“ E os reis da terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos,
e os poderosos, e todo o servo, e todo o livre, se esconderam
nas cavernas e nas rochas das montanhas. E diziam
aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos
do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da ira
do Cordeiro. Porque é vindo 0 grande dia da sua ira. (Ap
6.15-17b).
Outros textos bíblicos similares mostram-nos que a
ira de Deus pode manifestar-se cada dia. Virá, porém, um
dia particular reservado à manifestação da ira divina, o
dia do Senhor, conforme está predito, será o dia da ira e da
indignação divina (Ez 7.19; Sf 1.15,18; Mt 3.7; Lc 21.23;
Rm 2.5; 1 Ts 1.10; Ap 6.17; 11.18 e ss). Devemos, porém,
ter em mente cada detalhe do irrompimento da ira divina
durante o sombrio tempo da Grande Tribulação: seu sentido
natural, divino e escatológico ao mesmo tempo.
a. O papel da ira divina no Antigo Testamento é de
muito maior significância. Repetidas vezes diz que Deus é
um Deus zeloso e irado em aversão ao pecado. Sua ira pode
ser apresentada em termos bem drásticos (SI 2.5; Is 13.13;
30.27,28; Jr 30.23,24). O encontro do homem com o que é
santo poderia ser perigoso (Gn 32.25; Êx 4.24; 19.9; Is 6.5),
mas esse perigo seria afastado se houvesse arrependimento;
isto porque a ira de Deus deve ser vista como expressão
da sua santidade e retidão.(50)
Ela. às vezes, indicava a natureza pessoal e viva do
zelo de Deus, cujos caminhos são além do homem. Alguns
textos exemplificam a força deste argumento (Gn 32.23 e
ss; Êx 4.24 e ss; 1 Sm 26.19; 2 Sm 16.10 e ss; 24.1). Esta ira,
porém é cercada pela experiência da vontade de Deus na
aliança, em justiça e amor.(’1)
Em termos técnicos: “ O dia do Senhor” é tomado (por
extensão) para expressar o significado do pensamento du65
rante o sombrio tempo da Grande Tribulação (Is 2.12-19;
13.9-13; 26.20,21; 34.1,2,8; Ez 30.2,3; J1 1.15; 2.1-3; 30-32;
3.12-16,18; Am 5.18-20; Ob vv. 15 a 17; Sf 1.14,15.17; Zc
12.2,9,10; 14.1-5,8,9,20; Ml 4.1-3; 1 Ts 5.2,3; 2 Ts 2.2 etc).
b. Na Bíblia esta era escatológica e designada por vá-
rias expessões, tais como: “ dia” , “ hora” , “ tempo” , etc.
Em Malaquias 4.1: “ Aquele dia” ; em Daniel 12.1; “ Naquele
tempo” ; e em Apocalipse 3.10: “ Hora da tentação” .
A expressão “ no fim dos dias” (BEAHARIT HAYAMIM
= Dn 10.14) é usada nas obras proféticas do Antigo
Testamento como fórmula escatológica (Is 2.2; Jr 23.20;
48.47; 49.39; Ez 38.16; Os 3.5; Mq 4.1) que caracteriza 0 final
do tempo presente e engloba os eventos imediatamente
anteriores (Ez 38.16). E posteriormente a esse final (Is 2.1
e ss e outros). Em Jeremias 31.1 ela se apresenta sob a forma
conhecida de Daniel 12.1: “ naquele tempo” (ΒΑΈΤ
HAHI), em Ezequiel 38.18 sob a forma “ naquele dia”
(BAYON HAHU).
