BAHÁ I

 

1 – HISTÓRICO

 

O bahaísmo foi oficialmente organizado em Acre, Palestina, por um nobre exilada persa, hoje conhecido pelo      nome de Bahá’u’lláh (Glória de Deus) e instituído por seu filho, Sir ‘A’bdul-Bahá Bahai ou Servo da Glória de      Deus. Declaram que possuem mais de um milhão de adeptos no mundo.

 

“E impossível compreender a fé bahaísta sem um conhecimento do Islã, como seria impossível compreender o      cristianismo sem um conhecimento do Velho Testamento.” O bahaísmo está saturado com as concepções      islâmicas. Em 570 AD nasceu em Meca, na Arábia, uma criança chamada Maomé, destinada a mudar a      religião, a política e a cultura de grande parte do mundo. Foi Maomé seguido por aqueles que não adoravam      imagens. Quando morreu, em 632 AD, a maioria de seus seguidores elegeu Abu Bakr como o vigário ou      sucessor. Este foi sucedido por outros líderes que propagaram a fé islâmica ou maometana.

 

Por volta de 1815 a civilização do Islã, outrora brilhante, começou a declinar. Pairava sobre o mundo a      expectativa da volta de Cristo. O Islã estava dividido em duas correntes principais: sunitas e xiitas. Metade      esperava Cristo. Através da devoção e do conhecimento profundo de dois homens eruditos, Shaykh Ahmad e      Siyyid Kazim, um pequeno grupo de pessoas fora preparado para buscar e reconhecer o Prometido quando      este se declarasse. Após a morte de Kazim, um outro discípulo chamado Mulla Hussayn saiu à procura do      Prometido; sentiu-se impelido para a cidade de Shiraz, onde encontrou um jovem, às portas da cidade, de      fisionomia radiosa, com turbante verde. Era véspera de 23 de maio de 1844.

 

O ano de 1844 fora afixado como o ano da volta de Cristo (ano 1260 da era muçulmana). Daquele encontro      acima mencionado com o jovem de 25 anos, descendente do profeta Maomé, ele foi reconhecido como o      Prometido. Adotou o nome de O Bab (A Porta) e foi precursor de Bahá’u’lláh, como o Batista foi o precursor de      Jesus Cristo, sua principal mensagem (do Bab) era que, após nove anos, surgiria um outro enviado de Deus      para iniciar uma nova era, um novo ciclo profético. Esse Bab foi reconhecido por dezoito crentes denominados      por ele de Letras da Vida; estes deveriam propagar a fé por todos os lugares. O clero muçulmano perseguiu      atrozmente aquele grupo, temendo perder a influência sobre o povo e alegando ser aquela seita um perigo para      a religião muçulmana e para o próprio Estado.

 

O próprio Bab foi condenado e morto em Tabriz, no dia 9 de julho de 1850, com 30 anos de idade. Seu nome      civil era Mirza ‘Ali Mohamed. Pressentindo seu fim, transferiu o título de Bab para um de seus discípulos; enviou      seus sinetes e escritos a Mirza Husayn Ali, um de seus amigos e principais protetores. Os restos do Bab      repousam num artístico mausoléu erigido nas fraldas do Monte Carmelo, em frente á Baía de Haifa (Israel).

 

Mirza Husaun Ali nasceu em Teerã, em 12 de novembro de 1817. Seu pai era um nobre de grande opulência,      possuindo um importante cargo de ministro na corte do Xá. Com a morte do pai, Mirza renunciou ao cargo que      lhe fora oferecido; sempre lutou em favor dos pobres e necessitados. Os outros seguidores ao Bab      reconheceram nele o verdadeiro Prometido. Denominaram-no de Bahá’u’lláh; isto aconteceu em 1863.

 

Anteriormente ele havia sido encarcerado junto com os outros seguidores do Bab; havia sido desterrado para      Bagdá em 1852. Dali foi levado preso para a cidade de Akká (São João do Acre), onde ficou 20 anos. Durante      todo esse tempo revelou seus ensinamentos; dirigiu-se aos reis e principais governantes, anunciando sua      condição messiânica; seu único erro era “desejar o bem do mundo e a felicidade das nações, que as guerras      desaparecessem e reinasse a paz”.

