4º Trimestre de 2006
Data: 15 de Outubro de 2006
TEXTO ÁUREO
“Lembra-te de que Jesus Cristo, que é da descendência de Davi, ressuscitou dos mortos, segundo o meu evangelho” (2 Tm 2.8).
VERDADE PRÁTICA
Verdadeiro homem e verdadeiro Deus, Jesus Cristo morreu para redimir-nos do pecado, ressuscitando gloriosamente como Senhor dos senhores e Rei dos reis.
LEITURA DIÁRIA
Segunda – Jo 1.14
A encarnação de Cristo
Terça – Mt 1.23
A concepção virginal de Cristo
Quarta – Mt 4.1-10
A tentação de Cristo
Quinta – Mt 4.23
O ministério de Cristo
Sexta – Lc 23.26-48
A paixão de Cristo
Sábado – Jo 20.1-10
A ressurreição de Cristo
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
João 1.1-5,9-14.
1 – No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
2 – Ele estava no princípio com Deus.
3 – Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
4 – Nele, estava a vida e a vida era a luz dos homens;
5 – e a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.
9 – Ali estava a luz verdadeira, que alumia a todo homem que vem ao mundo,
10 – estava no mundo, e o mundo foi feito por ele e o mundo não o conheceu.
11 – Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
12 – Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que crêem no seu nome,
13 – os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus.
14 – E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.
PONTO DE CONTATO
Professor, a Cristologia é uma das doutrinas fundamentais da Bíblia e da Teologia Cristã. A Doutrina de Cristo é o eixo pelo qual circulam as promessas messiânicas do Antigo Testamento, e seu cumprimento no Novo. Nesta lição, estudaremos temas que constituem profundos mistérios da fé cristã, tais como, a encarnação do Verbo de Deus e suas duas naturezas, divina e humana.
Esses dois assuntos foram motivos de muitos debates em diversos concílios da igreja cristã, entre os quais, o de Éfeso, em 431, e o de Calcedônia, em 451. Foi justamente em razão desses e de outras controvérsias, que muitos hereges foram exilados, e a ortodoxia cristã manteve essas doutrinas de acordo com as Sagradas Escrituras.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Distinguir a concepção virginal, do nascimento virginal de Cristo.
Descrever os três ofícios de Cristo.
Defender a ressurreição corporal de Cristo.
SÍNTESE TEXTUAL
O termo “Cristologia” procede de duas palavras gregas, “Christos”, que significa “Ungido”, “Messias”, e “logia”, traduzido por “estudo”, “ciência” ou “tratado”. Cristologia é o estudo da pessoa, natureza, obra e ofício de Cristo, segundo as Escrituras. No que diz respeito à natureza de Cristo, esta é singular, pois ao mesmo tempo em que Jesus Cristo é Deus, no sentido pleno e absoluto do termo, também assumiu a natureza humana, com exceção do pecado, era sua totalidade e perfeição. Jesus era, em sua encarnação, plenamente Deus e completamente humano em todas as áreas de sua vida. No entanto, duas verdades devem ser afirmadas: 1) as duas naturezas nunca se confundem; 2) as duas naturezas não implicam duas personalidades. As naturezas divina e humana coexistem com suas diferenças, mantendo suas características peculiares em uma mesma pessoa. Assim, Jesus e perfeito em divindade e perfeito em humanidade; verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA
Os nomes e títulos concedidos pelas Escrituras ao Senhor Jesus, revelam sua natureza, ministério e ofícios. O estudo dos nomes e títulos de Cristo e tão importante para compreendermos sua natureza e ministério, que o conhecido teólogo franco-alemão, Oscar Cullmann (1902-1999), ao desenvolver o tema da cristologia em o Novo Testamento, valeu-se dos nomes e títulos de Cristo como metodologia.
Professor, ao apresentar os nomes de Cristo, não se esqueça de explicá-los de acordo com o contexto histórico, e de aplicá-los ao cotidiano dos alunos. Reproduza a tabela abaixo de acordo com os recursos disponíveis.
COMENTÁRIO
introdução
Palavra Chave
Esvaziamento: Do grego ekenōsen, “esvaziar”. Doutrina que trata da auto-renúncia de Jesus ao assumir a natureza humana, porém, sem deixar de ser Deus.
Discorrendo sobre a dupla natureza de Nosso Senhor, escreveu admiravelmente J. Blanchard: “Quando Jesus desceu à terra não deixou de ser Deus; quando voltou ao céu não deixou de ser homem”.