O termo “ dia do Senhor” , ou YOM YAHVÉM, aparece
no Antigo Testamento apenas em passagens restritamente
relacionadas com o tempo da angústia de Jacó (Jr
30.7). A noção associada a esse tempo provém da tradição
da guerra santa e permite reconhecer os seguintes elementos
básicos que expressam o sentido de cada argumento:
em futuro próximo Deus haverá de intervir na história de
Israel com armas destruidoras: armas mortais ((Is 13.6; Ez
7.7,10,12; J11.15; 2.1; Ob v 15; Sf 1.7-14) mas esta ira será
extensiva a outros povos (Is 13.6 e ss; 34.1 e ss; Jr 46.10; Ob
v 8 e ss; Zc 14.1 e ss).
c. Vingança e devastação na ordem do dia (Is 22.5;
34.8 e ss estão; Ez 7.12 e ss; Sf 1.8 e ss; 2.4 e ss; 2.4 e ss), até
mesmo a ordem do mundo é abalada pela influência dos
tais acontecimentos (Is 13.10; 34.9 e ss; Ez 30.18; J1 2.1;
3.4; Zc 14.6 e ss). Conclama-se à luta para que Deus tome
vingança (Is 13.2; Jr 46.3 e ss; J1 3.9 e ss; Ob vl e ss); medo
e extremo terror (Is 13.7; J1 2.6), dores e convulsões (Is
13.8) acometerão as pessoas, aflições virão sobre elas (Sf
1.15) e suas mãos desfalecerão (Is 13.7; Ez 7.17).
A impressão de que essa fórmula terminológica descreve
o dia do Senhor ainda é confirmada pelo fato de, nos
textos em que ela aparece expressamente com YOM HAHVÉH.
Indica “ naquele dia” – isto é: futuro (Is 2.12,17,20;
Ez 30.3,9; Sf 1.7,8,9,10).
Passagens também tais como Isaías 22.5,8,12 e Zc
14.1,4,6,8,13,20,21, expressam também o mesmo sentido.
Em algumas veisões comentes os ־verbos e aàvéibios deixam
entrever entre linhas as seguintes expressões:
“ Dia da consternação” (Ez 7.7); “ dia da ira do Senhor”
(Ez 7.19: Sf 1.15: 2.3): “dia do sacrifício do Senhor”
(Sf 1.8): “ dia da vingança” (Is 34.8; 63.4); “ dia de nuvens
tenebrosas” (Ez 30.29 – A “hora dos pagãos” ); “ dia da aflição”
(Ob w 12.14; Sf 1.14,15); “ o ano da represália” (Jr
46.10). Da mesm forma pode ser aludido a esse dia através
do plural “naquele dia” , para “ naqueles dias” (J1 3.1); e finalmente
através de uma expressão que já em Jeremias
4.11 estivera em paralelo a “ naquele tempo” e que é conhecida
em Daniel quinze vezes: “ o tempo do fim” = “ naquele
tempo” (ΒΑΈΤ HAHI = J1 3.1; Sf 1.12; 3.19,20).
A reprodução de YON YAHVÉH por “ tempo” (Έ Τ)
segundo Zimmerli, está documentada principalmente por
Ezequiel no capítulo 7.(52) Sinônimo de “ está próximo”
respectivamente: “ É chegado o dia” e a formulação “ é
chegado o tempo” (BA Η ΑΈ Τ = 7.7,12 = Ezequiel). Esse
tempo é para os profetas o’ “ tempo do castigo” (BET
AVON QES = 21.30,34; 35.5 = Ezequiel – “ tempo da extrema
iniqüidade).
Todos esses termos e seus correlates apontam por referências
ou inferências para o período sombrio da Grande
Tribulação. Nosso Senhor, em seu imortal ensino, sempre
usou, a expressão dia no plural: “ …logo, depois da aflição
daqueles dias…” (Mt 24.29; Mc 13.19,24, etc).
d. Em algumas seções da Bíblia (especialmente no
Antigo Testamento), a ira divina é retratada como “ ira natural”
. Ira descarregada apenas entre filho e pai; Deus se
ira contra Moisés por sua relutância em não o atender (Êx
4.14, etc); porém, é evidente que a ira divina propriamente
dita é (e vai) além disso, por três razões importantes:
Primeiro: sua ira natural vista no contexto paterno, se
ira, castiga, mas não destrói.
