Adultos 3° trimestre 2024
LEITURA DIARIA
PALAVRA-CHAVE: ESTER
1- A categorização de Ester. Da mesma forma que Rute, Ester pertence aos Escritos, os onze livros que compõem a terceira seção da Bíblia Hebraica. E nesta seção – também ao lado de Rute –, integra os Megillot, os cinco livros curtos lidos anualmente nas festas judaicas. As categorizações de Rute e Ester também são semelhantes na Bíblia Cristã, na qual figuram entre os livros históricos. Por sua reconhecida canonicidade, Ester compõe o conjunto da revelação divina escrita, completa e perfeita (2 Tm 3.16,17).
2- Características literárias. O Livro de Ester tem 10 capítulos. Dentre suas características literárias destaca-se sua objetiva historicidade, vista na expressa referência ao rei persa Assuero (Et 1.1) e em vários outros detalhes factuais, além de seu caráter de fonte primária para a Festa de Purim, anualmente celebrada pelos judeus (Et 9.20-32). O estilo narrativo é menos dialógico que o de Rute. O texto é mais do narrador que dos personagens.
3- Autoria e data. O autor de Ester é desconhecido. Muitos estudiosos consideram que o livro foi escrito por um judeu que viveu na Pérsia, pelo fato de o autor demonstrar amplo conhecimento da cidade de Susã e de sua estrutura, e de importantes documentos do Império Persa. Considerando essa possível autoria e algumas evidências internas, acredita-se que o livro seja datado ainda do século V a.C. (por volta de 460 a.C.), logo após a morte de Assuero, ocorrida em 465 a.C. Outro fator levado em conta para essa datação é de ordem linguística: o autor empregou algumas palavras persas em meio ao hebraico, mas não fez uso algum de expressões originárias do grego, o que revela um estilo anterior à ascensão da Grécia sobre a Pérsia, que se deu com Alexandre, o grande, em 330 a.C.
SINÓPSE I
O Livro de Ester tem 10 capítulos e está classificado na categoria de livros históricos da Bíblia Cristã.
AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO
“NOME E PANORAMA GERAL
O livro de Ester leva o nome de sua personagem principal, uma judia chamada Hadassa (‘murta’), mas que foi renomeada Ester (‘uma estrela’). Um nome provavelmente escolhido como um reconhecimento de sua beleza, após tornar-se rainha. A história pertence cronologicamente ao período entre o retorno de Zorobabel e Esdras, ou seja, entre o sexto e o sétimo capítulo de Esdras. Os estudiosos chegaram à conclusão de que o rei Assuero a que se refere, é identificado como Xerxes. Assuero ou Akhashverosh equivale no hebraico ao persa Khshayarsha, e é denominado Xerxes em grego.
O escritor foi meticuloso ao datar seus acontecimentos. O banquete de casamento em que Ester tomou posse como rainha, ocorreu no sétimo ano do reinado de Assuero (479 a.C.), quatro anos depois da celebração que resultou no divórcio de Vasti. “Acreditava-se que entre estes acontecimentos, Assuero (Xerxes) tenha feito sua mal sucedida expedição à Grécia. Assim, ele retornou da sua derrota vergonhosa em Salamina (480 a.C.) e encontrou consolo nos braços de Ester”. Os acontecimentos indicados no livro variam do terceiro ao décimo segundo ano do reinado de Xerxes, ou de 483 a 474 a.C.” (Comentário Bíblico Beacon. Vol. II. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 543).
1- O povo hebreu no exílio. Para uma melhor compreensão do contexto histórico do Livro de Ester é importante mencionar o final do período da monarquia do povo hebreu. Em 722 a.C. houve a queda do Reino do Norte sob os assírios (2 Rs 17.6). Pouco mais de 100 anos depois, Judá, o Reino do Sul, foi levado para o Cativeiro Babilônico em três levas: 605, 597 e 586 a.C. Conforme Jeremias havia profetizado, o exílio na Babilônia duraria 70 anos (Jr 25.11; 29.10-14). Foi um período em que Deus tratou com Judá, principalmente para extirpar a idolatria que havia contaminado a nação (Ez 36.16-25). Deus abomina todo o pensamento, sentimento e comportamento idolátricos (Rm 1.18-25). Por isso, nada em nossa vida pode ocupar o lugar que pertence a Ele (1 Jo 2.15-17). “A soberania de Deus não encontra limites. Ele age em qualquer época ou lugar para cumprir seus propósitos.”
