro em pessoa, eles são a profecia personalizada, eles são amados do Altíssimo. Ali estão reunidos e não estão preocupados com o tempo, porque já entenderam a dimensão em que estão; se movem na eternidade. Eles sabem que um dia para Deus, é como mil anos para nós!— Por que a Igreja dos Primogênitos tem esse nome? Perguntou Ângelo a Enviado.
— Do ponto de vista histórico, ela é assim chamada, por causa do propósito universal de Deus e seu ofício sacerdotal, também universal, explicou Enviado. Todos os que creram na vinda do Messias, antes da morte de Cristo e foram justificados pela fé, são chamados Primogênitos.
Caminhamos em direção à assembléia, lugar aonde se reuniam os justos, os santos, assim chamados de Primogênitos. Pus atenção no brilho que fazia diferença entre todos, e que residia em alguns dos Primogênitos que ali estavam estabelecidos para louvor da majestade do Senhor.
— Veja Enoque! Elias! Aquele não é… (enquanto admirado exclamava meu gozo…).
— Sim, Moisés! Este é Moisés!
— Mas aquele não é João Batista? Perguntou Ângelo.
— Aquele é João Batista! Porque ele brilha mais que Simeão? A posição que ele ocupa aqui é mais elevada àquela que muitos outros deveriam estar.
O anjo meneou a cabeça e disse:
— Pare um pouco e pense Ângelo. Você sabe o porquê. Tudo já te foi explicado através do Livro, do Logos…
— João é o maior dos que são da lei, menor do que aqueles que são da graça. Isto é compreensivo, disse o anjo.
— Sim. João foi gerado antes de Jesus, mas não recebeu o Espírito Santo antes de Jesus. Zacarias ouviu a promessa de que João seria cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe; mas esta se cumpriu seis meses depois, quando o Espírito Santo estava em Jesus, em Maria. Jesus tinha proeminência, e dali do ventre de Maria saiu o Espírito Santo para João. Foi isto que João, mais tarde, o reconheceu facilmente no Jordão, como aquele que batizava com o Espírito Santo e com fogo, explicou Ângelo.
O anjo tomou uma pluma de ouro e começou a traçar os tempos, e a explicar-me:
— A Igreja dos Primogênitos inclui os da fé universal, que creram antes do chamamento de Moisés, e os da família de Abraão, que creram através do tempo da Lei. De Adão a Moisés, todos são das primícias da graça. Estes são os primogênitos da fé. Os outros são de Moisés a João. João não é o maior que os primeiros, mas sim, igual a eles! Todos os que creram nos dias da Lei são menores que João, e o menor da graça, é maior que ele!
As palavras foram saindo da minha boca:
— Sim, é verdade. João foi posto como maior sobre todos os que são da Lei. Sua posição deve ser superior porque é um profeta e nazireu. Todos os nazireus são consagrados especiais para obras especiais. Os nazireus são a exceção da regra. João era um sacerdote segundo a ordem de Levi, mas não usou deste privilégio, e por isso não foi incumbido de nada relacionado ao sacerdócio nacional e limitado de Levi. Sim! Porque não percebi isto antes? Por outro lado, João batizou o elemento profético, o Messias! Foi cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe!
— Que oportunidade específica para João levantar-se como o maior dos que estão sob a Lei! Perceba sua posição celestial no Reino de Deus, mostrou-me o anjo.
Fui levado ao pátio da assembléia, e percebi um Organograma Celestial com os nomes dos profetas e dos Primogênitos. Era uma réplica do Livro da Vida de cada um deles e sua importância no propósito de Deus. O traçado era incomparável.
— Veja aqui, Ângelo: Desde o princípio, esta ordem é a ordem lógica dos Primogênitos. Observe a cadeia até chegar ao Primogênito da Criação, e para aquele lado direito, até chegarmos ao Primogênito dos mortos. Deste ponto de vista em diante, outro sentido… até chegar ao Primogênito dos irmãos. Perceba: Tudo termina e começa como Primogênito!
Não havia outra palavra para expressar o que estava vendo diante de mim! Voltei atrás na ordem cronológica. Não me mexia. Como uma grande roda que se movia, percebi claramente todo o propósito universal do Reino de Deus.
— Aquele é Abel. E aquela marca que sai desde seus pés, até ao Tabernáculo, o que significa?
— Significa o clamor do sangue de Abel. Seu clamor é poderoso. Pede por justiça. A medida que o tempo vai passando, outros clamores vão sendo feitos da Terra. Nenhum sangue derramado inocente na Terra deixará de ser justificado e descoberto. O poder do sangue é grande. Mas o sangue de Abel se afunila a partir de certo tempo… porque o sangue do Cordeiro começa a aparecer à medida que o sangue de animais eram oferecidos, como tipificando seu sacrifício.
Fui levado mais adiante. Estava cada vez mais motivado a entender melhor tudo aquilo.
— Sim! Quando o Cordeiro foi imolado na cruz, elimina todo tipo de sacrifício pelos pecados dos homens. Jesus morreu por todos os homens, disse Ângelo. Já não restam sacrifícios pelos pecados, porque só há um sacrifício capaz de perdoar pecado: o de Cristo.
— Mas se o mundo o rejeitar, estará perdido e todo este sangue cairá sobre sua cabeça como juízo e condenação, disse o anjo.
— O mundo não o rejeitará?
— Sim, muitos o rejeitarão, mas não será por isso que ele será condenado, disse o Enviado.
— Por que será condenado? Perguntou Ângelo.
— O mundo será condenado não por causa de seus pecados, mas porque rejeitou o Salvador dos pecados!
Por minutos, tentei chorar. Nesta hora, entrou no céu um anjo, rapidamente, com uma taça de ouro. Continha a colheita de lágrimas dos que choravam numa taça de ouro e a levava a um dos 24 anciãos. As lágrimas saíam por meus olhos na Terra, quando eu tentava chorar no céu.
— Por que ele faz isto? Perguntei atônito a Enviado.
— E o que ele faz por você, já faz há muitos anos. Ele é o anjo que foi enviado para tua proteção e serviço, desde o dia em que foste gerado no ventre de tua mãe. Ele sabe tudo a teu respeito.
Comecei a sentir uma grande emoção dentro de mim e gemia, adorava e clamava. Muitas surpresas tive naqueles momentos. Desejei conhecer melhor o anjo que me fora enviado.
— Desejo conhecer meu anjo, disse Ângelo.
— Apresentar-se-á a ti, no momento oportuno. Agora ele não pode vir a ti. Quando voltares à tua missão, encontrarás com ele. Ele te fará passar para o outro lado do Vale… se unirá a ti outra vez, mas não poderás vê-lo claramente.
— Que Vale? Perguntou Ângelo.
— Não te lembras mais? O Vale da sombra da morte! Teu corpo está em coma, há muitos meses. Você está vivendo por máquinas. Não te lembras? O teu anjo está cuidando do teu corpo.
— Estou consciente? Perguntei.
— Sim, estás pessoalmente aqui no céu. Tua mente está aqui, mas teu espírito humano está no teu corpo, na Terra. Ele garante a tua volta como um selo. Você não pode permanecer ou vir ao céu, em espírito e alma, a não ser depois que passares da vida humana para viver a vida eterna. Qualquer pessoa salva que morre não pode habitar aqui para sempre, sem que ao menos seu espírito e alma estejam aqui completamente. Em seu caso, você está aqui em alma. Como ela é espiritual, pode-se dizer que estás aqui em espírito. Também por causa do relacionamento entre o teu espírito, alma e Espírito Santo, e pela importância do véu rasgado do teu coração, teu ser tornou-se dia a dia, um só. Tua mente está aqui agora, porque o Espírito Santo está em ti. Tua mente, vontade, sentimento e coração, estão aqui agora. Seu espírito humano garante a sobrevivência de teu corpo até agora. Se ele saísse agora mesmo do teu corpo, você teria que ficar aqui para sempre, Ângelo. O Poderoso Senhor em sua Onipotência, não permite que ninguém toque em teu corpo no hospital, ou desconecte nada ali na Terra, por causa da vigilância dos anjos que agora mesmo trabalham contigo na Terra. Muitas vezes algumas pessoas comparecem aqui no céu em espírito humano, mas sua mente permanece no corpo. Por isto eles não conseguem lembrar nada do que aconteceu aqui enquanto permaneceram no céu. Eles não se dão conta do que viram aqui, no momento em que chegam à Terra, porque estiveram aqui somente em espírito. Eles recebem uma nova unção, mas não conseguem lembrar de nada, porque a mente deles permaneceu na Terra. Esta é outra espécie de arrebatamento. Somente em casos especiais, ocorre o contrário. O teu caso foi diferente. Tu te lembrarás de todas as coisas, porque estás aqui pessoalmente, isto é, em alma. Quando passares o Vale, sentirás saudades de casa. Vamos!
TEMPLO DO MILÊNIO
A cidade vai entrar no universo e muitas características universais vão mudar.
— Aqui vai um mistério, Ângelo, disse o anjo. Quando a cidade chegar ao seu destino, começará a ser manifestada fisicamente na terra.
Percebi claramente que a terra vai descansar. Com o advento do dilúvio a terra passou a sofrer variações por causa da corrupção do mundo. A cidade sobre a terra dispensará a presença da luz do sol e da lua. A cidade ficará sobre a terra, e não na terra.
— Quer dizer então que a cidade ficará girando em torno da terra?
— Não! Absolutamente, não! A terra é que vai girar em tomo da cidade! Este será o tempo suave dos homens. Por isso os homens vão viver mais que normalmente e não haverá muito esforço em todo o trabalho, que hoje é sinônimo de suor. O primeiro esforço da criatura foi em função do pecado de Adão — suor e trabalho se conectaram. O primeiro veio com a corrupção dos homens, após o dilúvio — frio e calor intensos, explicou o anjo.
— Você sabe muitas coisas! Isto é maravilhoso, disse Ângelo.
— Sim, tenho muitas informações. Mas você tem muitas revelações. A diferença entre nós e vós é muito grande. Eu conheço o tempo histórico e posso falar deles. Mas vocês têm a fonte da revelação que é Cristo em vós. Nós não podemos ter este mesmo gozo. Nós somos anjos, disse o anjo.
Outra vez me foi enviado um dos sete anjos que se vestia de linho. Era conhecido como “Varão de linho” (Ez 10.2,6).
— Salve Ângelo, Homem respeitado! Como te chamas? Perguntou Ângelo.
— Sou enviado a ti, como fui a Daniel, Ezequiel e a João (Ez 10.2,6; Ap 10.1- 10; Dn 12.5-7).
O varão se manifestou das margens do rio da vida. Era o varão do juramento profético (Dn 12.7; Ap 10). Ele está sempre preocupado com o tempo do cumprimento das profecias. Ele veio a mim e levou-me a uma sala que parecia um templo. Ao entrarmos no templo, fui levado aos dias do templo do profeta Ezequiel. Anjos estavam ali. Não havia pessoas, somente anjos. Assim, fui levado a uma sala dentre as centenas de departamentos do céu, divididos por colunas. Há muitas colunas, em forma de palmeiras que embelezam os edifícios celestiais. A rua de ouro passa na porta de cada mansão — são milhares de milhares. O rio embeleza toda a cidade. Tudo é resplandecente como o ouro no auge de seu brilho. Cada uma das 12 portas tem uma rua que em pisos diferentes terminavam na rua áurea principal que conduz ao centro do trono. Os rostos dos querubins do trono estão postos em cada ponto cardeal, ao norte, ao sul, ao oeste e a leste. Como o trono fica no centro, no fim da rua e na parte mais alta, de todas as entradas se pode ver o trono. O rio vem dando voltas no Monte Sião à medida que a rua vem descendo e passa a cada porta. Há diversos tipos de árvores em todo o monte de Sua presença. No alto, na última parte do Monte Sião, como acima de uma coroa, o resplendor banhando de cima a baixo, refletindo nas ruas até a última entrada por baixo. A cidade vem viajando no espaço e por baixo não se pode notar, mas está firmada no alto do monte, nas bandas do norte. De qualquer porta se pode ver o trono de Deus.
— Quando a igreja estiver aqui, disse-me Enviado, e todos estiverem distribuídos em seus ofícios e lugares, os quais o Cordeiro tem preparado (Jo 14.1-3), cada um saberá em que porta deverá entrar. A direção de cada um será de acordo com o nome da porta. Veja esta porta, disse o anjo.
— “Porta de Judá”, leu Ângelo.
— Por aqui entram todos os santos guerreiros e cantores-músicos do Cordeiro. De acordo com aporta, terão seus domicílios.
— Aqui, disse Ângelo, estamos na “Porta de Judá”, terceiro nível — são doze níveis no total, aonde está a sala de recepção, na porta de Naftali.
Para que tenhamos uma visão da cidade, estamos descrevendo sua divisão física para situarmos cada departamento que visitei. Podíamos atravessar o monte de lado a lado por seus departamentos. Os anjos, naturalmente o atravessam. Não há nenhuma coisa difícil para eles. Até que enfim, chegamos a sala dos modelos dos templos de Deus, que, como disse, fica bem perto da sala do planejamento da divindade.
— Vens para ver o templo da Grande Tribulação e do Milênio. O templo foi visto por Ezequiel. Uma cópia parecida à visão de Ezequiel será construída nos dias do Anticristo, mas será usurpado e destruído no grande terremoto que dividirá a cidade a partir do Monte das Oliveiras, quando o Leão da Tribo de Judá puser os seus pés sobre ele.
— Ei! Como é lindo o templo! Exclamou Ângelo.
— Observe Ângelo. Tudo se assemelha à Cidade celestial.
— Tem muros! Os muros são de pedras preciosas! Está ao norte (…) a fonte, a fonte! Exclama. Onde está a Fonte de Gion?
— A fonte de Gion passou para trás do altar do Holocausto. Esta fonte foi desprezada, mas tem um significado grandiosíssimo! Do templo, no sul do altar sairá a fonte de águas que irá pelo vale e atravessará em dois rios a cidade, com um braço ao oriente, até o Mar Salgado e o Mediterrâneo, em duas estações.
Ao redor do rio, depois do muro havia toda sorte de árvores e no rio, muito peixe!
— Quem são estas gentes com roupas diversas aqui? — eram desenhos…
— São as pessoas que virão de todo o mundo adorar o Cordeiro e trazer-lhe glória e honra. Virão e serão curadas.
— Este é o significado do mar de bronze que Davi ordenou a Salomão que construísse’? Inquiriu Ângelo.
— Sim. A bacia e o mar de bronze sempre estiveram nos templos. Vês?
— Sim. Estas peças, observe o rio do templo, são tipos da fonte de águas que haverá. Com a mudança física da cidade, a fonte de Gion será a fonte do rio, no lugar da fonte de bronze, onde os sacerdotes se lavarão, porque as águas serão santas!
— No centro do templo, as câmaras sacerdotais são para a família da casa de Josadaque. A família de Arão não será conhecida como a família dos sacerdotes, porque Zadoque assumirá a ordem sacerdotal (Ez 44.9-13).
O templo de Ezequiel será governado nos dias do Milênio pelo sacerdócio, segundo a ordem de Zadoque, da mesma ordem de Levi transformada pela coroação sobre Josué ao sacerdócio, segundo a ordem de Melquisedeque.
— Josué, um dia foi posto diante do Anjo do Senhor (Zc 3.1) para ser preparado para a grande mudança sacerdotal que haveria no sacerdócio no futuro (Zc 3.8; Hb 7.12).
— Qual Josué, perguntou Ângelo?
— Não lestes em Zacarias, que “Josué” da família de Zadoque, foi o sacerdote que se manteve fiel a Davi? Respondeu o anjo. Por ter se mantido fiel ao reino, foi coroado pelo Senhor. Como recebimento da coroa, o seu sacerdócio passou a ser reino e sacerdócio. O sacerdócio de Zadoque era o da ordem de Levi, da família de Arão. Estava sujo, corrompido e Satanás tinha o controle sobre eles! Mas Josué, depois do cativeiro, se humilhou e se apresentou diante de Deus! Quem se humilha, chega antes que Satanás, o acusador, na presença de Deus! Satanás não é onipresente, ele depende das “fofocas” de seus demônios, mas o Espírito Santo é o onipresente. Chega primeiro. O acusador é envergonhado e o acusado é transformado (Zc 3.3,4). Josué representava toda a nação de Israel, porque Deus tinha um propósito, o qual consistia em fazer da nação de Israel um reino de sacerdotes já desde os dias de Moisés (Ex 19.5,6; 32.10). Mas Moisés não quis que fosse assim. Os levitas foram escolhidos. Saíram em defesa do seu líder (Ex 32.28) e em lugar dos primogênitos, que também haviam falhado (Nm 3) foram estabelecidos. A nação inteira foi substituída por uma tribo, Ângelo! O propósito foi por um tempo posto de lado. Passaram-se muitos anos e o sacerdócio de Levi se corrompeu centenas de vezes, tais como nos dias dos juízes, nos dias de Eli; nos dias dos reis; nos dias de Saul; nos dias do pré-cativeiro; nos dias pós-cativeiro; como no tempo de Zacarias, pais de João; nos dias de Jesus, por Anás e Caifás.
— Quando foi a coroação de Josué? Perguntou Ângelo.
— A coroação foi na presença de muitos anjos e foi simbólica, nos dias do profeta Zacarias, depois do cativeiro, um pouco mais de 400 anos antes de Cristo, antes do Messias se revelar em carne.
— A coroação de Josué foi feita pelo Anjo do Senhor e simboliza a transformação do sacerdócio levítico em sacerdote real. O lugar de Arão é assumido por Zadoque e o propósito inicial de Deus passa a ser uma promessa (Ex 19.5,6).
— Isto significa, Enviado — interrompeu Ângelo — que o Senhor ainda quer fazer da nação de Israel um reino de sacerdotes, ou melhor, um sacerdócio real?
— Sim. A coroação de Josué é simbólica porque tipifica a união da tribo de Levi em Judá. Melquisedeque era rei e sacerdote em Salém. Josué é toda a nação de Israel que no Milênio será um reino de sacerdotes, mas também Josué representa a coroação do Renovo que é Cristo, que segundo a ordem de Melquisedeque efetuou seu sacrifício como príncipe e sacerdote e foi aceito.
— Por isto que o príncipe poderá oferecer sacrifício no templo de Ezequiel? Observou Ângelo (Ez 45.22; 48.12).
— Exatamente, Ângelo. Lembra-te de Davi, quando ofereceu o sacrifício diante do Anjo do Senhor em Araúna (2 Sm 24.18-25) e quando se vestiu de sacerdote (2 Sm 6.14; Ex 28.42). Foi a primeira vez que o Senhor permitiu a unidade do sacerdócio ao Reino até Josué (Ez 44.15). Deus não pôde rejeitar a Davi. Ele entrou pela porta de Melquisedeque.
— Nos dias do reino literal do Filho na terra, o sacerdócio será nacional e não tribal (Zc 14.20,21). Qualquer pessoa da nação que estiver em Jerusalém poderá servir na casa do Senhor em suas vasilhas, porque as nações (como antes, as demais tribos faziam em relação aos levitas) farão o mesmo com a nação sacerdotal de Israel (Is 60.4-9; Zc 14.14; Mq 4.1; Ez 48.19).
