Lição 8 – O REINADO DE DEUS JÁ TEVE INÍCIO

 MEDITAÇÃO 

“E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o Reino de Deus, respondeu-lhes e disse: O Reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque eis que o Reino de Deus está entre vós” (Lc 17.20,21).
 
REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA 
SEGUNDA – Lucas 11.20
TERÇA – Lucas 17.20,21
QUARTA – Lucas 1.32,33
QUINTA – Lucas 8.10
SEXTA – Lucas 22.16,18

SÁBADO – Lucas 22.29

TEXTO BÍBLICO BASE 

5 – Jesus enviou estes doze e lhes ordenou, dizendo: Não ireis pelo caminho das gentes, nem entrareis em cidade de samaritanos:
6 – mas ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel;
7 – e, indo, pregai, dizendo: É chegado o Reino dos céus.
8 – Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.

ORIENTAÇÃO AO PROFESSOR 
INTERAGINDO COM O ALUNO 
A oportunidade de hoje é uma das mais especiais, pois proporciona ao professora condição de desfazer equívocos e distorções acerca do projeto divino de estabelecimento definitivo do Reino. Esperado de forma muito diferente da apresentada por Jesus Cristo, o Reino de Deus, surpreendentemente, já teve inicio. Devido a um tipo de pregação desvirtuada que encontramos atualmente, confunde-se o Reino com denominações e com o “ministério” da moda. Entretanto, o reinado divino não se confunde com nenhuma dessas coisas, pois se assim fosse ele estaria fragmentado e dividido. Felizmente sabemos que isso não se aplica ao Reino de Deus, pois o Criador não aprova divisões e discriminações, coisas comuns aos ambientes dominados pela soberba humana que sempre separa pessoas e espalha confusão. 
OBJETIVOS 
Sua aula deverá alcançar os seguintes objetivos:
1 Esclarecer a complexa natureza do Reino de Deus;
2 Identificar o Reino de Deus na atualidade;
3 Reafirmar a verdade de que o Reino de Deus se “completará” no futuro,
PROPOSTA PEDAGÓGICA 
Não poucas vezes na vida frustramo-nos. Os motivos para isso são os mais diversos possíveis. Uma das maiores “fontes”, ou causas, das frustrações que experimentamos são as nossas próprias expectativas a respeito de alguém ou de algo. Foi assim com os judeus em relação à vinda do Reino através de Jesus Cristo. O Reino não veio com aparência exterior (Lc 17.20), antes, apresentou-se de forma discreta e simples, proporcionando somente aos humildes o privilégio de percebê-lo e acolhê-lo. Isso, sobretudo, pelo fato de que ele ainda não está situado em algum lugar em que se possa acessá-lo, ou seja, o Reino manifesta-se de forma intima e particular no coração dos que creem. Porém, os cidadãos do Reino não vivem a realidade dele apenas no coração, pois suas vidas são um testemunho vivo do que significa ser dirigido pelo Criador e de pertencer ao seu Reino. Aproveite essa reflexão e converse com os alunos nos seguintes termos: Como ser humano, Jesus viveu em condições semelhantes às nossas. Enfrentou dificuldades de todas as ordens (tristezas, traições, perseguições, etc.) e ainda assim não perdeu a esperança e nem esmoreceu diante do que precisava e tinha de fazer. O que justifica tal resiliência? Apesar de viver em um mundo em que as prioridades são egoísticas e individualistas, Jesus vivia sob o reinado do Pai, isto é, sua vida era orientada e dirigida por Deus. Daí o porquê de Ele ter cumprido a missão que o Pai lhe designara. Apesar de o Reino literal e geograficamente falando ainda não ser uma realidade visível, viver sob o reinado do Pai é prova inequívoca de que, de fato, acolhemos a Palavra do Evangelho e nascemos de novo. Tal estilo de vida deve se manifestar em todos os momentos de nossa existência, sobretudo, no convívio com os que ainda não conhecem o Senhor Jesus. Qual tem sido o nosso exemplo, inclusive, para nós mesmos? Somos, ou não, cidadãos do Reino?
 INTRODUÇÃO