 

Enquanto esteve em Bagdá, Bab escreveu três de suas mais importantes obras: O Livro da Certeza, é uma      explanação clara das escrituras do judaísmo, do cristianismo e do islamismo; Os Sete Vales, foi escrito em      resposta ao pedido de um eminente sufi, descrevendo a jornada do homem para Deus: As Palavras Ocultas,      consideradas de uma beleza extraordinária mesmo entre a literatura da Pérsia.

 

Depois do dia 21 de abril de 1863, quando Mirza declarou que era aquele a quem Deus tornaria manifesto e      quando os seus seguidores o aceitaram como tal, a fé do Bab seria a fé bahá’i e seus adeptos bahá’is.

 

A partir de 1868, quando Bahá’u’lláh e seus companheiros foram mandados para Akká, na Terra Santa, ele foi      viver em Bahjí, a uma pequena distância de Akká. “Foi neste lugar que Edward Granville Browne, catedrático da      Faculdade de Pembroke, da Universidade de Cambridge, foi recebido por Bahá’u’lláh.”

 

No dia 29 de mato de 1892 Bahá’u’lláh faleceu com a idade de 75 anos, havendo designado em seu testamento      a seu filho mais velho, Abbas Effendi, como o Centro do Convênio, o modelo de seus ensinamentos. Os restos      mortais de Bahá’u’lláh encontram-se na mansão de Bahjí, próximo a Akká (Israel).

 

Abbas Effendi adotou o título de ‘Abdu’-Bahá (Servo de Deus). Ele, desde sua infância, havia acompanhado as      perseguições sofridas pelo pai, desde a masmorra em Teerã. Jovem de 24 anos, seguiu para Akká; depois de      40 anos foi posto em liberdade, depois da derrota das forças responsáveis pelas perseguições a seu pai e      outros bahá’is. Assim, em 1908 viajou para o Ocidente, levando a mensagem para o Egito, França, Inglaterra e      Estados Unidos. Foi duas vezes à Inglaterra, em 1911 e em 1913; os jornais provam que suas visitas não      passaram despercebidas.

 

Durante a guerra de 1914 -18 Abbas Effendi alimentou o povo da Palestina, preservou os cereais da destruição      pelos turcos e abasteceu o General Allenby de alimento para seu exército quando conquistou a Terra Santa.

 

Pelas jornadas no Ocidente discursava diante de toda espécie de sociedades, clubes, igrejas; não admitia      distinção de religião, cor, raça, nação ou classe. Associou-se com naturalidade a cientistas, economistas,      negociantes, educadores.

 

Abbas Effendi explicou e ampliou os ensinamentos do pai. Seus discursos registrados e suas cartas escritas      constituem uma grande parte da escritura bahá’i.

 

Quando faleceu em 1921, em Haifa, Abbas Effendi nomeou Guardião da Fé a seu neto Shogji Effendi, que se      achava estudando na Inglaterra. Este, durante trinta e seis anos, organizou a ordem administrativa Bahá’i e      realizou as tradições das sagradas escrituras da seita. Faleceu em 1957 e deixou uma comunidade mundial  bem organizada. Desde 1963 a Casa Universal da Justiça dirige a fé, estabelecida em mais de 395 países e      territórios.

 

O Centro Mundial Bahá’i está situado nas encostas do Monte Carmelo, onde se encontra a Casa Universal da      Justiça. O organismo é composto de nove membros, eleitos a cada cinco anos, exercendo o poder legislativo.

 

Todos os centros bahaístas são iguais e a administração é feita por organismos eleitos em três níveis: local,      nacional e internacional. A responsabilidade da propagação da fé bahaísta cabe aos adeptos, como voluntários      (chamados de pioneiros). O proselitismo é proibido bem como pedidos de auxílio.

