Lição 7: A chamada divina e o Livre-arbítrio

1º Trimestre de 2006

 

Data: 12 de Fevereiro de 2006

TEXTO ÁUREO

“E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8.30).

VERDADE PRÁTICA

Deus, em sua soberania, oferece graciosamente a salvação para todos os homens que, de acordo com o seu livre-arbítrio, podem aceitar ou recusar este convite.

LEITURA DIÁRIA

Segunda – Dt 7.7-11

O amor de Deus é o fundamento da eleição de Israel

Terça – Ap 13.8

Deus amou o mundo desde a sua fundação

Quarta – 1 Pe 1.2

A eleição é segundo a presciência de Deus Pai

Quinta – Ef 1.5-9

Predestinados para sermos filhos de adoção

Sexta – Ef 1.11-13

A predestinação é conforme o propósito de Deus

Sábado – Rm 8.29

Predestinados para sermos conforme à imagem de Cristo

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Romanos 9.14,15,23-26,30-32; Atos 2.21.

Romanos 9

14 – Que diremos, pois? Que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma!

15 – Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia.

23 – para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou,

24 – os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?

25 – Como também diz em Oséias: Chamarei meu povo ao que não era meu povo; e amada, à que não era amada.

26 – E sucederá que no lugar em que lhes foi dito: Vós não sois meu povo, aí serão chamados filhos do Deus vivo.

30 – Que diremos, pois? Que os gentios, que não buscavam a justiça, alcançaram a justiça? Sim, mas a justiça que é pela fé.

31 – Mas Israel, que buscava a lei da justiça, não chegou à lei da justiça.

32 – Por quê? Porque não foi pela fé, mas como que pelas obras da lei. Tropeçaram na pedra de tropeço.

Atos 2

21 – e acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.

PONTO DE CONTATO

Nesta lição, você vai encontrar alguns conceitos bíblicos, teológicos e dogmáticos considerados controversos. Basta um crente ouvir a palavra “predestinação” e, pronto, começa o embate. Cada um defende um ponto de vista diferente; uns citam Calvino, outros Armínio, como se a Escritura não fosse clara o suficiente para tratar do tema. Mais importante do que as argumentações de um teólogo são as afirmações absolutas e singulares das Sagradas Escrituras. Portanto, estude com afinco esta lição. Evite controvérsias desnecessárias e polêmicas intermináveis, pois a Escola Dominical não é o local para elas. Concentre-se em ensinar o essencial — a doutrina tal qual a encontramos na Palavra de Deus. Como afirmavam os reformadores: “Sola Scriptura!”. Isto é, “Somente as Escrituras”.

OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

Definir a expressão “vocação divina”.
Explicar os propósitos da chamada divina.
Distinguir a regeneração da justificação.

SÍNTESE TEXTUAL

É necessário distinguir três importantíssimos termos relacionados à doutrina da salvação: eleição (que veremos a seguir), predestinação (presente no subsídio), e vocação (o tema da lição). O primeiro, eleição, procede de eklegomai, isto é, selecionar para si, escolher (Ef 1.4; Tg 2.5; 1 Pe 1.2; 2.9). Este termo não quer dizer que Deus escolheu uns para a salvação e outros para a perdição. Mas que a salvação do homem não depende do que este é ou faz, porém da vontade e misericórdia de Deus (Ef 1.4,5; Cl 2.12; 1 Ts 1.4; 2 Ts 2.13). O Pai ama e convida todos à salvação. Ele não elege uns para a salvação e outros para a perdição: “não querendo que alguns se percam, senão que todos venham arrepender-se” (2 Pe 3.9 cf. Jo 3.16; Rm 11.32; 1 Tm 2.3,4). Portanto, a eleição, entendida em conjunto com a vocação e a predestinação, é a ação divina, mediante a qual, através de Cristo, o homem é eleito à salvação. Em razão de sua aceitação a Cristo, Ele passa a usufruir das bênçãos decorrentes da salvação. Textos como: Fp 2.15,16; 3.12-16; Cl 1.22,23; 1 Tm 1.18,19; 4.9,10,16; 2 Tm 2.10-13; demonstram que a eleição é uma ação divina, na qual o homem é convocado a obedecer, aceitando a Cristo como seu Salvador e Senhor (1 Pe 1.2).

ORIENTAÇÃO DIDÁTICA

Reproduza no quadro-de-giz a “tabela comparativa” abaixo. Depois, solicite aos alunos que, baseados no tópico III da lição, conceituem os três processos da salvação em Cristo: regeneração, justificação e santificação.

COMENTÁRIO

introdução

No Antigo Testamento, Deus chamou os homens para a salvação (Ez 18.30-32). Hoje, o chamamento de Deus é a razão pela qual a nossa vida cristã tem início (Rm 8.30; 9.24; 2 Tm 1.9). É verdade que invocamos a Deus para nos salvar (Rm 10.10-13), mas a nossa aceitação é uma resposta ao seu chamado (2 Ts 2.14; 1 Pe 5.10; 2 Pe 1.3). Por conseguinte, fomos eleitos segundo a presciência de Deus.

