Jesus é Deus

Leitura Diária 

João 1.
1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.

 

Reflexão

No Evangelho de João, capítulo 1, versículo 1, encontramos a afirmação fundamental: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” Este versículo é crucial para a teologia cristã, pois estabelece a divindade de Jesus Cristo desde o princípio dos tempos. O termo ‘Verbo’ ou ‘Logos’ no original grego, desempenha um papel central na compreensão da natureza divina de Jesus.

O ‘Verbo’ (Logos) é um conceito que carrega significados profundos tanto no contexto judeu quanto no helenístico. No pensamento judaico, ‘Verbo’ é frequentemente associado à Palavra de Deus, que é poderosa e criadora. No livro de Gênesis, a criação do mundo ocorre através da palavra divina: “E disse Deus: Haja luz; e houve luz.” Esta associação reforça a ideia de que o Verbo é um agente ativo na criação e na revelação divina.

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No contexto helenístico, o ‘Logos’ possui uma conotação filosófica mais ampla. Filósofos gregos, como Heráclito, usavam o termo para descrever a razão ou princípio ordenante que governa o cosmos. Para os estóicos, o Logos era a força racional que permeia e sustenta o universo. Assim, quando o Evangelho de João utiliza o termo ‘Logos’, ele une estas tradições, apresentando Jesus não apenas como a Palavra criadora de Deus, mas também como o princípio racional que dá coerência e significado ao cosmos.

Ao afirmar que “o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus,” João estabelece uma doutrina fundamental da Trindade. Jesus Cristo é apresentado como coeterno com Deus Pai, compartilhando a mesma essência divina. Este versículo é, portanto, essencial para a compreensão cristã da encarnação de Jesus como Deus feito carne, um mistério central da fé cristã.

O Verbo na Criação do Mundo

Na narrativa bíblica, o papel do Verbo na criação do mundo é de fundamental importância. A passagem de João 1:1-3 afirma claramente que “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez.” Essa declaração sublinha a coeternidade e coigualdade de Jesus com Deus Pai, assegurando que o Verbo, identificado como Jesus Cristo, não é uma criação subsequente, mas um agente ativo e essencial na criação do universo.

Há um paralelo significativo entre essa passagem do Evangelho de João e o relato da criação em Gênesis. Em Gênesis 1:1-3, lemos: “No princípio, criou Deus os céus e a terra… Disse Deus: Haja luz; e houve luz.” Aqui, a criação se dá por meio da palavra falada de Deus. João, ao identificar Jesus como o Verbo, sugere que Jesus é essa Palavra criativa através da qual Deus trouxe todas as coisas à existência. Portanto, Jesus, como Verbo, estava presente e ativo na formação do universo desde o início, confirmando sua divindade e seu papel vital na criação.

Teologicamente, a identificação de Jesus como o Verbo vai além de uma simples figura de linguagem. Jesus é visto como a expressão máxima da sabedoria e do poder de Deus. No Antigo Testamento, a sabedoria de Deus é frequentemente personificada e descrita como presente na criação (Provérbios 8:22-31). João transporta essa personificação ao Novo Testamento, afirmando que Jesus não é apenas uma personificação, mas o próprio Verbo encarnado. Assim, Jesus é a manifestação concreta da sabedoria divina, a força motriz do poder criador de Deus.

Portanto, compreender o papel do Verbo na criação do mundo é entender a profundidade da identidade de Jesus Cristo como Deus. Ele não é apenas um mensageiro ou uma figura histórica, mas a encarnação do poder criador e da sabedoria de Deus, enfatizando sua divindade e sua coeternidade com o Pai.

A Encarnação do Verbo

A doutrina da Encarnação é central para a fé cristã, afirmando que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1:14). Este evento é de suma importância, pois representa a crença de que Deus se tornou humano na pessoa de Jesus Cristo, com o propósito de redimir a humanidade. Na teologia cristã, a Encarnação é vista como a revelação suprema de Deus, onde o divino se une ao humano de maneira única e incomparável.

Teologicamente, a Encarnação implica que Deus escolheu participar da condição humana, identificando-se com o sofrimento, as limitações e as alegrias da vida humana. Esta identificação é profundamente significativa, pois sugere que Deus compreende e compartilha as experiências humanas de maneira íntima e pessoal. Além disso, a Encarnação abre a possibilidade de uma relação pessoal com Deus através de Jesus Cristo, oferecendo uma ponte entre o divino e o humano.

As implicações práticas da Encarnação são vastas e variadas. A presença de Deus em forma humana, em Jesus, oferece um modelo de vida e comportamento para os cristãos, encorajando a imitação das virtudes de Cristo, como a compaixão, o amor e a humildade. Além disso, a Encarnação proporciona conforto e esperança, pois assegura aos fiéis que Deus está presente e atuante no mundo, mesmo nas situações mais difíceis.

Diferentes tradições cristãs têm perspectivas variadas sobre a Encarnação. No catolicismo, por exemplo, a Encarnação é celebrada com grande ênfase na Eucaristia, onde se acredita que Cristo está presente de maneira real e substancial. As igrejas ortodoxas valorizam a Encarnação como um mistério divino que transforma a criação, enquanto muitas denominações protestantes focam na Encarnação como a base para a salvação e a vida ética. Apesar das diferenças, todas as tradições reconhecem a Encarnação como um dos pilares fundamentais da fé cristã.

Jesus como Plenitude da Revelação Divina

Jesus Cristo é frequentemente descrito nas Escrituras como a plenitude da revelação divina. Em Colossenses 2:9, o apóstolo Paulo afirma: “Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade”. Esta passagem indica que Jesus não é apenas um mensageiro de Deus, mas a própria encarnação da divindade. Como o Verbo feito carne, Jesus representa a expressão completa de Deus na humanidade, revelando-nos a natureza e a vontade divina de uma maneira que nenhuma outra revelação anterior conseguiu.

Colossenses 1:15 também corrobora esta visão ao declarar que Jesus é “a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação”. Esta descrição enfatiza que, em Cristo, o invisível Deus torna-se visível e acessível à humanidade. Ele é a manifestação tangível do que antes era abstrato e invisível, proporcionando uma compreensão clara e direta de quem Deus é.

A importância de reconhecer Jesus como a revelação completa e final de Deus é multifacetada. Primeiramente, isso significa que todas as revelações anteriores, dadas através dos profetas, são agora entendidas à luz de Jesus. A Lei e os Profetas apontavam para a vinda do Messias, mas foi em Jesus que essas promessas e profecias encontraram seu cumprimento. Ele é o clímax da revelação divina, unificando e completando a narrativa redentora que percorre a Bíblia.

Essa crença tem profundas implicações para a compreensão cristã da Bíblia, da salvação e da vida cristã. A Bíblia é vista como a história que culmina em Cristo, e sua mensagem é entendida de forma centralizada em torno de sua pessoa e obra. A salvação, por sua vez, é possível somente através de Jesus, que é o mediador entre Deus e os homens. Além disso, a vida cristã é vivida em conformidade com os ensinamentos e exemplo de Jesus, que é o modelo perfeito de obediência e amor divino.

Reconhecer Jesus como a plenitude da revelação divina não apenas enriquece a leitura e interpretação das Escrituras, mas também fortalece a fé e prática diária, orientando os crentes a viverem de acordo com a verdade revelada em Cristo.

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