25 de Julho de 2021
Adultos 3º Trimestre de 2021
TEXTO DO DIA
“Vós que dilatais o dia mau e vos chegais ao lugar de violência; que cantais ao som do alaúde e inventais para vós instrumentos músicos, como Davi.” (Am 6.3,5)
SÍNTESE
A profecia de Amós nos ensina que justiça e retidão são elementos fundamentais para a adoração.
Agenda de leitura
SEGUNDA – Am 2.6,7 A injustiça social é um pecado grave contra Deus
TERÇA – Am 5.14,15 Fazer o bem é uma expressão de adoração ao Senhor
QUARTA – Mt 5.20 O cristão é identificado pela prática da justiça
QUINTA – Tg 1.27 Ajudar a quem precisa é parte da adoração.
SEXTA – Is 1.13-15 O culto pode se tornar uma abominação ao Senhor
SÁBADO – Jo 4.23,24 Deus procura verdadeiros adoradores
OBJETIVOS
1 EXPOR os principais conteúdos apresentados na profecia de Amós;
2 COMPREENDER quem foi o profeta Amós, sua origem, trabalho e estilo profético;
3 DEFENDER que a prática da justiça é um elemento insubstituível para a verdadeira adoração.
Interação
Professor(a), na lição deste domingo estudaremos o livro de Amós. Veremos que o profeta, pastor e cultivador de figos (1.1), foi enviado ao seu povo com uma palavra contundente contra a idolatria que havia se tornado uma “praga” no meio do povo de Deus. Ele também fez graves denúncias contra as injustiças sociais. O livro de Amós nos mostra que a prosperidade de Israel foi à causa da corrupção da nação. Infelizmente, algumas pessoas ainda hoje depois de prosperarem se esquecem do Senhor e das ordenanças da sua Palavra. As prédicas de Amós foram precisas e alcançaram o âmago da nação israelita. Contudo, ele não apenas assinalou o pecado, mas advertiu o povo a buscar o arrependimento, pois Deus é bom e misericordioso, “e se arrepende do mal” (Jl 2.13).
Texto bíblico
Amós 5.21-23.
21 Aborreço, desprezo as vossas festas, e as vossas assembléias solenes não me dão nenhum prazer.
22 E, ainda que me ofereçais holocaustos e ofertas de manjares, não me agradarei delas, nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos.
23 Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias dos teus instrumentos.
INTRODUÇÃO
O livro de Amós é surpreendentemente atual. Sua profecia condena a idolatria e denuncia as injustiças sociais que às vezes são normatizadas pelo “status quo” de um determinado grupo social. O mais triste é saber que o sistema religioso, assim como os demais (político, jurídico e social) podem se mancomunar junto à corrupção. Amós não pensou duas vezes em tocar a dedo na ferida de Israel e desafiá-los ao arrependimento, caso contrário, a nação receberia o juízo de Deus. Ele profetizou aproximadamente três décadas antes da destruição de Israel pelas tropas da Assíria. Ainda hoje, a voz do profeta continua a ecoar alteando a bandeira da justiça no estandarte da adoração cristã. O livro de Amós é conhecido como o livro da justiça de Deus e nos ensina que a adoração não pode desassociar-se da retidão e dos “princípios bíblicos e justos” revelados na Palavra de Deus.
I – O PROFETA AMÓS
1. Sua vida. O nome Amós significa “carregador de fardos”. Em alusão ao seu nome, podemos dizer que sua fala era pesada e a sua palavra, uma carga do Senhor. Por causa de sua origem humilde o profeta não apresenta seu sobrenome, indicando que sua família não era conhecida (Am 1.1). Ele provinha de uma classe trabalhadora, portanto, estava acostumado a “carregar fardos”. Deus chamou um homem calejado para uma dura tarefa. Amós permaneceu resoluto em cumprir sua missão. Foi duro nas denúncias e exortações porque sabia que se o povo não ouvisse suas palavras o peso do juízo divino derramado sobre Israel seria ainda maior. Ele era natural de Tecoa (Am 1.1). Essa cidade ficava a uns 20 km ao sul de Jerusalém, junto ao deserto da Judeia. Essa região ficava próxima à estrada que ligava Jerusalém a Hebrom e Berseba. Foi nessa região que João Batista se levantou como profeta. Amós foi um profeta sulista que atuou como missionário no Reino do Norte (Israel). A certeza do chamado divino revestiu o profeta da coragem para denunciar.