 

Cada comunidade bahaísta é formada de crentes maiores de 15 anos e é regida pela Assembléia Espiritual      Local, eleita anualmente no dia 21 de abril, entre os adeptos maiores de 21 anos. E composta de nove pessoas      que obtiveram maior número de votos. As Assembléias Locais de uma nação encontram-se sob a direção da      Assembléia Espiritual Nacional eleita de maneira semelhante como um Convenção Nacional. Formam a      Assembléia Espiritual Nacional os nove mais votados, sem distinção de sexo, com mandato de um ano.

 

Os componentes das Assembléias têm os mesmos direitos e devereis. As Assembléias nomeiam seus      oficiais: presidente, vice-presidente, secretário e tesoureiro, e outros, como bibliotecário. As Assembléia      Nacionais estão sob a direção da Casa Universal da Justiça. Duas instituições auxiliam no ensino e proteção      da fé Bahá’i: Mãos da Causa, estabelecida pelo Bahá’u’lláh, e Corpo de Conselheiros Continentais.

 

Atualmente existem mais de 70 mil Centros Bahá’is no mundo todo, formados de adeptos de todas as raças,      classes sociais e procedentes de todas as religiões.       Na Espanha existe uma Editora Bahá’i, com sede em Tarrasa; também existe um curso de informação      gratuita. A literatura bahaísta é numerosíssima, traduzida em pelo menos 60 línguas e dialetos; há diversas      editoras em todo o mundo, sendo a principal é Editora Bahá’i Indo-Latino-Americana, em Buenos Aires.

 

Os dois principais templos encontram-se na Rússia (em Isqabad) e nos Estados Unidos (Wilmette, Illinois). A      revista mensal World Order Magazine é dos bahá’is.       O livro sagrado dos bahá’is chama-se Qitáb’Aqdàs.

 

A seita chegou ao Brasil no dia lº de fevereiro de 1921, com a bahaísta Leonora Stilling Armstrong, considerada      como a mãe espiritual dos bahá’is da América do Sul. Foi implantado o bahaísmo no Brasil, em Goiânia,      através do casal Heshmat Pezeshkzad e Zia Pezeshkzad, em 1969. Existem bahá’is em Brasília, Aparecida de  Goiânia, Anápolis, Rio Verde. A seita já atingiu Recife e Belo Horizonte, bem como outras capitais brasileiras.

 

Em 1981, a Assembléia Espiritual de Recife distribuiu um documento esclarecendo que são falsas as      acusações do Irã dizendo que os bahá’is são espiões em favor de Israel. Os bahá’is não estão ligados ao      sionismo.

 

“De acordo com claras disposições dos ensinamentos da Fé Bahá’i, seus centros, espiritual e administrativo,      devem sempre estar unidos em uma localidade. Desta forma, como um ato de fé, os bahá’is não podem      remover da Terra Santa seu Centro Mundial Administrativo, separando-o do Centro Espiritual. E portanto para      aquela terra – uma terra tida como santa por seguidores de três outras fés mundiais e para a qual os peregrinos      bahaístas viajam para visitar o Qiblih de sua religião, e outros locais estreitamente associados aos seus      fundadores. ”

 

As contribuições enviadas pelos bahaístas servem para manter os santuários sagrados e propriedades      históricas, bem como para a administração de sua fé. Não aceitam contribuições dos não bahaístas, na Terra      Santa. Não aceitam ajuda do governo.

 

No Irã o bahaísmo é muito perseguido. Em 20 de julho de 1981, assembléias nacionais e locais de todo o      mundo enviaram telex ao Secretário Geral das Nações Unidas, Kurt Waldheim, pedindo a intervenção da ONU      no Irã em nome dos direitos humanos. A repercussão dessa medida foi a ameaça feita pelo Mercado Comum      Europeu de paralisar a venda de alimentos ao Irã, caso continuassem as perseguições.