 Invariavelmente as nossas expectativas atrapalham-nos, pois nos levam a alimentar irrealidades. Em relação às coisas de Deus, esse tipo de disposição humana é fatal, provocando em nós uma enorme falta de sintonia (Mt 11.16-19; Lc 7.31-34). O mais grave é que podemos não perceber o quanto estamos equivocados a respeito do momento histórico que atravessamos (Mt 16.1-3). Rejeitado, inclusive, pela família, no período em que desenvolveu o seu ministério terreno, Jesus foi incompreendido e ostensivamente rejeitado (Jo 7.1-5). O resultado foi o prejuízo de milhares de pessoas que deixaram de ser abençoadas pelo seu trabalho (Mt 11.20-24; 13.53-58; Mc 6.1-6; Lc 4.24-30). Preconceito foi tudo que experimentara, sobretudo, por parte daqueles para os quais Ele viera (Jo 1.11,45-50). A despeito disso, o Espírito de Deus estava sobre o Mestre e o ungira para evangelizar os pobres, isto é, anunciar uma boa notícia aos que não têm esperança, anunciar a libertação aos presos e oprimidos e declarar a abertura e o início de um novo tempo de a humanidade se relacionar com Deus (Lc 4.14-21; Mt 4.12-17). Em outras palavras, Jesus dera início ao reinado de Deus (Mc 1.1,14,15). Esse é o tema da presente lição.
1. A NATUREZA DO REINO DE DEUS 
  1.1 – Temporal e eterno. Apesar de sabermos que o Reino de Deus é mencionado sem nos ser definido, é possível falar de sua “essência” e/ou “propriedade característica”, ou seja, de sua “natureza”, a partir do que Jesus ensinou acerca do início desse novo tempo. Primeiramente é preciso entender que, como o próprio Jesus respondeu a Pilatos, o Reino de Deus “não é deste mundo” ou “daqui” (Jo 18.36). Antes, porém, de entender o que significa dizer que o Reino “não é deste mundo” ou “daqui”, é preciso verificar o contexto em que Jesus fez tal declaração. Como Cristo nada fizera contra o Estado, era preciso uma acusação que justificasse sua prisão. Uma vez que foram os sacerdotes quem o entregara, ou seja, os líderes religiosos judeus, pois a pregação do Evangelho os incomodava e tirava-lhes o poder sobre o povo (Jo 11.46-48; 18.19), eles então inventaram uma das piores acusações do mundo antigo: dizer que alguém, fora o soberano do reino, queria ser rei (Jo 19.12). Sob essa falsa acusação, Pilatos interrogou Jesus acerca da denúncia, inquirindo-o da seguinte forma: “Tu és o rei dos judeus?” (Jo 18.33). Diante dessa situação foi que o Senhor respondeu-lhe: “O meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse deste mundo, lutariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas, agora, o meu Reino não é daqui” (Jo 18.36b). É preciso observar que o Senhor pontuou muito bem o fato de que “agora” o Reino não é daqui, mas isso não quer dizer que o Reino nunca será aqui. De acordo com o próprio Jesus, essa hora chegará (Mt 25.31-34). Por isso, pode-se dizer que o Reino de Deus não é apenas eterno, mas também temporal, ou seja, possui um início, apesar de nunca ter fim (Lc 1.31-33).
     1.2 – Material e espiritual. O fato de o Reino não haver ainda se materializado de forma evidente, não pode ofuscar a verdade de que ele é material e não apenas espiritual. Jesus falou que não tomaria mais do fruto da vide, ou seja, o vinho, até aquele dia em que, juntamente com todos nós os que cremos, o fizer novamente no Reino de Deus (Mt 26.29; Mc 14 25; Lc 22.18). Além disso, ao designar seus discípulos a pregar, o Mestre os orientara a que deveríam dizer “É chegado o Reino dos céus” (Mt 10.7). E qual era o sinal de que isso, de fato, acontecera? Jesus então diz: “Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios” (Mt 10.8). Os mesmos sinais que Ele apresentara aos discípulos de João Batista deveríam ser realizados, em seu nome, e utilizados como evidência da chegada do Reino (Mt 11.1-5). Tais prodígios não são “espirituais” ou metafóricos, mas concretos e muito reais, servindo ao beneficio dos necessitados e empobrecidos.
    1.3 – Presente e futuro. Outra característica da natureza do Reino é o fato de ele ser, presente e, ao mesmo tempo, futuro. Questionado pelos fariseus a respeito de quando o Reino de Deus chegaria Jesus respondera que o Reino de Deus já estava entre a humanidade (Lc 17.20,21). Mesmo assim, havia uma promessa de que o Reino ainda não estava “completo”, pois o Senhor também ensinara acerca do “mundo vindouro” (Lc 20.27-40; Mt 22.23-33; 8.12; Mc 12.18-27).
 
