era o centro comercial, político e religioso da Ásia ocidental e estava
situada próximo do lugar em que os rios Caister e Meandro desembocam no mar Egeu.
Plínio dizia que, “nos tempos antigos, o mar lavava o templo de Diana”, mas o porto e a
superfície em geral se sujaram gradualmente. Na atualidade, as ruínas da cidade jazem
em uma planície baixa, a 6 ou 8 km do mar.Éfeso, à semelhança de outras cidades da
Antiguidade, era profundamente religiosa. Sua devoção principal estava voltada para
Diana (chamada Artemis pelos gregos), a deusa da fertilidade. Foram construídos para
ela, no mesmo lugar, três santuários em épocas primitivas (o primeiro data do fim do
século VIII a.C., aproximadamente) e dois formosos templos. O primeiro templo foi
iniciado por volta de 550, dedicado em 430 e incendiado em 356 a.C., na noite do
nascimento de Alexandre, o Grande. A construção do último templo levou mais de
trinta anos. As mulheres de Éfeso venderam suas jóias a fim de arrecadar fundos para a construção. Os reis doaram colunas e artefatos de ouro, enquanto mobiliários de toda classe chegavam
de muitas nações. Quando o templo foi concluído, em 323 a.C., consideraram-no o mais
esplêndido edifício de todo o mundo grego e uma das sete maravilhas do mundo antigo.
O templo chegou a ser imensamente suntuoso devido ao volume de presentes e doações.
Tornou-se particularmente conhecido graças à imagem de Diana, a qual os crédulos
diziam haver caído do céu (At 19:35). Paulo trabalhou em Éfeso três anos e pôs o
fundamento da igreja cristã mais forte do século I. Seu ministério foi tão eficaz que os
crentes que “tinham praticado ocultismo reuniram seus livros e os queimaram
publicamente” (At 19:19). Além disso, o culto a Diana declinou até que Demétrio, o
ourives, provocou um motim contra Paulo (At 19:24,38). Timóteo e João continuaram a
obra ali e em outras seis igrejas da região. À medida que o cristianismo avançava, o
culto a Diana entrava em declínio. Em 262 d.C., o templo foi saqueado e incendiado
pelos godos e finalmente abandonado após o edito de Teodósio, que fechou os templos
pagãos. A cidade diminuiu de tamanho em conseqüência de epidemias de paludismo, e
os edifícios invadidos pelo lodo do rio foram sepultados pelo pó das eras. As escavações
em Éfeso começaram no dia 2 de maio de 1863, por encargo do Museu Britânico e sob a
direção do arquiteto J. T. Woody, e estenderam-se até 1874. O principal objetivo de
Wood era localizar o templo de Diana, mas trabalhou durante seis anos sem resultado
significativo. Ao escavar no teatro, porém, encontrou uma inscrição que narrava como
as imagens de Diana eram levadas do templo ao teatro no dia do aniversário da deusa e
como a procissão entrava na cidade pela porta Magnésia e saía pela porta Corésia.
Wood encontrou essas portas e assim descobriu a rua que conduzia ao templo, que foi
descoberto e escavado durante cinco anos. Davi C. Hogarth continuou o trabalho no
templo nos anos 1904 e 1905. O Instituto Austríaco de Arqueologia começou a escavar
em 1898 e por mais de trinta anos realizou minuciosas escavações que lhe permitiram
uma visão geral da cidade. Os escavadores constataram que os muros da cidade de
Éfeso mediam quase 8 km de comprimento e encerravam uma extensão de mais de 400
ha. Eram muros altos, e algumas ruas estavam calçadas de mármore. A rua mais
importante conduzia do teatro ao porto, situado a 800 m de distância. A rua media 11 m
de largura e estava flanqueada por colunatas, atrás das quais existiam armazéns e outros
edifícios esplêndidos. Em cada extremo, havia entradas monumentais. O lugar do
templo da “Artemis dos Efésios” situava-se quase 1,5 km a noroeste do muro da cidade.
O muro fora construído sobre uma enorme plataforma de concreto de 71 x 127 m,
enquanto o templo propriamente dito media 50 x 104 m. O teto descansava sobre 127
colunas jônicas de 1,8 m de diâmetro e 18 de altura. Wood encontrou entre as ruínas o
que acreditou ser um altar, porém mais tarde Hogarth deu alguns golpes no “altar” e
ouviu um som oco. Resolveu abri-lo e encontrou dentro dele uma grande e importante
coleção de jóias, moedas e objetos de arte. Muitos concluíram que o suposto altar era o
depósito das oferendas para a cerimônica da colocação da pedra angular (ou inaugural)
nos alicerces, quando o templo começou a ser construído. No meio da cidade foi
encontrada a ágora (praça do mercado) — área retangular de 110 m de comprimento
rodeada de vestíbulos com colunas, armazéns e salas. No meio do espaço aberto, havia
um relógio de água e de sol. A noroeste da ágora, na ladeira ocidental do monte Piom,
os escavadores desenterraram um anfiteatro cujas fileiras de assentos podiam acomodar pelo menos 24 mil pessoas. Nas cidades gregas, o anfiteatro era o local habitual de
reunião do povo, e esse em particular apresenta uma das mais vívidas cenas do NT, já
que nesse lugar Demétrio e seus companheiros de ofício lideraram a multidão no grande
motim contra Paulo, devido ao culto à Diana e à diminuição da venda das miniaturas do
templo, que os ourives faziam e comercializavam (At 19:23-41).
Ao norte do anfiteatro, perto da porta Corésia, foi encontrado o antigo estádio (outro
anfiteatro), onde eram realizados jogos, combates de gladiadores e lutas com animais
selvagens. Teria Paulo lutado “com feras” ali? (1Co 15:32). Outras descobertas incluem
uma bela casa de banho (de mármore, com muitos cômodos), uma magnífica biblioteca,
uma grande basílica dedicada a “São João, o Teólogo”, a “catacumba dos Sete
Adormecidos”, na qual foram encontrados centenas de locais de sepultura, e um templo
dedicado à adoração do imperador. Ali havia uma estátua de Domiciano, o imperador
que exilou João na ilha de Patmos e perseguiu os cristãos no tempo em que Cristo
revelava as últimas coisas ao quarto evangelista. Nenhuma cidade tem sido escavada tão
minuciosamente quanto Éfeso. As escavações lançam considerável luz sobre as
epístolas de Paulo e os escritos de João, especialmente no que se refere às sete igrejas
do Apocalipse.
Ver tb: At 18:20, At 18:24, At 19:17, At 19:26, At 20:16, 1Co 15:32, 1Co 16:8, 1Tm
1:3, 2Tm 1:18, 2Tm 4:12, Ap 1:11, Ap 2:1
fonte: BIBLIA THOMPSON