2. Um homem simples. Amós fala a partir de sua realidade, por isto, se apresenta como um legítimo representante de uma classe explorada, que não tinha voz nem vez. Ele era pastor, boieiro e cultivador de sicômoros (Am 1.1; 7.14). Possuía múltiplos empregos. Era um homem trabalhador que fez questão de identificar sua origem humilde (Am 7.14,15). Sabia que seu ministério era ratificado, não pela tradição por trás de um nome, mas pelo chamado divino. Tal como Davi, era pastor, entretanto, suplementava o seu trabalho cultivando sicômoros (figueiras bravas). Durante os meses de verão, os pastores mudavam o rebanho para lugares mais baixos e pegavam serviços paralelos como “boieiro” ou “cultivador de sicômoros” para terem o direito de pastar com seus gados naquelas regiões. Sicômoros era a fruta consumida pelos mais pobres. Os ricos se deliciavam com o figo comum. O pecado do orgulho combatido por ele, não fazia parte de sua vida. Ele era um homem simples. João Crisóstomo ensinou que a humildade é a raiz, a mãe, a ama-de-leite, o alicerce e o vínculo de todas as virtudes. O cristão deve expressar a humildade em sua vida, pois Deus se agrada dos simples (Sl 24.4). Israel ensoberbeceu-se; por isto foi humilhado, de modo contrastante, os humildes são honrados por Deus (Tg 4.10).
3. Um homem preparado. Como pastor, ele passava muito tempo sozinho, meditando e observando a natureza. As ilustrações utilizadas em suas profecias foram extraídas da vida diária, indicando a originalidade dos seus pensamentos. Era leigo no sentido que não havia recebido formação em um estabelecimento oficial, visto que não tinha estudado nas escolas de profetas. No entanto, não era um homem ignorante. Embora não tivesse passado por uma educação profética formal, ele demonstrou muito conhecimento. Assim como Moisés e Davi, o tempo com o gado lhe proporcionou uma cultura mental destinada à reflexão. Amós demonstrou um grande conhecimento da lei de Moisés. Não devemos desprezar as pessoas que não tiveram a oportunidade de passar por um sistema de formação oficial, pois aprendemos com Amós que todos podem ser usados por Deus, independente da classe social ou do currículo formativo. Deus procura “corações piedosos” e não somente “mentes brilhantes”, pois seu Espírito capacita àqueles que são chamados (Dn 2.21; Tg 1.5).
II – O CONTEXTO HISTÓRICO DE SUA PROFECIA
1. Período de paz. Amós desenvolveu o seu ministério na época em que Jeroboão II reinava em Israel, e Uzias, em Judá. Foi um período de grande prosperidade para ambos os reinos. De acordo com o Antigo Testamento, ele foi contemporâneo de Oseias, Jonas, Isaías e Miqueias. O clima do governo entre Jeroboão II e Uzias era amistoso. As nações que poderiam perturbar Israel tinham sido dominadas. A luta contra a Síria terminou com a vitória de Israel. O rei tinha restabelecido os termos de Israel (2 Rs 14.25). Os reinos do Norte e Sul expandiram seus territórios de tal modo que conseguiram recuperar quase todo o território do império davídico-salomônico. Esse período ficou conhecido como a idade de ouro para ambos os reinos. A ideia de um juízo divino parecia não se adequar as circunstâncias daquela época. As ameaças assírias de Tiglate-Pileser III (745-727 a.C.) se manifestariam apenas algum tempo depois. A paz experimentada pelos israelitas lhes trouxe uma sensação enganosa de segurança, por isto rejeitaram a mensagem de Amós. Que Deus nos livre das sensações enganosas da vida! Devemos guardar o nosso coração (Pv 4.23; Jr 17.9) entregando-o a autoridade de Cristo.