AUXÍLIO DIDÁTICO 1 
Existe na Bíblia uma grande quantidade de significados da palavra grega basileia, que é traduzida como Reino. Tais significados vão desde “realeza” (sentido abstrato) passando por “governo” (sentido concreto) até “reino” (nos sentidos literale figurado). “As expressões hê basileia tou theou […], ‘o reino de Deus’ (Mt 6.33; Mc 1.15; Lc 4.43: 6.20; Jo 3.5); ‘seu reino’, referindo-se a Cristo (Mt 13.41 [cf. 20.21]); ‘o reino do nosso pai Davi’ (Mc 11.10): ‘o reino de Cristo e de Deus’ (Ef5.5); ‘o reino… de Jesus Cristo’ (Ap 1.9); ‘reino celestial’ (2 Tm 4.18); e hè basileia, ‘o reino’ (Mt 8.12; 9.35) são todos sinônimos nas páginas neotestamentárias e significam o divino reino espiritual, o reino glorioso do Messias. A ideia do reino tem suas bases nas profecias do Antigo Testamento onde a vinda do Messias e os seus triunfos são preditos (por exemplo, Sl 2; 110; Is 2.1-4; ll.lss.; Jr 23.5SS.; 31.31SS.; 32.37SS.; 33.14SS.; Ez 34.23SS.; 37 24SS.; Mc 4-lss.; e especialmente Dn 2.44; 7-14,27; 9.25SS.). O seu reinado é descrito como uma era de ouro, na qual a verdadeira justiça será estabelecida, e com ela a Teocracia será estabelecida, gerando paz e bem- -aventurança. Antes da manifestação visível do reino, e da sua expansão até os reinos material e natural da terra, ele existirá espiritualmente no coração dos homens e era dessa forma que ele era compreendido por Zacarias (Lc 1.67SS.); Simeão (Lc 2.25SS.); Ana (Lc 2.36SS.); e por José (Lc 23.50,51)” (Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. 4.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, p.2110). 
2. O REINO DE DEUS NA “ATUALIDADE” 
    2.1 – A expectativa israelita frustrada. No caminho de Jerusalém a Emaús, dois discípulos de Jesus deixaram claro que havia uma expectativa em torno do Mestre que fora frustrada (Lc 24.21 cf. Mc 15.43). Quando eles dizem ao “forasteiro” que esperavam que fosse Jesus quem “remisse” a Israel, na verdade, expressavam o anseio de libertação política que ainda dominava o imaginário judeu (At 1.6). O “Reino de Deus”, para Israel, significava o Messias, descendente de Davi, reinando perpetuamente sobre todas as nações e os judeus dominando o mundo. Contudo, esse não fora o projeto original de Deus para essa nação (Gn 12.1-3 cf Êx 19.6). Dai o porquê de suas expectativas irreais terem sido frustradas. Isso também explica o fato de eles não aceitar Jesus como Messias, pois esperavam uma figura mais apresentável do que a de um simples carpinteiro de Nazaré (Is 53.1-12 cf. Mt 13.53-58; Mc 6.1-6). O Reino de Deus já havia chegado, mas eles não perceberam e não puderam recepcioná-lo, pois esperavam algo diferente (Lc 10.8-24).
    2.2 – Inobservável e não localizável, mas real. Apesar de o Reino de Deus não ser ainda observável e nem localizável, já é uma realidade. Como já foi mencionado, ao ser inquirido pelos fariseus acerca do fato de o Reino de Deus já ter chegado, Jesus respondeu-lhes: “O Reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque eis que o Reino de Deus está entre vós” (Lc 17.20,21). A despeito de os judeus não perceber, o Reino de Deus já estava entre eles na pessoa de Jesus Cristo e, posteriormente, através dos que acolheram a Palavra do Evangelho (Mt 10.7; 13.38). Mas que se entenda, nessa perspectiva, não é a etnia que define quem faz parte do Reino, e sim a aceitação, pela fé, do reinado de Deus sobre a sua vida (Gl 3.6-14).
