É difícil narrar com veracidade a origem do uso da Bíblia no
Brasil, por falta de pormenores. Pelos três primeiros séculos da história do
Brasil a Bíblia era proibida e negligenciada. Ela não estava na lista dos
livros autorizados pela coroa de Portugal a circularem no Brasil durante os
dias coloniais. Só no meado do século XIX a leitura dela foi permitida.
O célebre Villegaignon, depois duma experiência dolorosa,
resolveu dedicar-se mais ao estudo da Palavra de Deus, e convidou a Igreja
Reformada na França a enviar ministros do evangelho para evangelizar a
sua colônia. Porém desta resolução não houve bons resultados, e,
certamente, ela não fez parte do início da disseminação da Bíblia no Brasil.
Entre os colonos holandeses em Recife havia dirigentes de classes
religiosas, e estes, de quando em quando, dirigiam preleções sobre a Palavra
de Deus. Em uma das reuniões tomou-se esta resolução: «Fica
entendido que se deve requisitar 20 grandes Bíblias para a introdução da
nova tradução para o uso de cada um.» Não podemos dizer se os
pregadores conseguiram traduzir qualquer parte em português.
Somos obrigados a examinar a história das Sociedades Bíblicas
Britânica e Americana para a nossa informação. Antes de 1836, estas duas
Sociedades despacharam exemplares das Escrituras aos negociantes
estrangeiros residentes na costa oriental do Brasil, para distribuição. Num
livro velho há uma citação duma carta do Rio de Janeiro, de 23 de
dezembro de 1837, do Rev. Justin Spauding, na qual diz que já distribuiu
todas as Bíblias e Novos Testamentos enviados e que tem a certeza de que
a Sociedade Bíblica Americana remeterá mais. No mesmo livro se refere
às cartas escritas pelo Rev. Dr. D. P. Kidder, do Rio de Janeiro, em 13 e 29
de janeiro de 1838, em que relatou as vendas das Bíblias em português e
latim.
Em 9 de março de 1838, a Sociedade Bíblica Americana mandou
75 Bíblias e 25 Novos Testamentos à Junta de Missões Estrangeiras da
Igreja Metodista Episcopal, para o uso dos seus missionários no Brasil.
Naquele tempo isto era um presente liberal, e os livros foram espalhados
logo.
O Estado de São Paulo, em 1839, patrocinou a propaganda bíblica.
O Rev. Dr. Kidder, pela sua influência e dedicação, ganhou a cooperação
de algumas autoridades daquela província, e o Sr. Antônio Carlos, relator
da Comissão da Instrução Pública, apresentou à Assembléia Provincial
uma proposta para que fosse aceita uma oferta de Bíblias, dizendo: «Eu
me proponho garantir da parte da Sociedade Bíblica Americana a doação
de exemplares do Novo Testamento em português pelo Padre Antônio
Pereira de Figueiredo em número suficiente para fornecer a cada escola
primária na província uma biblioteca de uma dúzia, sob a simples condição
de que esses exemplares sejam recebidos como entregues à Alfândega do
Rio de Janeiro, a fim de serem distribuídos entre as ditas escolas e usados
pelas mesmas como livros de leitura geral e instrução, para os alunos das
mesmas escolas.» Esta oferta foi recebida com satisfação, e é bem patente
que nos primeiros dias da propagação da Bíblia ela teve boa aceitação.
As Sociedades Bíblicas continuaram a mandar remessas das
Escrituras para diversas pessoas no Brasil, até que se estabeleceram elas
mesmas no país. Freqüentemente se encontram Bíblias nas cidades à beiramar
e nas do interior mais longínquo, que foram distribuídas antes que
estas Sociedades fossem estabelecidas em território brasileiro. Os
primeiros missionários protestantes chegaram ao Brasil em 1855, e no ano
seguinte a Sociedade Britânica estabeleceu a sua agência no Rio. Em 1876
fundou-se a Sociedade Americana também no Rio. Só na eternidade se
revelará o benefício que estas sociedades têm trazido ao Brasil.
Fonte: A Bíblia E Como Chegou Até Nós
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