As palavras “ anticristo” e “ pseudocristo” se acham
pela primeira vez na segunda metade do Século I d.C. 0
prefixo anti, originalmente significa “ no lugar de” , e depois,
“ contra” .
Já a literatura greco-helenista falava desta figura
sombria no passado. Porém, usando a primeira significação,
pois tanto contemporaneamente com o Novo Testamento
como posteriormente, achamos a expressão antitheós,
anti-Deus (originalmente “ como os deuses” na
Díada de Homero). A palavra composta com pseude (falso),
porém, que se acha por 70 vezes na língua grega, só tomou
maior sentido de um que é “ contra Cristo” no Novo
Testamento.(71)
a. Do ponto de vista divino de observação, o vocábulo,
“ anticristo” aparece pela primeira vez na 1 Epístola de
João “ …ouviste que vem o anticristo” . E, a partir daí, o
termo está presente, mas exclusivamente em seus escritos
(1 Jo 2.18,22; 4.3 e 2 Jo v.7)
Sua pessoa foi retratada por Jesus como sendo o último
conquistador militar que invadiria Jerusalém e a Terra
Santa, procurando aniquilar o povo judeu.
b. A pessoa aqui citada compreende também seu reino
ou governo.(72) E o apóstolo Joâo contempla agora esta
grande visão, cerca de 651 anos depois da visão de Daniel
7. Porém, há aqui e ali uma ordem invertida na posição do
tempo e da visão. Em Daniel 7 a ordem é inversa.
Daniel olha para o futuro dos séculos e vê o que está no
porvir: Leão, Urso, Leopardo e Fera Terrível. João, olha
para o passado dos séculos e vê: Besta, Leopardo, Urso e
Leão. Esta figura sombria da iniqüidade procurará substituir
a Cristo, estabelecendo-se como se fora o Filho de
Deus. Também fará oposição a Cristo, e fará do mal, e não
do bem, o seu princípio normativo.
Na passagem de 1 João 2.18, depreende-se do expressivo:
“ …ouviste que vem o anticristo” . levando-nos a entender,
evidentemente, que já existia a tradição, na Igreja
Cristã Primitiva, do “ Anticristo” a qual, mui provávelmente,
estava alicerçada sobre as próprias palavras de
nosso Senhor Jesus Cristo em Mateus 24.23-36; João 5.43.
Partes do Novo Testamento também eram conhecidas dos
leitores originais das epístolas, as quais falavam sobre 0
Anticristo, como, por exemplo, 2 Tessalonicenses 2.3 e
ss.(71).
c. No conceito geral, conforme era visto no tempo e no
espaço pelos primitivos cristãos, a formação plural aa passagem
de 1 João 2.18 atacava diretamente os chefes gnósticos.
Os gnósticos negavam a humanidade de Jesus Cristo.
Negavam que o Verbo de Deus pudesse encarnar-se (Jo
1.14). Em lugar de uma encarnação, segundo eles, na Pessoa
de Jesus, com a fusão da identidade do Logos e do Jesus
humano, os gnósticos postulavam um “aeon”, uma
emanação angelical de Deus – um entre muitos mediadores,
salvadores ou deuses inferiores, é que teria, então, assumido
esta posição.
O Cristo Real, na opinião deles, nunca se tornara humano,
mas tão somente desempenhara um papel, manipulando
o corpo físico de Jesus. Os gnósticos, através dessas
idéias, negavam que o Senhor os “ comprara” . Aqui, está,
portanto, uma das razões fundamentais porque o apóstolo
atacava diretamente tais chefes. Historicamente falando,
as palavras do apóstolo já encontravam alvo naqueles dias.
Pois elas foram dirigidas contra a heresia de Cerinto, um
homem de ascendência judaica, educado em Alexandria.
Ele negava a concepção virginal de Jesus, ensinando que,
após o batismo, o Cristo descera sobre Ele na forma de
uma pomba, passando Ele então a anunciar o Pai desconhecido
e a operar milagres, mas diziam que, já no fim de
seu ministério, o Cristo se afastara de Jesus; e que sofrerá e
fora ressuscitado dentre os mortos, ao passo que o Cristo
teria permanecido impassível: incapaz de sofrimento por
ser um ser espiritual.(74)
d. De acordo com as passagens de Apocalipse 13.12 e
ss; 19.20, este cristo-impostor estará cercado de magos e
encantadores que, procurarão de todas as formas perverter
os corações, naqueles dias sombrios de tanto engano. No
passado os monarcas babilônicos como os imperadores romanos,
estavam cercados sempre por esta gente e, 0 que
aconteceu na antigüidade, será revivido agora aqui. O profeta
Daniel diz que, “ …os magos e os astrólogos, e os encantadores,
e os caldeus” sempre estavam presentes nas
decisões daqueles monarcas do passado (Dn 2.2 e ss).
Os “ magos” , significa os escribas sagrados – uma ordem
de sábios que tinha a seu cargo os escritos sacros, que
vieram passando de mão em mão desde o tempo da “ Torre
de Babel” . Algumas literaturas das mais primitivas que se
conhecem na terra eram constituídas desses livros de magia,
astrologia, feitiçaria, etc. (cf At 19.19).
Os “ encantadores” , significa “ murmurador de palavras”
– de onde vem “ esconjurar, exorcismar” . Eram encantadores
que usavam fórmulas mágicas, atuados por
espíritos médiuns. Simão, o mágico, de Samaria e Elimas,
o “ encantador” , da Ilha de Pafos, pertenciam a essa classe
(At 8.9 e 13.8).
Os “ feiticeiros” eram dados à magia negra. A mesma
palavra empregada a respeito dos encantadores egípcios
Janes e Jambres – que resistiram a Moisés na corte de Faraó
(Êx 7.11 e 2 Tm 3.8).
Os “ caldeus” , denominava a casta sacerdotal deles todos;
onde se lê a palavra “ caldeus” (menos nascidos na
Caldéia) pode-se traduzir igualmente por “ a stró lo g o ” .(7″)
e. O Anticristo, a pessoa (1 Jo 2.18), deve ser discriminada
dos “ muitos anticristos” e do “ espírito do anticristo”
(1 Jo 4.3); o que caracteriza todos eles é a negação do Verbo,
a Palavra, o Filho Eterno, Jesus, como o Cristo (Mt
1.16; Jo 1.1); os “ muitos anticristos” , preparam o caminho
para o “ Anticristo” , que é a Besta que “ subiu do mar” , e 0
precedem (Ap 13.1 e ss); ela será 0 último chefe político,
como o seu falso profeta, a segunda Besta de Apocalipse
13.11 e ss; 16.13; 19.20, será 0 último chefe religioso.

 

fonte: Ecatologia Severino Pedro da Silva

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