   2.3 – Reino ou reinado de Deus? Assim que, por esse aspecto, parece ser mais apropriado se falar em “reinado de Deus” em lugar de “Reino de Deus”, pois não se trata de uma realidade geográfica e localizada, mas atuante a partir do coração, ou seja, da inferioridade daqueles que acolheram a mensagem do Evangelho (Lc 17.20,21). O estilo devida dos que são orientados pela ética do Reino de Deus tem como fundamento a obediência e a voluntariedade de Cristo (Jo 3.16 cf. 1 Jo 3.16). Assim, a desobediência do primeiro casal acaba encontrando, naqueles que abraçaram a possibilidade de se viver instruído por Deus, um contraste perfeito sendo, igualmente, uma forma de “acertar as contas” com as nossas origens. Apesar das dificuldades que enfrentamos nesse mundo caído para viver à luz da ética do Reino ensinada pelo Senhor Jesus Cristo, cumprindo assim o novo mandamento do Mestre (Jo 13.34), os cidadãos do Reino prosseguem vencendo as dificuldades, pois o Mestre deu-nos o Consolador para estar ao nosso lado, ajudando-nos a viver a realidade do governo divino (Jo 14.16,26; 15.26; 16.7).
 AUXÍLIO DIDÁTICO 2
 A respeito das passagens citadas no final do auxilio didático 1, o Dicionário do Novo Testamento da Bíblia de Estudo Palavras-Chave, diz que os “judeus 1…1 geralmente davam a estas profecias um significado temporal e esperavam um Messias que viria nas nuvens dos céus. Como rei do povo judeu, esperava-se que ele restaurasse a antiga religião e o antigo cultojudaico, reformasse a moral corrompida do povo, fazer expiação pelos pecados, trazer a liberdade do jugo do domínio estrangeiro e. finalmente, reinar sobre toda a terra em paz e glória” (Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. 4-ed Rio de Janeiro: CPAD, 2011, p.2110). No mesmo material, é informado que o “conceito do reino no Antigo Testamento é, em parte, cumprido nas páginas neotestamentárias”. Tal informação tem como base o fato de que todos aqueles que acolheram a mensagem do Evangelho já estão sob o “reinado de Deus”, e acrescenta que tal “reino espiritual apresenta tanto um formato interior, quanto um exterior”. Na sequência, é explicado que em sua “forma interior, ele já existe e governa o coração de todos os cristãos e, portanto, já está presente. Na sua forma exterior, ele. simultaneamente, reveste a igreja visivel e a invisível e, dessa forma, está presente e é progressivo; ou deve ser aperfeiçoado na vinda do Filho do Homem, o qual virá julgar e reinar em glória e bem-aventurança. Este é o cumprimento definitivo do reino de Deus a ocorrer no futuro” (Ibid.).
3. O REINO DE DEUS SE COMPLETARÁ NO FUTURO 
   3.1 – Israel. A despeito de Israel ter rejeitado o seu Messias, a Bíblia é clara ao instruir-nos acerca do fato de que tudo o que foi prometido pelo Criador a esse povo, no momento certo, se cumprirá (Mt 23.34-39; 1 Pe 2.4,7,8). Haverá um cumprimento, em termos de Reino de Deus, para o povo escolhido, entretanto, não será na perspectiva política que eles ansiavam, mas na que Deus prometeu a Abraão (Is 11.1-16; Rm 9.11; 1.32).
   3.2 – A Igreja. As pessoas que não são descendentes dos judeus são consideradas “gentias”, isto é, “as gentes”, pois não têm a lei. A estas, os judeus deveriam ter sido exemplo e, seu estilo de vida, um incentivo para que eles quisessem se tornar igualmente servos do Deus Altíssimo (Dt 4.5-8). Lamentavelmente, conforme denuncia o apóstolo Paulo, a decadência do povo escolhido chegou ao limite, pois, conforme disse dos judeus em Romanos 2.24, “o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós” (cf. Is 52.5). É nesse contexto que o apóstolo João informa que apesar de Jesus ter vindo para os judeus, eles o rejeitaram, todavia, aos que acolheram a mensagem do Evangelho, independentemente de serem, ou não, judeus, Ele “deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus” (Jo 1.12,13). Contudo, é preciso ter muito claro o fato de que há um propósito em Deus chamar-nos. Fomos chamados para realizar o trabalho que Israel não realizou, qual seja, sinalizar, com nosso estilo de vida, o que significa viver, num mundo caído, sob o reinado de Deus e o governo divino (Mt 21.43; 1 Pe 2.9,10).

