foi capital do Egito em épocas mais remotas e a maior de todas as
cidades mercantis egípcias. Estava situada à margem ocidental do Nilo, 22 km ao sul do
Cairo. A cidade foi fundada por Menés, o primeiro governador do Egito unificado.
Nela, viveram Abraão e Sara com seu sobrinho Ló há quase 4 mil anos. Nela, José foi
vendido como escravo e mais tarde governou como primeiro-ministro e administrador
federal de alimentos. Nela, Moisés foi criado, tornando-se versado em toda a sabedoria
do Egito. E foi nessa cidade que ele e seu irmão Arão enfrentaram o faraó e exigiram
que este deixasse partir o povo de Israel. Em Mênfis, “o faraó, todos os seus
conselheiros e todos os egípcios se levantaram. E houve grande pranto no Egito, pois
não havia casa que não tivesse um morto” (Êx 12:30). Como centro principal de
erudição, Mênfis especializou-se na adoração a Ptá e ao touro sagrado Ápis. Ptá,
segundo a crença egípcia, era “a mente do universo”, que criou todos os deuses e todos
os homens ao pensar na existência deles. Ptá era venerado especialmente pelos artistas,
pelos hábeis artesãos e pelos literatos. Osíris era o deus dos vivos e dos mortos. Quase
todas as fases da vida deste mundo e do além eram controladas, de um modo ou de
outro, por Osíris. Para Ápis, o touro sagrado, foi edificado um templo magnífico,
conhecido como “a catedral” do Egito. Os dois grandes templos de Ptá e de Ápis
estavam unidos por uma longa avenida de esfinges.No apogeu de sua prosperidade, a
parte principal da cidade media cerca de 13 km de comprimento e 6 km de largura e
tinha uma população de 500 mil habitantes, aproximadamente. Mênfis foi finalmente
destruída durante a invasão árabe do século VII, e muitas das magníficas ruínas sobre a
superfície foram utilizadas para a construção da nova cidade árabe de Fostate, que está
situada à margem oriental do Nilo. Os únicos vestígios de Mênfis eram estruturas
arruinadas, blocos de granito, obeliscos quebrados, estátuas e suas ruas com colunas de
alabastro, que jazeram sepultadas entre 3 e 6 m na areia movediça até fins do século
XIX. Foi então que os escavadores puderam mostrar a planta da cidade e exibir os
muitos objetos interessantes descobertos depois de terem permanecido 1200 a 2 mil
anos sob as areias do deserto.Os escavadores desenterraram os restos de quatro templos:
o de Ptá, o de Proteus, o de Ísis e o de Ápis, fundado por Psamético. Descobriram os
restos de dois palácios e de uma fortaleza que cobria uma superfície de 1 ha e possuía
um grande pátio de 10 m2. Mais tarde, foi encontrado o gigantesco colosso de
Ramessés II, o colosso menor do mesmo faraó e uma grande e bela esfinge de alabastro
medindo 8 m de comprimento por 4 m de altura e pesando oitenta toneladas. Em 1928,
enquanto o autor deste artigo desfrutava a hospitalidade de Reisner, viu que
desenterravam ruas largas e calçadas, ladeadas por longas fileiras de colunas de
alabastro de grande beleza. Mas de todos os achados, dentro e fora de Mênfis, a grande
necrópole (cemitério) a oeste da cidade foi o mais interessante e o mais revelador. Ao
longo da borda do deserto, longe do alcance das inundações das águas do Nilo e em
harmonia com o conceito egípcio de imortalidade, encontra-se um cemitério de 3 km de
largura por cerca de 96 km de longitude. O cemitério começa nas pirâmides de Abu
Roash, no norte, e termina na pirâmide de Lahum, a sudeste de Faiyum. Como um
gigantesco campo da morte, 27 km dessa “silenciosa cidade dos mortos” acham-se
abarrotados com os restos de 40 ou 50 milhões de corpos de animais, homens, mulheres,
meninos e faraós. Alguns estão simplesmente cobertos pela areia, outros estão em tumbas cavadas com grande esmero, outros ainda encontram-se em mastabas bem
construídas e finalmente outros jazem no interior de mais de setenta pirâmides. É uma
necrópole fabulosa, na qual os homens da Antiguidade armazenavam o corpo de seus
mortos. Talvez nenhum cemitério do mundo seja tão extenso e nenhum seja tão famoso.
Quão idoneamente exclamou o profeta Oséias: “Mênfis os sepultará”! (Os 9:6). Mênfis
enterrou mortos certamente em uma escala sem precedentes na história da humanidade.
Sob as ruínas da esplêndida catedral de Ápis, o touro sagrado, foi encontrada uma
avenida subterrânea de 96 m de extensão. Escavações posteriores aumentaram sua
longitude para 341 m. Distribuídas nos dois lados dessa avenida, viam-se 64 grandes
câmaras mortuárias. No centro de cada uma dessas câmaras estava um enorme
sarcófago de granito vermelho ou negro de 3,7 m de comprimento, 2,7 de altura e 1,8 de
largura, cada um pesando quase sessenta toneladas. Em cada um deles, haviam
sepultado um touro sagrado. No entanto, os ladrões de tumbas os haviam saqueado e
profanado muitos séculos antes.Ao caminhar de câmara em câmara por essa assombrosa
cidade de touros mortos, Mariette descobriu uma cripta que havia escapado aos ladrões
de tesouros. Ali, na argamassa, estava a marca dos dedos do pedreiro que havia
colocado a última pedra, durante o reinado de Ramessés II, e no pó estavam as pegadas
dos que haviam sido os últimos a caminhar pelo solo da cripta há mais de 3 mil anos.
Ali também estavam as oferendas votivas dedicadas pelos que a visitaram há tantos
séculos. Entre elas, foi encontrada uma tabuinha escrita pelo próprio filho de Ramessés,
que era sumo-sacerdote de Ápis e um dos principais dignitários da época. Não é de
surpreender que o grande explorador, ao entrar na tumba e ver os objetos intactos, tais
como haviam sido colocados 31 séculos antes, se sentisse emocionado e rompesse em
lágrimas.A pompa e o esplendor com que se celebrava o culto do touro Ápis em Mênfis
e em Tebas explicam a apostasia dos israelitas no deserto. Quando, depois de haverem
feito um bezerro de fundição, disseram: “Eis aí os seus deuses, ó Israel, que tiraram
vocês do Egito!”, eles estavam tão acostumados a ver, inclusive, os mais poderosos de
seus capatazes render honras a essa suposta personificação da divindade que no próprio
Sinai se entregaram à adoração que durante tanto tempo haviam observado. Eles “se
corromperam, desviando-se do caminho que o Senhor lhes havia ordenado”.
Ver tb: Is 19:13, Jr 2:16, Jr 44:1, Ez 30:13, Os 9:6
fonte: BIBLIA THOMPSON