Quando comecei a pregar, ainda em minha adolescência, preocupavame
em excesso com as reações do público. Queria que houvesse
manifestação positiva dos ouvintes durante a preleção, e elogios depois dela.
Eu estava certo de que a minha missão era pregar a Palavra de Deus, mas, ao
mesmo tempo, agia como se essa tarefa consistisse em deixar o povo
satisfeito. Por isso, debruçava-me sobre vários livros de Homilética, a fim de
saber como agradar o auditório.
Só percebi o meu desvio quanto à motivação para pregar quando
ingressei no seminário teológico. Apesar disso, não foram as aulas que me
fizeram ver a pregação com outros olhos, pois os professores de Homilética
também costumam priorizar o lado humano, salientando a importância de o
pregador saber falar bem e dentro do tempo, respeitando os ouvintes. Dois
fatores foram decisivos para a minha “transformação”: ter conhecido o pastor
Valdir Bícego, de saudosa memória, e, por providência divina, ter lido
alguns livros de verdadeiros homens de Deus.
Certo dia, quando eu retornava do seminário, um colega de sala —
infelizmente, não me lembro do seu nome — me indicou a clássica obra O
Guia do Pastor, de Ralph Riggs (citada acima). Este foi um dos livros pelos
quais o Senhor levou-me a uma mudança radical de atitude quanto à
pregação. Creio que foi nessa mesma época que li também O Homem que
Deus Usa, de Oswald Smith.
Mediante a leitura desses livros e o contato quase semanal com o
saudoso pastor Valdir Bícego, despertei-me para o estudo de outra ciência
igualmente necessária ao ministério do pregador vocacionado por Deus: a
Hermenêutica. Além disso, e principalmente, convenci-me de que o
compromisso do pregador da Palavra de Deus é, acima de tudo, com o Deus
da Palavra. E, desde então, conquanto eu respeite o povo do Senhor e os
ouvintes em geral, me empenho em ser fiel àquEle que dá a Palavra.
fonte: Mais Erros que os Pregadores Devem Evitar – Ciro Sanches Zibordi