— E a Igreja? Por que é chamada de Reino de Sacerdote? Quem prestará contas a ela?
— Como o sacerdócio segundo a ordem de Zadoque será terreno, embora real, é inferior a ordem de Melquisedeque, porque o sacerdócio da Igreja foi assumido por Cristo e sua Igreja, aqui na cidade sacerdotal,Nova Jerusalém (1 Pe 2.9). Por isso, o sacerdócio de Zadoque trará os dízimos dos dízimos a Cristo e sua Igreja (Ap 21.24).
Continuei a observar e vi que as salas de música estão perto do átrio dos holocaustos. Estavam repletas de instrumentos musicais (Ez 40.44).
— Aqui são as salas de cantores e músicos, disse o anjo. Nenhum sacrifício será oferecido sem louvor! Os sacrifícios serão acompanhados com o incenso do louvor, porque no centro do lugar Santíssimo estará o trono do Cordeiro. Nenhum outro santuário tem salas de música como este!
— A parte do lugar Santíssimo está vazia? Observou Ângelo.
— Não, Ângelo, toda casa será santíssima (Ez 43. 12), mas ali será posto o trono do Rei, a arca original, o trono do Filho na Terra, no cento dos querubins, acima da arca (Ez 43).
— No templo não haverá véu?
— Não, não haverá véu. Toda a casa será santíssima… Os músicos-cantores se inspirarão como Davi para entoar cânticos ao Senhor como quando a arca estava na tenda. Os cantores cantarão e ouvirão músicas celestiais, como as que nós cantamos aos pastores no dia do nascimento de Jesus, disse o anjo.
Ali, naquele templo,as nações virão para beijarem o Filho (Sl 2.10-1 2).Trarão suas riquezas a Jerusamá, mas a Nova Jerusalém permanecerá no lugar alto (Sl 7.6,7). Ali os reis serão aconselhados (Sl 2.12).
— Visitaremos esta cidade? Perguntou Ângelo.
— Todos os dias, a Igreja será vista sobre a cidade (Is 60.8), como pombas entrando e saindo. Ali serão servidos pelos sacerdotes e comerá juntamente com o Rei (Ez 44.16).
Percebi que toda a cidade era uma réplica da Nova Jerusalém. O rio (Ez 43.7; Ap 22.1-3); a água da vida (Jl 3.18; Jo 7.38, 39; Ez47. 1-3); as folhas das árvores (Ez 47.12); os príncipes serão sacerdotes (Ez 46.2; Ap 1.5,6; Ap 5.8-10); tudo é Santíssimo e não há véu (Ap 11.15; Ez 43. 12); as portas por onde o Rei entrou (Sl 34.7-10; Ez 44.1, 2; Ap 19.11-14; Zc 14); sete dias para santificar o altar, iguais aos sete anos antes da Igreja iniciar seu oficio sacerdotal literalmente (Ez 43.26,27; 1 Ts 5.9; Dn 9.26); portas redondas e rotatórias (Ez 41 .24; Ap 21.21); a importância dos querubins (Ez 41.21; Ap 4.5); a cidade quadrangular, como o Santíssimo; o templo medido por medida de anjo (Ez 40.3; Ap 11.1-3); todos os que vivem na cidade, servem na cidade (Ap 5.9-10; Ez 48.19; Ex 19.5,6). Vimos de fora os muros da cidade e fiz a penúltima comparação:
— Os muros da cidade estão dispostos iguais aos muros da Nova Jerusalém.
Olhei as portas, apontei e li.
— Ao norte, Rúben, Judá e Levi.
Comparei:
— São iguais!
— Sim, Ângelo, disse-me o anjo. Mas estes muros são da Jerusalém terrena. Compreenda. Mas este nome será trocado por Jerusamá (Ez 48.35).
Minha última observação foi:
— Enviado, observo que o Senhor estará nas duas cidades (Gl 4), Como será isto? O Senhor habitará na Nova Jerusalém?
— Sim, o trono do Pai estará na Nova Jerusalém até o Filho pôr todos os seus inimigos sob seus pés, enquanto isto seu trono estará estabelecido na terra (Ez 43.1-5; Mt 25.31). No final do seu reino na Terra, haverá a fusão dos dois reinos, do Pai e do Filho em um só (1 Co 15.26,28).
— E depois?
— Passaremos “ao que será”. Tu estarás lá! Vamos.
Havia uma palavra: “Senhor”.
— Venha, disse-me o Senhor, vou-lhe mostrar algo.
Atravessamos a praça, do outro lado do Trono havia um palácio de marfim (Sl 45). Era cheio de arcos, não havia portas. Havia centenas de colunas que pareciam a palmeiras de copas abertas à entrada norte. O palácio estava após a rua nas mesmas disposições do trono, ao leste e oeste. Rodeava o trono, com exceção da parte sul. Todas as cadeiras estavam centralizadas e dirigidas aos tronos. O palácio ficava atrás do trono, separado pela rua de ouro. Todo o palácio era aberto na fachada que dava nos tronos do Pai e do Cordeiro. Como o trono era quadrado e móvel, tudo estava perfeitamente bem planejado.
— Senta-te! Disse o Cordeiro.
Sentamo-nos e ele começou a descrever-me algo maravilhoso.
— Veja Ângelo (à medida que falava, as cenas iam passando à minha mente de acordo a cada palavra), esta é a sala das minhas bodas. Aqui receberei em casa a minha esposa ([1]).
Havia uma plataforma desde os tronos à entrada aberta do palácio. Do lado de fora, uma rampa à direita e outra à esquerda, ao sul, ao norte.
— Aqui, minha noiva, minha igreja, declarará diante de meu Pai, seu amor por mim e eu a confessarei diante dos anjos e do Pai. Aqui ela dirá o que meu Espírito porá em sua boca. Aqui ouvirei minha noiva dizer… “És mais formoso que os filhos dos homens; a graça se derramou em teus lábios, portanto tens sido estabelecido para sempre” (Sl 45.2).
Daqui, sairemos às festas, e aqui nos prepararemos para a batalha no Armagedom. Também aqui, ela dirá: “Cinge tua espada sobre teus lombos, ó valente, com tua glória e com tua majestade. Em tua glória seja próspero; cavalga sobre tua palavra de verdade, de humildade e de justiça…” (Sl 45.4).
— Daqui sairei para ser visto dos homens e ela me seguirá como um exército, depois de passá-lo em revista (Is 13.4; Ap 19.11-14).
As nações da terra conhecerão minha Igreja e a ela pedirão favores (S145. 12). Aqui, a receberei em minha morada (Sl 45. 13). De filetes do ouro será seu vestido (Sl 45.13)… Venha, vou te mostrar, Ângelo!
Fui levado a uma sala onde anjos cosiam centenas de milhares deles! Quando o Senhor entrou ali, todos os anjos se prostraram e glorificaram seu nome. Ele levantou suas mãos e todos se calaram.
— Este é meu servo Ângelo. Venho a mostrar-lhe as vestimentas que vocês estão preparando. Mostrem-lhes!
— Estamos apenas acomodando, Senhor, disse um dos príncipes ali. Já estão prontos!
Eles tomaram um dos vestidos e mostrou-me.
— Que precioso! Veja Ângelo.
— Bordados a ouro! Linho! Que lindo!
— Este é um dos teus vestidos, Ângelo! Com ele, tu e teus irmãos serão levados à presença do Pai, disseram-me vários dos costureiros ali (Sl 45.14), e virão ao Palácio com gozo e alegria; assim serão confessados pelo Cordeiro perante o Pai.
— Sim, Ângelo, ali farei perpétua a memória da minha Igreja e seu nome em todas as gerações (SI 45.17). Vamos, Enviado te espera.
Atravessamos o lado oriental do palácio ao lado ocidental, à frente se vê os tronos dos 24 anciãos, oito de cada lado, e os querubins ao norte, sul, leste e oeste, na frente do palácio. O rio da vida salta entre o esplendor da luz que refletem nas colunas dos palácios…
Chegamos, e o anjo adorava diante do trono. Alguns anjos esperavam comparecer diante do Senhor e a luz inacessível do Pai brilhava.
Nós dissemos até logo, e os sete anjos se aproximaram do Cordeiro e do Pai, e nós saímos para o outro lado.
O MAR DE CRISTAL
Havia diante do Trono um Mar de Cristal. Seu brilho resplandecia cores ímpares. Suas cores eram tão vivas que os cristais pareciam águas em movimento. No Trono, todos os sons combinavam-se ao que se oferecia no altar de incenso, e o Mar de Cristal era uma espécie de porta temporária dos santos. Todos os santos que morriam depois que o Hades foi transportado para a Nova Jerusalém, depois da morte de Cristo, entravam no céu através do Mar de Cristal. Nenhum dos santos até àquela data entrou pelas portas da cidade (com exceção de Elias, Enoque, Moisés e Cristo). Todos os outros entraram através do Mar de Cristal. Todos que passam para a Nova Jerusalém, através do Mar de Cristal, esperam a ressurreição dos mortos, pois nesta época,juntamente com os vivos, serão transformados. Aí então, todos aqueles mortos haverão de entrar através das portas de pérolas.
— João foi transportado até o tempo futuro da eternidade e viu os mortos da Grande Tribulação entrarem aqui diante do Trono através do Mar de Cristal! Exclamou Ângelo.
— O Mar de Cristal não é um enfeite. Aqui no Trono, é uma coroação da vitória dos santos que têm o selo do Espírito. Todo selado pelo Espírito Santo há de passar por ali, explicou o anjo.
— Qual é a função do Mar de Cristal? Perguntou Ângelo, esperando a confirmação para a conclusão que já havia chegado.
— O Mar de Cristal representa o cumprimento de todas as coisas, a consumação e a perfeição eterna das coisas redimidas. O passageiro passou ao entrar nos céus. Os santos vêem que aqui não há nenhum só vestígio de morte, indecisão, temporariedade ou mutabilidade. O Senhor está sentado em seu trono esperando o seu Filho entrar em seu Reino, em vitória. Felizes são todos aqueles que passam pelo Mar de Cristal. Pobres almas são aquelas que serão lançadas no lago de fogo.
Vi quando constantemente as almas dos santos em Cristo entravam diante do Trono. Eram recebidos no céu pelos anjos. O céu era uma entrada e saída de anjos pelo Mar de Cristal. A porta dificilmente se abria até à ressurreição dos mortos e o arrebatamento da Igreja. Em ocasião muito célebre é que aporta se abre. Uma grande ocasião foi aquela em que houve o retomo triunfante do Cordeiro em sua batalha na Terra (SI 24.7-10; Dn 7.13, 14; Ap 5.1-3).
— O Mar é de Cristal porque a água testifica na Terra. Todos os santos passam através do Mar de Cristal porque entram no céu em alma. Estes santos que passam pelo Mar, sabem que vão entrar no céu pelas portar, depois da ressurreição. Entrar pelas portas significa um grande privilégio para eles e uma grande bem aventurança, por isso é que Jesus disse: “Bem-aventurados são aqueles que entram na cidade pelas portas”.
Estávamos cada vez mais próximos do Trono. Com perfeição podia se discernir claramente todos os movimentos naturais do Trono. Nesse momento perguntei:
— Porque os mártires da Grande Tribulação clamam por salvação, dia e noite, diante do Trono de Cristo sobre o Mar de Cristal?
— Os mártires que chegam da Grande Tribulação — respondeu o anjo — vão morrer quando derramarem o seu próprio sangue por testemunho de sua fé em Cristo. Mas todos os que crerem nos dias da graça, poderão ser justificados mediante a fé, pela graça e pelo sangue de Jesus. Durante a Grande Tribulação, todos que vão morrer pela sua fé em Cristo terão que ser batizados em seu próprio sangue, terão o mesmo batismo do ladrão que creu em Cristo na ocasião da sua morte. Depois que crerem e confessarem a Cristo terão que ser batizados em sua própria morte, para que possam ressurgirem Cristo. Eles não vão ser salvos pelo seu sangue, mas serão batizados em seu próprio sangue. O ladrão da cruz creu e foi batizado na morte de Cristo. Seu testemunho público foi literal e não simbólico como o que temos hoje na graça. Seu batismo não foi em água, mas literal, como testemunho público de sua fé. Portanto, foi batizado. Assim, dessa forma, os crentes que vão crer em Cristo durante a Grande Tribulação, terão que passar; sua fé será acompanhada de obras, seu batismo será literal e não simbólico, os que crerem serão batizados. O seu batismo será testemunho literal, como foi com o ladrão na cruz. Para vocês ainda é simbólico na maioria das vezes, mas esse tempo se findará rapidamente, serenamente respondeu o varão.
— Isto significa — interrompeu Ângelo que as palmas em suas mãos, falam de sua participação pessoal no triunfo contra o império das Trevas. As palmas em suas mãos, significam a justiça. Ela será aplicada. Quando os mártires chegarem no céu, grande parte dos santos já terá entrado na Nova Jerusalém pelas portas.
— As palmas de suas mãos são a senha que ainda não ressurgiram entre os mortos, disse o anjo. Suas almas voltarão aos seus corpos no final da Grande Tribulação, para dar complemento à salvação do corpo e entrarem na cidade pelas portas. O Mar de Cristal é um lugar de espera. Quando as duas testemunhas terminarem seu trabalho na Terra, no final da Grande Tribulação, estes mártires regressarão aos seus corpos, ressurgirão junto com eles e todos juntos serão recebidos aqui no céu pelas portas. Porque já estamos nos preparando para essa hora, quando as duas testemunhas entrarem na cidade triunfantemente, após terem levado a nação inteira de Israel ao arrependimento.
— Que testemunho — interrompeu Ângelo — como o seu trabalho se parecerá com a pregação de Jonas após o vômito do grande peixe.
— Sim, continuou o anjo, a terra há de vomitá-los através da ressurreição espiritual. A nação de Israel, e ao mesmo tempo, os mortos em Cristo da Grande Tribulação, serão ressuscitados juntamente com as duas testemunhas, e todos na cidade entrarão pelas portas. Até a ressurreição dos mártires, as almas dos mortos em Cristo passarão sobre o Mar de Cristal.
O ACUSADOR DE ISRAEL
O céu está acostumado com as acusações do grande inimigo dos irmãos. Mas, no meio da Igreja dos Primogênitos, há um profeta que se constituiu o acusador de Israel.
Saiu do meio da Igreja dos Primogênitos, reconhecido como Profeta do Deus Altíssimo, um compositor celestial; suas palavras são amadas pelos habitantes e herdeiros da Grande Cidade. Depois de Jesus, somente há mais duas pessoas que têm o corpo semelhante ao dele: Enoque e Elias. Seu nome é Moisés.
De quando em quando, as miríades de anjos que se convoca ao redor do Trono se comovem ao ouvi-lo dizer as palavras de sua acusação (Jo 5.45).
— Este povo é obstinado e cruel de coração! Eu o liderei por muitos anos e após outras centenas de anos, recebi a incumbência de ir até aquela terra avisar ao Messias que seu tempo estava cumprido (Lc 9.30,31). Mas o povo continuava o mesmo: mal e perverso; ouvi que era como Deus, venerado e honrado… mas estavam honrando ao servo de coração e ao Senhor de lábios. Senhor, esse povo merece juízo, porque recusa a teu Enviado, é culpado de seu sangue! Eles continuam crendo mais em mim do que nele! Até quando há de guardar isto na memória, sem usar do teu rigor, da tua justiça, ao sangue que derramou’? Até quando há de suportar este povo recusando ao teu Filho, de quem claramente falei? — Apontando ao Livro (Jo 5.46).
— Eu não sou Deus! Não! Não podem reconhecer-me como tal! Sou servo, sou teu servo! Entristece-me, entristecem o teu Santo Espírito, vão e voltam à sua terra e não voltam-se a ti; que caia sobre eles o juízo do teu sangue, julgue-os com essas leis!
Depois silenciou, baixou sua cabeça. O Trono aguardava em silêncio as palavras que Moisés falava.
— Ele vem, acusa o povo de Israel, seu próprio povo, disse Ângelo.
— Sim, porque este recusou ao Cordeiro. Moisés fala pela Lei, porque pela Lei julgou. Ele pede justiça!
Depois do enorme silêncio… Ao som das harpas e vozes maravilhosas, um cântico muito conhecido começou a ser entoado pelos anjos; e ao entoar aquele hino, os 24 anciãos e os querubins se moviam diante do Trono…
— Canta simultaneamente, exclamou o anjo.
— Canta simultaneamente? Que é isso? Perguntou Ângelo.
— É quando aqui no céu e lá na Terra os anjos estão cantando o mesmo hino. De vez em quando ocorre o mesmo. Isso é maravilhoso!
— Veja o Trono, Ângelo, mostrou-me o anjo.
— O Trono fumegava e seu humo colorido se perdia diante de tamanha glória e majestade.
— Alegrei-me em meu ser quando pude ver, dia após dia, a autoridade que a Igreja tinha na Terra e como era íntima sua comunhão sem que ela soubesse. Como cada passo que dava na Terra, como as coisas aconteciam no céu. Percebi que a Igreja não era um povo alienado de Deus e como estava bem representada ali pelos 24 anciãos. Que vontade trazer essas Boas-Novas à Terra. Era o dom inescrutável que só o Espírito podia revelar. E eles cantavam o cântico de Moisés, conhecido, repetido e ungido, e o Senhor se agradava! O Pai assentado no Trono e o Filho movendo-se em meio dos castiçais! Que visão maravilhosa! Era o seu jardim! 49 lâmpadas cuidadas e vigiadas pelo Senhor, o Cristo, pessoalmente, e o cântico agradava a Deus.
— “Grandes e maravilhosas são as tuas obras O Deus Todo-Poderoso. Santos e verdadeiros são os teus juízos”.
— É o cântico de Deuteronômio, o cântico de Moisés.
Cantavam os anjos e em determinado momento, Moisés recebeu suas respostas. A música parou e um anjo à voz de trombeta, exclamou:
— Senhor, tu que estás assentado no Trono, responde as acusações de Moisés!
— Sim, Senhor, clamavam os anjos.
— Sim, Senhor, disse Moisés. Responde-me, preciso da tua resposta.