 

II – DOUTRINAS E REFUTAÇÃO

 

A Unidade do Gênero Humano e das Religiões – Bahá’u’lláh dizia aos homens: ”Sois folhas de uma           mesma árvore e frutos de um mesmo pomar? Todos os seres humanos somos filhos de um só Deus, pelo     que formamos uma só família. Deus ama a todos, sem importar-se com a raça ou a cor da pele. Por que    nos consideramos estranhos uns aos outros? ” ‘Abdu’l-Bahá dizia: ”Deve-se considerar o mundo como           um país, todas as nações como uma só, todos os homens como pertencentes a uma só raça. As divisões           feitas pelo homem são pura fantasia. A unidade da humanidade pode ser realizada na atualidade e isto é   uma maravilha desta época surpreendente.” Para os bahaístas, segundo os ensinamentos de seu     profeta, todas as religiões estão fundamentadas sobre ensinamentos básicos idênticos, pois procedem           da mesma fonte, o único Deus. As disputas são motivadas pelo apego às aparências e rituais externos.

 

Chegará o dia em que todas se unirão.

 

Religião é oposta às inimizades e ao ódio, à tirania e à injustiça. O ódio religioso são como um fogo que           devora o mundo. Os profetas ensinam a paz e o amor. Se todos seguissem os ensinamentos de sua           religião, amar-se-iam uns aos outros, havendo harmonia e união entre todos.

 

Bahá’u’lláh dirigiu-se a reis e dirigentes religiosos de sua época, exortando-os a estabelecerem a paz.           para proporcionar a felicidade de seus súditos e seguidores. A guerra deveria ser abolida dentre os           homens, pois não constitui um símbolo de grandeza para os povos e os homens, antes significa que os           homens não estão dispostos a estabelecer a paz. Para o seu profeta, um dos maiores avanços para a           paz seria o estabelecimento de uma língua universal auxiliar; havendo muitas línguas e a impossibilidade   de aprendê-las, os homens não se entendem entre si. Este idioma seria ensinado em todas as escolas     do mundo junto com a língua materna.

 

Os bahaístas professam a existência de um só Deus, distinto do mundo. Abraçam um credo monoteísta, já que o islamismo aproveitou muitos temas do judaísmo e do cristianismo. Conforme seus   ensinamentos, Deus se dá a conhecer por seus profetas: Moisés, Daniel, Cristo, Maomé, e por último  Bahá’u’lláh, com quem as manifestações da divindade chegaram à consumação. Para a fé bahaísta           devem convergir todos os credos da humanidade, para que haja unidade e união dos seres humanos. A    religião bahaísta está fadada a ser a religião universal. Um novo período na terra está para ser inaugurado     e a religião bahá’i tem condições para tanto. Os cristãos denominam este período de milênio ou           instauração do reino de Deus na terra, que significa o pleno conhecimento do Senhor.

 

Quando a religião bahá’i tiver estabelecido sua Nova Ordem mundial, com a aquiescência de todas as           religiões e todos os governos, será iniciada a Nova Era para o mundo e levará a muitos           desenvolvimentos em idades e eras futuras. Deve haver o estabelecimento de uma comunidade mundial           em todas as nações, raças, credos e classes; essa comunidade mundial deve possuir uma legislatura           mundial, cujos membros, representantes de todo o gênero humano, virão a controlar todos os recursos           das respectivas nações e criar as leis necessárias para todos.’

 

Em refutação a todos esses pensamentos que parecem e são na verdade muito bonitos e permeados           dos mais nobres ideais, podemos afirmar que tal esquema religioso, relativista e eclético, não resiste a           um sério exame da lógica. Abraão, Moisés, Cristo colocam-se numa mesma linha homogênea,           ascensional; “são arautos progressivos da revelação divina, de sorte que as suas respectivas           mensagens se concatenam entre si”.

 

O VelhoTestamento e o Novo estão intimamente relacionados entre si e apresentam ensinamentos   progressivos, isto é, de doutrinas mais rudimentares para doutrinas mais perfeitas. Entre o cristianismo e o islamismo não há tal continuidade. Maomé misturou algumas proposições das Escrituras com crenças    pagãs. .Bab apresentou-se como o continuador de Maomé. Bahá’i’lláh modificou vários elementos característicos do islamismo.