Segundo manifestada sua ira visando a uma punição é
sempre contra as nações (Is 10.25; 13.3; Jr 50.13; Ez 30.15;
Mq 5.14). Vem sobre todos aqueles que o abandonam (Ed
8.22) ou aqueles que são literalmente ímpios (=sem Deus).
Não cai sobre os homens sem advertência prévia (Êx
22.23,24; 32.10; Dt 6.13 e ss). Jeremias adverte que Deus
derrama sua ira sobre os desobedientes (Jr 7.20)
Pronuncia-se julgamento sobre os ímpios e sobre nações
inteiras, enviando a espada, a fome e pestilência (Ez
6.11 e ss), a destruição (Is 63.6 = esta porém é técnica para
o futuro; Hc 3.12), aniquilação – devastação (Dt 29.22; Jr
25.37,38); despovoamento (Jr 50.13), dispersão (Lm 4.16, e
queima da terra (Is 9.18,19). Na concepção do profeta
Oséias (13.11) classifica-se esta ira divina até sobre monarquia.(51׳(
Porém, dada a fraqueza humana e a supremacia de
Deus, esta ira não precisa durar para sempre. Repetidas
vezes ela é declarada como durando só um “momento!” .
(Cf SI 30.6; Is 26.20; 54.7; etc.)
Terceiro: Agora chegamos no verdadeiro estado de ira
divina. Ela é então, declarada no Novo Testamento com
predições escatológicas = Ira Futura (1 Ts 1.10). No Apocalipse,
thymos significa quase que exclusivamente a ira
divina. O quadro da ira de Deus (oinos tou thimou) é uma
expressão marcante do julgamento divino (Ap 14.10;
16.19; 19.15) que o homem precisa beber; somente o ímpio
o sorverá, por assim dizer. A expressão vem do Antigo Testamento
(cf Jr 25.15-28). As expressões “lugar da cólera de
Deus” (Ap 14.19) e “taças da ira de Deus” (Ap 15.7; 16.1)
também são termos semelhantes. Observemos:
1) THIMOS. A palavra grega “thimos”, que significa
“um irrompimento de ira” emprega-se para a ira de Deus
em nove das dezenove vezes que aparece no Novo Testamento,
todas as nove vezes estão no livro do Apocalipse,
onde a ira divina é retratada ferindo somente os ímpios
(ver 11.18; 14.8, vem sobre Babilônia; em 14.19; 15.1, vem
sobre os exércitos em Armagedom; em 15.1,7; 16.1,19, vem
sobre os habitantes da terra).
2) ORGÉ. Esta segunda palavra, conforme declara o
termo, significa “um estado firme de ira”.(54)
Emprega-se também a respeito da ira de Deus cerca
de vinte e sete vezes no Novo Testamento. No texto do
Apocalipse 6.17, ela aparece como sendo a “ira ” de Deus e
a “ira” do Cordeiro. Esta ira de Deus e do Cordeiro (nunca
ocorre para o Espírito Santo), não indica alguma emoção
violenta; antes, sugere um termo técnico para julgamento
de forma versátil sobre seus inimigos. Paulo, chama esta
ira de “ira futura”’ (1 Ts 1.1) – E acrescenta: “Jesus… nos
livra da ira futura”. No Armagedom, Deus está em foco
como um guerreiro vingador: suas palavras ali são solenes:
“ …os pisei na minha ira, e os esmaguei no meu furor…” (Is
63.3). Prezado leitor, prepara-te para a eternidade! Se não
o fizeres – recairá sobre ti como assegura o vaticínio: “ …indignação
e ira aos que são contenciosos, e desobedientes à
verdade…” (Rm 2.8, etc).

 

fonte: Ecatologia Severino Pedro da Silva

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