— Eu os tirei do Egito; eu os introduzi na Terra a qual eu havia jurado que daria a vossos pais, dizendo que não invalidassem jamais meu pacto. Mas esse povo fez pacto com os moradores da Terra, como fizera Esaú em desobediência à sua mãe, seguiu desobedecendo e transgredindo minhas leis; como Rúben, como Ômer, como Saul, como todas as tribos; recusou a rocha e não seguiu a nuvem, não quis minha intercessão; os tenho rejeitado não para sempre. Por amor aos meus servos, os profetas, que a mim vieram, como a Davi, meu servo, haverei de levantá-los a partir de sua semente; mas quanto à velha geração, destruirei por sua própria escolha. Farei da nação de Israel como fiz com Jacó. Falo em multiplicar-lhes fora de sua Terra; enquanto rejeitar seus irmãos,não poderão ser abençoados e fartos; enquanto não confessarem seu Salvador, não poderão ter sua própria terra; viveram em Gósen sempre, mas não será a sua terra, não será o seu desejo, até que almejem voltar e sair do estado da bênção de Faraó, Rei do Egito, sofrerão; terão filhos com a mulher não desejada e os filhos da mulher amada serão poucos e, esta, por sua vez, como fonte, morrerá, até que se converta e reconheça o Filho Unigênito, Salvador e o Primogênito Filho, nesta Assembléia de Primogênitos. Moisés, veja a Jacó, contempla, conheça sua vida; ele é a nação; seu caráter, seu nome, seu velho nome… Jacó, quero mudar seu nome, como a sua vida, mas ainda não é chegada a hora, endureci o seu coração, mas não foi porque eu quis; endureci o coração de Faraó porque me odiou, assim como endureci o coração de Israel, porque também me rejeitou a mim. Eu não sou culpado pelo endurecimento do seu coração. Assim como endureci o coração de Faraó para Israel, também endureci o coração de Israel para que a Igreja fosse estabelecida. Mas eu não endureci o coração de Israel porque eu quis, senão porque Israel rejeitou-me a mim. Não há acepção, Moisés. Veja a história de Jacó. E a história do povo, ou voltará para a Terra num caixão e José o trará para casa morto ou a nação voltará morta. Converse com Ezequiel e certifique-se que a nação ressuscitará ao som da voz profética; Jacó se levantará; seu sono será para acordar a muitos gentios e mais serão os frutos da sua morte, que os frutos da sua vida. A nação voltará à sua Terra morta, mas como Ezequiel o disse, se levantará. Os dias de José no Egito, ele pensará em trazer de volta seu pai. Esta nação, Moisés, não pode recusar José. Eu sou José, eu mesmo vou lutar contra o velho Jacó. Já tenho lutado contra ele, as marcas da história têm ficado, sua coxa começa a mancar, enquanto ele não me reconhecer, não direi meu nome. Tento revelar-me, mas não me conhece, não me vê; não me deseja. Lia tem muitos filhos; as nações têm dado muitos filhos, mas estes não se sentem em casa. A Terra é sagrada, Raquel dá a luz, mas seus filhos são poucos. Raquel os receberá, mas morrerá. A nação é amada e bela, mas morre ao dar a luz. Labão são os reis da terra eles a enganam e a maltratam, mas Israel aproveitará do seu ouro e da sua riqueza, sairá dali rico e abastecido. Labão virá atrás; as nações virão após ele, mas não poderão vencê-lo, não poderão cumprir o intento do seu coração. Raquel dará a luz quando Jacó começar a sair, Jacó trabalhará em vão e o anjo levantará contendas contra ele para que ame a sua terra e veja que não há lugar mais seguro que não seja Sião, a terra de sua unção, a porta do céu. Não poderá viver longe das portas.
Por um tempo Sião silenciou, à voz do que falava. O cântico outra vez irrompeu, Moisés saiu da presença do trono, entrou no meio da Igreja dos Primogênitos e os anjos cantaram novamente.
— As palavras do trono são como parábolas.
— Mas ele as pode entender? Disse Ângelo.
— Sim, ainda não podemos entender bem, mas nos será revelada.
— Sim, eu as pude entender, anjo.
— Sim, eu sei, replicou o anjo. Vocês podem entender muito bem estas palavras, explique-me melhor, pediu o anjo.
— É só comparar tudo o que o Pai falou com Gênesis…
— É?
— É só comparar…
O REINO
Estava no cume de minha visita à Nova Jerusalém. Alguns minutos depois estava programada nossa chegada ao lugar onde há de ser introduzida à noiva desposada do Cordeiro. Quando a cidade chegar às regiões celestiais, Miguel já terá deposto Satanás e seus anjos dali (Ap 12.7-12). A cidade durante o reino terreno de Cristo será a capital do reino do Pai e a Jerusalém terrena será a capital do reino do Filho de seu amor. Dentre os títulos oficiais de Cristo, tais como Rei, Sacerdote e Profeta, somente há um que ainda não foi completamente manifestado, o título “Rei”, “Rei dos reis”. Este mistério não terá sequer se manifestado literalmente como os ministérios de “sacerdote” e “profeta”.
Quis entender melhor a questão do Reino dos céus, reino do Pai, reino de Deus.
— Enviado, estamos na capital universal do Reino de Deus. Mas sei que há uma unidade absoluta entre a divindade e seus propósitos. Mas percebo que algumas vezes o Filho, no seu ministério terreno, usou títulos tais quais, Reino de Deus, Reino dos Céus, Reino do Pai e meu Reino. Que diferença há entre estes sinônimos?
— Quem lê deve entender, Ângelo. Reino de Deus e Reino dos Céus significam a mesma coisa. Reino de Deus fala da sua origem; Reino dos céus fala do alcance do reino; Céu e Terra, tudo está incluído. No Reino do Pai e Reino do Filho são duas coisas diferentes. O Reino do Filho foi preparado antes da fundação do mundo (Mt 25.34). O Reino do Filho é igual ao corpo do Filho. Tem um propósito redimidor e reconciliador. O ministério do Reino do Filho é reconciliar e redimir. O Reino do Pai é toda a representação do Reino, do princípio ao fim sem interrupção, com exceção da parte que toca ao Filho. O Reino do Filho faz nova todas as coisas. O Reino do Pai fez todas as coisas. Quando o homem foi formado e posto no jardim do Éden, entregou a sua mordomia a Satanás. Aparte do Reino do Pai que lhe foi entregue, foi perdida.
— Satanás detém hoje, o reino do mundo? Perguntou Ângelo.
— Legalmente o Reino já foi redimido, mas na prática, o posseiro Satanás não foi retirado.
— Por que não quer se retirar? Indagou Ângelo.
— Porque é um mentiroso e rebelde. O preço da redenção foi pago e depositado em juízo porque o posseiro é um ladrão. Ele não viu a “cor do pagamento”. Como o Juiz é o Pai, o preço foi depositado no trono (Ap 5.1-4).
— Sim, é verdade, Satanás nega a morte expiatória de Cristo. Seria uma injustiça Jesus pagar ao posseiro uma coisa que ele sorrateiramente adquiriu, concluiu Ângelo.
— A redenção é parte do Reino do Filho. Ele necessita reinar até que o Pai ponha todos os seus inimigos debaixo de seus pés. A redenção inclui salvação e juízo. A salvação paga o preço para tirar de Satanás o poder que domina os reinos do mundo. O juízo provê a expulsão definitiva de Satanás (Ap 20.1-3) dos reinos do mundo e a entrega dos reinos do mundo a Cristo. O Reino do Filho, embora tenha o trono provisório no Reino do Pai, se estabelecerá na Terra literalmente. Enquanto o Reino do Filho estiver funcionando no trono do Pai, irá se estabelecendo na Terra de forma espiritual. Quando for implantado na Terra, após o juízo sobre o posseiro, se manifestará literalmente (Mt 25.3 1; Ap 11.15). Toda a inimizade (Gn 3.15) deverá ser aniquilada do Reino do Filho e quando tudo estiver sob o controle e poder voluntário ao Filho (Ef 1.10), então o Filho entregará seu Reino ao Reino do Pai e haverá um só reino (1 Co 15.24) que será então chamado Reino dos céus, visto assim por Jesus, nas parábolas.
— Isto significa, se explicou Ângelo, que quando lemos nas parábolas que o Filho do homem enviará a seus anjos para que recolham todos os iníquos do seu Reino na Terra, durante os 1000 anos, os santos não estarão na Terra?
— Não necessariamente, Ângelo. A residência dos santos será na capital do reino dos céus. Reino dos céus foi e é a unidade do Reino do Pai com o reino do Filho do homem (Mt 13.41,43; 1 Co 15.24). Até o Filho entregar todo o reino ao Pai, os justos permanecerão na capital do Reino celestial, que é a Nova Jerusalém (Mt 13.43). Até a entrega do Reino pelo Filho ao Pai, o Reino do céu será chamado “Reino do Pai”. Quando houver a sujeição do Filho ao Pai, e o Pai passará habitar no corpo do Filho (1 Co 15.28; Jo 14.20,21), haverá um só Reino, um só Senhor em todos, como Abraão entendeu (Gn 18.3). Com a encarnação de Jesus, o Reino do Filho se estabeleceu na Terra e o Reino do Pai se estabeleceu no céu.
— O Reino do Filho é somente por mil anos?
— Não. O plano existe desde a fundação do mundo. O Reino existe espiritualmente falando, desde a encarnação e será literal já deste seu estabelecimento na Terra até o final do Milênio. O Reino do Filho será eterno, como era antes do plano redentor. Por causa do corpo do Filho, tudo terá proeminência nele e ele continuará no Reino com mais excelente nome que antes, porque foi constituído herdeiro de todas as coisas (Hb 1.2). Depois que houver governado e tiver dado resposta a Satanás à sua pretensiosa proposta feita no deserto (Mt 4.7- 12; Ap 11.15), o nome “Rei dos reis” será obsoleto diante do novo nome que ele terá e que será conhecido depois que entregar todo o domínio ao Pai.
— Em que consiste a entrega desse domínio, ou esta sujeição? Perguntou Ângelo.
— O Pai lhe devolverá o domínio do reino dos céus, de antes. Quando for apresentado perante o Pai (Dn 7.13, 14), depois de reinar os mil anos e entregar todo o domínio, este ato implicará no recebimento do Reino de volta e para sempre, porque ele, no ato de se sujeitar ao Pai, também o receberá em seu corpo, e ambos serão tudo em todos (1Co 15.28). Com sua proeminência, porque assim foi do agrado do Pai que nele habitasse toda a plenitude da divindade (Cl 1.19; 2.9), continuará a reinar, porque ele e os santos do Altíssimo receberão o Reino para sempre.
— Isto acontecerá depois do Reino de 1.000 anos?
— Sim, o Pai lhe dará domínio, glória e Reino para nunca mais passa r(Dn7. 14).
O Reino dos céus lhe será entregue. Tudo se convergirá nele e para ele (Ef 1.10), porque ele é a imagem de Deus e o resplendor de sua glória.
A ARCA NO TEMPLO
Um dos sete varões que assistem diante do trono voou com destreza e me disse:
— Tenho ordem de levar-lhe ao templo do tabernáculo do testemunho original.
— Chegamos, e ao entrarmos, no fundo do templo, vi a arca resplandecente, seu véu ou cobertura sobre um carro de querubins (1Cr 28.18). Era a arca-modelo original que será vista na Terra após a batalha de Miguel, que será colocada no Templo de Ezequiel, na Terra (Ez 43.1-5).
Muitos dos pregadores que tenho ouvido simbolizam as verdades típicas do Antigo Testamento, seguem simbolizando até chegarem a Apocalipse. Em Apocalipse, continuam simbolizando todas as coisas, enquanto o livro apresenta a realidade dos tipos.
— Não podemos entrar aí. O templo do tabernáculo é móvel; será transportado para a Jerusalém terrena, juntamente com o trono do Cordeiro (Ez 43.1-7). Na cidade permanecerá o trono do Pai, até que o Filho reine na Terra. O início do seu reino será marcado pela sétima trombeta (Ap 11.15). Então será plantado o trigo e no fim do reino, o joio será colhido; assim, do mesmo modo, os peixes maus serão separados, como os cabritos das ovelhas. O templo do tabernáculo é Santíssimo. Mesmo no céu há tipos de realidade. Os castiçais, o rio, o fogo são tipos. A arca é Cristo, mas há o modelo original no céu.
— A arca do templo será trazida à terra, o Rei será sempre Cristo entre a Nova Jerusalém e a Terra, por todo o tempo de seu reino até os dias da sujeição do Filho (1 Co 15.26-28), disse o Varão.
— Sempre haverá tipos no céu? Perguntou Ângelo.
— Não, Ângelo. A medida que as profecias forem se cumprindo, os tipos deixam de existir no céu como tipos e passam a ser memorial, respondeu o anjo.
— A arca é Cristo, considerou Ângelo. Em Hebreus, o altar de incenso está no lugar Santíssimo junto com a arca e não podemos compreender esta aparente contradição.
— Observaste bem, Ângelo. O apóstolo não errou. Conhecia bem o texto sagrado. Desde os dias de Zorobabel, o templo viveu sem a arca que foi destruída nos dias do cativeiro. O Senhor mesmo quis que assim ocorresse. Com a ausência da arca, o altar de incenso passou a assumir a importância da arca; as pessoas juravam pelo altar, porque em seus dias o altar de ouro era a peça mais importante. Nos dias do templo de Herodes o altar passou ao lugar da arca, no Santíssimo lugar. A ausência da arca é profética e nos desperta para uma verdade jamais vista: A arca era Cristo; havia sido retirada a glória nos dias da visão de Ezequiel. Outro templo foi mostrado. O templo de Salomão foi considerado obsoleto. Um novo sacerdócio foi profetizado, seguindo a ordem de Zadoque. Tudo terá que mudar. Quando a arca chegou, Ângelo, e foi encarnada, não poderia haver outra no Santíssimo lugar.
— Ah! Como? Seria rejeitada? Indagou Ângelo.
— A arca foi rejeitada pelos Sumo-Sacedotes, pelos levitas. Somente João a reconheceu. A arca esteve no templo, no pórtico de Salomão, andou nos átrios, fez limpeza duas vezes no santuário; mas diante do mesmo templo foi julgada e condenada. O véu protestou de alto abaixo. A arca estava em pessoa na Terra, quando, nos dias do sacerdócio de Anás e Caifás, o altar era a principal peça do templo. Muitas vezes Gabriel esteve ali (Lc 1.5-11).
— Por isto que o apóstolo escreve que a arca e o altar ocuparam o mesmo lugar, mas não simultaneamente. Nunca (Hb 9.1-4)!
— Sabemos que, segundo as referências cronológicas gerais da Arca do Testemunho, temos a ordem de construção (Ex 25.10-22); seu objetivo e a sua construção (Nm 3; 7.3-9; Nm 10.33); em Cades (Nm 14.9-15); na passagem do Jordão (Js 3.5-8); em Jericó (Is 6); em Ai (Js 7.2-5); em Siló (1Sm 1.1-3; 4.4- 5); sua tomada em Ebenezer.., considerava Ângelo, quando lhe interrompeu o anjo.
— Permita-me Ângelo. Vejo que tens bastante entendimento sobre o assunto, mas já que estás em Suá, quero te fazer lembrar que era uma profecia messiânica da qual profetizou Jacó, que quando viesse de Siló se congregariam a ele os povos (Gn 49.10). A congregação dos povos somente seria possível se viesse de Siló.
— De que estás falando, ó varão de Deus? Interrompeu Ângelo.
— Me refiro à vinda da arca Siló para Ebenezer.
— Sua vinda de Siló a Ebenezer com a sua subseqüente tomada tem alguma coisa relacionada às palavras de Jacó?
— Claro que sim. Se a arca não tivesse saído de Siló, nos dias de Eli, Ofni e Finéias nunca teriam sido mortos; Dagom nunca seria vencido dentro de seu domicílio, e Davi jamais haveria trazido a arca para o. seu tabernáculo aberto à congregação dos gentios (At 15.15, 16), eufórico, explicou o varão.
— Entendo o texto: “Subiste da presa, meu filho!”
— Fala de sua ressurreição, Ângelo!
— Sim, de sua descida, descida e subida, se expressou Ângelo.
— Como, Ângelo?
– Sim, como dissestes. Observe bem. A arca no deserto é Cristo dirigindo o nosso caminho e também, Cristo encarnado dirigido pela nuvem que é o Espírito Santo.
— Claro que sim, Ângelo!
— A arca em Gilgal é Cristo, as primícias da ressurreição…
— Continue Ângelo!
— Em Siló, é Cristo na glória com o Pai. Trazê-la de Siló pensando que ela salvaria Israel das mãos dos filisteus foi o mesmo que pensaram os discípulos de Jesus, que ele os livraria do poder romano (Lc 24.21). O local da derrota foi Ebenezer, que é o Calvário, saltava Ângelo (Jo 17.1-4; Fp 2.5-8; Jo 1.1-4).
— Deixe-me dizer algo.
— Fale meu amigo.
— A arca em Asdote é Cristo subestimado no Hades; nestas condições, triunfou na casa do inimigo (1 Sm 5.9)!
— Pôr Dagom sobre a arca é a tentativa da corrupção em tragá-lo! É o poder das trevas querendo cobri-lo! Mas significa também que, Deus luta sozinho, se defende e toca à cabeça do inimigo (Gn 3.15; At 2.24-3 2), retrucou Ângelo.
— A corrupção não pôde tocá-lo! Não, não teve poder sobre Ele! Disse o anjo.
Estávamos eufóricos no meio dos anjos. Caminhávamos e transportávamos. Era levado enquanto o anjo voava! Entendi que aparentemente, às vezes, Deus se deixa vencer para que seja conduzido ao mais profundo segredo do inimigo, a fim de vencê-lo ali.
— Quando a arca permaneceu no meio deles, foi uma maldição. É Cristo anunciando sua vitória aos espíritos em prisão, disse Ângelo.
— E a arca não pôde sair vazia! Não foi assim que disseram os sacerdotes? Replicou o anjo.
— Sim. Aquele que desceu às partes mais baixas da Terra é o mesmo que subiu, levando cativo o cativeiro, disse Ângelo. Ouro, ouro! Com muito ouro! A Palavra não voltou vazia! Por seu próprio poder saiu do Hades e se levantou até Bete-Semes, parou nas pedras! A vida foi devolvida na sepultura (1Sm 6.14).
— Em Bete-Semes as lições são o requerimento de santificação. Tentar bisbilhotar é pecado no corpo. Ele, o nosso Senhor requer o discernimento do Corpo de Cristo. “Não somos vazios do corpo, temos a unção do Santo!”, se expressou serenamente o anjo. Por outro lado, aproximar-se para entender as coisas a respeito do Senhor com a mente natural e carnal é morte certa.
— A arca permaneceu em Quiriate-Jearim por muitos anos (1Sm 7.2; 1 Cr7.7- 14). A arca em Quiriate-Jearim traz lições à liderança. Governar sem a presença de Cristo, como Saul, é derrotar-se a si mesmo. Nenhum governo pode ter sucesso e memória eterna sem a presença de Cristo (Jo 15.5). Por outro prisma, não podemos continuar admitindo a condução de Cristo pelos ministros de qualquer maneira, rejeitando a vara — os ministérios — e recrutando bois e recusando a Palavra da verdade. Deus valoriza — e está comprometido com — os métodos da Palavra. Boi é boi, coatita é coatita. Levita marcha, boi tropeça.
— Da casa de Quiriate-Jearim à casa de Obede-Edom, temos a revelação de que é possível que a casa de um gentio se torne um lugar Santíssimo, exclamou Ângelo.
— Aleluia! Disse o anjo. A arca tinha que vir de Siló! Da casa de Obede-Edom a Jerusalém. De sua obra e ministério público a cidade do repouso, a Nova Jerusalém. Veio em vitória. Davi se despiu — Cristo desnudado e sua intimidade foi revelada aos seus discípulos. O sacerdote tirou o éfode — a obra estava consumada e todos aqueles que o censuraram como Mical e Judas, não puderam vê-lo em glória eterna. A arca voltou aos 24 turnos de anciãos com suas harpas e coroas de rei e seus vestidos e capas de sacerdotes. A arca teve repouso por um tempo, mas será vista outra vez na Terra pelos homens! Verão que o véu foi rasgado e que não o buscaram porque não o desejaram. Então virá de Siló e se congregarão a ele os povos. O reino começará (Ap 11.15, 19; Gn 49.9, 10), literalmente.