I. A CHAMADA PARA A SALVAÇÃO

1. A chamada é universal. O termo “chamada”, no original, é traduzido em Efésios 1.18 por “vocação”, ou “chamamento”. Quando aplicado à provisão da salvação por Deus, diz respeito ao gracioso ato divino pelo qual Ele chama os pecadores para a salvação em Jesus Cristo, a fim de que sejam santos (Rm 8.29,30; 11.5,6; Gl 1.6,15).

Esta chamada ocorre mediante a proclamação do Evangelho (Jo 1.10,11; At 13.46; 17.30; 1 Co 1.9,18,24; 2 Ts 1.8-10; 2.14). Segundo as Escrituras, é da vontade de Deus que todos os homens sejam salvos, isto é, que todos atendam ao chamado divino para a salvação (At 17.30; 1 Tm 2.3,4; 2 Pe 3.9 cf. Mt 9.13;). É uma vocação que opera para a salvação, fundamentada na escolha do homem (At 13.46-48).

A vocação divina para a salvação do homem é uma obra da qual a Trindade participa: é atribuída ao Pai (1 Co 1.9; 1 Ts 2.12; 1 Pe 5.10) ao Filho (Mt 11.28; Lc 5.32; Jo 7.37) e ao Espírito Santo (Jo 14.16,17,26; 16.8-11; Jo 15.26; At 5.31,32).

2. Seus propósitos. A chamada divina para a salvação tem propósitos claros e específicos nas Escrituras. Fomos chamados por Deus: para sermos de Cristo (Rm 1.6; 1 Co 1.9); para a santificação (Rm 1.7; 1 Pe 1.15; 1 Ts 4.7; Hb 12.14b; Ef 1.4); para a liberdade (Gl 5.1,13); para a paz (1 Co 7.15; Lc 7.50; 8.48; Rm 5.1); para o sofrimento (Rm 8.17,18): e, para a glória (Rm 8.30). Estes propósitos auxiliam na compreensão do sentido do texto de Efésios 1.18, que recomenda que saibamos qual seja a esperança da nossa vocação.

3. O papel do Espírito Santo. Jesus, ao prometer o Consolador, fez menção de seu papel no mundo: Convencer o mundo do pecado (Jo 16.8-10). Embora a oportunidade de salvação seja para todos, uns se arrependem de seus pecados e aceitam a misericórdia de Deus em Cristo (At 2.37). Outros, no entanto, admitem a culpa mas não estão dispostos a confessá-la, tornando-se mais resistentes (Jo 1.10,11; At 13.46; 17.32; 2 Ts 1.8-10; Hb 3.7,8).

Ele também convence o mundo da justiça, mostrando que a cruz não representou o fim da trajetória de Cristo que, ressurreto, acha-se, agora, à direita de Deus; por Ele, todo homem pode viver como justo neste mundo (Fp 1.10,11; 2.15; Tt 1.8). O mesmo Espírito também convence o mundo do juízo vindouro, pois os que rejeitam a Cristo serão condenados, assim como o Diabo que já se encontra julgado (Mt 25.41; Jo 16.11).

II. O LIVRE-ARBÍTRIO E A SOBERANIA DIVINA

1. No Éden. Em Jó 42, a soberania de Deus excede qualquer vontade humana; mediante esta soberania, Ele nos concede o livre-arbítrio. O Deus soberano, criador de todas as coisas e regente supremo de todo o universo, decidiu dar-nos a capacidade de escolher entre a natureza santa e a pecaminosa. No próprio Éden, Deus concede a liberdade para o homem escolher entre o certo e o errado, entre a vida e a morte, entre a natureza divina e a natureza carnal (Gn 3.1-13; Dt 30.19).

2. Escolhendo uma vida santa. Temos a capacidade de escolher em qual das duas naturezas desejamos viver: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade” (Gl 5.13). Quando escolhemos a natureza pecaminosa, inclinamo-nos à carne e às obras pecaminosas (Rm 8.6,7). Mas, ao decidirmos viver uma vida santa, voltamo-nos às coisas do Espírito (Rm 8.5,9,14), produzindo obras dignas de um verdadeiro filho de Deus (Rm 6.18,22; Gl 5.22).

O livre-arbítrio concedido por Deus não foi anulado pelos efeitos do pecado. Nós, os que decidimos por uma vida santa, estamos tanto sob a soberania de Deus quanto debaixo do livre-arbítrio concedido por Ele (Ap 3.20).

III. A SALVAÇÃO

1. É para todos, individualmente. O Novo Testamento apresenta a realização da nossa salvação como algo efetuado por Deus de forma pessoal e singular “…todo aquele que nele crê…” (Jo 3.16); “…aquele que vem…” (Jo 6.37); “…todo aquele que invocar…” (Rm 10.13); “…eu nele…” (Jo 15.5). Deus nos predestinou para Ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade (Ef 1.5).

