MEDITAÇÃO
“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós que, em outro tempo, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia” (1 Pe 2,9,10).
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA
SEGUNDA – Mateus 16.13-18
TERÇA – Mateus 18.17
QUARTA – Atos 2.47
QUINTA – 1 Coríntios 10.32
SEXTA – 1 Coríntios 14.33
SÁBADO – Efésios 1.22
TEXTO BÍBLICO BASE
Mateus 16.13-18
13 – E. chegando Jesus às partes de Cesareia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?
13 – E. chegando Jesus às partes de Cesareia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?
14 – E eles disseram: Uns. João Batista; outros, Elias, e outros, Jeremias ou um dos profetas.
15 – Disse-lhes ele: E vós. quem dizeis que eu sou?
16 – E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
17 – E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem- -aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai, que está nos céus.
18 – Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
ORIENTAÇÃO AO PROFESSOR
INTERAGINDO COM O ALUNO
Chegamos ao final desse primeiro ciclo de estudos bíblicos. A jornada rumo ao aprofundamento da vida com Cristo está apenas em seu início. É importante deixar claro aos alunos que o aprendizado requer persistência e constância. Assim, é de bom alvitre adiantar que eles sempre terão o que aprender, mas o básico e necessário é o que eles estão conhecendo nesse primeiro ano com os quatro ciclos de Discipulando. Nessa última lição o assunto é vasto, por isso, o material ora apresentado trata-se do estudo da Igreja no contexto e perspectiva do projeto divino do Reino de Deus. Os desdobramentos e pormenores da vida em comunidade serão devidamente abordados nos próximos ciclos de Discipulando.
OBJETIVOS
Sua aula deverá alcançar os seguintes objetivos:
1 Diferençar Igreja de Reino de Deus;
2 Explicar a natureza da Igreja;
3 Esboçar o papel da Igreja como coletividade dos discípulos de Cristo.
PROPOSTA PEDAGÓGICA
Desde a antiguidade o mundo parece ter sido organizado, ainda antes de geograficamente, pela identificação dos grupos, sobretudo, pela afinidade na forma de se pensar. As pessoas sentem-se bem convivendo com outras que têm os mesmos anseios e expectativas e, por conseguinte, pensam de forma parecida. Gostamos de estar com quem mais se parece conosco. Tal é uma realidade em todas as áreas, indo desde a questão social até familiar, Em termos religiosos esse tipo de organização é uma realidade. Tendemos a conviver apenas com quem professa a nossa fé e crê nas mesmas coisas que nós. Até aí, tudo bem. Entretanto, com base no exemplo de Jesus, será que devemos nos negar a conviver com quem pensa e crê diferente de nós? A relevância dessa reflexão reside na ideia comumente propagada de que todos os que abraçam o Evangelho tornam-se pessoas orgulhosas que não mais se importam com as demais. Certa feita, Jesus comparou as pessoas que o seguem como o “sal da terra” (Mt 5.13). Para que serve o sal? Se o sal tornar- -se insípido, isto é, sem gosto e poder de “salgar”, pode ainda ser útil como sal? Se o sal não for colocado nos alimentos, pode salgar? Assim como em todas as demais lições, as perguntas são reflexivas e levam os alunos a pensar acerca de sua nova vida e também da vivência e prática nesse novo modo de ser. Destaque a necessidade de nos identificarmos com o Mestre Jesus, pois Ele. mesmo imerso em locais que nada tinham de pureza e muito menos de santidade, viveu para glória de Deus fazendo a vontade do Pai. O exemplo do Senhor evidencia a possibilidade de cada um de nós assim também vivermos. Não é convivendo apenas com quem professa a mesma fé que nós que provaremos sermos discípulos de Jesus Cristo. Aliás, é justamente a maneira como nos tratamos, e às pessoas a nossa volta, que provamos que somos discípulos de Jesus e fazermos parte de sua Igreja.
