Em um dia de março de 1936, dois rapazes caminhavam nas
proximidades do riacho que corre a oeste do montículo de Sheik Abreik, localizado em
uma ladeira a sudoeste da Galiléia, quando viram uma raposa se escondendo em uma
cova. Seguiram-na e perceberam que se encontravam no interior de uma grande
catacumba onde havia muitas sepulturas e cujas paredes estavam decoradas com
inscrições e desenhos pintados de vermelho. Os rapazes informaram o achado ao dr.
Benjamin Maisler, que reuniu um grupo de eruditos e, em companhia destes, entrou na
catacumba. Lá descobriram que algumas das inscrições na parede continham nomes de
sábios judeus. Ao percorrer as avenidas subterrâneas, perceberam que se achavam
dentro de um imenso cemitério escondido sob o montículo 10 de Sheik Abreik.
Chegaram à conclusão de que no local daquele cemitério havia florescido a antiga
cidade de Bete-Searim. Segundo Flávio Josefo, o Talmude e as demais fontes da
literatura judaica da Antiguidade, Bete-Searim estava localizada em algum lugar da
região e tinha um grande cemitério. Vários eruditos judeus viveram ali no passado e
haviam dirigido uma academia rabínica. O próprio Sinédrio reunira-se ali algumas
vezes. A aldeia havia alcançado grande fama, sobretudo por ter sido a residência do
Rabino, o patriarca de Judá I. O Talmude contém descrições da vida e obra desse
patriarca, da academia em que ele havia ensinado e de seu enterro na tumba que ele
havia preparado durante toda a vida. Outros desejaram ser sepultados perto dali, e o
lugar tornou-se o local de sepulturas de Bete-Searim, bem como para os judeus de
muitos outros países. Os líderes das sinagogas de Tiro, Sidom e Beirute e os homens
importantes da maioria dos países próximos, juntamente com seus familiares, quando
morriam, eram trazidos e sepultados nesse lugar. Podiam ser rabinos, escribas,
funcionários públicos, comerciantes ou artesãos. Generalizara-se a crença de que “ser
sepultado na terra de Israel era como ser sepultado sob o próprio altar”. Portanto, por
mais de um século, Bete-Searim foi o lugar para onde os judeus mortos eram
transportados. Provinham de lugares tão distantes quanto a Babilônia e o sul da Arábia.
Um erudito declarou: “Na realidade, aqui havia uma espécie de reunião póstuma do
povo judeu que havia estado disperso para além da Terra Santa”.O dr. Maisler logo
organizou uma expedição sob o patrocínio da Sociedade Palestina de Exploração
Judaica, tendo Pessach Bar-Adon como principal assistente e Zvi Bar-Adon como
arquiteto. Todavia, após a exploração preliminar das catacumbas, Zvi Bar-Adon
contraiu febre e foi substituído por Jacob Kaplan. As escavações em Bete-Searim
estenderam-se por quatro temporadas, entre 1936 e 1939. Foram descobertas onze
catacumbas no total. Uma sinagoga foi escavada na parte superior do montículo. Muitas
das catacumbas possuíam pátios, corredores e salões. Nos salões, havia muitos quartos
de diferentes dimensões, cujas paredes apresentavam numerosas cavidades. Os pátios, que ficavam diante dos salões das sepulturas, eram muito largos, e alguns estavam recobertos de mosaicos coloridos. As estradas possuíam portas de pedra, na maior parte
ainda com suas dobradiças. Algumas portas estavam intactas, porém a maioria havia
sido derrubada por intrusos. Na catacumba número 11, foram encontrados dezesseis
salões com portas de pedra. Esse salões possuíam muitos quartos com numerosos nichos
(cavidades) abertos nas paredes. Foram contados aproximadamente quatrocentos
sepulcros. Os caixões eram de madeira, de pedra, de chumbo ou de mármore, quase
todos adornados com um dos símbolos judaicos tradicionais: a menorá, o lulabe, o
enthrog, o shofar ou a pá de incenso. A catacumba número 20 possuía um pátio de
grande tamanho, com três entradas em forma de arco que conduziam a um salão muito
largo, de 50 m de comprimento, no qual foram encontrados cinqüenta sarcófagos de
pedra calcária e incontáveis fragmentos de sarcófagos de mármore. Muitos desses
ataúdes eram formosamente entalhados e apresentavam surpreendentes inscrições.
Foram encontradas cerca de duzentas inscrições, muitas das quais em grego. Somente
10% estavam em hebraico. Talvez a inscrição de maior destaque seja a que foi
encontrada em uma placa de mármore quebrada, colocada originariamente na parede do
mausoléu da catacumba número 11. O epitáfio proporciona uma prova clara de que os
restos arqueológicos de Sheik Abreik são, sem sombra de dúvida, os da Bete-Searim
antiga. A inscrição, conforme publicada pelo falecido professor Moshe Schwabe , diz
assim: Eu, Justo, filho de Leontios e Safo, encontro-me aqui morto.
Depois de tomar todo o fruto da sabedoria, deixei a luz, meus doloridos pais que se
lamentam incessantemente, e meus irmãos. Pobre de mim em (minha) Besa(ra). Depois
de descer ao Hades, eu, Justo, encontro-me aquicom muitos de meus parentes, porque
assim o quis o cruel destino. Consola-te, Justo, nenhum homem é imortal.

 

fonte: BIBLIA THOMPSON

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