 

O bahaísmo, assim como inúmeras religiões, pretende ser a religião de cúpula, a resposta a toda           procura do ser humano. Possui a tendência de incentivar o menor esforço dos homens; reduz ao mínimo           suas proposições doutrinárias e insiste na ética natural, de acordo com a consciência de cada um; o           subjetivo está acima do objetivo e isto dá-lhe comodidade: tira da pessoa o autêntico senso religioso; a           pessoa é livre para fundar, fundir, refundir, desfazer, segundo o seu bom senso pessoal. Deus passa a           ser considerado como uma projeção da mente humana.

 

Ser um bahaísta significa ter amor a todos, amar a humanidade e procurar servi-la, trabalhar pela paz e           pela fraternidade universal; é uma pessoa dotada de todas as perfeições humanas em ação – quase           nada tem a dizer sobre Deus e os desígnios divinos ou sobre os temas teológicos propriamente ditos.

 

Jesus, como observamos, é considerado um profeta a mais na revelação progressiva de Deus. Não é   reconhecido como o Filho de Deus, o Salvador da humanidade. Sabemos entretanto que a fé bíblica não    se baseia em filosofias humanas e sim na revelação suprema de Deus em Jesus Cristo; Jesus não   prometeu uma paz mundial, de cunho político; prometeu-nos a paz individual, e a cidadania no seu reino           (João 14:27; 16:33; 18:36; Col. 1:13).

 

Somente através dele é que temos acesso ao Pai eterno (João 14:6; At. 4:12; Heb. 10:19,20). João   Batista testificou da plenitude de Jesus e do fato de ser Fflho de Deus (João 1:15-34). Cremos num    tempo em que os princípios apregoados pelos bahaístas hão de ser cumpridos para aqueles que  professam Jesus Cristo como Senhor (Fil. 2:9-11). Não cremos que isso acontecerá neste mundo, pois    o reino de Jesus Cristo não é deste mundo, é espiritual e não temporal. Cumprir-se-á a profecia de Isaias           (Is.11 :1-16). Haverá um novo céu e uma nova terra; haverá uma nova Jerusalém (Apoc. 21); entretanto    tudo isso pode ser compreendido e aceito no plano espiritual e não no temporal.

 

Antropologia – A fé bahaísta admite a existência, no homem, de um princípio espiritual ou de uma alma           imortal. Esta vive uma só vez na terra; não se reencarna; contudo, após a morte, separada do corpo,           ainda pode evoluir–e aperfeiçoar-se. Seria uma idéia semelhante ao purgatório. Bahá’u’lláh comparou a   vida da pessoa neste mundo com a vida do bebê no ventre materno; possui poderes para utilizar no           futuro, quando o espírito estiver separado do corpo.

 

As afirmações sobre a vida após a morte são vagas. A alma gozará de uma vida mais livre e mais           completa. Os bahaístas não recomendam a comunicação com as almas do além. Apenas os “profetas e           santos” têm suas faculdades “sintonizadas com vibrações mais elevadas” e, portanto, sua visão           espiritual permite contatos com Deus e com outros mundos. O céu e o inferno são níveis de consciência           e percepção espirituais. O céu é a proximidade com Deus e a capacidade de usufruir das graças do seu           reino; o inferno é o estado de imperfeição e a incapacidade de sentir alegria espiritual, devido à ausência           de faculdades espirituais.

 

Ainda quanto á antropologia, os bahaístas apregoam a igualdade entre o homem e a mulher, igualdade de           direitos, igualdade de educação. Mães bem-educadas terão filhos bem-ensinados. Se forem religiosas, ensinarão o temor de Deus aos filhos; a humanidade não alcançará seu mais alto nível de civilização           enquanto a parte feminina permanecer em condições inferiores. Os bahaístas defedem a necessidade           de todo ser humano receber instrução e educação; cada pessoa deve estar capacitada para ganhar a    vida e servir á comunidade. Os ideais da educação são nobres, entretanto, através das próprias  afirmações dos bahaístas, deduzimos que a educação é vista como um meio para nos libertarmos das  imperfeições. “O mal é a imperfeição. O pecado é o estado do homem no mundo da natureza mais  baixa… através da educação podemos nos libertar dessas imperfeições” – ‘Abdu’l-Baha. Sabemos que o          mal somente pode ser tirado por Jesus Cristo (Rom. 5:1-11; Heb, 10:1-20).