INTRODUÇÃO
Desde o Antigo Testamento, o Criador se valeu do matrimônio para exemplificar o seu relacionamento com o povo de Israel (Jr 2.32; 31.32; Os 2.19,20). Em o Novo Testamento, a realidade é a mesma, a intimidade do relacionamento conjugal é o exemplo mais apropriado, na perspectiva do apóstolo Paulo, para traduzir a forma como se dá o tratamento de Jesus Cristo em relação à igreja (Ef 5.25-32). Após mostrar o quanto o esposo deve amar a esposa, o apóstolo traça um paralelo entre a unidade do casal e as pessoas que acolheram a mensagem do Evangelho e que, porisso, são membros do corpo de Cristo. Assim, para o chamado apóstolo dos gentios, o paralelo entre o casal e Cristo e a Igreja é perfeito, pois demonstra o quanto há de similaridade entre ambas as relações. Em se tratando de “corpo de Cristo”, é imprescindível que vejamos o que isso significa, ou seja, quais as implicações do fato de sermos “membros” do Corpo do Senhor.
1. IGREJA: UMA EXPRESSÃO DO REINO DE DEUS
1.1 -O projeto do Reino de Deus. Desde as primeiras Lições, ficou claro que apesar de o Criador amar a humanidade, esta lhe virara as costas, tendo Ele então eleito um povo que, a partir do chamado de Abraão, formara para levara sua mensagem a todas as nações (Gn 6.5,11,12; 12.1-3; Êx 19.6: Dt 4.1- 8). Como este povo, apesar de dever tudo o que é a Deus, resolveu igualmente virar as costas para o Criador e exigiu um exclusivismo que nunca fez parte do plano original para eles (Dt 32.1-47; 2 Rs 17.20; Os 8.3; Jo 1.11), fez-se então necessário que o próprio Deus tomasse uma iniciativa inusitada: enviasse o seu Filho, o qual se tornou humano e viveu integralmente tudo o que Criador planejou para que Israel fizesse e com isso influenciasse a humanidade toda (Lc 2.32). Lamentavelmente, nem com essa atitude divina Israel arrependeu-se, antes, por causa da revelação do projeto do Reino, e de este não ser necessariamente como a expectativa judaica o concebia, Jesus foi alvo de uma conspiração orquestrada pelos religiosos de seu tempo (Mt 21.33-46; Mc 12.1-12; Lc 20.9- 18). Não obstante, com o Mestre inicia-se o reinado de Deus, pois Ele cumpriu a vontade do Pai, servindo a humanidade (Mt 20.26-28; Mc 10.42-45 cf. Mc 1.1,15).
1.2 – A ampliação do alcance do reinado de Deus. Com a rejeição do Filho de Deus por parte de Israel, o plano de um povo que serviría de exemplo servindo ao mundo todo, acabou oportunizando ao próprio Criador que, através de Jesus Cristo, alcançasse diretamente a qualquer pessoa que humildemente acolha a palavra do Evangelho (Mt 10.5-8 cf. Jo 1.12,13; Mc 16.15).
1.3 – A mensagem dos seguidores de Jesus. Jesus mandou aos seus seguidores que pregassem o Evangelho em todo o mundo (Mt 28.19,20; Mc 16.15-20; Lc 24.46,47). O que é o Evangelho? Não se trata de um discurso ou de uma nova religião, mas de um novo tempo que, através da pregação do Evangelho (Boas Novas, o anúncio desse novo tempo), torna-se conhecido, pois já chegou e é projetado e executado pelo próprio Deus (Mc 1.1,15; Lc 17.20,21).