A CASA DO ESPÍRITO DA PROFECIA
Insisti com os dois anjos para que entrássemos no templo:
— Vamos! Dizia. Vamos entrar no templo.
— Você está preparado para entrar ali? Perguntou o enviado. Aquelas portas trazem visões da consumação futura. O que verás ali são as profecias já planejadas. O Espírito da Profecia se move aí (Ap 22.6). Quando você está no templo do tabernáculo encontra-se na dimensão futura da eternidade aonde os dias fazem parte do tempo das profecias que ainda não se cumpriram.
— Sim… quero conhecer como se move o Espírito da Profecia. Afoito, Ângelo tomou a dianteira…
— Espere um pouco. Saiba que somente vais entrar aí porque já tenho ordem a respeito, recebidas do Todo-Poderoso. Se não a tivesse, não poderias entrar aí. Vamos!
— Por que estás pensativo? Vamos, empurrou-me Enviado.
O anjo elevou-se e as portas se abriram. Fui tomado como por um vento que me sugou do lugar onde estava e me vi depois das portas. Paramos na parte final da Grande Tribulação terrena. O Anticristo estava ativo na Terra. Tive a idéia de quando e como as duas testemunhas vão realizar seu ministério. Estava ali naquele ambiente de guerra, ódio e blasfêmia no mundo. O nome de Jerusalém havia sido mudado outra vez para Sodoma (Ap 11.8). Outros a chamavam de Egito. Havia estátuas do Anticristo por toda a cidade e o sacrifício do templo construído por ordem do Grande Messias da Terra havia sido cortado (Ap 13; 111). Via sacerdotes chorarem como descreveu o Profeta Joel no capítulo 1. O medo tomou conta dos homens. Pavor e trevas cobriam algumas partes.
Vi por um curto espaço de tempo, o encontro entre o Falso Profeta, o profeta do Anticristo, e as duas testemunhas…
— Que vêm fazer aqui? Quem são vocês?
— Queremos falar com o Primeiro-Ministro do Império Mundial, disse as duas testemunhas, o mesmo IMC.
— Já lhes dissemos que não temos mais esta sigla IMC (Império Mundial de Cristo)! Agora nos chamamos IMA (Império Mundial do Anticristo), disse o porta-voz irado.
— Sim, é verdade. Agora ele mudou seu nome de Cristo para Anticristo, esta é a verdade sobre seu Império Mundial, disseram as duas Oliveiras.
— Senhores Oliveiras, vamos nos aproximando da grande sala do Falso Profeta, o Primeiro-Ministro, a quem vocês chamam a Besta da Terra.
— Nós ouvimos a vossa pregação na praça nesta manhã, disseram os seguranças do Porta-Voz…
Chegamos à entrada da sala de reunião solene. Milhares o serviam. Tudo era moderno e alguns objetos flutuavam; outros se moviam. Lâmpadas acendiam ao simples caminhar do Falso Profeta. A sala era de ouro puro. Tudo era místico e os feiticeiros eram os serventes. Altares em direção ao Mar Mediterrâneo. Havia um corredor com imagens de deuses orientais e ocidentais de todos os tempos. Por detrás das portas estava falando a um circuito fechado e internacional, o Primeiro-Ministro. Ordenava em vários idiomas, via satélites e a espíritos malignos. O Primeiro-Ministro tinha uma capacidade diplomática fora do comum. Tinha poder para realizar milagres e prodígios diante de multidões. Demônios estavam a seu serviço. Na dimensão em que estava, podia ver claramente os demônios aos milhares movendo-se no palácio. Segundo a ordem do Falso Profeta se moviam. Exércitos, serviços de espionagens, secretarias executivas e os próprios demônios estavam a seu serviço. Todas as músicas eram adoração direta e aberta ao Anticristo e ao Dragão. Chegamos à sala quando estava terminando de falar em cadeia mundial.
— Temos outras inaugurações, novos modelos estão sendo criados… A estátua vai falar… exortava o Primeiro-Ministro, quando chegaram as duas testemunhas.
A passos largos, as duas Oliveiras chegaram e o Porta-Voz anunciou-os inclinando-se perante a segunda Besta, o Primeiro-Ministro.
— Meu Senhor. Aqui estão as duas Oliveiras, a quem tanto desejavas ver!
— Não temos muito tempo, Senhores, disseram as duas Oliveiras.
— Ah! Seus Oliveiras!!! Temos notícias de que vocês têm perturbado a boa ordem internacional com os vossos discursos. Ouvi a respeito dos vossos discursos contra o Grande Rei. Por causa de vocês, ternos perdido a nossa coligação maior, Israel. O que pretendem senhores? Enfurecido, gritava a voz endemoninhada e afeminada do Primeiro-Ministro.
— Nós estamos aqui para desfazer vossas obras e pouco tempo lhes resta. Tão somente saibam que a ti, ao teu Grande Rei e ao Dragão, que está no Mar, não lhes falta mais que três anos de governo. Brevemente verão a manifestação do Filho do homem e seu nome escrito na coxa direita, o Rei dos reis e Senhor dos senhores aparecer no céu com grande poder e majestade, e tu e o Anticristo serão lançados vivos no Lago de Fogo, assim como o Dragão foi vencido e lançado do céu por Miguel…
— Ah! Não nos fale neste nome! Gritou o Primeiro-Ministro.
— Este Miguel os lançará vivos no Lago de Fogo!
— Basta! Interrompeu o Falso Profeta.
— Como sabem destas coisas? Indagou o Porta-Voz.
— Nós somos enviados do Senhor Todo-Poderoso que reina e que criou todas as coisas por seu poder. Ele tem como nome, Rei dos reis e virá para reinar sobre a terra. Vocês verão quem é o Rei dos reis. Ele nos deu as chaves do Reino. Estas chaves estiveram com a Igreja na Terra durante o tempo da graça. Agora nos foram dadas para ministrarmos neste tempo!
— Cale-se e respeite ao Soberano! Os seguranças foram se encaminhando para os tocarem.
— Não lhes toque. Eu tenho poder suficiente para destruí-los daqui. Eles disseram que tem poder? Pois vejam (um grande estrondo).
Vimos quando o Falso Profeta fez descer fogo de cima para baixo. As luzes se apagaram. Houve espanto e todos ficaram perplexos na sala e exclamaram! Grande Senhor!!! E se inclinaram e adoraram a Besta.
— O poder do Diabo está concentrado em vossas mãos! Exclamou uma das testemunhas, caminhando com autoridade sobre a sala. Estavam juntos e em pé. Neste momento correram os guardiões do Primeiro-Ministro.
— Parem! Eu sei me defender, disse o Falso Profeta.
— Satanás está julgado, clamou a outra testemunha em meio a tensão estabelecida. Nós estamos aqui para fazer o mundo e Israel crerem que, o Senhor Todo-Poderoso reina!
Neste instante, os dois senhores Oliveiras levantaram as mãos e saiu fogo de suas bocas sobre o trono da besta da terra e todos caíram aterrorizados. Um deles tomou a palavra nestes momentos e disse:
— A força do Todo-Poderoso nos levantou para esta hora, dia e mês. Nós temos a chave do céu para abrir e fechar. Nós somos as duas testemunhas do Todo-Poderoso. Aqueles que nos ouvem saberão que somente há um Deus no céu. Temei-o e dai-lhe glória!
O palácio estava cercado. Helicópteros voavam. O exército do Império Mundial cercava o prédio.
— Que ninguém registre isso, ordenou-se aos fotógrafos e aos câmera-mens, que deixassem seus filmes na sala: “ordem do Primeiro-Ministro”, disse o Porta-Voz.
— Que ouçam! Nos três próximos anos e meio, não choverá sobre a Terra, a partir de hoje, ordenaremos pragas sobre a Terra. Seu fim será muito triste (se dirigiu à segunda besta). Dia após dia verão as pragas do Senhor sobre a Terra. O mundo saberá e verá na hora certa, quem é o Senhor!
Enquanto agiam os dois homens de Deus na Tena, simultaneamente, via no céu os anjos trabalhando e agindo. Percebi que eles pronunciavam cronometricamente o juízo e sete anjos se preparavam para receber das mãos dos querubins, as sete taças da ira de Deus e se preparavam para derramá-las sobre a Terra. Os querubins tomavam das mãos dos anciãos. Elas eram resultados das orações proféticas feitas por todos os santos em todos os tempos.
— Estas pragas finalizam e consumam literalmente o juízo de Deus sobre a Terra, disse o anjo.
— As duas testemunhas têm muito poder! Exclamou Ângelo.
— Sim, elas têm as chaves do céu! Tudo que elas ligam na Terra, nós ligamos no céu! Hoje estas chaves estão com vocês! Disse o anjo. No dia das duas testemunhas, as chaves vão passar para eles!
— Sim! Nós também movemos os céus assim? Perguntou Ângelo.
— Sim, igualmente. Continuem!
Os anjos se preparavam para derramar as taças da ira de Deus. O mar cristalino se transformou em água de fogo (Ap 11.2; Dn 7). De repente, o céu mudou…
— Rapidamente, tragam as harpas e mais roupas.
Eram os anjos preparando a chegada dos últimos mártires. Os outros estavam diante do Altar de Incenso e cantavam e clamavam, todos recebiam harpas e tocavam e cantavam cânticos novos, O cântico era conhecido no céu e na terra, mas eles mudavam a melodia cada vez que cantavam…
“Grandes maravilhas são tuas obras, Senhor Deus Todo-Poderoso; … serão manifestos” (Dt 32.3; Sl 145.17; Os 14.9).
Os anjos voavam rapidamente e… a voz das duas testemunhas eram ouvidas no céu! Os dois estavam entrando na Praça da Cidade e revoltaram o seu coração ao verem homens e mulheres adorando a imagem da Besta.
— Que sejam feridos de úlceras os homens que têm a marca da Besta e que adoram a sua imagem
Imediatamente no céu os anjos obedeciam a ordem que vinha da Terra e dores terríveis vieram sobre os adoradores, e eles caíram no chão com dores, outros correram. Medo e pânico começaram a tomar conta da cidade e todos temiam as duas testemunhas. Mas ninguém via como desapareciam rapidamente e ninguém ousava tocá-los. Tudo era simultâneo. Eles falavam na Terra e os anjos derramavam as taças do céu! Eles sabiam do poder que tinham as chaves do Reino!
— O trono está cheio de fumo, porque cada taça é derramada primeiro sobre o altar; se derramava como incenso e com a mesma taça tiraram do fogo e derramaram na Terra. O fumo é o cumprimento da profecia e glorificava a Deus.
A taça derramada é o juízo sobre os homens (Ap 8.3-5; Ap 15.5-8).
À medida que os segundos passavam no céu, os anjos atentavam para as palavras ditas pelas duas testemunhas. Elas não podiam se separar uma da outra, porque não haveria concordância entre elas e os anjos não poderiam atuar.
— Que as águas do mar e dos rios se convertam em sangue!
— Amém, dizia uma, logo depois.
Os dois anjos derramaram a segunda e terceira taças sobre a terra e houve angústia e sede.
— “Justo és Senhor… Justo és Senhor…” disse o anjo, guardião das águas da Terra(Ap 16.5).
O anjo que jogava o incenso no altar disse: “Teus juízos são verdadeiros e justos” (Ap 16.7).
— As duas testemunhas têm poder sobre as coisas do céu, da terra e do mar, exclamei!
— Sim, eles ordenaram as taças da ira de Deus! As taças estão ligadas a juízos sobre aterra, o céu, o mar e rios e sobre os homens (Ap 11.6). Eles vão ferir o sol no firmamento — a cada vez que levantarem para proclamar publicamente a glória de Jesus. A primeira Besta procurará matá-los! Queria vê-los!
A mensagem das duas testemunhas era simples: — Temei a Deus e dai-lhe glória. Ele reina!
Mas os homens da Terra blasfemavam. Os hospitais estavam cheios! Pessoas sem braços, com as mãos seguras na outra fora do corpo, homens sem cabeça ainda vivos. Caminhavam em direção ao hospital e não morriam.
A morte fugia dos ímpios da Terra! Ninguém morria, era horrível ver gente violentada e dilacerada e que ainda vivia. Pessoas sentiam dores, perdiam sangue, mas não morriam. Os hospitais não tinham lugar para os suicidas! Eles tentavam a morte e não morriam! Não havia cura, não havia morte para eles!
Somente os que eram salvos, morriam. A morte era então, uma bênção para os que davam glória a Deus. Era bem-aventurada a morte do justo. Os ímpios invejavam os salvos que morriam!
As duas testemunhas visitaram o Anticristo. A reunião dentre eles foi negra. Escureceu o céu sobre seu palácio. Ninguém se entendia. Tremores de guerra estavam se ouvindo nos rádios e televisões. Reis do Oriente, insatisfeitos, estavam marchando em direção à Palestina para lutar contra o Anticristo, e nações do mundo inteiro estavam se preparando para uma grande guerra. Os reis estavam endemoninhados. A Organização das Nações foi desfeita e todos seguiam seu próprio instinto. O Anticristo se levantou e nesses dias houve um grande terremoto na Terra.
— “Está consumado”, simultaneamente ouvi esta frase no céu! Era a voz do Leão.
O Leão se levantou do trono, trocou a roupa e vestiu-se de vestes sujas de sangue. Elas estiveram guardadas por muitos dias (Is 60.1-3; Ap 19.11-14), e seguiram-lhe os exércitos celestiais. Era a hora da grande Guerra.
As portas do templo da Cidade se abriram no céu e o Leão saiu para vencer! O diabo estava enfurecido na Terra. O Lago de fogo abriu sua boca. Os reinos do mundo vieram a ser do Senhor e do Cristo! Clamaram os anjos.
Brum! Um grande estrondo!
— Que foi isto?
— A cidade chegou a seu lugar! A Terra está aí embaixo, disse o anjo.
— Ai, Deus meu, que vou fazer? Não deu tempo de voltar à Terra! Que vou fazer? Estou tremendo
— Não, não podemos ficar aqui, temos que voltar ao “que é”.
Neste instante entraram vivos no céu, as duas testemunhas. Haviam ressuscitado e com elas milhares de santos de toda a Terra entraram pelas portas de cristal.
— É o fim da primeira ressurreição! Eles cantavam. “E vi como um mar de vidro misturado com fogo; e também os que saíram vitoriosos da besta, e da sua imagem e do seu sinal, e do número do seu nome, que estavam junto ao mar de vidro, e tinham as harpas de Deus; cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor Deus Todo-Poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei dos santos. Quem te não temerá, ó Senhor, e não magnificará o teu nome? Porque só tu és santo; por isso todas as nações virão, e se prostrarão diante de ti, porque os teus juízos são manifestos” (Ap 15.2-4).
O céu se preparava para lutar. O templo futuro da Jerusalém Terrena foi aberto dentro da Grande Cidade, o Tabernáculo de Deus. Desse templo, saem as ações proféticas da dimensão que “há de vir”. Vi os santos montados em cavalos brancos seguindo ao Cordeiro.
— Ei, espere um pouco, e aquele cavalo vazio?
— É o teu cavalo!
— E por que não estou lá?
— Porque ainda estás aqui!
— É hora de voltarmos! Disse o anjo.
— É melhor voltar.
Saímos da dimensão do “que há de ser” e voltamos para a Cidade Santa pelas portas do templo. O trono estava em glória. Olhei para o trono, e ainda era o Cordeiro. Descansei. Estava na dimensão “do que é” (Ap 15.5). Passei um susto. Havia me esquecido que Deus se move no presente e eu estava no futuro.
MEU FUTURO SELADO
Depois de todas as informações sobre a Nova Jerusalém, encontrei-me outra vez com o Cordeiro. Podia ver o Trono através da revelação nos tempos que “era”, na dispensação do mistério escondido (Ef 3). Nesse tempo era um Trono, quatro querubins, uma única manifestação de Deus, antes de haver a imagem manifestada. Ao retroceder-me no tempo, me foi revelado os dias anteriores à inauguração da cidade. Havia um Trono conforme a visão de Ezequiel 1 e 10. Na visão de Apocalipse 4, o Trono é estabelecido dentro da Cidade e ao seu lado o Cordeiro, o qual também o assumiu. Este é o período “que é”. Inclui todo o passado, presente e futuro do tempo humano. Dentro do período “que é”, fui levado ao futuro e contemplei muitas coisas que ainda são mistérios. Na fase do “que há de ser”, há novamente um Trono e no qual está sentado o Cordeiro, e no corpo do Cordeiro está assentado toda a plenitude da divindade. O Cordeiro também é a lâmpada e o restante da divindade é a luz. O Cordeiro é a imagem do Deus invisível, a divindade é vista pelo corpo do Cordeiro. O Cordeiro foi glorificado na divindade e só, individualmente (Jo 12.32). Aqui se verá real no corpo do Cordeiro “Um só Senhor!” (Ef 4.5, 6). O outro trono que ficou vazio foi dado aos vencedores (Ap 3.21).
— Eu sou o que era, o que é e o que há de ser, ouvi a voz do Trono. Se vou ao passado, o passado se torna presente, se vou ao futuro o futuro se toma presente. Assim, só me manifesto no presente.
— Senhor, o anjo falou-me que já é hora de voltar. Estou convencido que é hora de voltar, mas desejo ficar.
— Estou contigo. Tua vida de fé não está completada. Se as minhas palavras geradas e reveladas continuarem em ti, farás obras maiores. Serás grande diante de mim, sendo obediente e humilhando-te debaixo de minhas mãos. Estou aqui intercedendo pelos santos. Se me confessas diante dos homens, confesso teu nome diante dos anjos e do Pai (Ap3). Meu Espírito se move na Terra, de lá podes realizar mais por minha glória, que daqui. Aqui no céu, os anjos obedecem a dispensação da graça que está manifestada na Terra. Aqui, não podes fazer nada. Aqui esperamos pelos resultados da operação da graça. Agora, é hora de atar lá, para que os resultados sejam manifestados aqui. Queres ficar?
— Não, Senhor. Desejo voltar.
— Todos estes profetas quiseram ter a oportunidade que tu tens, disse o Cordeiro.
Quis falar ao Pai.
— Senhor, quero falar com o Pai.
— Tu não compreendes. Eu sou o Verbo da divindade (Jo 1.1-3; 1.18). Sem mim, não te pode falar. Eu fui escolhido por sua vontade para ser a habitação de toda a plenitude. Brevemente já não o verão ali sentado… — O meu Filho amado (e a voz do Cordeiro passou a ser a voz do Pai, e me assustei), é Senhor, é a imagem da divindade, através dele, Ângelo, eu me recebo. Na carne, quem vê o Cordeiro, vê o Pai. — O Pai fala através de mim… (Agora era o Cordeiro que falava). Antes, em minha encarnação, quem via a mim via ao Pai, mas agora, nesta faceta da eternidade, depois de minha ressurreição, quem vê a mim vê a mim e em mim fala ao Pai. No futuro o Pai vai habitar em mim no “que há de ser” e serão todos em mim e eu em todos. O Pai é espiritual, luz, glória, mas o corpo do Cordeiro será o centro de proeminência, de congregação e de sujeição (Ef 1.10). Eu me sujeitarei ao Pai para que definitivamente, o Pai habite em mim para sempre, assim como eu estou em ti Ângelo, e tu estás em mim (1 Co 15.25-28).