 

A Mística dos Números, Nomes e Letras – Apesar da sobriedade na doutrina, os ensinamentos  bahaístas são explícitos e extravagantes quanto á mística dos números, nomes e letras. O número    sagrado é 19, pois – “em nome do Deus benigno e misericordioso” – em árabe, tem 19 letras; são  consideradas como a “manifestação da divindade”. E também símbolo da divindade: a palavra Walúd (=Um) compõe-se de quatro letras que representam respectivamente os algarismos 6, 1, 8 e 4, os quais           somados dão o número 19.

 

O atributo “o Vivente”(Hayy), característico da divindade, escreve-se com as letras cuja soma é 8+10=18;           adicionando-se a isto a unidade (base de toda multiplicidade) chega-se mais uma vez ao total l9. Bab  escolheu 18 discípulos que, com ele, formavam um grupo de pessoas denominado “A Epístola Vivente”  ou “Letras da Vida”. O produto 19 X 19, isto é, 361, também é santo, pois representa o mundo inteiro; as           palavras Kullu shay (todas as coisas) constam de letras árabes cujo valor numérico é respectivamente           20, 30, 300 e l0; a estes números, acrescentando-se a unidade, atinge-se o total de 361. O número 19 é           o símbolo de Deus; 19 ao quadrado é o do universo. Assim, os bahaístas tomam o número 19 como  base de seus sistemas cronológico e monetário. O ano bahá’i compreende 19 meses de 19 dias cada           um; a esses 361 dias acrescentam-se mais quatro, para corresponder ao ano solar. Uma vez por mês o           dia tem o mesmo nome do mês: é ocasião festiva. Os nomes de alguns locais e cidades são adaptados   segundo as letras que dêem o número 19 como resultado da soma. Esta explicação e aplicação dos           números aos eventos e pessoas trazem ao bahaísmo o descrédito de muitos, por causa de seu           misticismo e falta de coerência em alguns casos.

 

Consumação do Cristianismo – Para os bahaístas a revelação de Cristo foi para sua própria época;           atualmente não é mais a orientação para o mundo; ficamos em trevas totais se rejeitamos a revelação da           presente dispensação. Todos os ensinamentos do passado são coisas do passado “Abdu’l-Bahà está           agora abastecendo o mundo” – C. M. Remey.

 

Eles apelam para alguns textos do evangelho para mostrar que este não constitui senão uma etapa provisória      na história das revelações divinas. Os trechos mais focalizados são: João 14:25 e 26 e16:12 e 13, onde Jesus      afirma que o Espírto Santo ensinaria aos apóstolos todas as coisas e levaria à verdade completa. Querem     dizer os bahaístas que Cristo não consumou a sua obra e que ainda havia muitas coisas a revelar. Bahá’u’lláh     trouxe a revelação para os dias atuais.

 

Entretanto, observamos que em João 14:25 e 26 Jesus dá por encerrada a sua missão doutrinária. Seus      ouvintes, sabia ele, não haviam compreendido tudo. O Espírito Santo prosseguiria na missão de Jesus,      preservando do esquecimento os ensinamentos do Mestre e ajudando a penetrar no sentido dos mesmos.

 

Esta promessa dizia respeito aos primeiros discípulos e também a todos quantos haveriam de crer através dos      séculos. A missão do Espírito Santo, segundo o dito de Jesus, não seria ensinar novas verdades mas fazer      compreender as verdades ensinadas por Jesus. Em João 16:12 e 13, Jesus fala do Espírito Santo que não      falaria de si mesmo mas daquelas coisas que Jesus lhe desse a conhecer. O Espírito Santo estenderia os     ensinamentos de Cristo para levar os discípulos à plenitude dos conhecimentos da revelação cristã. Depois do      Pentecoste, os apóstolos estavam aptos a discernir e entender a plenitude da mensagem do evangelho que o      Espírito Santo lhes comunicou.