AUXÍLIO DIDÁTICO 1
Uma vez que esse primeiro ciclo de estudos tratou do Reino de Deus, é oportuno destacar o estudo do teólogo Michael Dusing, quando este afirma que uma fdas formas de “entender o caráter da Igreja do Novo Testamento é examinando o seu relacionamento com 0 Reino de Deus (gr, basileia tou theou). O Reino era um dos principais ensinos de Jesus durante seu ministério terrestre. E. na realidade, embora os evangelhos registrem apenas menções especificas á igreja (ekklêsia. todas as declarações de Jesus, registradas em Mt 16 e 18). estão repletos de ênfases ao Reino” (DUSING, Michael L. A Igreja do Novo Testamento In HORTON, Stanley M. (Ed.), Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. i.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.552). Tal verdade é inegável. Por isso vale a pena, uma vez mais, falar que, conforme o mesmo autor, o “termo basileia (‘reino’) é usualmente definido como o governo de Deus, a esfera universal do seu dominio. Seguindo esse modo de entender, alguns fazem distinção entre Reino e Igreja. Consideram que o Reino inclui todas as criaturas celestiais não caídas (os anjos) e os redimidos entre a raça humana (antes e depois dos tempos de Cristo). Por contraste, a Igreja consiste mais especificamente de seres humanos regenerados mediante a obra expiatória de Cristo. Os que defendem tal distinção acreditam também que o Reino de Deus transcende o tempo e tem a mesma duração do Universo, ao passo que a Igreja tem um ponto inicial específico e também terá um ponto culminante específico, na segunda vinda de Cristo. Partindo-se dessa perspectiva, portanto, o Reino consiste nos redimidos de todos os tempos (os santosdo Antigo edo Novo Testamento), enquanto a Igreja consiste naqueles que foram redimidos a partir da obra completa de Cristo (sua crucificação e ressurreição). De conformidade com esse raciocínio, a pessoa pode ser membro do Reino de Deus sem pertencer à Igreja (por exemplo, os patriarcas Moisés e Davi), mas quem é membro da Igreja pertence simultaneamente ao Reino. À medida que mais indivíduos se convertem a Cristo e se tornam membros da Igreja, somam-se também ao Reino, que assim cresce” (Ibid., pp.552-53). Michael Dusing diz, entretanto, que existem outras interpretações no entendimento da “distinção entre Reino e Igreja. George E. Ladd entendia que o Reino era o reinado de Deus, e a Igreja, por contraste, a esfera do domínio divino as pessoas sujeitas ao governo de Deus. De modo semelhante aos que distinguem entre Reino e Igreja, Ladd achava que não se deveria equiparar os dois. Pelo contrário, o Reino cria a Igreja, e a Igreja dá testemunho do Reino. Além disso, a Igreja é o instrumento e depositária do Reino, como também a forma que o Reino ou reinado de Deus assume na Terra: uma manifestação concreta de governo soberano de Deus entre a raça humana” (Ibid., p.553). Finalmente, uma terceira e última posição distintiva é apontada pelo mesmo autor. Ele afirma que há autores que “distinguem Reino de Deus e Igreja poracreditarem ser aquele primariamente um conceito escatológico, ao passo que esta possui uma unidade mais temporal e presente. Louis Berkhof considera que a ideia bíblica primária do Reino é o governo de Deus ‘reconhecido nos corações dos pecadores mediante a poderosa influência regeneradora do Espírito Santo’. Esse governo já é exercido na Terra, em princípio Ca realização presente dele é espiritual e invisível’), mas não o será de modo completo antes da segunda vinda visível de Cristo. Em outras palavras, Berkhof defende um aspecto de já/ainda não’ operando no relacionamento entre Reino e a Igreja. Por exemplo: Jesus enfatizava a realidade presente e o caráter universal do Reino, concretizados de modo inédito mediante seu próprio ministério. Além disso, Ele oferecia uma esperança futura: o Reino que viria em glória. Nesse aspecto, Berkhof não fica longe das posições teológicas declaradas supra, que descrevem o Reino em termos mais amplos que a Igreja. O Reino (palavras dele) ‘visa nada menos que o total controle de todas as manifestações da vida. Representa o domínio de Deus em todas as esferas da atividade humana”‘ (Ibid., pp.553-54).