    3.3 – O mundo. Uma vez que a própria natureza foi afetada pelo pecado (Gn 3.17,18), Paulo diz que até mesmo ela aguarda a redenção, ou seja, a libertação (Rm 8.18-22). A Palavra de Deus informa- -nos acerca de um tempo em que o Reino de Deus será uma realidade completa e então haverá a mesma harmonia que existira no Éden entre Criador e criaturas e destas entre si (Is 11.1-16). Esse tempo marcará a plenitude do Reino de Deus, pois a Terra será perfeita e cheia do conhecimento do Criador, sem necessidade alguma de que alguém ensine a outrem sobre Ele (Jr 31.34: Dn 2.34,35).

AUXÍLIO DIDÁTICO 3 

Este último tópico pode ser dedicado para esclarecer que, biblicamente falando, tais aspectos do Reino de Deus (interior e exterior) nem sempre são distinguidos. “A expressão normalmente engloba tanto o reino interior, quanto o exterior e se refere tanto ao seu começo neste mundo, quanto à sua consumação no mundo por vir. Por isso, nas páginas neotestamentárias encontramo-la referindo-se ao seu sentido temporal a ela atribuído pelos judeus e pelos apóstolos no período que antecedeu ao Pentecoste (Mt 18.1; 20.21; Lc 17.20; 19.11; At 1.6): no sentido cristão, conforme anunciado por João, no qual, talvez, ainda persistisse algo da percepção judaica (Mt 3.2 (cf. Lc 23.51]); como anunciado por Jesus e por outros (Mt 4.17.23: 9-23: 10.7: Mc 1.14,15; Lc 10.9,11; At 28.31); no sentido espiritual interior (Mt 6.33; Mc 10.15; Lc 17.21; 18.17; Jo 3.3,5; Rm 1417; 1 Co 4 20); no sentido externo i.e„ conforme a incorporação na igreja visível e na expansão universal do Evangelho (Mt 6.10; 12.28; 1324.31.33.44.47; 16.28; Mc 430; 11.10; Lc 13.18,20; At 19.8); como aperfeiçoado no mundo futuro (Mt 13.43; 16.19; 26.29: Mc 14.25; Lv 22.29,30; 2 Pe 1.11; Ap 12.10). Nesta última visão ele denota, especialmente, a bem-aventurança dos céus que deve ser gozada no reino do Redentor, i.e„ a vida eterna (Mt 8,11; 26.34; Mc 9.47; Lc 13.28,29; At 14.22; 1 Co 6.9,10; 15.50; Gl 5.21; Ef 5.5; 2 Ts 1.5; 2 Tm 4.18; Hb 12.28; Tg 2.5). O reino, quando descrito em termos gerais (Mt 5.19). Em Mateus 8.12. a expressão ‘os filhos do reino’ (tradução do autor) significa os judeus que ensinavam que o reino do Messias destinava-se somente a eles, e que isto se daria somente por ancestralidade, pois eles eram o povo que alegava a fé no Deus de Abraão e tinham o direito de serem chamados de filhos do reino (Jo 8.33,37,39). Entretanto, a expressão ‘os filhos do reino’ encontrada em Mateus 13.38 refere-se aos verdadeiros cidadãos do reino de Deus. Veja também Mt 11.11,12; 13.11,19.44,45.52; 18.4,23; 19.12,24; 20.1. Referindo-se também, geralmente, aos privilégios e recompensas do reino divino, tanto aqui como na vida futura (Mt 5.3,10,20; 7 21; 18.3; Cl 1.13; 1 Ts 2.12)” (Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. 4.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, pp.2110-111).