2- O fim do exílio. Ao mesmo tempo em que julgava Judá por sua idolatria, o Deus Eterno, Juiz de toda a terra, exercia seu justo juízo sobre a Babilônia, por sua iniquidade (Jr 25.12). Antes, já havia julgado a Assíria, como profetizado por Naum: Deus não tem o culpado por inocente (Na 1.2,3). Em 539 a.C. Ciro venceu os babilônios e anexou seu território ao Império Persa. Logo no primeiro ano de reinado, “despertou o Senhor o espírito de Ciro, rei da Pérsia” e o fez decretar o retorno do povo judeu para Jerusalém (Ed 1.1-3). Daniel havia se humilhado diante de Deus, jejuando e orando fervorosamente para a restauração de Jerusalém, confessando os pecados da nação de Israel (Dn 9.1-19). O ensino bíblico a respeito de nosso relacionamento com as estruturas de poder terreno é sempre confiar na soberania divina, buscando, com humildade, a intervenção de Deus em nosso favor (2 Cr 7.14). Agindo assim, poderemos ter “uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade”, e contribuir para o cumprimento do maior propósito de Deus, que é a salvação de todos os homens, inclusive dos que não governam segundo os valores divinos (1 Tm 2.1-4).
3- O pós-exílio. Ester registra fatos ocorridos na capital do Império Persa, Susã, entre o primeiro e o segundo retorno dos judeus para Jerusalém. Estima-se que mais de 1 milhão de judeus viviam na região da Babilônia. Mesmo com o decreto de Ciro, que permitia a volta para Jerusalém, a maioria absoluta dos judeus decidiu pelo que lhes parecia mais cômodo: permanecer nas cidades que ocupavam na Babilônia. Somente cerca de 50 mil voltaram para Jerusalém no primeiro grupo, liderados por Zorobabel (Ed 1.5; 2.64,65), no segundo ano do reinado de Ciro (538 a.C.). Esse período da história é narrado do capítulo 1 ao capítulo 6 do livro de Esdras. Entre o capítulo 6 e o capítulo 7 há um intervalo de aproximadamente 60 anos. É na segunda metade desse período que se passam os fatos do livro de Ester (483-473 a.C.).
SINÓPSE II
Os fatos registrados no Livro de Ester se passam na capital do Império Persa, Susã, entre o primeiro e o segundo retorno dos judeus para Jerusalém.
1- A providência divina. O principal propósito do livro de Ester é registrar o cuidado providencial de Deus com o seu povo, a despeito de suas escolhas fora de seu propósito. Ao decidirem permanecer na Babilônia, sob os domínios do Império Persa, os judeus olharam para a estabilidade que imaginavam ter conquistado, não apenas no aspecto econômico, mas também cultural, social e religioso. Os persas tinham fama de benevolência com os povos que dominavam, principalmente quanto à liberdade religiosa. O retorno a Jerusalém exigia renúncia e disposição para uma viagem penosa e para a dura reconstrução de uma cidade totalmente destruída. Para muitos, pareceu melhor ficar na Babilônia: “Há caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte” (Pv 14.12).
2- Uma falsa estabilidade. Ester nos transmite como mensagem o perigo de confiar nas falsas estabilidades que as estruturas do mundo nos oferecem, e costumam parecer mais vantajosas. Estava tudo indo muito bem em Susã, até surgir a ordem de extermínio total dos judeus (Et 3.7-13). A falsa segurança foi embora. O povo de Judá dependia novamente da intervenção divina para sua sobrevivência. Ester nos mostra Deus agindo mais uma vez, movendo as estruturas humanas; agora, no grande e poderoso Império Persa. Seja qual for a circunstância, é melhor confiar no Senhor do que no homem (Sl 118.8,9).