2. NATUREZA E IDENTIDADE DA IGREJA
2.1 – Igualitária. Ao outro grupo que, não mais baseado na nacionalidade ou etnia, acolhera a palavra do Evangelho, Jesus Cristo denominou-o de “Igreja” (Mt 16.18). Este é composto de pessoas de todos os tempos e de todas as tribos e nações, pois não nasceram da carne, nem do sangue, nem da vontade humana, mas da parte do próprio Deus (Jo 1.12,13; Ap 7.9). Quem acolheu a palavra do Evangelho e faz parte da Igreja, não deve reivindicar distinção, pois como o Senhor ensinou, somos todos iguais (Lc 22.24-27). Lembrando também do ensinamento do apóstolo Paulo, só há um “cabeça” na Igreja que é Cristo, nós somos seus membros em particular (1 Co 12.12-27; Ef 1.22; 4.15,16).
2.2 -Serviçal. Jesus instituiu a Igreja para que ela seja uma extensão de seu ministério. E qual foi o ministério de Jesus? Servir as pessoas. Assim é que Ele ensina-nos a que igualmente sirvamos (Lc 24.27; Jo 13.1-20).
2.3 – Comunitária. Não é sem propósito que a Igreja é comparada a um corpo ou a uma família, pois essa deve ser a sua natureza. A Igreja do primeiro século assim viveu e deixou-nos o exemplo (At 2.42-47).
AUXÍLIO DIDÁTICO 2
Não há nenhuma dificuldade na exposição desse tópico, pois consiste exatamente do que está registrado nas Escrituras. Infelizmente, é possível que surja alguma dificuldade em relação ao que a Palavra de Deus dize o que o aluno observa na prática do dia adia. Contudo, é necessário refletir acerca do fato de que a “Igreja é o estandarte da reconciliação entre a humanidade e Deus, e dos seres humanos entre si. É ‘a comunidade dos pecadores justificados,… que experimentam a salvação, e que vivem nas ações de graças… Ela, com os olhos fitos em Cristo, vive no Espírito Santo’. O ministério que se estende à Igreja afirma que, aquilo que nos vincula num só, não pode ser resumido na forma de dogmas, mas tem muita coisa a ver com o ser incluído numa comunidade que reflete a comunhão com Deus e. subsequentemente o convívio fraternal com uma humanidade redimida” (KLAUS, Byron D. A Missão da Igreja In HORTON, Stanley M. (Ed.). Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. i.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.6oo). Esse aspecto comunitário da Igreja é tratado nos “escritos do apóstolo João (especialmente João 17 e 1 João 4)” e. segundo Byron Klaus. ‘sugerem um paralelo entre a comunhão dentro da Trindade e a comunhão potencial dentro da Igreja. João 17 registra a oração de Jesus na qual Ele faz um paralelo explícito entre a comunhão que Ele tem conhecido com 0 Pai e aquela que, segundo Ele está pedindo na oração, será manifestada entre os crentes da terra. O ministério dos irmãos na fé uns aos outros deve envolver atividades que fornecerão uma expressão sobrenatural da comunhão entre as Pessoas da Deidade e o povo de Deus na terra, ligando portanto, entre si, os relacionamentos verticais e horizontais. Por isso, devemos tratar nossos irmãos, membros da Igreja, coma mesma atitude de comunhão e convívio amoroso que Deus nos oferece. A comunhão com Deus sem comunhão com nossos irmãos e irmãs no Senhor fica fora do alvo, bíblica e relacionalmente” (Ibíd.). O mesmo autor aprofunda a questão ao dizer que 0 “ministério á Igreja inclui o compartilhar da vida divina. Só temos a dinâmica daquela vida à medida que permanecermos nEle e continuarmos repassando a sua vida uns aos outros dentro do Corpo. Esse processo de edificação é descrito por Paulocomo relacionamentos de mútua confiança: pertencemos uns aos outros, precisamos uns dos outros, afetamos uns aos outros (Ef413-16). Essa mútua confiança inclui abnegação para ajudarmos a suprir necessidades uns dos outros. Não somos um clube social mas, sim. um exército que exige mútua cooperação e solicitude ao enfrentarmos o mundo, negarmos a carne e resistirmos ao diabo”. Aspecto importantíssimo é o fato de que “Deus não pede conselhos a respeito de quem Ele trará à Igreja. Gálatas 3.26-29deixaclaroquetodasas barreiras entre Deus e a humanidade, levantadas ao longo da história, bem como as barreiras entre uns seres humanos e outros, foram tornadas irrelevantes por Cristo. O Espirito transcendeu os vínculos e fronteiras humanos, e colocou-nos numa união onde vivemos na prática as implicações de pertencermos uns aos outros por causa de nossa mútua fraternidade em Cristo. Quer sejamos ricos ou pobres, cultos ou incultos, talentosos ou imperitos, e independentemente de nossa etnicidade, não devemos desprezar uns aos outros nem imaginar que temos uma posição de superioridade em relação aos outros diante de Deus. Não há favoritismo com Deus (Ef 6.8; Tg 2.1-9) O bid., p.601)’.