Se não crermos em Jesus como verdadeiro homem e verdadeiro Deus, como haveremos de recebê-lo como o Nosso Suficiente Salvador? Ver 2 Tm 2.8; Jo 1.14; Fp 2.7,8.
Nesta lição, entraremos a estudar a Cristologia: o estudo ordenado e sistemático de Cristo Jesus na Bíblia. Principiando com as profecias do Antigo Testamento, vai a nossa abordagem até ao triunfo final do Nazareno. Como não poderemos apresentar uma cristologia exaustiva, buscaremos expor essa doce e maravilhosa doutrina em sua essência.
I. A ENCARNAÇÃO DO VERBO DE DEUS
A encarnação do Verbo de Deus não é um mero conceito teológico; é um dos maiores mistérios das Sagradas Escrituras, sem a qual seria impossível a nossa redenção.
1. O Verbo de Deus. Abrindo o seu evangelho, escreve João: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14). Deixa o evangelista bem patente que o Filho de Deus, que se encontrava no seio do Pai, foi concebido pelo Espírito Santo para habitar entre nós (Sl 2.7; Is 7.14; Jo 1.18;3.16). Por que João denomina-o Verbo de Deus? Sendo Cristo o executivo do Pai, todas as coisas vieram à existência por intermédio dEle; sem Ele, nada do que é, existiria.
2. O esvaziamento de Cristo. Em sua encarnação, o Cristo tornou-se em tudo semelhante a nós, exceto quanto à natureza pecaminosa e ao pecado (Fp 2.7,8 – ARA).
Em que consistiu o auto-esvaziamento de Cristo? Certamente não esvaziara-se Ele de sua divindade; porquanto, em todo o seu ministério terreno, manteve-a incólume. Aliás, foi Ele, em seu estado de humilhação, reconhecido como Deus (Jo 1.49; 20.28). Consideremos, ainda, a sua oração sacerdotal no Getsêmane. Ele não reivindica ao Pai a sua divindade, porquanto esta lhe é um atributo intrínseco; reivindica, sim, aquela imarcescível e eterna glória (Jo 17.5).
3. A concepção virginal do Filho de Deus. Na concepção do Verbo de Deus, não houve o que se convencionou chamar de nascimento virginal; o que realmente se deu foi o mistério da concepção virginal, conforme profetizou Isaías: “Eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel” (Is 7.14; Mt 1.25-24; Lc 1.35). Seu nascimento ocorreu em Belém conforme o registro de Lc 2.3-12.
Maria, como as demais mulheres, sentiu as dores de parto ao dar à luz a Cristo; e, Jesus, à nossa semelhança, deixou o ventre materno, natural e não sobrenaturalmente, ao nascer em Belém de Judá. Portanto, se o seu nascimento foi natural, a sua concepção, frisamos, foi um ato miraculoso operado pelo Espírito Santo, conforme registra Lucas 1.30-35.
II. OS TRÊS OFÍCIOS DE CRISTO
Escreveu Robert Murray M. Cheyne: “Se eu pudesse ouvir Cristo intercedendo por mim no quarto ao lado, não temeria um milhão de inimigos. No entanto, a distância não faz diferença: ele está intercedendo por mim!”. Além de ser o nosso sacerdote é o Senhor Jesus o esperado profeta e o Rei dos reis. Somente Ele teve condições de exercer, concomitantemente, os três ofícios sagrados do Antigo Testamento.
1. O Profeta que havia de vir. Como profeta, Jesus não se limitou a revelar o futuro. Ele ensinou, repreendeu os soberbos e realizou sinais e maravilhas, levando a todos a uma singular admiração (Lc 7.16). Leia Deuteronômio 18.15.
2. O Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque. Os sumos sacerdotes, segundo a ordem de Arão, quando morriam, eram substituídos por seus filhos. O Senhor Jesus, contudo, porquanto eterno e Pai da eternidade, tem um sacerdócio eterno (Sl 110.4; Hb 5.6; 7.21). Morrendo em nosso lugar e por nós, vencendo a morte pela ressurreição, intercede ininterruptamente pelos que o recebem como Salvador, garantindo-nos, assim, eterna salvação (Hb 5.9). O que dizer da oração sacerdotal de Cristo? (Jo 17). Sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, foi o Senhor Jesus, no sacrifício vicário do Gólgota, o oficiante e a vítima ao oferecer-se, de uma vez por todas, para resgatar-nos de nossos pecados (Hb 7.26-28).