 

 

As novas comunicações anunciadas por Jesus em João 16 eram para os apóstolos e não para seus      sucessores, que já compreenderiam as verdades, dada a inspiração e a obra do Espírito Santo. Esse      ensinamento posterior do Espírito Santo, contudo, não seria estranho nem heterogêneo em relação ao de      Cristo; procederia da mesma fonte suprema, o Pai celeste.

 

Para nós, o bahaísmo é apenas uma pobre imitação do cristianismo. Bahá’u’lláh não passa de uma imitação      de Jesus; as “tabuinhas inspiradas” dos bahaístas são escrituras falsas, pois são obra de homens; o “batismo      espiritual”, a “terra santa”, “as beatitudes”, “A Festa da União”(substituta da Ceia do Senhor), sua imitação do      Pentecoste são toques aparentemente cristãos para enganá-los.

 

Podemos resumir as doutrinas dos bahaístas assim:

 

  • Existe um só Deus.
  • A revelação divina constitui um processo contínuo e progressivo.
  • Há uma só religião, tornando um só bloco.
  • Todos os preconceitos, tais como: religião, cor, nacionalidade, classe, sexo e pessoal devem ser abandonados.
  • Pregam a paz internacional.
  • Deveria surgir um idioma internacional auxiliar.
  • Há necessidade de educação para todos.
  • Há igualdade de sexo.
  • Deve haver abolição da escravidão industrial, isto é abolição da pobreza. Cada ser humano deve receber de acordo com sua capacidade e necessidade.
  • Deve ser cultivada a santidade pessoal; trabalhar no espírito de servir é adorar.
  • O mal não tem existência verdadeira.
  • Não possuem sacerdotes, nem rituais, nem cerimoniais.
  • Rejeitam a reencarnação.
  • Todas as grandes religiões são de origem divina.
  • Cada pessoa deve investigar particularmente sua fé.
  • Um bahá’i devetar amor a todos e amar a humanidade e procurar servi-la.
  • A religião e a ciência devem estar em conformidade uma com a outra.
  • Seu número sagrado por excelência é o 19.
  • Sua escatologia mostra-se muito contraditória e pode ser comparada à dos adventistas do sétimo dia, pois, baseados
  • numa profecia de Daniel, esperavam a volta de Cristo em 1844.

 

Podemos chegar às seguintes conclusões: O ideal dos bahaístas é imperativamente ético; nada têm a      apresentar sobre Deus e seus desígnios para a humanidade; não falam da salvação em Cristo, mas apenas de      seguir seus ensinamentos; não têm fundamentos bíblicos ou teológicos; sua doutrina é um apanhado de todas     as grandes religiões.

 

Finalizando, o bahaísmo tem muito em comum com a Teosofia, que apresentamos também neste volume:      ambos dão ênfase à idéia de que há necessidade de um porta-voz divino para os dias atuais, que acrescente      algo mais às palavras de Jesus; os bahaístas afirmam que esse porta-voz divino foi Bahá’u’lláh; concordam      ambas, a Teosofia e a Fé Bahà’i, que todas as religiões são uma só.

 

O bahaísmo também possui alguns postulados aceitos pelo espiritismo. Cristãos verdadeiros, autênticos, não      podem aceitar a maneira de pensar dos espíritas, pois a mensagem do evangelho não se coaduna com elas.

 

Ser cristão é seguir a Cristo, seguir a Palavra de Deus, vivê-la, sem buscar novos conhecimentos em outros      homens, pois a Bíblia nos apresenta toda a revelação necessária para nossa vida cristã.

 

 

NOTAS BIBLIOGRÁFICAS

 

  • MULLER, William Mc Elvee, What is the Bahái faith?, p. 11.
  • HOFMAN, David. Renascimento da civilização (Ed. Bahá’i, RJ. p. 27. Diário de Pernambuco, 04/08/81, “Bahá’is Condenam Acusações do Irã e Fazem Reunião”.
  • Pergunte e Responderemos, 218/1978, p. 73. Artigo: “Mais um Credo Religioso Oriental: A Crença Bahá’i”. Idem, p. 77.
  • VAN BAALEN, Jan Karel, O Caos das Seitas.

 

 

 

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