Klaus deixa exemplifica a importância dessa dimensão da Igreja ao falar que o “emprego por Paulo da metáfora a respeito da igreja reconhece que todas as partes do corpo ‘são interdependentes e necessárias à saúde do corpo ‘.A dinâmica do relacionamento não é meramente uma opção conveniente. Fomos feitos à imagem de Deus (Gn 126-28), e a Igreja tem o propósito de ser uma restauração corpórea da imagem quebrada. A Igreja não é simplesmente uma ideia genial como também é essencial ao plano divino da redenção (Ef 3.10,11), Deus manifesta sua presença ao mundo através de um povo interdependente de pessoas que servem umas às outras” (Ibídem). Assim, completa o mesmo autor a esse respeito: “Porque o ministério à Igreja reflete uma figura bíblica que representa a Igreja como um organismo, podemos ver como a dimensão relacionaida vida na Igreja édinâmica, e não estática. Certamente exercemos algum efeito uns sobre os outros. 0 ministério à Igreja corrige a tendência da sociedade ocidental de enfatizar o indivíduo mais do que a comunidade. O ministério da Igreja inclui equipar um grupo de pessoas que vive em mútua comunhão, capacitando-a sacrescerat é formar uma entidade amorosa, equilibrada e madura. Paulo diz claramente em Efésios 411-16 que a equipagem dos santos para o serviço compassivo em nome de Cristo deve acontecer numa comunidade. O crescimento espiritual e o contexto em que ele ocorre de modo mais eficaz não surgem por mera coincidência. O amadurecer do crente não poderá acontecer fora da comunidade da fé. O discipulado não possui nenhum outro contexto que não seja a Igreja de Jesus Cristo, porque não se pode seguir fielmente a Jesus à parte de uma participação cada vez mais madura com outros crentes na vida e no ministério de Cristo” (Ibid.. pp.601-02).
3. A MISSÃO E O SUSTENTO DA IGREJA
3.1 – Chamados para dar os frutos do Reino. Há entre nós um grande perigo de acharmos que ocupamos o lugar do povo de Israel para dominarmos o mundo. Essa equivocada ideia, chamada de “teologia da substituição”, é defendida como se a Igreja, tida como “Israel de Deus”, pudesse desfrutar de todas as bênçãos materiais prometidas pelo Criador ao seu povo no Antigo Testamento. Entretanto, ao se estudar o contexto da parábola dos maus vinhateiros, ou lavradores, por exemplo, veremos que foi justamente o abuso de terem se achado em posição superior, que os vitimara (Mt 21.33-46), E é neste contexto que Jesus fala acerca de “tirar” a representatividade do Reino deles e de entregá-la a outros para que deem os frutos do Reino (Mt 21.43; Mc 12.9; Lc 20.16).
3.2 – A missão da Igreja. Conforme instrui-nos o apóstolo Pedro, a missão da Igreja, como “geração eleita, sacerdócio real, nação santa e povo adquirido”, assim como Israel o fora, é anunciar “as virtudes daquele que [nos] chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe 2.9), e representar o que significa ser governado por Deus, nada tendo com domínio do mundo.