— Tu fostes primogênito da Criação, Senhor. Tu fostes criado?
— Não, Ângelo. Eu não fui criado, eu sempre fui Deus. Deus não foi criado, nem gerado. Nem como homem tive pai humano, nem como Deus tive pai divino. Como homem tive pai divino, o Espírito, mas como Deus nunca tive pai divino. Nunca fui gerado, nem criado como Deus. Como homem fui gerado e ele me chamou de Filho, em minha encarnação, como homem, como verbo encarnado, aí ele passou a chamar-me de Filho e eu o passei a chamá-lo de Pai (Hb 1.5,6). Foi de meu agrado que assim fosse, me humilhei para isto (Fp 2.5,6). Antes, não havia as palavras Filho e Pai. “Filho” e “Pai” são nomes para depois da encarnação, por isto, o “tudo em todos” nos levará ao que era antes da encarnação. Quando acontecer o “tudo em todos” saberás o meu novo nome, o excelente nome que tenho herdado. Foi herdado porque já existia antes. Mas ninguém o conhece, senão a divindade. Quando o Espírito disse que fui o primogênito da Criação, se referia à imagem de Deus, que é meu corpo humano. Minha imagem foi criada como uma roupa é planejada pelo costureiro, mas a pessoa que a vestiria já existia. Eu era antes mesmo da imagem. Eu, como pessoa, fui escolhido e ao mesmo tempo oferecido para ser a pessoa da divindade que manifestaria a divindade através da imagem que é meu corpo humano glorificado. Isto passou antes da criação de Adão. Quando Adão foi criado, nós o fizemos conforme a imagem que já tínhamos para ser manifestada por mim (Cl 1.15). Assim, eu sou o Primogênito da Criação no que se refere à imagem de Deus. Sou antes de Adão que foi criado à minha semelhança planejada. Deus não tem princípio ou fim, ainda que tivéssemos um princípio, este princípio seria a cada dia um princípio, porque nos renovamos a cada manhã, a cada manhã seríamos como somos, novos e assim nossos princípios seriam fins, assim sucessiva e infinitamente. Sou infinito como a reta, sou o princípio do círculo e o seu fim. Sou o que era do ângulo, o que é do segundo ângulo e o que será do terceiro ângulo. Eu sou Deus, Ângelo!
— Por que não morro, Senhor, pois falo contigo?
— A glória do segundo pacto não te pode matar, não te lembras que disse o Espírito por Paulo? “Assim como já alcançamos misericórdia, não desfalecemos; mas ainda que o nosso homem exterior esteja consumindo o interior, contudo, se renova de dia a dia” (2Co 4.1, 16). Deus mesmo habita em vós pelo Espírito Santo e por minha Palavra.
— Não podes falar de meu futuro? Que será de mim quando voltar, porque não me avisas de minhas tragédias e fortunas, Senhor, pois estou contigo?
— Se eu te mostrar teus inimigos e suas tramas, tu me pedirás que os destrua; se eu te mostrar o fim deles, pedirás misericórdia e farás o mesmo que meu servo Habacuque. Se eu te falar de teu futuro, não poderás me agradar, porque não viverás por fé, mas por vista. Serás reprovado e não rejeitarás o oculto, te desviarás! Te confundirás. Se te aviso de todas as tuas tragédias que ocorrerão para teu bem e para minha glória é porque não confio plenamente em tua fé, que poderá se desvanecer como a de Pedro. Se deixo de te avisar, é porque confio em ti como confiei em Jó. Que te parece se continuarmos assim?
— Sim, Senhor, viverei por fé. Prostrei-me aos seus pés para adorá-lo, mas Ele me disse:
— Levanta-te, quero abraçar-te.
— O meu Espírito Santo saberá preparar-te para as grandes batalhas que ainda terás na Terra. Se tua fé estiver desfalecida, ele avisará onde estão os problemas, mas se não, terás que andar por fé. A voz era do Pai.
Virei meu rosto ao Trono do Pai. Meu olhos brilhavam ante a discernimentadora presença de Deus. Pensei intimamente: Queria saber mais do Pai.
— Meu filho, tu não poderás entender-me por entender. Já te explicamos que somos “o que era”, “o que é” e “o que há de ser”, assim é o Pai. Nos dias passados, do “passado” e “do que era” “tempo” e “eternidade”, éramos três em um espiritualmente, um no seio do outro (Jo 1.18). Tu nos viste no monte santo antes da cidade ser inaugurada na morte e ressurreição do Cordeiro. Éramos Espírito.
Deus era somente Alma e Espírito. Mas na plenitude dos tempos, na dimensão “que é” agora, somos três fora, revelados e um de nós manifesta este Deus Espírito, que é o Espírito Santo; um de nós revela a forma de Deus, a imagem de Deus, a lâmpada da glória, que é o Cordeiro. Eu, o Pai, sou Pai porque a parte que a mim me toca é a glória, luz. Juntos temos atributos inseparáveis, temos nosso caráter. Não podemos nos dividir, em nenhuma circunstância, porque há um só Espírito que nos une, que sai de nós, que está e me somos nós! Se Eu sou o Fim, o Filho é o Meio para vir ao Fim; o Espírito é o Princípio. Somos iguais em importância e em autoridade. E foi do meu agrado que habitasse no corpo do Filho, toda a plenitude da divindade e assim será no “que há de ser”. Quem chegar à Cidade do Deus Vivo “no que é”, nos verá como estamos “no que é”; a quem for revelado o “há de ser”, verá, não um Deus unido em um só Espírito, mas Deus habitando em um corpo sendo um e concordando em um ( 1Jo 5). Agora, no vosso presente equivalente aos dias finais “do que é”, o Filho terá tudo debaixo de seus pés. Mas agora mesmo, no que “há de ser”, tudo já está consumado. Ele já se assentou comigo no Trono e já habito nele. “Naquele dia conhecerás que o Filho está em mim e tu em mim, Ângelo, e eu em ti” (Jo 14.20). A esposa do Filho verá este dia da sujeição… Tudo é questão da posição em que te encontras na eternidade.
— Veremos este dia Senhor?
— Sim, Ângelo, e aquele que vencer se assentará com Ele — o Filho — no seu trono (Ap 3.2 1; Sl 45. 14, 15).
O Pai chama a noiva de “Rainha”, “minha filha”. O Cordeiro dando passos suaves pôs as mãos nos meus ombros e disse ao anjo: — Espere-o aqui.
— Sim Senhor, encurvou-se.
Pela primeira vez, fiquei a sós e longe do Enviado. Não podia me conter e ao dirigir-me a Ele sozinho. Queria adorá-lo.
A DESPEDIDA DOS QUERUBINS
Voltei ao passado e estive observando o trabalho do Espírito Santo antes de ser enviado nos dias de Pentecostes.
O Espírito Santo esteve no céu por muitos dias. Estou me referindo aos dias em que Ele saiu da terra, no capítulo 6 de Gênesis. Como ele amava o mundo e como gostava de estar no meio dos homens, mas estes foram maus e se corromperam, trazendo o juízo para si mesmos. O Espírito Santo, enviado ao mundo para convencê-lo do juízo e do pecado, foi tirado da terra. Voltou para o trono outra vez (Gn 6.3; Ez 1.14-21), e ali ficou até o dia determinado por Deus (Ap 1.4; 5.8).
— Ângelo, veja o trono! Sempre está em movimento. O Senhor Todo-Poderoso reina! Sua majestade é gloriosa. Quando o trono se move, muitas coisas acontecem. É como se o céu se transferisse para outro lugar. Mas permanece a presença de Deus. Quando Ele sai para as reuniões com seus anjos, o trono também vai. Ele viaja no seu trono. Juntamente com eles, todos os 24 anciãos se movem (Ap 4.5). Ele viaja sobre as nuvens levado pelos querubins de sua glória. O trono se move como se movia o tabernáculo dos dias de Moisés. Os querubins são os “coatitas” que levavam as arcas nos ombros.
— Alguns dias atrás, nós fizemos uma visita à Terra, nos dias do profeta Ezequiel, replicou o anjo Enviado.
— Eu estive lendo tudo aquilo. Fiquei um pouco confuso sobre a visão que ele teve no primeiro livro…
— Sim, agora já posso entender.
— Fale-nos o que você compreende sobre isto.
— Por que vocês preferem que eu fale? Perguntou Ângelo.
— Reconheço-o como um canal fértil e limpo para falar sobre isto! Sobre você se move o Espírito Santo. Esse sentimento é diferente para nós, os anjos! Vocês se movem por fé, e nós, pelo que vemos. Vocês gostariam de ser como nós e nós como vocês! Vocês têm um corpo físico, e nós, um espiritual. Nós não podemos andar e viver no mundo de vocês para servir melhor a Deus. Vocês o podem. Vocês têm o dom do Espírito Santo; nós não, Por isso satanás os odeia! Mas depois falaremos sobre isto. Conte-nos o que você entende sobre Ezequiel 1, agora!
— Vejo que o Espírito esteve na Terra e voltou. Ele é tipificado como a pomba de Noé. Foi enviado, não encontrou lugar aonde pousar e voltou. Depois de sete dias, hoje voltou como ramo no bico. Isto tipifica o seu ministério de boas-novas na vida de Cristo e na ressurreição, com as primícias do seu ministério. Depois, foi para permanecer para sempre na Igreja, assim como a pombinha que jamais regressou, na terceira vez.
— Por isto que o Espírito Santo é manifestado como uma pomba no Evangelho? Perguntou Enviado.
— Sim, por minha compreensão observo que no período em que estava no meio dos querubins, antes da glorificação de Cristo (Jo 7.37-39), operou maravilhosamente. Encontrou nos querubins, verdadeiros profissionais de louvor (Ez 1.14-24). Os querubins tinham a semelhança de homens, eram quatro vezes mais inteligentes que o homem, mas nunca tiveram o privilégio deter a mente de Cristo neles. Os querubins eram os servos mais serviçais, por serem como bezerros. Nunca desobedeciam. Tinham mãos de homem, podiam obedecer e louvar. Tinham asas e podiam voar. Eram rápidos para resignar e obedecer. Não se viravam quando andavam; isto quer dizer que, não perdiam tempo para obedecer. Estavam aptos para obedecer e ir a qualquer direção ordenada.
— Sim Ângelo, foi assim. Que instrumentos de serviço! Exclamou o anjo. Tinham autoridade e a imagem do reino neles mesmos. Tinham cara de leão; como águias, sua visão não estava limitada para compreender os propósitos de Deus. Cobriam-se com suas asas, porque, embora capazes, eram reverentes. Embora tivessem como seguir caminhando a qualquer direção com sucesso e voar aonde vissem conveniente, não se moviam sem ser pela ordem do Espírito Santo. Nunca estavam frios e de semblante caído, porque eram como fogo aceso e viviam no meio do fogo do Espírito! O Espírito Santo estava no meio das rodas e das rodas dirigia os querubins. Os querubins levavam o Trono e as rodas eram dirigidas pelo Espírito que também agia nas rodas. Vento, fogo, água, pomba, raio, trovões, chuvas, azeite. Todos estão no trono identificados com o Espírito, até a sua despedida.
— Como foi a despedida do Espírito Santo dos querubins? Perguntou Ângelo.
— O Espírito falou aos querubins que havia chegado a hora de descer à Terra. Os querubins disseram: “Nós vamos? O Pai irá?”.
— Não. Somente eu irei. Se eu não for, o Cordeiro não virá. Vocês não vão ficar sós. O Cordeiro será glorificado e vocês verão e se alegrarão na sua glorificação. Eu tenho que ir. Minha alma irá, mas em espírito estarei aqui.
— Quem nos ajudará na glorificação do Todo-Poderoso? Perguntaram os querubins.
— O Cordeiro virá, e eu irei. Se eu não for, ele não poderá vir, e quando eu for, da Terra, através da Igreja vos ensinarei o que deverão de fazer, de acordo com a vontade do Cordeiro, para Sua glória. Através da Igreja realizaremos as obras juntos, para louvor de sua glória.
Esta foi a promessa do Cordeiro, enquanto estava na Terra (Jo 14.13-16). Assim aconteceu.
— De lá, o Espírito que estava diante do Trono, saiu. Veio trazido pelo Trono (At 2.1-3; Ez 1.4), deixou as rodas e passou a se manifestar em cada membro do corpo de Cristo, como havia sido a promessa do Pai pelos seus santos servos, os profetas, de maneira repartida, pela primeira vez.
— O Espírito chegou nas carruagens de Deus? Perguntou Ângelo.
— Sim, Ele veio no Trono e as características de Ezequiel (Ez 1.4) são as mesmas de Atos (At 2. 1-4): Vento, fogo e terremoto. O próprio Trono veio à Terra no dia de Pentecostes. O Espírito ficou, a promessa do Pai foi cumprida e o Cordeiro chegou ao Trono. Foi a celebração do céu e o gozo da Terra! Agora é a vez do Espírito glorificar o Filho, como o Filho havia glorificado ao Pai, respondeu o anjo.
OS ASSISTENTES DO TRONO E MIGUEL
Enfim cheguei ao trono e aquela sinfonia celestial é incomparável! Jamais alguém ouviu, leu ou viu coisa igual. Era o insofismável lugar que não somente os profetas tentaram descrever, como também os escritores mais polidos, mas não conseguiram. Tudo aquilo era o trono e eu estava ali suportando toda aquela luz sobre meu rosto, simplesmente porque algo havia sido posto nas pontas do altar de incenso. Era o sangue do Cordeiro que havia deixado após sua entrada depois de sua ressurreição.
Era uma mistura em cor de nuvem, fogo, trovões, folhas, arco-íris e ventos.
Ali estavam imediatamente perante meus olhos os sete anjos fortes que tinham grande autoridade. Entre os sete há um arcanjo que segura o livro que o Cordeiro tomou das mãos daquele que se assentava no trono antes de tomar sua posição à sua destra.
Os sete anjos vivem ao redor do altar de incenso juntamente com outros serafins. Os serafins têm rosto de homens e parecem seres humanos. Eles cuidam do altar e fazem seu trabalho usando as tenazes. Eles faziam o trabalho da santificação dos profetas do Antigo Testamento.
— Eles cuidam do altar e da continuidade da santidade e reverência ao trono de Deus! Exclamou o anjo.
O altar não cessa de fumegar. O fumo do altar preenche todo o espaço celestial como um bom cheiro que chega até a presença de Deus. Nesta hora as orações são respondidas. O altar permanece diante dos tronos do Pai e do Cordeiro. Do trono sai um rio cristalino cujas águas refletem a beleza da cidade celestial.
Todos os dias chegam incenso da Terra. O incenso é distribuído à medida exata entre os 24 anciãos que representam cada fuso horário da Terra.
— Fale-me dos 24 anciãos. Por que eles têm harpas nas mãos?
— Depois vamos estudar mais a seu respeito, vamos! Disse o anjo.
Impressionou-me a cor de jaspe do Pai. Era a manifestação visível de Deus Pai. Havia uma razão porque era jaspe. Quando o Senhor está irado as águas se transformam em rios de fogo. “Quando elas estão fumegando, Deus está julgando alguém ou uma nação inteira”. Ao aproximar-me do trono, ouvi quando o nome “Gabriel” foi chamado:
Gabriel, mais incenso tem chegado!
Vi que Gabriel era um dos sete anjos que assistem diante de Deus e o servem diuturnamente. Ele está sempre ligado ao altar.
Lembrei-me quando ele foi visitar Zacarias. Ele chegou na hora do incenso. No céu ele vive provendo altar com incenso que vem das mãos dos 24 anciãos.
— Incenso são as orações dos santos! Outra vez me lembrou Enviado.
— Aquela trombeta nas mãos do anjo tem algum significado?
— Claro que sim! Disse Enviado.
Elas somam sete no total. Cada uma pertence a um dos sete anjos assistentes. Gabriel é um daqueles que vai tocar as trombetas dos juízos de Deus, sobre as quais lês no Grande Livro da Revelação. Gabriel tem participado de grandes eventos que mudaram a História dos homens e que cumpriram as profecias. Todos nós, os anjos, o respeitamos muito.
— Miguel, o príncipe do povo de Israel, foi chamado.
— Sim, meu Senhor, ó Todo-Poderoso! E se prostrou.
Comparecia diante do chamamento de Deus, Miguel. Havia guerra na Terra. Os inimigos de Israel haviam se reunido para destruí-lo. Ouvíamos o clamor dos fiéis no meio das Lamentações. Miguel compareceu e perguntou ao Senhor:
— Senhor, o meu povo vai ser atacado. Tenha misericórdia do teu povo. Abrevia os tempos. Deixa-me expulsar os principados da Pérsia, que venceu o Principado da Grécia de uma vez.
— Tu não poderás vencê-los se não houver um do teu povo que ordene que seja feito assim.
— Levanta as duas testemunhas, as duas oliveiras.
— Espere Miguel! Definiu o Trono.
— Sim, Majestade. Estou a teu serviço.
— Há guerra. Anjos não podem passar nas regiões celestiais. Vá e os proporcione passagem. Ordenou-lhe definitivamente o Trono.
Assim distribuiu todos os demais arcanjos de sua assistência e os enviou a vários lugares da Terra. Depois voltaram os anjos. Conversávamos quando um deles, com trajes de guerra chegou às portas da cidade trazidos pelas patrulhas. Trazia uma copa de ouro.— Agradecimento, louvor. Quando eles vêm com as copas assim, significa que houve vitória nas regiões celestes, e os arcanjos os ajudaram. Veja o que vai passar.
O anjo levou a copa e a depositou às mãos do ancião daquela hora. Era o ancião da hora nona. Depois veio um Serafim e o recolheu entregando ao anjo que tinha o ofício de derramar o que há no incensário no altar. Quando derramou, houve fumo e o fumo encheu o trono (Jó 26.9). Depois chegou Miguel.
— Por que Miguel chegou agora?
— Miguel é o príncipe dos anjos de Israel. Ele é muito amado e respeitado. Ele e os seus anjos vão batalhar contra Satanás. Ele uma vez enfrentou o querubim Lúcifer e o expulsou do céu; vai enfrentá-lo novamente e o expulsará das regiões celestes, depois vai amarrá-lo e lançá-lo no abismo. Seu nome significa “quem é como Deus?” Satanás tem muito ódio dele. Nos dias da morte de Moisés, eles se encontraram. Satanás queria o corpo de Moisés. Miguel o repreendeu. Mas eles vão se encontrar na batalha do século. João viu a luta no “que há de ser”, Daniel a viu no futuro (Dn 12; Ap 12.7-10). Miguel não lutará só. Ele lutará com as ordens das duas testemunhas e por causa das orações dos santos que estiveram vivos na Grande Tribulação. A oração dos que crerão durante a Grande Tribulação será de grande utilidade; morrerão, mas depois ressurgirão.
— O que acontecerá quando Miguel os expulsar à Terra? Perguntou Ângelo.