3- A Festa de Purim. O livro de Ester tem como propósito, também, registrar a instituição da Festa de Purim, ordenada por Mardoqueu depois do grande livramento que os judeus receberam (Et 9.20-28). Purim é o plural da palavra pur (“lançar sorte”). Conforme Ester 3.7, Hamã lançou sorte para fixar o dia da morte dos judeus. A festa comemora a frustração desse nefasto plano diante da providencial ação divina para a libertação de seu povo. A soberania de Deus não encontra limites. Ele age em qualquer época ou lugar para cumprir seus propósitos.
SINOPSE III
O propósito do livro é registrar a providência de Deus com seu povo; sua mensagem é a respeito do perigo de se confiar nas falsas estabilidades.
AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO
“A INSTITUIÇÃO DA FESTA DE PURIM
Um dia de banquetes e alegria inaugurou a celebração de Purim (9.17,26). ‘Dia de banquetes e de alegria’ é uma hendíadis, uma figura de linguagem que expressa uma ideia por meio de duas palavras independentes — cada uma delas amplificando a outra de modo que no final a ideia é maior que as duas palavras isoladas —, em vez de uma palavra com um modificador (cp. 9.17-19,24,28). O livro tem muitos aspectos poéticos, incluindo aliteração, paralelismo, hipérbole, ironia e também construções quiasmáticas. O nome da festa (Purim ou Festa das Sortes), uma das duas festas não estabelecidas no Pentateuco (cp. Êx 34.18-27; Lv 23.1-44; 25.1-17), mas consideradas pelos judeus tão obrigatórias quanto as celebrações, salienta a importância do lançar sortes como um indício do cuidado providencial do povo de Deus e do controle de seus inimigos (Et 9.24-26). Foram designados dois dias para as celebrações: os judeus em Susã tiveram dois dias para matar seus inimigos (v. 18) e descansaram no dia 15 de adar (final de fevereiro ou início de março) e, por conseguinte, a celebração deles foi designada para esse dia. Os judeus nas províncias remotas tiveram apenas o dia 13 de adar para responder a seus inimigos, e eles celebraram no dia 14 de adar (9.19). O dia 13 de adar também é celebrado por alguns judeus como a Festa de Ester, por causa da menção de comemorar as práticas do jejum e do seu clamor (v. 31)” (Patterson, D. K, KELLEY, R. H. Comentário Bíblico da Mulher – Antigo Testamento. Vol. I. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, pp. 897-98).
CONCLUSÃO
O Livro de Ester nos lembra de que vivemos neste mundo, mas não devemos confiar em suas estruturas. Todos os reinos deste mundo passarão (Dn 2.37-45). Por isso, a Palavra de Deus diz que “a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3.20).
REVISANDO O CONTEÚDO
1- Qual a característica mais destacada do Livro de Ester?
Ester, por sua vez, tem como característica singular, e sempre destacada, a completa ausência do nome de Deus.
2- Quais as evidências da historicidade do Livro de Ester?
Muitos estudiosos consideram que o livro foi escrito por um judeu que viveu na Pérsia, pelo fato de o autor demonstrar amplo conhecimento da cidade de Susã e de sua estrutura, e de importantes documentos do Império Persa.
3- Qual o contexto histórico de Ester em relação ao período pós-exílico?
Ester registra fatos ocorridos na capital do Império Persa, Susã, entre o primeiro e o segundo retorno dos judeus para Jerusalém.
4- Qual o principal propósito do livro de Ester?
O principal propósito do livro de Ester é registrar o cuidado providencial de Deus com o seu povo, a despeito de suas escolhas fora de seu propósito.
5- Que mensagem principal podemos extrair de Ester?
Ester nos transmite como mensagem o perigo de confiar nas falsas estabilidades que as estruturas do mundo nos oferecem, e costumam parecer mais vantajosas.
Ajude-nos a divulgar compartilhando com os irmãos da sua igreja!