3.3 – O poder da Igreja. Jesus é quem fundou e sustenta a Igreja, por isso, Ela é mantida pelo poder de Deus (Mc 16.20). Não é obra humana, nem propriedade de ninguém. A Igreja pertence ao próprio Jesus (Ef 5.22-33).
AUXÍLIO DIDÁTICO 3
Quanto a este último tópico, o caso é basicamente o mesmo do anterior. A missão e o “poder” da Igreja são questões muito claras na Bíblia, sem necessidade alguma de grandes discussões, tendo que simplesmente observar o que preceitua a Palavra do Senhor. Não obstante, é necessário dizer algo a respeito do assunto tendo em vista o fato de que os alunos estão iniciando sua caminhada. Tal é importante pelo fato de que, como afirma Byron Klaus, a “comunidade que mantém sua comunhão na fé consta, idealmente, como uma lembrança sempre presente diante do mundo de como parece a vida quando o Reino de Deus está presente”, pois, a despeito do fato de que “ensinar a verdade da Palavra de Deus certamente seja um ministério vital à Igreja, os discípulos são edificados, não somente mediante o ensino da verdade, mas também por estarem numa comunidade positiva, amorosa e generosa de pessoas que, juntas, estão sendo conformadas à imagem de Cristo” (KLAUS, Byron D. A Missão da Igreja In HORTON. Stanley M. (Ed.). Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. i.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.602). Ponto fundamental nessa temática é a diakonia, ou seja, o “serviço” ou “ministério” que, de acordo com o mesmo autor, trata-se dos “esforços no serviço a Cristo que continuam o ministério encarnacional que Ele realizou e que nos ajuda a realizar. O caráter desse ministério é servir; não imita o padrão da autoridade ou do propósito que este mundo impõe. A essência do ministério tem sido exemplificado por Cristo de uma vez para sempre (Mc 10.45) e. como consequência, servimos a Cristo por meio de servir à criação que está debaixo do seu senhorio” (Ibid., p.604). Klaus explica que a “dimensão de serviço no ministério leva-nos. além de divulgaras boas-novas com denodo e coragem, a participar do desejo de Deus que é alcançar de modo prático os marginalizados da sociedade. As pessoas que não têm ninguém para pleitear a sua causa, e que se encontram desconsideradas e abandonadas, também foram criadas à imagem de Deus. A Igreja, revestida pelo poder do Espirito, terá de passar das palavras para as ações se quer ver realizados os propósitos de Deus. Não poderá haver maneira de fugir deste fato: se vamos realmente servir no ministério continuado de Jesus Cristo, esse serviço deverá seguir o exemplo do seu ministério”. O mesmo autor faz referência a Lucas 4.18-21, dizendo que tal texto “enfatiza o ministério do tipo de servo”. Apesar de ele reconhecer que o ministério de Jesus “leva-nos adiante, para alguma coisa além de uma mera versão cristã da Cruz Vermelha” e que o “mal que é perpetrado no mundo inteiro já foi vencido por Cristo”, Klaus questiona como é possível exercer o ministério de servo demonstrando essa vitória em meio a tanta maldade. Sua resposta é que as “incapacidades físicas não são impedimentos para o Reino de Deus. No meio da enfermidade e da tragédia física, temos o privilégio de dizer agora: ‘Levante-se e seja curado!