— O céu ficará livre e limpo. Será possível ver o céu e o tabernáculo. O impedimento será retirado como um véu (Is 27). Quando o céu for limpo, a Nova Jerusalém poderá assumir o seu lugar definitivo. Isto é o que mais perturba Satanás.
— Este dia não foi o dia em que Jesus viu quando os discípulos começaram a expulsar os demônios, na grande comissão?
— Foi assim. Jesus viu quando Satanás como um raio caiu do céu! (Lc 20). O exemplo de Miguel é grandioso para nós. Assim como será, já o é hoje. Por enquanto as chaves estão em vossas mãos, Ângelo. Anuncia a teu povo que é hora de resistir e estabelecer a vitória de Cristo na Terra. A ordem não é atacar e criar. A ordem é resistir e estabelecer o que já foi criado e consumado por Cristo. E hora de estabelecer o Reino de Deus!
OS OLHOS DA ALMA
Estava chegando a hora de voltar à Terra. Ariel, Eliel e Enviado haviam estado comigo por muito tempo. Havíamos compartilhado revelações das preciosas pérolas da verdadeira e limpa doutrina do Reino de Deus. Minha visão se abriu, havia sentido o cheiro mais suave das flores do jardim celestial. Mas necessitava conhecer um último segredo. O maior de todos.
Acabava de chegar de sua missão na Terra, Fiel. Anjo de Deus, enviado às cidades para agir em favor dos que haviam de herdar a salvação (Hb 1 A). Seu rosto estava sereno e alegre. Chegava com um incensário nas mãos e tinha um rolo no qual continha anotações de suas rondas e atividades na Terra (Zc 1.11). Com ele, centenas de outros anjos.
— Glória ao Cordeiro que vive e se assenta no Trono!
— Para sempre em sua glória! Responderam os quatro juntos.
— Tivemos muito trabalho hoje!
— O que houve Fiel? Perguntaram.
— É que os irmãos Esparza, da cidade de Gênova, descobriram como se pode usar melhor a fé. A partir de uma nova revelação que o Espírito está ensinando na Terra, por todas as partes.
— Que nova revelação é esta?
— Não sabem?
— Sim, está claro! Perguntamos, não por nossa causa, mas porque Ângelo está conosco e é chegada a hora dele voltar e temos muito interesse que ele ouça o que tu tens a dizer.
— Estávamos confusos e queríamos saber porque Deus não havia permitido aos seres humanos o direito de contemplar o mundo espiritual e o mundo físico ao mesmo tempo.
— Esta é uma observação muito importante, Eliel. Continue.
— Nós, os anjos, possuímos esta capacidade e não temos dificuldade de nos mover nos dois mundos. Mas aos homens não foi dada esta dupla capacidade. São humanos e vivem em função do mundo físico. Eles têm suas limitações e por esta causa, nós os anjos, somos considerados por eles, como sobrenaturais…
— Sim, disse Ângelo. Isto é o que pensamos.
— É verdade. Mas nós somos normais. Vivemos naturalmente. Não há nada sobrenatural em nós…
— Sim, para nós, os anjos são e sempre serão sobrenaturais, disse Ângelo.
— Não! Vocês é que são sobrenaturais. Deviam saber disto. Desafortunadamente, vocês não têm compreendido nem alcançado esta medida de fé, disse o anjo.
— Nós, os anjos, verdadeiramente estamos muito preocupados, porque os homens querem conhecer o mundo espiritual através dos diversos meios disponíveis que Satanás tem apresentado: Bruxaria, Feitiçaria, filosofias orientais. Mas na verdade, jamais terão tal capacidade, será apenas mentira, disse um dos anjos.
— Ângelo, vou te mostrar como vivem vossos irmãos na Terra. Vamos!
Era um número catalogado de histórias bem vividas que os anjos costumavam assistir para conhecer determinados momentos e situações de algumas vidas às quais íamos ser enviados. Eram informações detalhadas de suas vidas. Era um arquivo fenomenal da vida das pessoas terrenas.
— Veja esta pessoa. Ela vive nas Filipinas, Ângelo.
Corria mais adiante. Passava toda a sua vida paralelamente mostrada nas duas dimensões espiritual e física a um mesmo tempo. Comparava aquilo a uma tela de cinema, mas as cenas revelavam os dois mundos ao mesmo tempo. As pessoas envolvidas não viam o mundo espiritual. Foi a primeira vez que entendi que nós nos movemos em dois mundos ao mesmo tempo, ainda que não o vejamos. O mundo espiritual estava mesclado de anjos e demônios. As pessoas circulam entre eles. Eles passam através das pessoas e do mundo físico. Os homens são atormentados por demônios ou são ajudados por anjos sem saber que eles estão aí, bem perto deles. São tão reais como o mundo físico.
— Por que Deus não permite que os homens os vejam, se referia aos anjos e demônios. Não seria mais fácil viver assim
— Não, Ângelo. Não.
— Se uma pessoa pudesse viver num mundo assim, como o de vocês e ainda vendo o mundo espiritual da maldade, morreria ao nascer.
— Quando algumas pessoas vêem o mundo físico e o mundo espiritual ao mesmo tempo é porque Deus lhes permite.
— Isto aconteceu com Hagar, com o jovem de Eliseu. Em ambos os casos seus olhos foram abertos para que os vissem.
— E quando algumas pessoas predizem certas coisas anunciando que estão vendo determinadas visões? Perguntou Ângelo.
— Existe a visão profética, preditiva e o anúncio por fé de alguma visão. Algumas vezes as pessoas têm permissão de Deus para ver, e noutros casos, usam a fé e anunciam visões preditivas que acabam sendo uma palavra profética, em certo sentido, Ângelo.
— Quando Deus abre os olhos de uma pessoa para ver o mundo espiritual e o mundo físico ao mesmo tempo, é porque tem um propósito especial. Até a jumenta de Balaão passou por esta experiência.
Agora estava entendendo o que antes havia pensado ser real. Quando Deus criou Adão e Eva, os criou podendo ver o mundo físico isoladamente do mundo maligno. Refiro-me ao conhecimento do mal independente de Deus. Gênesis 3.5- 6 revela que Satanás queria que os olhos da alma do homem fossem abertos para que ele visse o mundo espiritual. O fim era a adoração a Satanás, a possessão, a ilusão.
— Então é por isso que Satanás disse a Eva “Serão abertos vossos olhos”?
— Sim, Ângelo, isto é o que Satanás quer que os homens busquem, porque assim apregoam sua independência de Deus. Os homens foram criados com a capacidade de ver fisicamente. Os olhos da alma seriam abertos quando os olhos do espírito, o discernimento espiritual, fossem abertos. Depois de terem passado pela prova da escolha entre as duas árvores, automaticamente os seus olhos seriam abertos. Mas, Adão aceitou ver o mundo espiritual independente de Deus. Este tem sido o problema da humanidade até o dia de hoje. Através de feitiçaria, Satanás leva o homem a conhecer ilusoriamente o mundo espiritual, irreal. Por isto as drogas, a bebida e as seitas orientais levam o homem a um estado zero da mente humana propiciando a revelação de um mundo espiritual enganoso e ilusório ao homem, como também abre portas para a possessão demoníaca. Este é o fim de suas obras… “abrir os olhos da alma para que eles vejam o mundo espiritual, independente de Deus”.
— Isto quer dizer, Enviado, que algumas pessoas não estão realmente vendo algo literalmente em suas visões espirituais?
— Certamente que não. Dizem que vêem, mas é apenas uma visão criativa e imaginária. Somente com a permissão de Deus, uma pessoa pode ver o mundo espiritual literalmente. Isto sim é possível!
— Mas, não fique triste, Ângelo. Agora, por exemplo, você está aqui literalmente. O ser humano é espírito, alma e corpo. Você está aqui em alma. Seu espírito está em teu corpo no hospital dando-lhe vida humana. O arrebatamento pode ser em espírito ou em alma. Quando o arrebatamento acontece em espírito, somente o Espírito Santo pode fazer a pessoa lembrar-se do que viu e ouviu. Mas quando acontece na alma, como é o teu caso, tudo pode ser lembrado claramente, pois você mesmo esteve aqui, pois tu és alma vivente, Assim, uma pessoa pode ver o mundo espiritual e físico, simultaneamente, com a permissão de Deus ou através de arrebatamento.
— Isto pode acontecer em dias de jejum ou em sonhos?
— Sim, pode.
— Alguns já estiveram aqui em espírito, em sonhos e não se lembram.
— Outros, quando faziam jejum de vários dias já estiveram aqui enquanto dormiam. No teu caso, várias vezes já estivestes aqui assim, antes desta experiência atual.
— Por que tem que ser assim?
— Porque assim vocês glorificam mais ao que está assentado no Trono, Ângelo.
— Quantas vezes nós mesmos nos alegramos, quando vocês, sem saber, derrotam a principados e potestades usando apenas os olhos da fé…
— Olhos da fé? Perguntou.
— Sim, os olhos da fé. Os olhos da alma naturalmente estão fechados, mas Deus deixou no lugar dos olhos da alma, os olhos da fé, Ângelo. Com eles você agrada a Deus de maneira grandiosa. Ele se alegra quando os seus filhos, em confiança absoluta a ele, usam a sua fé para glorificar seu nome..
— Ah! hum… hum… sem fé, sem fé…
— E impossível agradar a Deus, terminou o anjo.
OS DONOS DO REINO
Minha mente havia passado por uma renovação indescritível. As ruas cristalinas irradiavam luz para cima e para baixo. A transparência de tudo permitia-me ver fundamentos das palavras e sua solidez. No interior da cidade podia-se ver o centro do Trono, e as almas cheias de ternura. Estavam bem vestidas e não eram anjos; eram seres humanos e não pareciam àquelas imagens católicas com asas chamadas “querubins”.
Eram grandes crianças. Tinham ternura e reverência em sua maneira de atuar. Eram santos, mas não eram inocentes. Sabiam o que era o mal. Rapidamente pude saber melhor sobre eles.
— São crianças?
— Sim, Ângelo. Não parecem?
— Que fazem? De onde vêm?
— Se dirigem ao trono do Cordeiro e vão a cantar, disse o anjo. Espere para ouvir o que eles vão cantar.
— Pai, tu és nosso amigo… até quando vamos esperar? Queremos ir ao vale e brincar com as corsas do monte e voar nos cavalos de fogo! Quando poderemos ir?
— Depois da festa.
— Quando será a festa, Pai?
— Assim que a rainha chegar (Sl 45.10-17).
— Quem é a rainha, Pai?
— A Noiva do Cordeiro.
— Cordeiro, quando vais trazer a noiva?
– Quando o Pai disser “Sim” Estamos todos esperando… vocês, passem por aqui, subam! Chamavam as crianças.
O Trono estava cheio de crianças. Os anjos cercaram os 24 anciãos e começaram a tocar, e as crianças iniciaram o cântico:
— “Da boca das crianças,
Da boca das crianças,
Fundaste a fortaleza
Fostes uma criança
Venceste a Herodes
Triunfante, a semente cresceu
A semente cresceu
Todo homem tem que ser como uma criança,
Quando crer como uma criança
Quando descansar como uma criança,
Vencerá a serpente
Sairá triunfante.
Queres ser como um menino
Queres ser como um menino
Cantarás este hino”
As crianças não cantavam, até que chegava o louvor equivalente que o Espírito, através das crianças da Terra enviava ao Trono. Quando os 24 anciãos tocavam, elas cantavam.
Como um coro de anjos, ante o agrado do ancião de dias, o Cordeiro se levantou e cantou com as crianças.
— Pedro?! Pedro! Falava. Alguém conhece Pedro? Jesus conversava.
— Não, não, Senhor, cantavam as crianças.
— Quem foi Pedro?
— Quem foi Pedro, Senhor? Perguntavam em cânticos as crianças. O céu pára quando o Cordeiro se levanta do Trono!
— Era o nome de Pedro, um dos discípulos amados, que se tornou sério, tão sério, que se esqueceu de ser criança.
Os anjos respondiam em cânticos:
— E onde se acha a sinceridade? E onde se esconde o vigor?
As crianças:
— Nas mãos das crianças, Senhor!
— “Deixem que cantem as crianças
Deixem que vivam as crianças
Poderiam salvar-lhes a vida.
Se pensassem nos herdeiros do reino
Poderiam salvar-lhes a vida”.
Entendi a linguagem dos anjos e pelas palavras do Enviado, que as crianças haviam chegado, os anjos as haviam recolhido nos quatro cantos da Terra.
— O que houve com eles?
— Foram mortos no ventre de suas mães.
Os anjos os levaram onde estavam os santos aperfeiçoados para se juntarem à assembléia dos santos.
Como um batalhão de pequenos soldados, saíram e foram cantando no meio dos anjos. Mas uma coisa tranqüilizou minha mente.
— Por que eles eram grandes como se fossem adultos? Eles eram crianças? Perguntou Ângelo.
— Ângelo, alma não tem tamanho. O corpo tem tamanho, mas estas crianças, quando ressuscitarem, terão um corpo conforme a uma criança, conforme a imagem de uma criança. Agora suas almas parecem grandes, mas na ressurreição regressarão a seus corpos.
— Por que não se comportam como adultos?
— Não, não é possível, porque a alma somente adquire maturidade no corpo. Assim, como saem do corpo, permanecem. Enquanto vive no corpo, adquirem maturidade pelo desenvolvimento do corpo. Agora, não podem ver nenhuma criança no tamanho do corpo de criança, porque nenhuma criança foi ressuscitada como a Cristo ou a um Moisés. Quando houver passado com teus irmãos pela ressurreição dos mortos em Cristo, verás este lugar cheio de crianças como pombinhas aos milhares no reino dos céus!
As crianças perguntaram:
— Quando vamos voar nos cavalos de fogo? Quando os anjos vão nos levar a andar nas corsas celestes?
— Está pronto, herdeiros… É questão de horas.
— Vocês viram o vale quando passaram os cavalos de fogo. Quem eram aqueles que os guiavam? (…)
— Vamos crianças, passem, entrem…
As crianças queriam descer ao vale do Éden; lá estacionam os cavalos de fogo. Foi uma luta levá-las dali…
COMIDA ANGELICAL
Enviado havia me mostrado muitos lugares desconhecidos à minha mente, mas o mais impressionante foi quando entramos na Sala do Banquete. Uma enorme sala entre o mundo espiritual do monte santo. Somente entrando lá para entender que as coisas espirituais podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo sem perder a identidade. É algo da natureza espiritual. A sala do banquete tem várias entradas dos quatro lados. Pode-se entrar através da sala por baixo e por cima e chegar às mesas centrais, as quais estão preparadas para um soberano banquete, a Cena com o Cordeiro. Por cima, no nível superior há muitos anjos que têm acesso constante ao recinto. Ali, naquela sala, eu havia estado em sonhos…
— Eu já estive aqui, em sonhos, disse Ângelo.
— Não! Nunca estivestes aqui em sonhos. Foi real. Estiveste aqui em espírito. Mas também em sonhos Deus te pode revelar estas coisas a teu espírito. Em alma, ficas totalmente consciente de que estás num local ou não. Quando, muitas vezes, até em sonho as visões te parecem reais e quando ocorre algo que te parece real, mas, todavia não o é, é porque Deus revelou tal coisa a teu espírito. A diferença entre o sonho e o arrebatamento, é que Deus pode utilizar os momentos em que dormimos para revelar algo a teu espírito na dimensão do futuro ou passado. O paralelo do homem é o seu espírito. O arrebatamento também é algo relacionado a sua alma. Tu estás aqui, em pessoa. Mas há também o arrebatamento em espírito, quando a alma sai do corpo que dorme, mas continua ainda conectada ao espírito. Só Deus pode fazer isto. Por si mesmo nenhum ser humano pode fazê-lo, nem Satanás. Assim, é possível lembrar-se do que se passou no sonho ou visão, porque o espírito ainda está ativado na mesma dimensão. Quando há arrebatamento em espírito sem a conexão da alma, a pessoa vive realmente em outra dimensão, mas não lembra do que se passou, explicou Enviado.
— Já estive aqui… Sim, eu me lembro…
— Sim, estiveste aqui em 1987. Quando dormias, um Anjo de Deus foi visitar-te e teu espírito foi trazido a este lugar.
— Já te disse que não era um sonho, parecia, mas não era um sonho.
— Sim, tu disseste… Para que estive aqui? Eu sei que estive aqui? Onde está a mesa com a comida?
— Lá está. Oh, sim! É a mesma mesa que vi. Agora me lembro, foi como se fora ontem… Eu estava em jejum por sete dias. Que difícil foi para mim lá em Santa Ana, em Califórnia.
— Nós sabíamos que seria difícil. Nós te ajudamos a vencer, falaram os anjos que estavam conosco.
— Eu me lembro que desci ao “Pollo Loco” para comer no terceiro dia. Mas não pude comer porque a atendente derrubou a comida no balcão. Eu regressei… arrependido a meu quarto e passaram o quinto e sexto dia…
— Moisés, o grande servo de Deus também sofreu as mesmas tentações; Elias, Ezequiel, Daniel… Moisés, por exemplo, Ângelo, esperava seis dias até que Jeová descesse a ele no monte.
— O jejum é uma das coisas que o Senhor quer restaurar antes da ida do Cordeiro, explicou Enviado.
— Eu me lembro que no sexto dia, à noite fui dormir. Pensei que andava na carne, por querer dormir depois da meditação e oração. Eu queria estar desperto…
— Não Ângelo, aqui muitas pessoas se enganam. Desde Adão a João, o Evangelista, o jejum traz consigo a doutrina do sono.
— Como? Explique-me melhor…
— Sim, qualquer que fizer jejum, conforme tu o estavas fazendo, naturalmente terás sono. Vem naturalmente. Agrada a Deus. O jejum está ligado a quatro coisas muito importantes, Ângelo: A oração, a leitura, meditação na Palavra de Deus e o ato de dormir, descansar em Deus. O sono vem da parte de Deus sobre ele (1 Sm 26.12; Gn 2.21). O mesmo aconteceu com Abraão, quando já cansado enxotava as aves de rapina que vinham sobre o sacrifício. Aí está um exemplo de oração. Assim, os inimigos vêm das regiões celestes para atacar. Quando o sono chega, deves descansar e esperar Deus falar. Muitas vezes ele apenas está disciplinando nosso descanso até que nos fala verdadeiramente. Assim passou com Abraão (Gn 15), Daniel (10.9, 10) Ezequiel (3.24), Elias (1 Rs 19.4-14).
— Por que tem que ser assim?
— Porque através do jejum o corpo físico fica sem alimento no estômago. A falta de alimento no estômago propicia visões, alucinações etc. Mas Deus opera através do jejum. A finalidade principal do jejum, não é alcançar alguma coisa desejada na carne, mas a comunhão do espírito, o alimento espiritual do espírito humano, a comunhão direta do espírito com Deus. Isto traz uma unção especial porque o Espírito Santo e o espírito humano fluem, atuando livremente sobre o poder da carne e dos demônios. É como se o espírito recebesse uma carga total da energia de Deus. Muitas pessoas fazem jejum para receber algo, alcançar qualquer coisa, mas não deveria ser assim! Não é por obras que vamos mover as mãos de Deus. É pelo incenso.