3. O Rei dos reis. Após a sua ressurreição, e já prestes a subir ao Pai, afirmou: “É-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mt 28.18). Naquele momento, assumia Jesus o governo não somente do mundo, como de Israel e da Igreja. Ele é o soberano dos reis da terra (Ap 1.5). É o rei de Israel e cabeça da Igreja (Jo 1.49; Cl 1.18). Como herdeiro do trono de Davi, assumirá o governo do mundo durante o Milênio, levando as nações remanescentes à plena obediência (Is 11.1-10; Ap 19.16).
III. A MORTE VICÁRIA E A RESSURREIÇÃO DE CRISTO
De forma enfática asseverou Thomas Brooks: “O sangue de Cristo é a chave do céu”. Afinal, o que seria o Evangelho sem a morte de Nosso Senhor? Nem Evangelho haveria; ela é a garantia de nossa vida eterna.
1. A morte vicária de Cristo. Jesus não morreu na cruz como se fora um mártir; Ele morreu vicariamente como o único e suficiente Salvador da humanidade, a fim de garantir-nos a salvação: “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras” (1 Co 15.3). A morte de Cristo é assim descrita pelo evangelista: “E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isso, expirou” (Lc 23.46). Quem, assim, atesta a morte de Nosso Senhor é o evangelista Lucas, o médico amado. Jesus, portanto, não sofreu um desmaio como salientam os inimigos da fé; Ele, de fato, morreu e foi sepultado.
2. A ressurreição de Jesus. A ressurreição de Cristo é a principal doutrina do Novo Testamento. Ao expor o seu fato e historicidade, afirmou Paulo: “E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé” (1 Co 15.14). Diante do exposto pelo apóstolo, ousamos afirmar: A ressurreição de Jesus foi completa e não meramente espiritual. Sua ressurreição física pode ser amplamente demonstrada (Jo 20.24-28).
Em 1 Coríntios 15, conhecido como o grande capítulo da ressurreição, afiança Paulo que o Senhor ressurreto, além de ser visto pelos 12 e por mais alguns discípulos, foi contemplado por mais de quinhentos irmãos. E o testemunho dos guardas romanos? E a comprovação dos próprios inimigos do Senhor que, contrariados, viram-se constrangidos a admitir o fato da ressurreição se bem que, em seguida, urdiram a grande mentira? (Mt 28.11-15).
CONCLUSÃO
Soube o apóstolo Paulo sintetizar, de maneira singular a vida de Nosso Senhor em 1 Tm 3.16. “E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Aquele que se manifestou em carne foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória”.
Esse é o Cristo que pregamos. Verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Somente nEle e através dEle pode o ser humano obter a vida eterna. Sem Cristo, ninguém chegará a Deus. Amém.
VOCABULÁRIO
Concepção: O ato ou efeito de conceber ou de gerar (no útero); geração.
Concomitante: Que se manifesta simultaneamente com outro.
Imarcescível: Que não murcha; incorruptível, inalterável.
Incólume: Livre de perigo; intacto, ileso; conservado.
Intrínseco: Que está dentro de uma coisa ou pessoa e lhe é próprio; interior, íntimo.
Urdir: Enredar, tramar, maquinar; imaginar, fantasiar.
Vicário: Aquele que se põe no lugar de outrem.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
BERGSTÉN, E. Teologia Sistemática. RJ: CPAD, 2005.
COHEN, A. C. A vida terrena de Jesus. RJ: CPAD, 2000.
EXERCÍCIOS
1. O que significa Cristologia?
R. Estudo ordenado e sistemático de Cristo Jesus.
2. O que é a encarnação de Cristo?
R. É um dos maiores mistérios das Sagradas Escrituras, sem o qual seria impossível a nossa redenção.
3. O que significa o esvaziamento de Cristo?
R. Que Jesus tornou-se semelhante a nós, exceto quanto á natureza pecaminosa e ao pecado, sem contudo, deixar de ser Deus.
4. Quais os três ofícios de Cristo?
R. Profeta, Sacerdote e Rei.
5. Quais as provas da ressurreição de Cristo?
R. O testemunho dos doze discípulos, dos guardas romanos, e dos quinhentos irmãos (1 Co 15.3-9).