A eleição divina foi feita com base em seu amor por todos os seres humanos (Jo 3.16; 1 Tm 2.3,4). O cuidado de Deus também é visto até mesmo para com os rebeldes (Ez 33.11). Pedro afirma que Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34). Isto afasta toda e qualquer possibilidade de a eleição ser fatalista, segundo a qual seria inútil tentar mudar o quadro da nossa vida futura.

Nossa decisão pessoal de crer, ou não crer em Cristo, tem conseqüências eternas em nossa vida. Foram estas as palavras proferidas pelo Senhor Jesus: “quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc 16.16).

Os que não aceitam a Jesus como seu Salvador são os únicos responsáveis pelos seus atos, visto ser a vontade de Deus que todos os homens se salvem (2 Tm 2.3,4). O interesse de Jesus por todos é manifesto em sua pergunta, quando realçou claramente a dureza dos corações daqueles que o recusaram: “… não quereis vir a mim para terdes vida?” (Jo 5.40 cf. Mt 23.37). O evangelho é um presente de Deus para todas as pessoas, cabe a cada uma delas aceitá-lo ou não. Jesus convida a cada um, indistintamente: “Vinde a mim…” (Mt 11.28); “… Aquele que tem sede venha e quem quiser receba de graça da água da vida” (Ap 22.17).

2. A regeneração. A regeneração é uma ação do Espírito Santo, mediante a qual Ele cria uma nova natureza no homem (Jo 3.3,6; Tt 3.5; 1 Pe 1.2,23 cf. Jr 31.33; Ez 36.25-27). Este ato milagroso ocorre simultaneamente à conversão a Cristo. Quando o ser humano morto em delitos e pecados, aceita a Cristo, é vivificado espiritualmente (Ef 2.1,5,6; Rm 7.6). Esta obra, além de vivificar o espírito, alcança cada parte da natureza humana (2 Co 5.17; 7.4,6; 1 Ts 5.23).

A regeneração é indispensável porque, sem Cristo, o pecador é incapaz de obedecer e agradar a Deus (Sl 51.5; 58.3; Rm 8.7,8; 5.12). Embora seja uma radical transformação operada por Deus em nosso interior, é necessário que estreitemos a cada dia o nosso relacionamento com Jesus, a fim de que cheguemos à medida da estatura completa de Cristo (Ef 1.13; 1 Pe 1.15).

3. A justificação. Enquanto a regeneração modifica a natureza do crente; a justificação muda a posição dele diante de Deus. O sacrifício expiatório de Cristo no Calvário é a provisão divina para garantir ao homem a posição de justo diante de Deus (Rm 3.25; 5.9; Ef 2.13; 1 Pe 1.4,5). Uma vez regenerado, o homem, por meio da fé, é justificado gratuitamente mediante o preço pago por Jesus Cristo na cruz (1 Pe 2.18-23; Rm 3.22,24,25,28; 5.1,9).

Portanto, a justiça do crente não provém das obras da lei (Gl 2.21), mas da maravilhosa graça do Senhor: “Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3.24). Mediante a justificação, Deus absolve o pecador da condenação e declara-o justo perante Ele (Rm 8.30; 5.18).

4. O processo da santificação. Trata-se de uma obra progressiva realizada por Deus através do Espírito Santo. É um processo que se inicia com a conversão do crente, tornando-o santo, e que deve continuar por toda a vida (2 Co 3.18; 1 Ts 5.23; Hb 12.14).

Na santificação, o estado moral da pessoa é moldado de acordo com os padrões de Cristo (2 Co 3.18; Ef 4.12-14; 2 Pe 1.4). Neste processo, é indispensável a participação do homem (Fp 2.12; 1 Pe 1.16; Ap 2.10), visto que, com a vocação divina, somos chamados para cumprir a vontade de Deus (Rm 12.1,2; 1 Ts 4.3; 5.18; Hb 10.36; 1 Pe 2.15; 4.2; 1 Jo 2.17). Sem a santificação, jamais veremos o Senhor.

CONCLUSÃO

O convite gracioso de Deus para a salvação é independente dos méritos pessoais do homem. É da vontade de Deus que, sem exceção, todos os homens se salvem.

VOCABULÁRIO

Livre-arbítrio: Capacidade de escolha.

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA

BERGSTÉN, E. Introdução à Teologia Sistemática. CPAD, 1999.

EXERCÍCIOS

1. Qual o sentido da palavra “chamada” quando aplicada à doutrina da salvação?

R. Diz respeito ao gracioso ato divino pelo qual Deus chama os pecadores para a salvação em Jesus Cristo, a fim de que sejamos santos.

2. Como ocorre a chamada divina para a salvação?

R. Ocorre mediante a proclamação do Evangelho.

3. Cite três propósitos da chamada divina.

R. Fomos chamados para sermos de Cristo; para a santificação; para a paz; para o sofrimento; e para a glória.

4. Diferencie a regeneração da justificação.

R. Regeneração — É uma ação do Espírito Santo, mediante a qual Ele cria uma nova natureza no homem. Justificação — Processo judicial que se dá junto ao Tribunal de Deus, através do qual o pecador que aceita a Cristo é declarado justo.

5. De onde provém a justiça do crente?

R. Do sacrifício de Cristo.

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