— Porque muitas pessoas que fizeram jejum alcançaram o que pediam…
— Porque elas se humilharam no espírito e o pedido delas era conforme o do Espírito Santo. Mas nada lhes foi dado por causa do jejum, mas por causa da humilhação e pelo tempo em que orou conforme o Espírito de Deus; mas Deus não deixa de lhes abençoar com o poder de sua unção. Assim o jejum é fundamentalmente um meio de alimentar seu espírito da mesa de Deus. Vem, vou te mostrar como isto é em verdade.
Fomos entrando à sala. A escada subia e descia, tipo a escada que Jacó viu. Os anjos desciam por ela. Para cima não era grande o movimento.
— Aqui estamos Ângelo. Assim é.
Era a mesma sala onde eu havia estado há alguns anos.
Milhares de mesas de um lado e outro.
Eu não podia compreender como em cada departamento que entrávamos se tomava literalmente num espaço extraordinário. Era como um programa de computador. Em meus cálculos, aqueles lugares atravessavam outros em si mesmos… Enfim, depois entendi sobre o espaço no mundo espiritual.
— Vou te levar à mesma mesa onde estiveste outro dia.
— É aquela?
— Sim, é esta.
— A taça, a cadeira! Ângelo correu eufórico.
Era uma taça em uma mesa grande. Eu havia me lembrado que no sétimo dia do jejum, veio um anjo e me levou a este lugar. Jamais pensava estar aqui outra vez. Eu me lembro perfeitamente do que havia passado ali.
— Sim, e tu perguntaste para quem era aquela mesa…
— Sim, é verdade. Eu lhe perguntei. Mas o anjo me respondeu que era para mim. Era um absurdo, toda aquela mesa era só pra mim. Ao que ele me disse. Teus irmãos e discípulos, familiares e pais espirituais comeram dela. Agora era meu tempo, disse. Seis anos depois…
— Não tens comido o suficiente, Ângelo.
— Como?
— Não Ângelo. Todavia, não terminaste a água que te foi oferecida há seis meses. O bocado de comida que comestes é pouco para dez anos de ministério… Já não regressaste com freqüência.
Somente depois de algum tempo compreendi que em determinado tempo de jejum, após o tempo de crise, do terceiro, quarto, sexto dia… Deus envia um anjo, um mensageiro para servir-lhes. Assim foi com Cristo (Mc 1.13). Somente assim um servo de Deus suporta 40 dias de jejum sem sofrer algum dano. Mas o sonho é algo necessário, como o foi para Elias. Quando uma pessoa chega a este nível é porque está preparada para comer do alimento celestial. Em um incompleto jejum de 12horas, nunca uma pessoa chegará a este nível. Ainda assim, Deus o recebe como sacrifício de louvor.
— Ângelo, há uma comida para comer. O Cordeiro lhes avisou na Terra (Jo 4.32). Quando jejuas, em determinado tempo, vamos levar o alimento a teu espírito, que automaticamente te alimenta fisicamente. Todos os servos de Deus que foram grandes diante do seu Senhor, não iniciaram seu ministério sem o jejum. O exemplo de Cristo, Moisés, Elias, Daniel, João, Davi, Ezequiel… Eles alcançaram comer de sua mesa o suficiente.
— Todo o tempo esse alimento está aqui? Anos e anos?
— Ângelo, aqui nada se corrompe.
Sentia-me envergonhado por ter comido e bebido tão pouco. Eis aqui a razão porque poucos se desanimam. Não têm comido da comida de sua própria mesa. Jesus havia dito: “Uma comida tenho para comer e vós não conheceis”.
— Vem. Vou te mostrar os pratos celestiais… “Água cristalina da vida”, vern do Rio da Vida… “O Rolo” é a comida predileta dos profetas…
— O rolo? Parece um pergaminho…
— Não parece um pergaminho, mas é comida. Ezequiel e João gostavam de comer do rolo. Está em tua mesa… veja…
— É doce na boca. Está cheio da Palavra de Deus. E amargo no ventre. Porque é com amor que nós comemos, mas é com dor que nós pregamos. A palavra profética é amarga no ventre porque tem que ser vomitada, pregada e anunciada aos homens. Jonas teve mais autoridade depois que foi vomitado. O “homem vomitado” é o homem ressuscitado. A Palavra que está no ventre profético é uma palavra vivida e meditada. Tem autoridade ao ser anunciada. Este rolo necessita ser comido, Ângelo…
— O pão…
— O pão que Elias comeu. É pão sólido. No mundo dos homens tem um efeito tremendo. Depois que Elias o comia, corria mais que os cavalos.
— Eu o quero.
— Somente pelo jejum, Ângelo. Não há outro meio.
— Deus pode enviar-lhe a um necessitado. Sim. Há fartura no deserto. Nos lugares desertos há abundância deste maná. É celestial… Sabe como, Ângelo?
— Não te entendo.
— Em pleno deserto é possível ver uma fonte destas águas. Em pleno deserto, Ângelo. Assim foi com Agar depois que saiu da casa de Sara. Quando o anjo a visitou pela segunda vez, O menino chorava. Lá está a fonte de águas. Ele foi alimentado destas águas (Gn 21.19).
— O jejum propicia visões, sonhos e revelações. O estômago vazio é um campo fértil para as revelações de Deus. Não é fome. É o jejum, oração e meditação. É um tempo no propósito de Deus. Muitas pessoas trabalham e jejuam, nas não oram, não meditam na Palavra. Nosso Senhor não se agrada deste tipo de jejum. Não serve para nada. Deve-se fazer como Moisés: Levantar a tenda fora do arraial. Sair do meio humano, partir para as revelações, como disse Paulo. Este é o caminho (Ex 33.7-11; 2 Co 12.1, 2).
Depois de tudo o que vi, desejava jejuar. Queria comer tudo o que tinha direito para alimentar minha espiritualidade débil e desnutrida. Ó Senhor, Senhor, perdoa-me! Muitas coisas teriam que mudar… A mesa do Senhor era nobre, como disse o Apóstolo (1Co 10.21). Todas as comidas têm significado. Lá não se come por comer. Muitos anjos trazem do vale do Éden os frutos mais preciosos que meus olhos jamais viram. Vi o fruto da árvore da vida…
— O fruto da árvore, Enviado!
— Está reservado para os vencedores, Ângelo. Há uma hora e um dia especial em que eles serão comidos (Ap 2.7).
— A taça…
— Havia muitos tipos de taças na mesa do Senhor. Entre elas havia uma que me chamou a atenção.
— Desta taça não podes beber aqui, Ângelo. Aqui, não!
— Por que Enviado?
— Porque nós a levamos para aqueles servos de Deus que vão tomar grandes decisões contra a sua própria vontade, em favor da vontade de Deus. Depois que se bebe desta taça, é necessário imediatamente beber das outras — me mostrou outras taças — porque é muito forte e requer uma renúncia mui grande dos deleites da vida humana. Somente quem quer fazer literalmente a vontade do Senhor pode beber desta taça… (o anjo se emocionou, se calou). Nós sabemos que é muito duro para o ser humano renunciar a vontade própria, o seu ego, em função desta taça… Todos os anjos de Deus respeitam aquele que toma esta taça. Nós não podemos beber, pois já a bebemos no dia da rebelião de Lúcifer.
— Olhe a minha mesa.
— Que vês Ângelo?
— Minha taça… Não há muito…
— Tens bebido de tua taça, Ângelo. Respeitamos-te por isto. Tens tomado a tua cruz para seguir ao Senhor. Poderias ser um homem muito bem sucedido em tua vida de negócio, poderias ser muito famoso na Terra, mas depositaste tudo no altar e tens bebido tua parte. Tens passado no Getsêmani da vontade e tens chegado ao Calvário do corpo.
— Há uma comida para comer, Ângelo. Disse o Enviado. Aqui no céu, nós, como podes ver, não temos uma vida de rotina. Estamos em plena ação. Tudo aqui é ação e reação. Todas as comidas representam uma lição especial, Ângelo. Por exemplo, os querubins são seres de reações. Eles se movem a cada movimento do trono, na Terra ou no céu. Quando o Cordeiro ou a Igreja realizam algo, eles dizem “Amém”. Quando chegam a dizer ”Amém”, é porque já se tomou realidade no céu. Com o passar do tempo, verás a realidade na Terra.
— Homens e mulheres fortes no espírito se alimentam paralelamente desta comida. Lembra-te de Pedro que estava em jejum, no terraço? De onde veio a comida (At 10.11, 12)?
— Do céu, respondeu Ângelo.
— Parecia terrena, mas era maná celestial. Tinha sentido. Era para fortalecer a vida ministerial de Pedro, mas ele era muito tradicional em sua maneira de pensar. Quase que ele perdeu a bênção. Assim Davi, no dia que veio o sacerdote comer o pão, ele estava vivendo o que deveríamos passar em espírito. Buscar comida com nosso Sumo-Sacerdote para enfrentar o Saul de nossa vida. A comida celestial nos fortalece 40 vezes mais. Nenhum dos servos de Deus que jejua mais tempo, deixa de provar a comida destas mesas, Ângelo.
Alguns anjos entravam e levavam comida. Outros levavam a outros servos que jejuavam na Terra. Outros eram trazidos à mesa. Deus as pode enviar a seus servos de várias maneiras.
Os frutos que os anjos traziam do vale do Éden eram apetitosos. Não podia compreender porque os anjos comiam. Enviado passou pela mesa e tomou um dos frutos.
— Nós comemos, como o Cordeiro, depois de sua ressurreição, comeu, Ângelo; o ser angelical também come. Nós gostamos de carneiro assado. O Anjo de Jeová era Cristo e durante o Antigo Testamento comeu carneiro, porque não havia encarnado. Mas depois de sua encarnação, somente comeu peixe. Eu sei que tu podes não entender o corpo da ressurreição. Mas eu vou te mostrar algo: Quando Jesus ressuscitou, em suas veias corria a água da vida, o sangue da ressurreição. Ele mesmo vos falou — “Correrão rios de águas vivas em seu interior”. Era desta água que ele falava. Deste sangue que deviam beber. Não era sangue humano de Cristo, mas da água da vida. É o Espírito Santo literal que corria em suas veias como água viva. Por esta razão, todas as coisas que vêm ao ventre de um ressurreto são transformadas imediatamente. Assim vivemos, de transformação, não de digestão. Ele comeu o peixe e foi absorvido pela vida (2 Co 5.7-10).
— E o maná?
— Tenho muito que dizer da comida celestial. O maná está preparado especialmente pelos anjos para declarar a plena e absoluta confiança na provisão de Deus. Somente comem o maná aqueles que têm aprendido a confiar plenamente na provisão de Deus. O ato de comer o maná significa um prêmio por aprender a confiar em Deus. O maná é a comida mais forte que têm aqui no céu; a que traz o memorial e nutrimento. É nossa comida diária, Ângelo.
O anjo me ofereceu um pouco de maná.
— É como pão de mel.
— É a mais doce de todas as comidas que há. Mas fala da total confiança que uma pessoa deve ter na provisão de Deus. Algumas pessoas, no passado dos homens, têm comido dela. Deve ser comida antes que venha a alva. Nós, os anjos, trabalhamos muito antes que venha a alva. Queremos que as pessoas vivam por fé e não por vista. O maná deve ser comido antes do amanhecer. Isto fala da disposição em comer da comunhão do Senhor quando nem todos estão dispostos para isto. O maná tem muitos significados. Deve ser guardado para o sétimo dia, mas não para o primeiro, terceiro ou sexto dias. Se uma pessoa guarda o maná do primeiro ao segundo dia, aparecem bichos e cheira mal. Isto ocorre na Terra. No céu não ocorre tal coisa. Este fenômeno vemos somente na Terra.
— Por quê, Enviado?
— Porque eles devem comer da comida celestial, devem fazê-lo confiando em Deus e não na capacidade de colher ou de plantar. O maná vai daqui para baixo. É celestial, é provisão de Jeová. Não deve ser guardado de um dia para outro; isto significa que se recebermos do alimento da Palavra de Deus, devemos vivê-lo no mesmo dia e não armazenarmos na mente, para mostrá-lo aos outros no dia seguinte, sem termos meditado nela, sem termos vivido em nós mesmos. Quando isto não ocorre, temos bichos na mensagem porque não se tomou vida em nós que a pregamos.
— Que significado tem, quando é guardado no sexto dia?
— Os seis dias são a graça de Deus. O sétimo dia é Reino. Muitos vivem os seis dias da graça e regressam no sétimo dia à Lei. Mas segundo os trâmites de Deus, há Lei, Graça e Reino. Depois da graça vem o Reino. O maná, para ser conservado do sexto ao sétimo dia, devia ser cozido ou assado. O alimento recebido em graça chegara ao Reino, quando passado pelo fogo da experiência cristã. Tudo o que se levanta em graça é guardado ao sétimo dia. Quando o maná foi guardado por Moisés na arca, era quase uma contradição. Como uma coisa tão perecível poderia ser guardada por gerações, se com a simples luz do sol, poderia ser derretido?
A resposta, Ângelo, é que somente no Reino de Deus, as coisas perecíveis perduram para sempre. E um exemplo para todos vocês, que o Reino de Deus, o mortal é absorvido pela vida.
ORAÇÃO. CATÁSTROFES E BÊNÇÃO
Os anjos estavam divididos em grupos. Havia centenas de grupos divididos em quatro classes. Os que cuidam da central celestial, a Nova Jerusalém, os que cuidam do vale, os que se empenham em manter a ordem nos universos e finalmente os que são enviados à Terra. Querubins e serafins estão mais próximos do trono e da cidade; os arcanjos ajudam aos anjos e os assistem para manter a ordem.
— Os anjos estão divididos em turnos de horas. Por exemplo, Ângelo, uma hora do dia ocorre 24 vezes na Terra em diferentes horários. Há um grupo de anjos que atua nesta hora. Por isso os 24 anciãos têm muito trabalho.
— E as patrulhas de Deus?
— Estão comissionadas a observar o Universo. Elas são as que cuidam que os anjos caídos não passem os limites estabelecidos por Deus.
— Qual é o limite?
— O limite são as regiões celestes. Eles não podem sair dali. São seu habitat até segunda ordem (Ap 12.7-12).
— Isto é o que quer dizer o Espírito através de Judas?
— Exatamente, Ângelo. Os anjos que não guardam sua dignidade, os que abandonam sua morada, nós podemos lançá-los no abismo onde são guardados em prisões eternas, para juízo do grande dia, se a Igreja ordenar que assim seja feito. Cada vez que recebemos ordem para fazer tal coisa, imediatamente assim atuamos, os prendemos no poço do abismo (2 Pe 2.4; Jd 6).
— Quando os anjos pecaram juntamente com Lúcifer, foram imediatamente lançados ao Hades? Perguntou Ângelo.
— Não, Ângelo! Não. Todos eles foram lançados com Satanás às regiões celestes (Ef 6.10-12). Porque milhares deles saíram sob o comando de Satanás e desobedecendo novamente, vieram à Terra, dominaram desde o princípio no mundo anterior ao dilúvio, invadiram Sodoma e Gomorra. Com o juízo de Deus respectivamente através da água e fogo, a primeira coisa que Deus fez foi amarrar os anjos caídos e lançá-los ao poço do abismo. Assim, toda a “cultura” demoníaca daqueles dias, nunca mais será levantada! Nunca esqueça que todo o demônio que encontrares na Terra, seja em pessoa, cidade ou lugar, estará fora de seu domicílio e por esta razão podemos lançá-lo no abismo (2Pe 2.4). O segredo da vitória de Cristo é que ele sabia perfeitamente sobre isto, inclusive quando implantar seu reino sobre a Terra, a primeira coisa que fará, será lançar o inimigo no abismo (Ap20. 1-3). Cada vez que o principado de uma cidade é vencido, outro é colocado em seu lugar. Mas o seu número é limitado. Quando chegar ao limite, a Igreja desta cidade, como corpo, tomará todo o controle, seja político, educacional, moral e espiritual.
A ordem de trabalho celestial é perfeita! Não há equívocos, embora Deus repreenda aos seus anjos (1Rs 22.19-22).
— Às vezes o Todo-Poderoso reprova nosso trabalho porque não concordamos num plano. Isto às vezes acontece e o Senhor se entristece conosco.
— Isto é possível? Perguntou Ângelo.
— Sim, mui raramente isto sucede; reconhecemos que nos confundimos com os falsos profetas que usam o nome de Deus, os que se utilizam do nome de Jesus para respaldar suas falsas profecias, que não são outra coisa, senão, maldições. Este é o problema maior. É que não discernimos facilmente as ordens que vêm em nome de Jesus pela boca deles. Isto nos confunde. Aqui tem sido nossa maior debilidade. Demora alguns momentos para discernirmos as verdades pelo uso indevido do Nome.
— Por esta razão, os falsos profetas saem adiante com imitações proféticas e até os escolhidos são enganados. Por isso necessitamos nos embasar no discernimento dos santos. Enganamos-nos uma vez, e Deus necessitou usar um espírito mau, porque nós não sabíamos o que devíamos fazer por causa dos falsos profetas que usavam o nome de Deus. Às vezes parece razoável a palavra profética, mas é falsa, embora seja em nome do Senhor (1Rs 22.19-23).
— Então por isso há confusão de doutrina entre os pastores, dois tipos diferentes de planos e metas, dois tipos diferentes de ministérios, muitas vezes nos confundimos porque ambos usam do nome e nós não podemos atuar claramente, porque o coração deles não é um no Reino. Por isso, o Todo-Poderoso lhes tira a ajuda e são ambos envergonhados. Deus não é Deus de confusão! Por isso os principados nunca são vencidos.
Havia visto anjos em seus mais refinados postos. Desde os que apregoavam diante do trono a uma grande voz. Seu papel era apregoar diante dos anjos que tocam suas trombetas por causa de algum evento. Nós vimos um anjo ilustre; se aproximou com um olhar simpático. Queria conversar:
— Que achas de tua casa, Ângelo? Referia-se à cidade.
— Estou gostando. Quem és?
— Eu sou o anjo que controla todos os alimentos na Terra, e conheço perfeitamente a capacidade do teu povo na agricultura,
Por detrás havia alguns anjos que estavam a seu serviço.
— Eles são meus assistentes.
— Olá! Jehová Samá! Saudou.
— Olá! Jehová Samá!
— Estas balanças em suas mãos são meus instrumentos de trabalho. Controlamos o trigo e seu preço, a cevada e as uvas. Sabemos se há alimento na Terra. Viemos para saber aonde haverá trigo na próxima safra. Não haverá sempre (Ap 6.5,6). Quanto mais idolatria houver na nação, mais incapaz se toma no mercado internacional.
— Os pecados do povo influem nas safras das nações?
— Sim, profundamente. Os pecados não são somente pessoais, são nacionais. Por causa do pecado do povo, entregamos o preço nas mãos dos demônios. A nação, por inteiro também peca e necessita ser perdoada. Os santos necessitam pedir perdão pelos pecados de sua nação (Ne 1). A bênção material de Jeová está embasada na fidelidade social de uma nação; a graça de Deus para com o povo está fundamentada na fidelidade de seu povo. Os pecados sociais mais comuns de uma nação são a corrupção, a inflação, os pesos e medidas mentirosos, a injustiça social, o desequilíbrio social. Estes pecados necessitam ser expiados para que outros anjos venham e limpem a violência que destrói as plantações. Nós, os anjos de Deus, não podemos afastar o devorador que habita sobre hectares e hectares de terra produtivas no mundo. Quando um governante se humilha e leva sua nação à contrição e arrependimento destes pecados sociais e nacionais, e não atribuem o perdão senão a Deus, sem intermediários, recebemos ordens de atuar para abençoar. Enquanto não há intercessor, impera a violência, fome, descontentamento nacional, fuga de divisas, corrupção na justiça, pecado social.
