a magnífica capital de Sargom, rei da Assíria, está situada 16
km ao norte de Nínive. As escavações começaram em 1842, sob a direção de Paul
Emile Botta. Ele encontrou uma grande cidade de 300 ha, disposta na forma de um
quadrado fortificado de 1600 m de largura, com sete portas e uma imponente área de
palácio de 10 ha. O palácio, com seu amplo centro doméstico, o luxuoso harém, três
magníficos templos e o elevado zigurate, estava situado sobre a plataforma terraplenada
de ladrilho de 10 ha, que se elevava 14 m sobre a área circundante. As paredes do
palácio foram construídas com grandes pedras quadradas cuja espessura variava de 3 a 5
m. Em determinado lugar, chegavam a 8 m de espessura. Dentro do palácio, havia
grandes salões de recepção profusamente adornados com inscrições, esculturas e
baixos-relevos que representavam deuses, reis, cenas de batalhas e cerimônias
religiosas. Muitas paredes estavam adornadas com touros alados detalhadamente
decorados e belamente fundidos ou lavrados em bronze. As entradas principais estavam
flanqueadas por magníficos e impressionantes touros alados com cabeças humanas, cujo
peso variava entre dez e trinta toneladas cada um. “As entradas e salas de recepção
mostravam todo o esplendor que os artistas assírios puderam dar-lhes. Os apartamentos
do harém estavam elegantemente adornados com afrescos, arabescos e estátuas de
mármore. Todos os pisos do interior foram construídos com lajes ou argila prensada, e sobre eles eram colocados finos tapetes. Os pátios exteriores e os espaços abertos
estavam calçados com lajes muito coloridas e blocos de mármore. Nas paredes, quadros
esculpidos descreviam em liguagem visual rica em detalhes a vida diária, os prazeres, a
aparência, os costumes, a religião e a história dos assírios. As lajes das paredes de três
dos magníficos salões do palácio mostravam em minúcias o relato dos quinze anos de
reinado do poderoso monarca. Encontravam-se magnificamente descritas algumas
batalhas, como as de Ráfia e a segunda de Karkar. Vários aspectos da vida ativa do
poderoso rei eram mostrados, inclusive sua campanha na Palestina e na costa
mediterrânica, quando demoliu toda resistência e ocasionou a ruína de todos os países,
exceto Judá.”Os arqueólogos encontraram “tantas esculturas, tantas estátuas e um
número tão grande de relevos que ficaram aturdidos. Porém, prosseguiram o trabalho
com harmonia, ânimo e dedicação nos quentes e poeirentos meses de verão até outubro,
quando todos os vestígios das paredes do palácio desapareceram”.Victor Place
responsabilizou-se pelas escavações durante o ano de 1851, e “seus trabalhadores árabes
descobriram catorze barris cilíndricos inscritos com registros históricos, um armazém
cheio de cerâmica, outro cômodo cheio de lajes e outro que continha ferramentas
diversificadas em excelente estado de conservação. Ele foi particularmente feliz ao
recolher pequenos objetos de argila, de pedra, de vidro e de metal, que lançaram mais
luz sobre a vida cotidiana do povo. Place desenterrou ainda os banheiros, o forno e a
adega do rei, esta facilmente identificada pelas jarras pontiagudas que descansavam em
fila dupla nas pequenas cavidades do piso, das quais despendeu um forte odor de
levedura depois que a primeira chuva dissolveu os sedimentos vermelhos. Place
descobriu também dois magníficos touros com cabeça humana, que sem dúvida são os
produtos mais impressionantes da escultura assíria existentes hoje. Ele entregou os
touros a Rawlinson como permuta, e hoje eles estão na entrada da galeria assíria, no
Museu Britânico. Place não realizou tantas descobertas surpreendentes de grandes
monumentos quanto Botta. Contudo, os numerosos objetos pequenos que desenterrou
eram de grande importância. E o mais importante de tudo foi que seu trabalho tornou
possível uma visão mais clara da cidade de Corsabade e de seu fundador e poderoso
governador, Sargom II, o grande rei, o poderoso rei […] o rei da Assíria. Mas, quem foi
esse Sargom? Antes dessas descobertas, nenhum historiador secular havia feito menção
nem do reinado nem de um monarca assírio com esse nome. Até então, o único escritor
a mencionar Sargom pelo nome era Isaías, o profeta eloqüente, que entre p.rênteses
havia dito: No ano em que o general enviado por Sargom, rei da Assíria, atacou Asdode
e a conquistou (Is 20:1). Alguns eruditos, porém, fora do campo da fé na realidade
histórica da Bíblia, haviam afirmado que jamais existira um rei assírio com esse nome.
No entanto, nas crônicas de Sargom talhadas nas paredes de seu palácio, estava a versão
autorizada do assédio final e captura de Samaria e da deportação de seus habitantes: No
primeiro ano de meu reinado […] sitiei e capturei a cidade de Samaria. Levei cativas de
seu meio 27290 pessoas. Tomei cinqüenta carros de guerra que foram somados à minha
força real […] Regressei e fiz mais do que anteriormente havia feito para a residência
deles. Nomeei meus funcionários governadores sobre eles. Impus sobre eles tributo e impostos à maneira assíria. Mais adiante, ainda em suas crônicas, Sargom ajuda a
explicar a passagem de Isaías 20, que descreve a tomada de Asdode: Azuri, rei de
Asdode, também planejou em seu coração não pagar impostos, e entre os reis seus
vizinhos espalhou o ódio contra a Assíria. Devido ao mal que ele havia feito, cortei seu
domínio sobre o povo de seu país. Na ira de meu coração, não passei em revista o
grosso de meu exército. Não reuni todo o meu acampamento. Apenas com minha
guarda pessoal de hábito, marchei contra Asdode. Eu a sitiei e conquistei. Tomei como
despojo seus deuses, sua esposa, seus filhos, suas filhas, suas propriedades, os tesouros
de seu palácio, junto com o povo de seu país’”.
fonte: BIBLIA THOMPSON