CONCLUSÃO 

Os reinos desse mundo são temporais, passageiros e dependem das circunstâncias para subsistir(Lc 14.31,32). O reinado de Deus, já é uma realidade na vida de todos aqueles que acolheram a mensagem do Evangelho. Já a plenitude do Reino de Deus, será uma realidade definitiva quando o Senhor Jesus voltar a essa Terra. Enquanto isso não acontece, vivamos de forma digna de cidadãos do Reino do céu (Sl 15).

VERIFIQUE SEU APRENDIZADO 

1. Como é possível falar da “natureza” do Reino de Deus se ele não foi definido?
 Apesar de sabermos que o Reino de Deus é mencionado sem nos ser definido,
é possível falar de sua “essência” e/ou “propriedade característica”, ou seja, de sua “natureza”, a partir do que Jesus ensinou acerca do início desse novo tempo. 
2. Explique como é possível o Reino de Deus ser temporal e eterno, material e espiritual, presente e futuro.
 Uma vez que o Reino iniciou-se, mas ainda não completamente, ele então possui essas dimensões ou manifestações, pois sabemos pela Palavra de Deus que elejá teve início, porém, pela mesma Palavra, somos informados que ele ainda será consumado. 
3. Apesar de inobservável, como o Reino de Deus pode ser real?
A despeito de os judeus não perceberem, o Reino de Deus já estava entre eles na pessoa de Jesus Cristo e, posteriormente, através dos que acolheram a Palavra do Evangelho (Mt 10.7; 13-38). Daí o porquê do fato de elejá ser real. 
4. É mais apropriado falar de “Reino de Deus” ou “reinado de Deus”? Explique.
. Por esse aspecto, parece ser mais apropriado se falar em “reinado de Deus” em lugar de “Reino de Deus”, pois não se trata de uma realidade geográfica e localizada, mas atuante a partir do coração, ou seja, da inferioridade daqueles que acolheram a mensagem do Evangelho (Lc 17.20,21). 
5. Como o Reino de Deus será uma realidade completa para o mundo?
 Uma vez que a própria natureza foi afetada pelo pecado (Gn 3.17.18), Paulo diz que até mesmo ela aguarda a redenção, ou seja, a libertação (Rm 8.18-22). A Palavra de Deus informa-nos acerca de um tempo em que o Reino de Deus será uma realidade completa e então haverá a mesma harmonia que existira no Éden entre Criador e criaturas e destas entre si (Is 11.1-16). 

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