— Oh, Senhor! Minha nação tem pecado! Perdoa-nos! Perdoa-nos!
— Se tua nação não se converter de seus maus caminhos, virá sobre ela, a mesma maldição que repousou sobre a Etiópia.
— Não, Senhor!
— Avisa a tua nação, Ângelo, ao voltar ao Brasil! Avise que os espíritos maus estão por trás das festas culturais e religiosas! Avise que somente Jesus é o único Salvador, não há outro, nem outra. Quando seus governantes mudarem seu coração, faremos a obra.— Haverá projeto de prosperidade social para tua nação, porque virá depois uma grande catástrofe que abalará o mundo. Será assim como foi com México, Chile e Argentina, quando o povo orou, houve catástrofes.
— Por quê?
— Porque foram destronados os principados e potestades que atuam na corrupção do teu povo. Serão destruídos e desalojados; isto é uma guerra espiritual. Quando há guerra espiritual há catástrofes na região do conflito. O coração da gente se sensibiliza e nós operamos!
Pensei e reservei em minha mente as três palavras: Oração nacional, catástrofes e posteriormente, bênção!
SEM PEÇAS DE REPOSIÇÃO
Na passagem pela região celeste, Enviado disse que mais tarde explicaria o que se passava ali, nas negras regiões tenebrosas onde estava o trono de Satanás. Em algum momento antes de meu regresso, estava pensando sobre a volta e preocupou-me o ter que forçosamente regressar por ali outra vez.
— Ali é a região do conflito, Ângelo.
— Ali é o local de batalha diária entre os anjos e os demônios, retrucou outro dos anjos que estavam conosco.
— Ali a cidade finalmente ficará, quando chegar ao seu lugar (Ap 21.23-24).
— Aí foi o lugar aonde ele nos assentou, nas regiões celestes. Mas Satanás está aí até o dia em que Miguel o varrer para a Terra. Três anos e meio antes da cidade chegar, Miguel o expulsará dali, definitivamente para Terra e o Mar. Ele está pressionado por cima e por baixo.
— Satanás necessita ser pego? Disse Ângelo.
— Sim, Ângelo. Mas não será fácil assim. Na cruz, após a alma de Cristo ser liberada pelo Pai de seu corpo, ele expôs Satanás ao vitupério diante de seus demônios. O céu fechou a porta. Tudo ficou escuro no mundo e na ocasião da cruz, tudo foi definido quando Cristo tomou-lhe as chaves do Hades e foi liberar os justos dali.
— O Leviatã será a arapuca de Deus para pegar Satanás, o querubim caído (Jó 41; 1s27.1; Ap 12.7-12).
— Nenhum homem na Terra poderia suportar Satanás definitivamente. Ele será lançado no mar, e dali reinará por pouco tempo na Terra através do Anticristo e do Falso Profeta.
— Por isto que o Anticristo fará as suas tendas no mar?
— Sim. O poder do Anticristo virá do mar. O mundo já adora hoje os demônios do mar, treinando enquanto não chega a realidade. Nos dias do Anticristo, as oferendas ao mar serão um culto contínuo e diário na Terra.
— Quando Satanás encarnar-se no corpo do Leviatã chegará a hora definitiva de seu juízo. Ali será aprisionado, torturado e preso (Rm 12.20; Ap 20.1-3; Is 27.2). Assim como Cristo necessitava encarnar-se para atuar na Terra e cumprir o seu propósito, também Lúcifer caído terá que se encarnar no Leviatã para que seu juízo seja conhecido na Terra (Rm 8.3).
— Por que as trevas cobrem a Terra nestes últimos dias com muito mais intensidade? Perguntou Ângelo.
— Porque Satanás sabe que pouco tempo lhe resta. Já não há mais peça de reposição… nos últimos dias os demônios que restam vão atuar com toda intensidade para tomar o domínio final e até os demônios do Eufrates serão recrutados. Ele estará desesperado.
— Que quer dizer, por que estás rindo, Enviado?
— Satanás a quase seis milênios está gastando sua munição na batalha espiritual. Um grupo muito grande de demônios foi tirado da terra e lançado no abismo, com Apoliom (Ap 9.11; 1 Pe 3.18-20), os quais de lá não sairão até o juízo eterno. Nos dias de Sodoma e Gomorra uma grande parte deles foi lançada também ao mesmo lugar. Novamente ele ficou sem urna boa parte de seus comandos e comandados. Cada vez que a Igreja envia um demônio para lá é grande o problema para ele (Lc 8.29-32). Nos dias de Jericó outra grande parte foi lançada para o abismo. Quando uma cidade é livre de um poder com suas castas demoníacas, alguma coisa espiritual, física, ou até mesmo moral acontece na Terra… acidentes, problemas geofísicos, escândalos etc. Isto ocorre porque algo aconteceu no mundo espiritual. Nos casos do Mundo Anti-diluviano, o dilúvio; de Sodoma, a destruição com o fogo; com Jericó, seus muros foram destruídos… lembras do México? Vês o que está passando nas grandes cidades do mundo como Los Angeles e Rio de Janeiro? O futebol, o carnaval, o jogo… Ele vai ter que entregar o domínio!
— Sim, é verdade. Veja o que aconteceu com o Egito quando Deus o tocou a fim de libertar o seu povo Israel!
— Sim, Ângelo. Observaste bem. Estávamos ali quando tudo aconteceu. Para que o povo fosse liberado dali, tivemos muita luta. O poder de abrir e fechar estavam na concordância entre Moisés e Arão. Sem eles não podíamos atuar. Cada vez que uma praga era profetizada, nós destronávamos uma potestade. Cada animal representava uma potestade que imediatamente assumia o lugar da outra que havia sido retirada. Cada vez que, através da atuação dos anjos (Sl 79.49) um principado era destronado, o coração do povo se tornava mais gracioso (Ex 3.21). Havia uma reação no povo por causa da liberação das potestades. Mas imediatamente após a saída de uma potestade, Satanás enviava outra potestade. A luta era tremenda. Quando você lê que o coração de Faraó era endurecido logo após o seu arrependimento, era porque outra potestade assumia o controle do Egito. Na verdade, Ângelo, cada vez que uma Igreja vence uma potestade, deve se preparar para lutar contra a outra que vem. Quando Davi lutou contra o gigante Golias, pegou cinco pedras do Rio. Sabes por quê?
— Não, Enviado.
— Porque em uma guerra há muitas batalhas. O gigante Golias tinha outros irmãos. Não vencemos uma guerra com uma única batalha. Naquele momento ele tinha uma batalha para vencer, mas a guerra iria requerer todas as outras quatro pedras…
— É verdade, Enviado. Devemos nos preparar com munições em abundância.
— Assim foi no Egito. Cada vez que vencíamos um, outro tomava o terreno. A guerra foi tremenda, Ângelo. Mas há uma boa notícia para ti, Ângelo, não te desanimes por isto.
— Sim. Eu preciso saber quando se acabam…
— Dependendo da situação estratégica da cidade, Satanás pré-estabeleceu um número certo e imutável de principados e dominadores para cada cidade da Terra. Assim, foi feito muito tempo antes de você existir na divisão da Terra (Gn 10.31, 32). Grandes cidades como México, Hong Kong, New York, São Paulo, London, Los Angeles etc., têm um número certo de principados em fila para atuar. À medida que um deles é vencido, ocorre algo na região física da cidade. Quando um deles é destronado, então outro assume. Assim, sucessivamente.
— Isso vai ser sempre assim?
— Não, Ângelo. Veja. Quando a Igreja derruba um deles (Lc 10.17-20), então outros assumem. Mas, observe bem que Satanás não é onipresente, nem seus demônios se reproduzem. Mas a Igreja se reproduz. Aqui está o mistério, Ângelo. Com o tempo, ele estará sem peças de reposição, e muitas cidades serão dadas à Igreja local. Em todas as áreas, a Igreja assumirá o comando, ainda mesmo antes da volta de Jesus. Por exemplo, o controle do Egito veio depois de vencermos os dez principados do Egito. Daquela vez, nós não os prendemos no abismo. Não foi necessário. A diferença entre os demônios anti-diluvianos, os de Sodoma e Gomorra, dos de Babilônia, por exemplo, é que ao invés de enviarmos ao abismo os principados de Babilônia, nós os amarramos no Eufrates para o tempo do fim (Dn 7.12; Ap 9.14, 15). Assim, Babilônia ressurgirá, mas Sodoma, jamais.
Agora estava entendendo aquilo que o anjo falou a Daniel, depois de sair dali, iria lutar contra o principado da Grécia (Dn 10.13,20,21). Saiu o da Pérsia e entrou o da Grécia. Cada um tinha uma característica. Entendi que se a Igreja perseverar, o poder da cidade lhe será dado, como foi com Israel ao sair do Egito, depois que os principados foram vencidos. O segredo está em continuar a luta. Satanás não se reproduz, mas a Igreja sim. É por isso que as igrejas estéreis não podem tomar o domínio de sua cidade, porque já aceitaram os “reinos do mundo” como a um prato de lentilhas (Lc 4.6).
— Isto quer dizer que ele não pode enviar outro principado de outro país para repor o que falta. Quando um deles sai de seu domicílio e vem aonde não deve e nem pode estar, a Igreja pode lançá-lo no abismo (Jd 6,7)?
— Sim, pode. Mas para isto, tem que haver guerra. Então, aquela região passa ao domínio do outro principado. É a única saída. Eles mesmos não se aceitam.
— Ah… então é por isto que há guerra nas nações… oh, Deus! Porque não soube disto antes. Sim… assim os principados de outra região tomam o domínio que antes não era seu, pelas guerras… então Satanás está ficando sem principados para atuar em determinadas regiões,.. então vão haver muitas guerras nos últimos dias… sim… vão…
— Se a Igreja de Cristo não tomar o domínio, aí tudo é vão, Ângelo. Porque através das guerras há troca de principado. É isto que você viu, o principado da Pérsia que saía para dar lugar ao principado da Grécia… você deve saber um pouco da História…
— Sim, eu sei, ainda assim está escrito em Daniel 7.
— Então a Igreja pode assumir o domínio… sim, é claro que sim. Como fomos enganados que somente no Milênio poderíamos reinar na Terra? Se Salomão tivesse pensado assim…
— Isto é o que resulta a falta de conhecimento, Ângelo. O Espírito quer ensinar-lhes mas não se deixam, não se deixam.
— Aonde você descobriu isto, se a revelação é dada à Igreja?
— Nós lemos uma parte de um livro escrito por um servo de Deus que morreu em um naufrágio nas ilha do Pacífico em 1825. Não foi publicado. Esta informação o Espírito lhe deu em grande tribulação. Ele as escreveu, mas somente agora nós estamos informando a alguém como tu. Porque te interessaste. Vamos, Ângelo, é hora de regressar.
A DESPEDIDA
Permaneci no céu muitos dias. Tornei-me amigo de Enviado e do anjo a quem eu puramente o chama. Vários outros estiveram comigo e me mostraram muitas coisas. Lugares onde eu não poderia ir, eu via através da visão celestial, algo possível para o arrebatado. Por muitas horas permaneci na dimensão do que será, e os relatos que aqui ouvi, não posso escrever somente de uma vez.
Na hora do retomo, tudo se tornou numa invisível manifestação de respeito, amor e melodia. Senti que saía para uma grande missão na Terra. Ainda me sentia um ser humano. Os anjos eram anjos e eu ainda era Ângelo.
Não posso esquecer quando vi a mim mesmo no meio dos redimidos. Era eu, sabia que era eu, sentia-me como se o fosse. Lembro-me até agora, quando o Cordeiro saía em seu cavalo branco e os milhares de cavalos saíam e o meu cavalo estava vazio, eu não me vi ali, e me senti tão triste e o anjo me consolou. Eu me vi na dimensão do que será. Não necessitava de fé, eu via tudo. Poderia ver o físico e o espiritual. Do lado do céu ninguém necessita esforçar-se para ver. Ali se vive por vista com a permissão de Deus.
O anjo estava me trazendo de volta. Fui vendo à distância as portas de pérola, o vale mais abaixo, a escuridão terrível, as cores tornando-se uma só e a luz pequena, em comparação à glória que vi, era de um efeito sobrenatural.
Sobre as densas trevas, através das quais passávamos, o anjo me disse algumas palavras. De repente, passaram arcanjos voando diante de mim. O caminho se aclarou por alguns momentos…
— Chegou a hora! Os arcanjos já estão a seus postos. É hora de voltar, somente vais te lembrar das coisas que vão ser necessárias. Tenha cuidado de guardar a fé, você precisa dela para voltar e para viver na Terra. Em poucos minutos estaremos juntos, acenou o anjo.
No momento em que me despedia, os outros anjos se apresentaram no meio de todos. Eles apareceram por poucos segundos. O meu anjo tinha a face de varão íntegro e justo. Seu rosto era límpido e transmitia-me uma sublime convicção de serviço e obediência, mas rapidamente foi desaparecendo. Enquanto tocou-me a mão e começamos a voar, à luz das espadas dos anjos ao redor. Foi aí mesmo que eu entendi que era a luz do mundo, sentia-me mais seguro vendo a face do meu anjo, mas ao sairmos e ao desembainhar a sua espada, ele foi desaparecendo, começando de sua cabeça aos pés, à medida que nos aproximávamos da Terra.
A hora mais terrível de todas, foi quando tivemos que atravessar e passar as regiões celestes — um lugar escuro e terrível, horrível, sem palavras para defini-lo. Demônios se moviam; principados, tronos, potestades, cheiro de fumaça; se moviam na dimensão das regiões celestes. Senti temor, insegurança por alguns momentos; senti a sensação de alguém que segurava em minhas mãos. Quando o meu anjo desembainhou a espada e começou a desaparecer, mais eu sentia que alguém estava segurando as minhas mãos, a sensação foi distinta.
Desde o momento em que eu estava vivendo no céu até aquele momento, eu compreendi que, na verdade, eu estava indo do céu à Terra, me lembrei que quando entrávamos e cada vez que nos aproximávamos das portas de pérolas, mais claras as coisas iam ficando, mas agora, na ocasião do meu retorno, tudo estava desaparecendo, e ficou somente esta sensação da presença de alguém comigo. Comecei a me desesperar no meio daquela viagem, ouvi gritos, eram vozes de demônios, mas eu não podia ver. A visão que eu tinha no céu, me foi tirada, e agora eu sentia e ouvia, mas não ouvia tão bem quanto quando estava dentro das portas de pérolas. Eram demônios. Sim, eles estavam lutando com os anjos que vinham comigo. Senti-me empurrado, balançado. O anjo falava, podia ouvir como se estivesse distante, mas em voz forte, “não temas, eu te ajudo, eu te seguro pela mão”.
As vozes que eu ouvia ao aproximar-me eram de demônios fortes. O anjo pediu ajuda; sozinho às vezes, eles não suportam a luta. A espada do Todo-Poderoso é desembainhada nas mãos dos arcanjos, que vieram e detiveram os demônios e os principados, deixando o anjo passar. O arcanjo abriu espaço e nós passamos. Eu ouvi vozes de oração que vinha da Terra, e o anjo disse:
— Nós vencemos porque eles estão orando, nos dando cobertura na luta. Aqui, nós dependemos das orações da Igreja. Se ela ora, nós vencemos, mas se deixa de orar, nós temos que recuar e voltar. Não podemos passar, porque os arcanjos não vêm. Eles respeitam somente aqueles que vivem uma vida de oração, que é a nossa cobertura na hora de passarmos a barreira. Muitas vezes nós voltamos daqui, e os crentes são derrotados. Suas palavras caem por terra, porque não podem se sustentar. Desse lado, temos que passar os principados e potestades. É como se fosse um pedágio, mas nós passamos quando há a cobertura. Nós sempre vamos, independente de tudo, para trazer as respostas das orações ou encomendas de Deus a seus servos, porque sempre cremos que há uma cobertura de oração. Muitas vezes nos decepcionamos, porque não há cobertura e perdemos a luta. Isto não significa que não temos bases do outro lado. A perseverança é tudo!
Silenciei preocupado.
— Não te preocupes, tu tens cobertura de oração, disse o anjo. A tua própria cobertura é importante. A cobertura da tua esposa também, depois vem a cobertura dos teus irmãos. A oração é o contato direto e a prova diária de que a comunhão está fortalecida entre tu e teu Deus. Nós te serviremos a qualquer preço, se tudo isso vai bem.
Passamos a caminho de casa. Tudo era natural, comecei a sentir saudades. Pela primeira vez passei a sentir tudo naturalmente. Em segundos senti saudades do céu… o anjo desapareceu, já não senti que ele segurava nas minhas mãos. Gritei:
— Por que não te posso ver? Por que eu não posso mais ver aquelas coisas?
Então, fortemente o meu coração falou. Pela primeira vez comecei a ouvira voz outra vez, vindo de dentro de mim. Era a voz do Espírito.
— Ângelo, Ângelo! No mundo, os olhos são naturais, não podes ver nada. Nisto consiste a tua bem-aventurança, os olhos da alma se fecham e não podes ver como os anjos na Terra. Precisas ver pela fé, tudo aqui é pela fé e não por vista. Estamos aqui, não temas, cumpras tua missão, meu Ângelo. Aqui, eu e você trabalhamos juntos. Os anjos recebem nossas ordens. Estamos juntos.
Era a voz do Espírito Santo de Deus. Abri meus olhos no Planeta Terra. Sete meses e dois dias depois, estava completamente curado. Minha esposa estava ali, bem perto, segurando as minhas mãos. Bem devagar, disse três palavras:
— Você está bem?
Seus olhos se esbugalharam. Eu estava roxo e ela verde. Então eu percebi que estava na Terra e vivia. Ela exclamou, correndo, se levantou e gritou:
— Ele vive! Desate-o desses tubos.
Demoraram demais. Desmontei-me dos tubos, das máquinas que me envolviam, saí do meio de tudo aquilo, e me pus em pé.
Quando minha esposa chegou, eu estava ali, parado, falando em línguas espirituais. Eles gritaram e fizeram grande barulho. Minha esposa me abraçou e enfim, juntos, choramos. Como é bom chorar, agora sim, sentia gosto no choro. Não queria esquecer que acabara de chegar do outro lado, além das estrelas, onde um segundo equivale à horas na Terra.
Oh, Grande Cidade! Grandes coisas dizem de ti! Oh, Jerusalém! Veremos-nos outra vez!
[1] O casamento judeu era dividido em três partes: Compromisso, promessa e bodas. Compromisso é feito entre os pais. A promessa é o desposamento feito entre os noivos perante o juiz, mas ambos voltam a sua casa. Bodas é o período quando o noivo, em sua festa, recebe sua esposa em casa.
Lindo este livro!Glória a Deus meu Jesus!Gostaria de ler outros assim.