2. Período de prosperidade. A paz política e a expansão territorial conduziram Israel para um período de prosperidade material. As nações vizinhas eram tributárias do Norte. As riquezas afluíam para Israel. Os novos ricos perdiam a paciência com as restrições de trabalho impostas pela lei do sábado. A vontade de acumular riquezas se tornou maior do que o anseio de obedecer a Lei do Senhor. A ganância tem sido uma fonte de tropeço para muitos (1 Tm 6.9,10). Os pobres não eram tratados de forma justa (Dt 15.11; 24.15). A luxúria dos ricos era conseguida à custa da opressão e exploração (Am 2.6-8). Os ricos controlavam tudo, inclusive o judiciário. As decisões dos tribunais eram todas favoráveis aos ricos e extremamente opressivas aos pobres. Amós se levantou contra as injustiças sociais e combateu os sistemas desonestos que pervertiam o direito dos necessitados. Os homens de sua época estavam tão contumazes em acumular riquezas que se esqueciam de atentar para a necessidade de seus irmãos. Lembremo-nos de que o desprezo ao pobre é um grave pecado diante de Deus (Dt 24.15; Is 3.15).
3. Paganismo religioso. A força material de Israel contrastava com sua fraqueza moral. O sumo sacerdote Amazias, por exemplo, era de classe leiga e não provinha da descendência sacerdotal; tal questão era um grande ultraje a fé verdadeira em Israel. Quando Amós profetizou que Israel se achava fora do prumo por causa dos pecados de idolatria e materialismo introduzidos pela casa de Jeroboão (Am 7.7-9), Amazias demonstrou que era um “sacerdote comprado” defendendo os interesses do rei ao tentar proibi-lo de continuar profetizando (Am 7.12,13). As leis divinas estavam sendo burladas. A religião tinha se corrompido (Am 7.10-14). Jeroboão II incentivou a prática dos cultos à fertilidade por meio de um sistema de adoração ao bezerro de ouro (2 Rs 14.24,25). A adoração a Jeová permanecia concomitantemente ao paganismo (Os 2.13,16,17). Centros pagãos foram construídos nas principais cidades do Norte: Gilgal, Betel, Dã e Samaria, (Am 4.4; 8.14). Alguém precisava combater estes pecados, e por este motivo, Deus levantou o corajoso Amós.
III – ADORAÇÃO COM JUSTIÇA
1. A mensagem do profeta. O livro de Amós pode ser dividido em duas partes principais. Na primeira seção situam-se os oráculos que vieram pela palavra (Am 1 – 6), aqui encontramos juízos entregues para oito nações: Damasco, Gaza, Tiro, Edom, Amom, Moabe, Judá e Israel (Am 1-2). O profeta apresentou uma série de discursos de julgamento contra Israel (Am 3-6). As denúncias de Amós partem do geral para o específico: Primeiro falou às nações, depois foi específico em detalhar os pecados de Israel. Na segunda seção do seu livro estão as visões (Am 7 – 9). Para fortalecer sua intimação, Amós apresentou uma série de símbolos do juízo vindouro (Am 7,8 e 9), e por fim, terminou sua mensagem apresentando a restauração futura de Israel (Am 9.11-15). Sua profecia confrontou, principalmente, as instituições de Israel, ao denunciar os pecados que destruíam os fundamentos sociais, morais e espirituais da nação. Estamos preparados para pregar uma mensagem de confronto?
2.Responsabilidade social. Amós encontrou um mau governo em Israel. Oseias, seu contemporâneo, fez denúncias semelhantes (Os 5.1; 7.5-7). As instituições de Israel transformaram a justiça em alosna, uma erva daninha (Am 5.7). Eles perverteram o direito do próximo. Não aceitavam a repreensão. Aborreciam na porta aqueles que os repreendiam (Am 5.10). O portão de qualquer cidade era o lugar onde a justiça era administrada (Dt 22.15). Se um profeta ou juiz os repreendessem, sofreria represálias. Por uma questão de conveniência, muitos se silenciaram (Am 5.13). Os pobres eram pisados, extorquidos e explorados (Am 5.11), também eram rejeitados nos tribunais de justiça (Am 5.12). Seus direitos eram violados (Am 2.7; 4.1; 5.11). Amós denunciou a prática do suborno (Am 8.4,6) e cumpriu o seu papel de responsabilidade social ao denunciar a injustiça. A ira de Deus, na pregação de Amós era a justiça divina reagindo contra as injustiças humanas.
