SAFADE

ou Zefate, era uma das quatro “cidades santas” dos judeus,
supostamente a cidade à qual Cristo se referiu quando disse: “Não se pode esconder
uma cidade construída sobre um monte” (Mt 5:14). Safade ergue-se orgulhosamente ao
redor do cume do monte Safade, 36 km a noroeste de Tiberíades e 1037 metros acima
do mar da Galiléia. Dentro da cidade, há ruas estreitas, empinados trechos de escadarias,
casas branqueadas com varandas extensas e sinagogas nas quais aparecem misteriosos
sinais cabalísticos. O lugar está rodeado de extensos olivais e vinhas frutíferas. Em dias
claros, é possível contemplar da cidade, na altiplanície, grande parte da alta e da baixa
Galiléia e o mar da Galiléia. Nos dias de glória dos reinos de Israel e Judá, a cidade
tornou-se conhecida como Isafete ou Zefate, que quer dizer o “lugar de atalaia”, já que
nela acendiam um farol para anunciar a saída da lua nova. O acontecimento era
proclamado primeiro em Jerusalém, no monte das Oliveiras, e em seguida se repetia de
ponto alto a ponto alto, até o farol de Safade servir de sinal a todo o norte da Palestina.
Safade provoca uma atitude de reverência no coração dos judeus. A cidade foi um dos
refúgios dos antigos rabinos depois da queda de Jerusalém e da amarga derrota de Bar
Kokhba em Bittier, no ano 132 d.C. Como refúgio de eruditos, a cidade converteu-se no
centro de uma grande escola talmúdica e em reduto de saber judaico e cabalístico. É
inclusive provável que o famoso Midrash ha zohar, o Livro do esplendor (a bíblia da
cabala), atribuído a Simão ben Yochai, tenha sido compilado nesse lugar por um rabino
espanhol em torno de 160 d.C. Também foi o lugar de residência de Joseph Caro, autor
do Ahulchan aruch, a última codificação da lei judaica. Seu aluno, o rabi Jacob Berov,
tratou de restabelecer a Palestina como centro da ordenação rabínica. A poesia judaica
viu seu renascimento em Safade, onde Alkabetz escreveu o famoso hino para a véspera
do dia de repouso: Vem, meu amigo, conhecer a desposada, uma canção sobre a
reconstrução de Sião. Safade foi fortificada pelos cruzados no século XII, mas foi
retomada dos cruzados por Saladino em 1118. Mais tarde, os templários a recapturaram
e a retiveram durante 26 anos. No século XVI, Safade converteu-se no centro da
imigração judaica proveniente da Espanha e em ponto de reunião para o estudo da
cabala. Em 1578, os rabinos instalaram ali a primeira imprensa da Palestina. Em 1607,
calcula-se que havia em Safade trezentos rabinos, dezoito universidades rabínicas e 21
sinagogas. Devido ao fato de abrigar essas grandes escolas rabínicas, Safade alcançou
entre os judeus a alta distinção de converter-se em uma das quatro cidades santas de
Israel. Em certa época, os místicos judeus de Safade foram especialmente proeminentes.
E seu livro sagrado, o Zohar, estabelecia que o Messias apareceria primeiro na alta
Galiléia. Isaque Lúria destaca-se como gigante e gênio de todos eles, talvez a figura de
maior destaque da lenda de Safade. Foi o sonho desses místicos que tornou possível o
movimento messiânico, que teve seu estranho cumprimento no Shabbathae Zevi.
Também produziu seus frutos em anos mais recentes, quando o moderno sonho de
regressar à Palestina começou a agitar o coração dos judeus. Em 1765, houve um
terremoto em Safade, no qual pereceu a maioria de seus habitantes. Mais tarde, a
população foi restabelecida, e em princípio do século XIX a cidade abrigava 4 mil
judeus. Infelizmente, ocorreu em 1836 outro desastroso terremoto, que mais uma vez
acabou com a vida de parte da comunidade. Desde essa catástrofe, o povoado caiu de seu orgulhoso pedestal judaico, e só em décadas recentes começou a florescer outra vez
sob o governo israelense.

 

fonte: BIBLIA THOMPSON