* Àqueles que estão amarrados pelo demonismo, presos pelo poder destrutivo do maligno, podemos proclamar que a libertação está perto e que o ‘novo* governo de Deus liberta os cativos. Às numerosas massas que a sociedade tem abandonado à beira do caminho da vida, podemos demonstrar com autoridade, mediante os nossos atos tangíveis de misericórdia e compaixão, que o Reino de Deus traz dignidade e valor humanos a ‘um destes pequeninos* (Mt 25.40)” (Ibidem). Na realidade, a “Igreja, cheia do Espirito de Deus, pode crescer de modo criativo e agir com compaixão através do serviço (inspirado pelo coração reconciliador de Deus) de ‘um destes pequeninos*. O poder de Deus para a nossa transformação reúne-nos em comunidades que refletem coletivamente a reconciliação com Deus (1 Co 12.13; 2 Co 5.17-20). Essas comunidades revestidas de poder não devem se restringir a determinadas pessoas, porque Deus já identificou com clareza o objeto de seu amor (Lc 4-18.19)- Temos de imitar o nosso Supremo Comandante, que busca os que estão amarrados pelo pecado, mantidos cativos pelo diabo. O Espirito deseja dar ao seu povo poder para penetrar com ousadia nas arenas do desespero e da destruição, para que não nos tornemos uma Igreja do tipo censurada pelo profeta Amós um povo com uma religião ritualizada, sem compaixão e sem conteúdo ético. Para o bem do nosso testemunho, precisamos esquecer-nos dos nossos direitos, ser humildes e perdoadores no meio da perseguição, e ‘[…1 sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que inosl pedir a razão da [nossa] esperança […]. tendo uma boa consciência’ (1 Pe 315.16)” (Ibidem). Isso significa que. de acordo com Klaus, o nosso “testemunho diante do mundo é a operação prática de nossa participação na missão de Deus: a reconciliação com 0 mundo. Proclamamos e demonstramos o caráter compassivo e o poder autoritativo de Cristo, que já irromperam nesta era. Por meio de palavras e de ações, damos testemunho das boas-novas de que Jesus ama os pobres, os doentes, os famintos, os endemoninhados. os fisicamente torturados, os emocionalmente feridos, os destituídos de amor e até mesmo os auto suficientes. E então continuamos a amá-los e a cuidar deles, fazendo deles discípulos que já não sejam ‘meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente’ (Ef 414)” (Ibíd., pp.605-06).
CONCLUSÃO
CONCLUSÃO
Com a Lição de hoje você teve a oportunidade de conhecer um pouco sobre a identidade da “Noiva do Cordeiro” (Ap 19.7). Tal conhecimento está apenas começando, pois como parte desse povo, você se desenvolverá e, certamente, conhecerá ainda mais sobre o seu papel no Reino de Deus.
VERIFIQUE SEU APRENDIZADO
VERIFIQUE SEU APRENDIZADO
1. Comente sobre o projeto do Reino de Deus.
Conquanto a resposta seja pessoal, devido ao fato de o assunto ter sido objeto de estudo em várias lições, é preciso que o aluno saiba falar do tema, mais ou menos, nos seguintes termos: O projeto do Reino de Deus foi interrompido, em parte, por causa da desobediência da humanidade, tendo o Senhor então formado um povo para vivenciá-lo na prática e servir de modelo ao mundo todo. Infelizmente, Israel falhou e Deus então enviou o seu próprio Filho para então “inaugurá-lo” em uma nova perspectiva, chamando a todos os que creem a fim de que permitam ser orientados pelo Criador e sirvam de exemplo às demais pessoas. Nesse formato, temos então o reinado de Deus em nossa vida, apontando, peta fé, o que será a vida quando o Reino de Deus for implantado definitivamente no mundo.
2. Após a rejeição de Israel, como as pessoas são alcançadas e se tornam filhas de Deus?
Através da fé em Jesus Cristo, Deus alcança diretamente a qualquer pessoa que humildemente acolha a palavra do Evangelho.
3. O que significa a natureza igualitária da Igreja de Cristo?
Na perspectiva do Evangelho, como o Senhor ensinou, somos todos iguais (Lc 22.24-27).
4. Para quê a Igreja foi chamada?
Para dar os frutos do Reino (Mt 21.43; Mc 12.9; Lc 20.16).
5. Qual é a missão da Igreja?
Conforme instrui-nos o apóstolo Pedro, a missão da Igreja, como “geração eleita, sacerdócio real, nação santa e povo adquirido”, assim como Israel o fora, é anunciar “as virtudes daquele que [nos] chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe 2.9), e representar o que significa ser governado por Deus, nada tendo com domínio do mundo.