Pessoas sinceras e tementes a Deus me perguntam sobre o “cair no
Espírito”, a “unção do riso” e outros “moveres”. São irmãos em Cristo,
servos do Senhor, que desejam aprender a cada dia a sã doutrina. Perguntam,
não para tentar me pôr em apuros, mas porque querem ter um
posicionamento definido, seguro, sobre o assunto.
O motivo da dúvida desses irmãos é compreensível, pois, quando
estudamos sobre o avivamento de Azusa Street, em Los Angeles (1906), e
acerca do início da Assembléia de Deus no Brasil (1911), são comuns as
menções a momentos em que irmãos caíam sob o poder de Deus ou riam
sem parar.
É claro que as experiências relacionadas com o Movimento
Pentecostal — ainda que envolvam santos como William Seymour, Gunnar
Vingren e Daniel Berg — não devem ser supervalorizadas, a ponto de as
equipararmos às incontestáveis verdades da Bíblia (Gl 1.6; 1 Co 4.6; 15.1,2).
Respeito esses pioneiros do pentecostalismo clássico, mas a minha fonte
primária de autoridade continua sendo a Palavra de Deus.
Como disse Bryan Chapell, “Sem uma autoridade suprema em defesa
da verdade, toda luta humana não tem valor fundamental, e a própria vida
torna-se fútil. Tendências modernas de pregação que negam a autoridade da
Palavra, em nome da sofisticação intelectual, conduzem a um subjetivismo
desesperador em que as pessoas fazem o que é direito a seus próprios olhos
— situação cuja futilidade a Escritura já anunciou claramente (Jz 21.21)”
(Pregação Cristocêntrica, Editora Cultura Cristã, p.23).
A Bíblia é um Livro de princípios, e estes devem ser considerados
antes de qualquer análise de manifestações, independentemente das pessoas
nelas envolvidas. E há vários princípios relacionados com o culto
genuinamente pentecostal em 1 Coríntios 14. Citarei apenas alguns:
1) O propósito principal das manifestações do Espírito em um culto é
a edificação do povo de Deus (vv.4,5,12). Os risos intermináveis e as quedas
que temos visto hoje edificam?
2) A faculdade do intelecto não pode ser desprezada no culto em que o
Espírito Santo age (vv.15,20). Ninguém de fato usado pelo Espírito perde os
sentidos, deixa de raciocinar, etc.
3) O culto a Deus não deve levar os incrédulos a pensarem que os
crentes estão loucos (v.23). O que pensam os não-crentes que assistem a
certos cultos do reteté, em que pessoas caem ao chão, rindo sem parar e
rolando umas sobre as outras?
4) Deve haver ordem e decência no culto; tudo deve ocorrer a seu
tempo: louvor, exposição da Palavra, manifestações do Espírito (vv.26-
28,40). Um culto que não tem ordem nem decência é dirigido pelo Espírito?
5) No culto, deve haver julgamento, a fim de se evitar falsificações
(v.29).
6) Haja vista o espírito do profeta estar sujeito ao próprio profeta, é
inadmissível que aconteçam manifestações consideradas do Espírito Santo
em que pessoas fiquem fora de si (v.32).
7) O Deus que se manifesta no culto não é Deus de confusão, senão de
paz (v.33).
8) Se alguém cuida ser profeta ou espiritual, deve reconhecer os
mandamentos do Senhor (v.37). O leitor está disposto a submeter-se aos
mandamentos do Senhor? Ou é um daqueles que, irresponsavelmente,
dizem: “Não podemos pôr Deus em uma caixinha”?
fonte: Mais Erros que os Pregadores Devem Evitar – Ciro Sanches Zibordi