3. Adoração com justiça. Conforme vimos, apesar dos múltiplos pecados e das injustiças sociais, a adoração nos espaços supostamente “sagrados” continuava de forma natural. Os “ricos injustos” gostavam de frequentar os santuários e exibirem seus sacrifícios sonegando a Deus a verdadeira adoração (Os 8.13; Am 5.22). O sacrifício desprovido de justiça representava uma transgressão ao Senhor. Os cultos foram embelezados com a contratação de levitas. Muitos músicos profissionais que não descendiam da linhagem de Levi foram contratados para tocar nestes templos. A música oferecida para as pessoas era excelente, enquanto a adoração sincera a Deus era precária (Am 5.23). O espetáculo em volta do culto maquiava a superficialidade da adoração. Amós declarou que a adoração era como “estrépito”, um “barulho ensurdecedor” diante dos ouvidos do Senhor (Am 5.23). Deus não estava aceitando aquela adoração sincrética, espetaculosa, teatral e desprovida de justiça. Os cânticos cultuais perdem o valor quando não há arrependimento sincero (Am 8.3). A adoração cristã não é apenas um item da liturgia, mas uma prática de vida, uma resposta obediente à Palavra de Deus (Sl 51.17; 119.10; 1 Jo 2.24). Mais do que adorar a Deus somente com os lábios, adoramos ao Senhor com nossas vidas.
SUBSÍDIO
“O cenário religioso e social de Israel era de total descaso para com as coisas de Deus. Os sacerdotes se aproveitavam de suas funções para tratar de seus próprios interesses e se tornarem ricos. Quem tinha dinheiro podia comprar sentenças judiciais e juízes corruptos, usurpando o direito dos mais necessitados. Pai e filho dormiam com uma mesma prostituta. E todos tinham a certeza de que, se seguissem os rituais descritos na lei de Moisés, não precisariam se preocupar com as vidas pessoais.
A situação era tão séria que Deus deu a Amós uma visão em que apareceu um prumo, um instrumento com o qual uma parede era medida, para que se verificasse se estava reta ou não. Com o prumo, um hábil o construtor poderia ver se a parede poderia ser aproveitada em uma reforma, ou se deveria ser demolida para que outra fosse colocada em seu lugar. E o prumo de Jeová mostrou que a parede Israel estava torta. Essa falta de retidão não era demonstrada apenas na forma como cultuavam, mas principalmente na forma como os mais abastados tratavam os mais carentes, exigindo deles tributos e fazendo pouco caso do que a lei ordenava à ajuda aos pobres” (COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 33).
CONCLUSÃO
A justiça social pregada por Amós aponta para a obediência aos princípios da Palavra de Deus. Devemos lembrar de que os fundamentos da verdadeira religião são constituídos pela forma como tratamos o próximo. Adoração sem justiça é uma ofensa a Deus. Uma religião que diz honrar a Deus, mas despreza, explora ou oprime o semelhante é uma fraude. Amós nos ensina que a verdadeira adoração exige comunhão vertical, com Deus, e horizontal, com o próximo.
HORA DA REVISÃO
1. Qual o conteúdo da profecia de Amós?
Sua profecia condena a idolatria e denuncia as injustiças sociais.
2. Quem era Amós?
Amós era um pastor de Tecoa (Judá) que também trabalhava como boieiro e cultivador de sicômoros. Ele era um camponês, um legítimo representante das classes mais simples.
3. Na época de Amós, qual era o estado político e religioso de Israel?
Israel vivia um tempo de paz e de grande prosperidade material. A religião tinha se corrompido. A adoração a Jeová permanecia concomitantemente ao paganismo religioso e a idolatria.
4. Por qual motivo Jeroboão II investiu nos cultos religiosos embelezando a liturgia e construindo novos espaços de adoração no Norte?
Por razões políticas. O objetivo principal era entreter os nortistas a fim de que eles não cultuassem ao Senhor em Jerusalém, assim a riqueza do Norte não afluiria para outra região política.
5. Por que Deus rejeitou a adoração praticada em Israel naquele período?
Além do problema da idolatria, a adoração era teatral, desprovida de atitudes de justiça e amor para com o próximo. Rituais externos não constituem a verdadeira adoração. A adoração que agrada a Deus é feita a partir de um coração justo.