Há pregadores que, no início de suas performances, fazem orações
exibicionistas pelas quais estimulam os que gostam de movimentos carnais,
ocos, vazios de significado, desordeiros e indecentes. Eles dizem, nessas
“orações”, que os demônios ficarão distantes do local de culto tantos
quilômetros. Caso algum demônio maluco — “pois só pode ser maluco para
estar neste lugar”, dizem — demore mais que cinco segundos para se retirar,
é queimado imediatamente…
Apesar das efemeridades descritas acima, vou tentar analisar com
equilíbrio a tese de que os demônios podem ser queimados quando alguém
verbera contra eles, em um culto. Em primeiro lugar, proponho as seguintes
perguntas: Os demônios entram num local de culto? Podem ser eles
arrancados de um lugar onde os crentes se ajuntam, ou Deus permite que
eles ali permaneçam?
Sabemos que o templo é apenas um espaço físico onde nos reunimos
para prestar um culto coletivo a Deus. O Senhor Jesus age no meio daqueles
que se reúnem em seu nome e habita no coração de seus servos (Mt 18.20;
Cl 1.27). No entanto, isso não significa que o Inimigo deixa de agir na vida
das pessoas que lhe dão lugar, mesmo dentro de um espaço onde ocorre um
culto a Deus.
Nem Jesus ordenou que os demônios ficassem distantes dEle tantos
quilômetros, tampouco deu-lhes alguns segundos para que desaparecessem,
a fim de que não fossem queimaaaaaados… Não! Jesus, no auge de sua
consagração ao Pai, em jejum e oração, foi tentado pelo Maligno, mas
venceu-o pela Palavra de Deus (Mt 4.1-11).
Os demônios vêem e ouvem tudo o que acontece em um culto. E há
casos em que são eles que agem no meio do povo, e não o Senhor Jesus!
Imagine o caso da igreja de Laodicéia, em que o Senhor Jesus estava do lado
de fora (Ap 3.20)! O pastor daquela igreja, sendo um desgraçado, miserável,
pobre, cego e nu, dizia: “Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho
falta”. Haja arrogância!
É preciso ter em mente três definições para a palavra “igreja”. Existe a
Igreja como Corpo de Cristo, a igreja local e o templo, que também
costumamos chamar de “igreja”. Os demônios não entram na Igreja — com
“i” maiúsculo —, porém no espaço destinado aos cultos sim, podendo
também influenciar ou até possuir alguns indivíduos da igreja local, mesmo
durante a performance de um super-pregador.
Portanto, mais importante do que ficar berrando ao microfone que os
demônios estão sendo queimaaados, com a intenção clara de impressionar o
ingênuo povo de Deus — que tem sido enganado por falta de conhecimento
(Os 4.6) —, é ensinar os crentes a se sujeitarem a Deus (Tg 4.7a), a fim de
que, de fato, tenham poder para resistir ao Diabo (Tg 4.7b; 1 Pe 5.8,9).
fonte: Mais Erros que os Pregadores Devem Evitar – Ciro Sanches Zibordi